Capitulo 1
Me perdi pelo caminho, mas não paro, não
Já chorei mares e rios, mas não afogo, não
Sempre dou o meu jeitinho, é bruto, mas é com carinho
Porque Deus me fez assim, dona de mim
Dona de mim | Iza
Dias atuais
Quando passei por aquela rua novamente, uma lembrança
vívida me assaltou, e me vi ainda criança, correndo e brincando com
meus amigos. Autoritária como sempre fui, dominava todas as
brincadeiras. Deixava todos boquiabertos com minha audácia, não
conseguia ser diferente. É algo marcante na minha personalidade e
que aliada a determinação me levou ao topo.
Infelizmente, nem tudo foi fácil, tive que enfrentar a falta de
confiança da minha mãe em minha capacidade e competência para
alcançar tudo. A lembrança de dez anos atrás também veio como
flashes de filme, do dia que deixei a casa que cresci, com muito
pesar para que pudesse realmente fazer o que acreditava.
Voltei com o coração mais leve, apesar de tudo que tive que
ouvir, já fui muito magoada pela minha mãe e isso ainda é como um
iceberg entre nós duas. Só que, desde que meu padrasto se foi com
outra mulher e nunca mais olhou para trás, ela mudou comigo.
Brigávamos muito por causa das provocações dele. Minha mãe
preferia acreditar nas mentiras que ele contava e falou tanto que
conseguiu me fazer sair daquela casa.
Só que nunca deixei minha família, pelo contrário, devo a eles
tudo que sou, apesar da falta de esperança da minha mãe em
minha carreira. Pois, não foi isso que aprendi com meu pai, valores
que nunca esqueci e não deixei que se perdessem pelo caminho. O
meu padrasto a deixou sem nada, só os filhos, me lembro bem de
Bella me ligando em lágrimas dizendo que mamãe estava
paralisada, não se mexia e ela ficou assim por meses se negando a
comer e fazer qualquer coisa. A decepção foi tanta que quase a
matou e a nós também. Peter ficou sentido, ele cuidava da minha
mãe, mesmo estando magoado com o pai que o deixou sem dar
nenhuma explicação.
Procurei por ele o tanto que pude, mas os detetives que
contratei não o encontraram. Com certeza, mudou de país levando
todo o dinheiro da minha mãe e trocou de nome. Lembro que depois
de ter ficado paralisada, ela chorou e se ajoelhou aos meus pés,
porque passei a cuidar dos meus irmãos e da casa. Apesar disso,
não voltei a morar com eles, sou uma mulher independente e
aprendi a gostar da minha liberdade. Fora que minha rotina é uma
loucura, vou em casa somente para dormir e às vezes nem me
alimento lá. Estou acostumada a passar o dia trabalhando e
constantemente durmo fora, claro que hoje estando com 40 anos,
não tenho mais o pique de antes.
Ser editora-chefe e a grande sócia da La Femme toma conta
de todos os meus dias. Para chegar a essa posição enfrentei tanto
preconceito e provações que poderíamos ficar aqui o resto da minha
vida falando disso. Nada vem fácil, algumas pessoas têm o ledo
engano de pensar que o sucesso e a prosperidade caem do céu.
Isso só se consegue quando é feito de forma desonesta, puxando o
tapete dos outros. Comigo não foi assim, pelo contrário.
— Chegamos, Srta. Fiore — meu motorista anunciou, me
fitando pelo retrovisor.
— Obrigada, James. — Agradeci a ele que sorriu
educadamente, sempre me lembrava de Natalie, ela o achava lindo
e musculoso demais. Me disse que se estivesse em meu lugar já
tinha caído em tentação. Desci do carro, até gostava de ter um
motorista à minha disposição, mas odeio que abrem porta para mim,
eu mesma faço isso.
Bella foi a primeira que vi, ela correu para me abraçar e como
sempre me pediu um trabalho simples na revista. Mas sabia que
minha irmã queria mesmo era ser modelo, a sua hora chegaria, ela
só precisava ter um pouco mais de calma. Como vai se formar este
ano já quer se inserir no mundo da moda e ela achava que a revista
seria um bom começo.
— Quando vai me chamar, Vic? — podia sentir o desespero
em sua voz. Isso é a ansiedade e pressa. Quando se é adolescente
queremos que as coisas aconteçam na velocidade da luz, entendia
muito bem. Já fui assim também em meus dezesseis anos. Quem
dera que tudo fosse rápido assim.
— Calma, sua hora vai chegar. Já te falei que é preciso ter
cautela e primeiro se preocupar com seus estudos.
— Sei disso, mas vai demorar um pouco, sinto que estou
ficando para trás.
— Óbvio que não, você ainda é muito nova, fique tranquila
que tudo tem seu momento de acontecer, não adianta querer correr.
Agora, cadê o Peter? — Ela bufou, passou a mão no cabelo
jogando-o para trás e já sabia qual seria sua resposta.
— Ele está dormindo ainda, acredita? — se fez de incrédula,
dando de ombros depois.
— Minha nossa, o que faremos com ele? É um preguiçoso! —
Peter, ao contrário de Bella, só quer saber da farra e das mulheres,
mais nada. Ele falta às aulas da faculdade, bebe muito e ainda é
totalmente mimado por minha mãe que o defende dizendo que é
porque sente falta do pai, que saberia lidar com ele.
— Então, vamos entrar, desculpe, já te prendi aqui, a que
devemos a honra da sua presença? — Ela sorriu querendo fazer
graça. Ah, Bella!
— Vim primeiramente ver vocês, mamãe como está?
— Ela está bem! — Entramos e já fui para a cozinha procurála. E assim que me viu, já veio me abraçar.
— Vic, que bom ter você em casa, está tudo bem? — Ela
tentava ser simpática, mas podia sentir pelo seu tom que me
perguntava com o intuito de ouvir que voltaria para aquela casa sem
nada e pedindo ajuda. Que uma mulher não tem vez no poder. Mas,
ela nunca quis saber como sou boa no que faço, tinha certeza de
que meu pai sim, ele iria querer conhecer meu trabalho e me
incentivar. Foi isso que sempre fez.
— Está tudo perfeitamente bem. — Coloquei minha bolsa na
cadeira, quando voltamos para a sala de jantar. A casa não era
grande, era simples, apesar disso, sempre gostei dela e vivi anos
felizes ali, assim como passei pelos difíceis também e muito
sofridos. Em todo lugar podia vê-lo por ali, rindo, conversando,
ficando bravo e me chamando. Ficou um grande vazio naquela
casa, essa é a verdade, pois faltava a sua presença que preenchia
tudo e nos enchia de alegria e amor. Que saudade que eu tinha do
meu pai.
— Então, passou por que estava com saudade da sua
família? — mais uma vez ela estava falando com um tom de voz
diferente.
— Também, mas principalmente para deixar o convite da
festa de 50 anos da revista La Femme que vai acontecer no próximo
fim de semana.
— Ouvi festa? — Peter chegou falando com a voz rouca de
tanto dormir. Ele é muito preguiçoso.
— Peter, achei que a cama o tinha engolido — falei e ele fez
uma careta feia em minha direção, depois sorriu e se aproximou.
— Sabe que você pode falar o que for, que ainda assim te
amo, mas é uma debochada.
— Não podia perder o momento para falar aquilo, todas as
vezes que venho aqui, você está dormindo. Por acaso virou
vampiro, que troca o dia pela noite?
— Ah, engraçadinha, lógico que não, apesar que seria boa
ideia, mas fui a uma festinha ontem e cheguei já era hoje cedinho.
— E a faculdade, como está? — indaguei querendo saber
mais, já que vive nas festinhas.
— Indo bem, sabe que sou inteligente — rebateu cheio de
graça.
— Sei que é irresponsável, Peter, precisa colocar a mão na
consciência e parar com essas farras todos os dias e se dedicar
mais aos estudos, quem sabe arrumar algo para fazer também, pois
já tem vinte 20 anos.
— Esse papo logo cedo não dá, vou voltar para meu quarto e
pode contar comigo para a festa da La Femme.
— Ótimo, depois vamos conversar melhor, Peter, não pense
que fugindo me fará esquecer.
— Pare de implicar com ele, Vic, só está aproveitando um
pouco, é normal — minha mãe se pronunciou e estava demorando.
Quando ia dizer algo, meu celular tocou me fazendo pegá-lo na
bolsa e já atender.
— Natalie, pode dizer.
— Victoria, a Sra. Roux se encontra aqui e disse que precisa
falar com você, deixou claro que é urgente. Sabe como ela é, vai
demorar muito? — falou baixinho e revirei os olhos.
— Já estou indo, peça para esperar um pouco, pois estou no
Brooklyn.
— Vou tentar distraí-la aqui, enquanto te aguardamos e
espero que esteja bem.
— Não se preocupe, segure as pontas que já chego —
Natalie é minha melhor amiga e assistente na Revista La Femme.
Virei para minha mãe, Bella e Peter que brincava com o novo cão da
família, o Nick que ama um afago na cabecinha e, é o que fiz
quando ele parou à minha frente.
— Algum problema, Victoria? — ela perguntou parecendo
ansiosa e preocupada.
— Não, só uma reunião inesperada, mas já estou totalmente
habituada a isso. É o que mais acontece, ainda mais se tratando da
Sra. Roux — ela coçou o queixo ponderando.
— Você está falando daquela família dona da rede de hotéis
Roux? — perguntou parecendo muito curiosa.
— Sim, já deve ter os visto na revista, eles têm duas páginas
de anúncio na La Femme — franziu a testa depois de me ouvir dizer
aquilo.
— Certo, mas conheço a Elizabeth Roux muito bem —
afirmou estranhamente, não sabia de nada, mas sempre que falava
dessa família ela ficava assim, parecia saber de algo, não sabia o
que podia ser.
— Não é a primeira vez que fala isso, no entanto vamos
deixar para você me contar outro dia, quando tiver com tempo,
infelizmente isso hoje não tenho mais.
— Tudo bem, vá logo antes que te liguem de novo, bom
trabalho, minha filha. — Ela se aproximou e deu um beijo na minha
testa, estranhei aquele seu gesto carinhoso, aquilo era uma grande
surpresa para mim. Já que sempre estive em terceiro lugar para ela,
senão, quarto.
— Obrigada, mãe. — Dei a ela um sorriso e acenei para
meus irmãos com a mão e mandei beijos no ar. Sabia que mais
cedo ou mais tarde teria que dar um jeito de endireitar meu irmão,
seria difícil, mas não impossível. Essa palavra não existe no
dicionário de Victoria Fiore. Tudo é questão de querer e poder, isso
tenho de sobra. Por que não distribuir?
Quando saí, James estava me esperando escorado na porta
do carro, ele sabia que não gostava que abrisse a porta para mim.
Então, já entrou rapidamente e fiz o mesmo.
— Vamos para a La Femme, James!
— Sim, Srta. Fiore.
— Rápido, por favor. — A Sra. Roux é um pé no saco de
qualquer um, ela gosta de implicar com os mínimos detalhes. Claro
que digo isso da boca pra fora, porque sou assim também. Mas ela
me tira do sério. Pior que naquela família, com quem sempre me dei
melhor, era o Donald Roux. Ele sim era um homem tranquilo de
trabalhar, aprendi muito com ele, mesmo estando ainda como
estagiária da minha chefe que era o próprio diabo.
Como uma mariposa em direção a uma
Chama, vou te atrair, vou te afastar
Do que você precisa inicialmente
Está apenas a uma ligação
E você vai deixá-lo, você é leal a mim
Mas desta vez eu vou te deixar em paz
Moth To a Flame | The Weeknd
— Pegue para mim aquela pasta da nova rede e traga agora,
por favor, Sra. Fidelis — ela piscou várias vezes e me direcionou um
olhar perdido. Era a terceira assistente secretária que contratava,
sabia que podia ser exigente, mas era por que não tinha paciência
para nada, principalmente nos últimos meses.
— Cara, você precisa transar urgentemente. — Neo soltou,
ele era um dos meus melhores amigos e cuidava do jurídico da
Roux. Estávamos sempre juntos e, tinha também o porra louca do
Kevin Blossom que era o engenheiro e cuidava de todas as plantas
dos hotéis. Ele estava viajando a trabalho junto com Theo, meu
irmão mais novo e gerente do marketing. Enquanto Kevin estava
fazendo a inspeção da obra, na nossa nova rede de hotéis em
Miami, Theo foi filmar tudo para postar nas redes sociais e fazer o
diário de obra.
— Blossom que está bem em Miami, disse ele que lá é o
lugar dos seus sonhos. Baladas à beira-mar com muitas mulheres
bonitas, em sua maioria, turistas. — Peguei minha xícara com o
expresso que a Sra. Fidelis deixou e tomei a bebida que estava
quente como o inferno e quase me fez queimar a língua.
— Isso é a perfeição mesmo, não ter problemas com elas
ligando no dia seguinte.
— Mas ainda vamos voltar lá, não se preocupe — ele sorriu
concordando. — Agora, vamos ver como anda aquele contrato com
a La Femme, precisamos renovar.
— E urgentemente, aliás, a assistente da Victoria já ligou e
disse que o jurídico deles querem marcar a reunião, para caso
vocês queiram mudar algo.
— Certo, vou solicitar à minha nova secretária que marque
um dia com eles, temos de passar as novas condições.
— Sei que não deveria me meter nisso, mas sua mãe foi a La
Femme hoje — comentou dando de ombros.
— Caralho! Ela deve ter visto a revista e que estamos
somente em uma página, vai soltar os cachorros no ouvido da Srta.
Fiore e isso vai me dar problemas. Aquela mulher é o diabo de
saltos. — Bufei rolando os olhos ao me lembrar de Victoria.
— Você já me falou, mas sabe que ela é tão linda quanto
diabólica, além de ser um ícone.
— Não sei como Blossom suportou ficar com aquela mulher.
Pelo pouco que convivi com ela nas reuniões já percebi que é muito
autoritária, gosta sempre de dar a palavra final, prepotente demais.
— Na verdade, Ethan, sei bem o motivo. Ela é gostosa
demais, já viu como aquela mulher é poderosa e linda? Acho que dá
para esquecer qualquer outro defeito!
— Não consigo reparar, porque passo o tempo todo
morrendo de raiva dela, me tira do prumo. — Passei a mão pelo
cabelo e joguei-o de lado.
— Porra, Ethan, apesar disso é um mulherão e provocante.
Já reparou naquela boca? E os olhos grandes! — Não, não e não
queria me lembrar, porque a última vez que estivemos juntos na
mesma sala, fiquei constrangido de me levantar para ir embora.
Estava com uma baita ereção. Apesar da raiva, ela me deixava
louco, com o caralho maluco para estar dentro dela. Tinha vontade
de rasgar toda aquela sua roupa provocante e passar minha boca
por toda sua pele, que tinha certeza ser muito macia assim como
sua boca carnuda, pois cheirosa já sabia que era, já que antes dela
chegar nos lugares, seu perfume se espalhava por todos os
ambientes. E não era algo que irritava o nariz ou te incomodava. Era
gostoso, marcante e sexy. Porra, sei lá, a mulher tem algo que
chegava e ficava, era até irritante.
— Vou ligar agora — afastei as lembranças daquele dia e já
peguei o telefone e pedi a Sra. Fidelis para me colocar em contato
com a assistente de Victoria, outro mulherão. Na verdade, a La
Femme era o paraíso, só tinha mulheres lindas.
— Gostaria de trabalhar lá, seria um prazer enorme — Neo
soltou como se tivesse ouvido meus pensamentos.
— Lógico que seria, você não iria dar paz a nenhuma das
coitadas, Neo — comentei rindo do meu amigo ao imaginá-lo em
uma empresa cheia de mulheres.
— Sabe que elas adoram minha beleza diferente, asiática.
Olhos puxadinhos, sorriso encantador e simpatia total, além de um
corpo bem malhado. — Ri alto e o telefone tocou, já atendi sabendo
que era a ligação que havia solicitado.
— Sr. Roux, é a própria Victoria que está na linha, quando
peguei o telefone, ela ligou e está uma fera, se prepare.
— Pode passar Sra. Fidelis — falei duramente, já me
segurando para não me estressar muito com essa mulher e ser
totalmente paciente.
— Boa tarde, Sr. Roux. Gostaria de saber…
— Excelente tarde, até receber seu telefonema e saber que
temos algum problema — a cortei, pois já sabia do que se tratava.
— Já sabe então que sua mamãe esteve aqui e tive que ouvir
dela todos os insultos sobre nossa incompetência com a
propaganda de vocês não estar em duas páginas — falou sendo
bem irônica ao dizer “mamãe”, de forma inevitável rolei os olhos e
evitei bufar alto de impaciência. Ela adorava uma guerra.
— É claro, sobre isso, me desculpe e pode desconsiderar
tudo que a Sra. Elizabeth Roux te disse, sou o CEO e fui eu quem
autorizou a página para a instituição que ajuda mulheres que
sofreram abuso.
— Sei disso, mas precisa controlá-la, pois chegou aqui
insultando todos os funcionários da La Femme, peço para que
comunique a ela sobre qualquer mudança que fizer conosco, assim
evitará a surpresa e certos episódios constrangedores e cansativos.
— Está certíssima, Srta. Fiore e pedimos desculpas pelo
ocorrido, minha mãe não compreende certas decisões que tomamos
e ela também não está envolvida. Enfim, é complicado — me
desculpei sabendo que estávamos errados e evitando uma
discussão maior com a diaba.
— Compreendo, mas trate de segurá-la, você é o CEO da
empresa de vocês, caso isso volte a acontecer não renovaremos o
contrato. Agora, preciso desligar, obrigada pela sua atenção — ela
desligou a chamada, atrevida e petulante como sempre, não me deu
direito a responder ou sequer me despedir.
— Porra! — Tendo Neo ali, podia praguejar como quisesse, é
óbvio que não faria isso na frente do resto da equipe da Roux.
— E aí, o que ela falou? — perguntou levantando as
sobrancelhas sorrindo, sabendo que só levei patadas, pois
presenciou o telefonema.
— Como sempre foi autoritária, pior que tem total razão, por
isso nem fiquei discutindo com ela, não iria valer a pena. Também a
diaba desligou na minha cara, nem me deu a chance de provocá-la.
— Deus! Como essa mulher é brava e você não fica para
trás, se gosta de instigá-la.
— Para você ver, fica elogiando porque não consegue pensar
direito, quanto a provocar Victoria, é divertido vê-la fervendo de
raiva — peguei os documentos para acertar os detalhes com Neo,
entramos em outro assunto, o que me deixou muito aliviado. Só de
falar daquela mulher já ficava louco em todos os sentidos.
As horas passaram, entrei em reunião, depois saí para
almoçar com Neo e Joshua que chegou correndo no restaurante.
Ele contou que estava com o dia todo atrasado, nosso amigo gosta
de cumprir seus horários à risca e algo deve ter saído fora do
programado. É o único da turma que já é casado e nem todos
nossos programas ele pode participar, já que é um homem
comprometido. Compreendemos claramente isso.
Quando voltamos ao escritório no Hotel Roux de Manhattan,
a Sra. Roux estava me esperando na minha sala. Sabia que ela não
iria deixar passar o fato de estarmos em somente uma página da La
Femme. A verdade era que apesar de entendê-la, precisava parar
de querer se intrometer em meu trabalho. Isso me irritava pra
cacete, pois abria mão dos meus sonhos para estar no comando
dos Hotéis Roux.
— Ethan, como você demorou hoje. — Ela nem se dignava a
ser carinhosa comigo e me receber bem. Sempre foi muito dura em
todos os aspectos.
— Demorei a sair também para almoçar, está tudo bem? —
perguntei com deboche, pois sabia o que ela estava fazendo no
escritório.
— Temos que conversar, meu filho. Lógico que tudo poderia
estar melhor. Mas, a publicidade da La Femme em somente uma
página nos faz ser menor, coisa que não somos.
— Mãe, sabe que te respeito muito, mas sinceramente acho
desnecessária essa sua preocupação. A senhora sempre quis que
cuidasse dos negócios e me fez estudar e me dedicar à empresa da
família. Estou simplesmente fazendo isso do meu jeito e peço, por
favor, que não se intrometa, sei o que faço e indo a La Femme a
senhora acaba me deixando mal e com a segurança no chão.
Victoria me ligou brava e podemos perder nossas páginas e nossas
campanhas digitais na revista on-line e física. É isso que a senhora
quer? — Ela me encarou atônita depois de finalmente sair da minha
cadeira. Arregalou os olhos e se fez de boba, não havia ninguém
que conhecia com esse gênio.
— Logicamente que não é isso que quero, só me preocupo
com nossos negócios e como estão sendo divulgados.
— Bom, entendo que tenha interesse no que estamos
fazendo, mas te prometo dar informações, como sempre fiz, desde
que comecei a ser o CEO dos Hotéis Roux. Vou te atualizar, mas
essa campanha tem tudo a ver com o grande evento que a própria
La Femme está fazendo sobre a Violência contra Mulheres e que vai
ser em um dos nossos salões de eventos aqui em Manhattan.
— Agora entendi, que grande jogada meu filho. Não sabia
que estavam engajados nisso e que eles fariam esse evento enorme
conosco — ela se animou de repente vendo que aquilo iria trazer
grande visibilidade a nossos hotéis além de mostrar a todos que nos
importamos também com essas mulheres.
— Sei disso mãe e, é por isso que deixamos uma página para
divulgar o grande evento. Tudo tem um propósito, não faço nada
sem pensar e refletir muito. Já está na hora de deixar o comando
realmente nas minhas mãos, já que insistiu tanto nisso.
— Theo está te ajudando neste assunto?
— Claro que sim, ele é o diretor de marketing e não faço nada
sem consultá-lo, já que é o profissional na área e apesar de parecer
meio louco, meu irmão é excelente no que faz, aliás, deveria se
orgulhar.
— Desculpe, Ethan. Que vergonha, sei que sou insuportável,
mas desde que perdemos eles, me sinto insegura com tudo ao meu
redor — me impressionei com sua demonstração de sensibilidade,
pois minha mãe, a Elizabeth Roux que conhecemos era uma rocha,
sempre foi forte, mas sobretudo, fria. Sabia que havia a
possibilidade de ela esconder todas suas vulnerabilidades, por trás
da casca-grossa há uma mulher com sentimentos. Sentia que ela
precisava colocar pra fora, mas ainda tem muito medo de ficar
vulnerável para os outros.
— Não tem que pedir desculpas, mãe. Sei mais ou menos
tudo que está pensando. Mas veja bem, estamos no comando,
somos os Rouxs e nada vai nos abalar e se precisar desabafar
estou aqui e Theo também — por um único segundo pensei que ela
poderia se abrir comigo. Só que não dava o braço a torcer e
restabeleceu sua expressão séria, incontestável e imponente.
Sempre se fazia de forte, inabalável em todas suas ações e gestos.
Isso não mudava e tinha medo do que poderia vir acontecer no
futuro, na verdade, me preocupava muito.
— Não vou mais me intrometer, Ethan. Espero que me
surpreenda sempre, você e seu irmão. Tenha uma excelente tarde
de trabalho, vou aproveitar e buscar Luz na escola.
— Tudo bem, mãe! Hoje não vou poder buscá-la, tinha até
avisado a John.
— Ele me ligou e disse mesmo, não se preocupe, a noite
você a encontra em casa.
— Ótimo, ela perguntou alguma coisa de manhã sobre a
mãe?
— Não, mas disse que sonhou com ela — a voz da minha
mãe embargou e ela tossiu tentando disfarçar, mas sabia que isso
mexia muito com a Sra. Roux. É sobre o que já falei, gostar de
mostrar ser inabalável, mas sei que sofre sozinha e saber disso
parte meu coração em mil pedaços.
— Vou conversar com ela quando chegar — ela assentiu e
por incrível que pareça se aproximou e ficou na ponta dos pés para
dar um beijo em minha testa. Se despediu baixinho e saiu, não
sabia o que fazer diante desses gestos, mas não podia mentir,
gostei muito. Pena que não acontecia sempre.
Depois de mais algumas horas trabalhando muito, entre
reuniões on-line com Kevin e Neo, chegamos a um consenso sobre
toda a documentação do hotel em Miami. Kevin apesar de ser
engenheiro civil, entende bem da parte burocrática e ajuda muito
nisso, seu suporte é essencial para nós e faz toda a diferença.
Juntos meus amigos fazem um trabalho incrível e fico muito feliz por
ter dado uma chance a eles, Kevin foi mais difícil de aceitar, mas
Neo e Joshua conseguiram convencê-los.
Apesar de querer chegar em casa mais cedo para falar com
Luz, Neo nos convenceu de passar no bar do hotel e tomar um
drinque de Dry Martíni, não mais que isso. Somente um copo,
estávamos sentados nas cadeiras altas no balcão falando bobagens
e rindo de Neo que fazia uma videochamada com Kevin que estava
em um bar na praia em Miami. Comentamos o quanto o filho da puta
é sortudo.
— Olha quem acabou de entrar aqui — Neo direcionou a tela
do celular para a entrada do bar, as portas de vidro automáticas se
abriram e três deusas passaram por elas aos risos, sensualidade e
alto astral. O sorriso de uma delas me atingiu, Victoria tem a pele
marrom clara linda, cabelos longos, um corpo curvilíneo, coxas
grossas, quadril mais largo e cheio, cintura fina e seios cheios, na
medida certa. E com aquele vestido branco tubinho com uma fenda
lateral e decote redondo, deixava margem total para a imaginação
correr solta. Com o copo de bebida na mão o direcionei a boca e
tomei o líquido todo de uma vez, sentindo o calor se espalhar por
todo meu corpo. Porra, essa mulher só pode ter algum chamariz.
Por Deus. Fico louco só de me imaginar beijando todo seu corpo e o
quanto aquela boca atrevida dela faria estrago no meu caralho.
— Limpa a baba, Ethan! — Neo comentou baixo, ele sabia
que ela me tirava do sério. Apesar de ser uma beldade ambulante,
Victoria Fiore é uma diaba, a mulher sabe ser muito autoritária e
isso me deixa à beira da loucura. Negociar com ela é sempre
desafiador, além de tentador.
— Boa noite, meninos! — Ela se aproximou com sua
assistente gostosa e a outra loira sexy também. Juntas elas fazem
um estrago, literalmente. Chegavam fazendo sucesso nos lugares e
devem deixar uma fila enorme de homens babando.
— Esse time — comentei baixinho respondendo a Neo.
— Elas sabem que são fodas! — Caralho, sabem e usam
disso para nos deixar loucos.
— Tenham uma excelente noite! — Ouvi a voz aveludada e
provocante de Victoria e senti seu olhar em minha direção. Aqueles
olhos grandes e expressivos.
— Estava uma excelente noite até você chegar — não sei
qual o motivo, mas amava provocar essa mulher e seus lábios se
estenderam de lado, em um meio-sorriso desafiador. Ela deu de
ombros, dando uma esnobada e saiu sem pedir licença. Seu
perfume marcante logo me atingiu e a observei pelo canto do olho.
Rebolando aquela sua bunda atrevida, passou por nós, tão ousada.
A vontade que tive foi de dar um tapa forte e apertar suas nádegas e
a colocar montada em meu colo. Caralho. Minha mente não para de
criar imagens sujas com essa mulher.
Reparei nas pernas dela com um salto altíssimo, minha
nossa. Puta merda, a tatuagem que tem na panturrilha escrito com
uma letra fina e bem bonita love myself[2]
.
— Porra, Ethan você também gosta de provocar a mulher —
Neo comentou rindo.
— É sempre muito interessante vê-la me desafiando. Mas
você viu a tatuagem na panturrilha dela? — comentei sorrindo.
— Sabemos disso, a qualquer momento vocês vão parar em
um quarto e vão pegar fogo juntos. Nossa, que tatuagem? Não
reparei.
— Isso nunca vai acontecer. Pode tirar a ideia dessa sua
mente fértil, agora como não viu a tatuagem é uma fonte bonita,
fina, escrito love myself — Neo bebericou seu Dry Martíni
levantando a sobrancelha e dando de ombros, depois arregalou os
olhos.
— Porra, sério isso? Essa mulher não existe, tatuar “me amo”
não sei, mas isso é excitante e sexy, deixa a gente louco para
desvendar tudo sobre aquela mulher poderosa. — Neo parecia não
se conformar de não ter conseguido ver a tatuagem.
— Victoria Fiore é um mulherão, mas não é para qualquer
um, Kevin não aguentou, ela é autoritária e completamente
dominadora. Isso a gente já nota naqueles seus olhos grandes e
expressivos — falei o que achava da diaba de saltos.
— Isso é verdade, admiro de longe, assumo que não é para
mim, mas não sou cego. Depois vou reparar nas pernas dela, porra,
como não vi essa tatuagem, antes?
— Não sei viu, você está precisando ir ao oftalmologista, a
idade chega para todos.
— Sei disso, mas não sou o mais velho da turma.
— Mas está quase — falei e ele fechou a cara para mim, sorri
de lado. Depois fiquei pensando, meu Deus, nunca é muito forte,
não é? Mas apesar dela me deixar louco de tesão, não daria certo,
somos iguais em praticamente tudo e isso iria colidir.
Depois de terminar de beliscar uma porção que os meninos
pediram de carne e batatas com molho, me despedi de todos e
segui para casa depois de acenar um tchau à Victoria e suas duas
amigas, sorrindo.
Quando cheguei a casa estava tudo escuro, salvo somente a
sala e a escada com as luminárias acesas como sempre. Apesar de
ter meu apartamento para caso precisar ficar mais à vontade para
levar uma mulher ou somente estar sozinho, ainda morava na
mansão Roux. Isso desde que minha irmã e meu cunhado
morreram, fiquei com Luz, minha sobrinha de sete anos.
Ela tinha seis anos quando tudo aconteceu e desde então
que estamos lutando com a falta de seus pais em sua vida. Isso
quase me levou para o fundo do poço, apesar de tudo, como
padrinho eu fiquei responsável por Luz, tive que ser forte e assumir
sua criação, com a ajuda da minha mãe e de Theo. Pois, sobramos
nós três, de todos os Rouxs.
Subi e entrei no seu quarto, uma luminária estava acesa na
mesinha de cabeceira e seu corpinho pequeno estava deitado de
lado abraçada com seu ursinho de pelúcia. Estava dormindo já, me
aproximei um pouco sem fazer barulho, puxei o edredom para cobrir
seus ombrinhos. Sem poder resistir, beijei sua testa e disse baixinho
que a amava. Observei suas feições tão parecidas com a mãe e o
pai e meus olhos se encheram de lágrimas. A saudade queimando
meu peito, ela não passava, já faz um ano e, em breve fará dois e,
não acredito que se passou tanto tempo sem eles conosco.
Segui para meu quarto, no final do corredor enorme da casa,
entrei e fui tomar banho, quando deitei minha cabeça no travesseiro
fiquei pensando em tudo e nada. Até que me lembrei do sorriso
irônico e convencido de Victoria. Aquela mulher mexia comigo, me
deixava aceso demais, precisava ficar sempre a uma distância
segura dela ou poderia me perder.
Sinto os seus olhos me encarando inteira
Não seja tímido, tome o controle de mim
Entre na onda, essa noite vai arrasar
No Lie | Dua Lipa feat Sean Paul
Minha nossa, ele praticamente me despiu com seu olhar. Não
queria provocá-lo, mas é algo incontrolável. Aquele homem me
instiga somente ao tê-lo no mesmo ambiente e por puro acaso,
sempre nos encontramos. Em uma cidade grande como Nova
Iorque é muita sacanagem esbarrar com ele em cada esquina. Além
disso, divulgamos na La Femme a rede de hotéis da família Roux
que ele comanda. Não sei por que, mas sinto que Ethan não gosta
do que faz, não que ele seja ruim como CEO, mas não o sinto
totalmente entregue pelo que faz. Não conheço nada sobre sua vida
a não ser o necessário, mas há algo de misterioso com o petulante.
— O Ethan foi embora e deixou os amigos, parecia
incomodado — Laura comentou tomando seu Mojito. Ela adorava
uma fofoca e estava reparando demais no balcão a frente.
— Você gosta de provocá-lo, Vic! — Natalie comentou
também tomando seu suco natural, ela estava de dieta e seguia à
risca não beber durante a semana. Não sou assim, o que me der
vontade, faço. E precisava relaxar e só uma tequila faria isso.
— Olha, não sei por que, mas ele me irrita, por isso que gosto
de provocá-lo. O homem me seca com aqueles olhos azuis-claros
dele e sabe o que é pior?
— Não sei, conta tudo de uma vez — Natalie respondeu.
— Ele é um dos melhores amigos do Kevin — já tive um rolo
com um dos melhores amigos dele.
— Sabemos disso, aliás Kevin está viajando, ele me ligou
pedindo algumas informações de marketing — Laura falou.
— Ah meu Deus, sério isso? Ele é um abusado, diz que você
não trabalha de graça — respondi, pois sei bem como Kevin é
folgado e interesseiro. Não sentia ciúmes, longe de mim, se minha
amiga quisesse algo com ele, não me importaria.
— Foi exatamente o que respondi, ele falou que pretende me
contratar.
— Você não tem tempo para isso, amiga — fui categórica,
pois Laura comanda o marketing da La Femme e estamos
reestruturando a equipe para o digital.
— Sei disso, mas o homem é um pé no saco, fica insistindo.
— Para mim, ele quer outra coisa, Kevin é do tipo que se
aproxima da gente primeiro com uma desculpa, parece que não tem
coragem de falar o que quer de uma vez — respondi sabendo que
na verdade ele quer mesmo é ficar com ela. O sonho deles é pegar
nós três, não digo isso por ser convencida, mas somos um trio e
tanto. Chamamos atenção onde vamos, não somos mais tão novas,
a idade trouxe autoconfiança, experiência e muita determinação,
além de conquistas.
— Minha nossa, verdade, lembro como foi com você! —
afirmou entendendo tudo.
— Puta merda! — Natalie falou alto quase virando o copo na
sua roupa, nos fazendo se virar para ela rápido — Desculpa,
amigas.
— Você que sabe, já fiquei com ele, beija bem, tem pegada,
mas é só isso que pode oferecer e que na verdade, Kevin quer.
— Sim, sei que da turma deles ali, Kevin é o mais novo e
ainda está nessa de pegar geral, isso não me chama a atenção nos
homens — Laura disse convicta, minha amiga quando falava assim
é porque não tem interesse mesmo.
— Está certa, agora me ajudem aqui, principalmente você,
Laura, pois Natalie já me disse o que pensa.
— Diga, Vic — falou enquanto bebericava seu Mojito.
— Acha que Bella poderia começar sendo a modelo que vai
fotografar com as roupas da marca do próximo mês?
— Ela pode, tem uma beleza única e instigante, podemos
fazer um ensaio de teste e ver como ela vai se sair.
— Lembrem-se que esse ensaio da Hans Femme precisa ter
modelos com todos os tipos de corpos — Natalie quis nos lembrar,
na verdade, nunca esqueço disso.
— Óbvio que me lembro, por isso estou pedindo a opinião de
vocês. Temos que sincronizá-las, não quero nada padrão também
na revista — já me posicionei, além de estarmos no comando
quanto aos conteúdos que trazemos em uma revista feminina, quero
que atinja qualquer mulher, seja ela branca, negra, asiática, alta,
baixa, magra ou gorda. Cada uma passa por seus questionamentos
e inseguranças, de acordo com sua história de vida. Precisamos
estar unidas, pois dessa forma somos muito mais fortes.
Infelizmente, nem todas as mulheres pensam assim, nesse ramo
como em qualquer outro acontece muita coisa que sinceramente me
tira do sério.
— Está certo, vamos agendar amanhã o teste e selecionar as
modelos. Ligo para Bella ou deixo com você? — Natalie me
perguntou.
— Perfeito e você liga para ela, seremos totalmente
profissionais com Isabella, nada de tratamento especial. Ela é minha
irmã, a amo, mas se ela quer isso, terá de ser assim para que já
comece a aprender como funciona esse mercado da moda na
realidade.
— Você sabe bem como é, e está certíssima em fazer dessa
forma — Laura disse e Natalie concordou com um aceno de cabeça.
— Obviamente, nada que vem fácil demais é algo duradouro
e seguro. Tudo que conquistamos na base da dificuldade, do
trabalho duro e honesto, no final é mais recompensador e
satisfatório. Vocês sabem disso tanto quanto eu!
— Como sabemos, viu. Enfrentamos cada coisa que se a
gente contar as pessoas não acreditam. É mais fácil julgar pelo que
temos hoje, mas ninguém sabe, a não ser nós mesmas e, quem
esteve de verdade ao nosso lado.
— Eu tive só vocês! — falei convicta, pois minha mãe nunca
me apoiou, ela na verdade, se deixou levar pelo meu padrasto que
colocou dentro de casa em menos de um ano depois do falecimento
do meu pai. Então, me virei sozinha sem poder contar com a única
pessoa que tinha da minha família.
— E como anda o relacionamento com sua mãe? — Natalie
perguntou, minhas amigas sabem de tudo. Inclusive, todas as
humilhações que sofri nos anos que morei com eles.
— Estamos tentando nos dar bem, na verdade, queria poder
perdoá-la algum dia, mas sempre que nos vemos é a mesma coisa.
Seu tom de deboche, ela nunca me levou a sério e sei da
desconfiança dela a respeito de tudo que conquistei, pois achava
que abria as pernas para todos os CEO da Brown Enterprises.
— Minha nossa, sua mãe, na verdade, tem um julgamento
bem fodido e errado sobre isso. Como pode pensar algo assim da
própria filha?
— Ela sempre pensou o pior de mim, Natalie. Isso nunca
mudou, mesmo que hoje eu sustente aquela casa, achava até que
ela não me queria como filha.
— Que desaforo, espero que um dia, ela perceba quão errada
está e quanto tempo perdeu sem ter você realmente do lado dela.
— Espero que não seja tarde demais — tenho medo disso,
minha amiga me deu um sorriso reconfortante. Bebemos mais um
pouco, comemos e fomos embora juntas.
James deixou minhas amigas em casa, era sempre assim.
Natalie ficou comentando o quanto o homem é alto, forte e
musculoso e que daria tudo para ele. Rimos alto e quando vi que ele
estava olhando pelo retrovisor, coloquei a mão na boca e simulei
seriedade. Elas ficavam impressionadas como que eu conseguia
não dar em cima dele e principalmente de não o ter levado para
cama ainda. Quando James abriu a porta para ela, minha amiga
saiu rebolando de forma exagerada e sorrindo mais ainda. Em
seguida piscou fazendo graça para o meu motorista que sorriu
parecendo estar sem jeito.
— Meu Deus, ela não tem limite — comentei rindo.
— Olha nem eu tenho, Vic, não sei como ainda não o pegou
— Laura falou observando admirada o homem entrar e se sentar.
Realmente ele tem um corpo de dar inveja em qualquer outro. Sei
que ele passa parte da madrugada e seus horários de folga
malhando — Puta merda! — ela disse baixinho, as coxas dele são
grossas e pareciam ser durinhas. As veias saltantes do braço e
mãos era uma afronta também à nossa sanidade.
— Vocês não têm jeito mesmo! — Só pude sorrir e olhar pela
janela.
Depois que deixou Laura no seu prédio, seguimos para meu
apartamento em Manhattan, foi a minha maior conquista. Nem
acreditei quando me tornei uma das acionistas da Brown
Enterprises, o grupo era composto só por homens e quando me
tornei a editora-chefe recebi o convite de um deles. O Sr. Brown, um
bilionário e dono de diversas empresas, um dos maiores CEO do
mundo. Anos depois ele deixou tudo nas minhas mãos, me fez uma
proposta irrecusável, me tornou a dona da revista que comando.
Para chegar nesse nível, trabalhei muito e tive que me
esforçar para me destacar entre outros. Quem diria que a estagiária
iria ser hoje a dona da revista? Ninguém imaginaria isso, mas nunca
desisti de mim mesma. Bateu insegurança, medo de me
decepcionar e não suportar tudo? Sim e muito, chorei de raiva
inúmeras vezes, tendo que ouvir tantos insultos e humilhações.
Nesse mundo machista que vivemos, onde até mesmo as mulheres
julgam umas às outras, é difícil ser aceita no comando. Homens
poderosos são aceitos facilmente, mas mulheres no poder são
julgadas de forma injusta e cruel.
Quando adentramos no Upper East Side, admirei a área mais
rica de Nova Iorque, onde moro atualmente. Quis trazer minha
família para cá depois que meu padrasto foi embora, mas minha
mãe não quis de forma alguma. Meus irmãos imploraram a ela, mas
não teve jeito. Felizmente, ela aceitou minha ajuda, pagava as
contas e mantinha a casa deles e nada mais. Não fazia isso para
mostrar a ela nada, mas porque eles são minha família e sempre
vou fazer de tudo para que estejam bem.
James adentrou na garagem e assim que estacionou na
nossa vaga, já abri a porta para descer.
— Obrigada, James por hoje, tenha uma boa noite! — ele
assentiu.
— Boa noite, Srta. Fiore! — respondeu e saiu, me
encaminhei para o hall do elevador. Assim que cheguei em meu
apartamento, admirei a vista com ele ainda escuro, salvo as luzes
das luminárias que estavam acessas. Pelas vidraças observei a
noite iluminada na cidade que nunca para. Amava estar aqui, neste
lugar que conquistei com todo o meu trabalho e esforço. Nada
nunca caiu de paraquedas no meu colo, tudo foi com base na luta
de uma mulher que só queria ter seu lugar no mundo e com isso
fazer a diferença. Não é só sobre ser rica, bem-sucedida e
poderosa, vai além, quero poder, como mulher, mostrar que nós
podemos fazer tudo, basta ter oportunidades e aproveitar delas da
melhor maneira possível. Foi isso que fiz, usufrui de tudo mesmo e
quando ouvia um não, lutava para ganhar o sim, disso que vem o
sucesso: A determinação.
Depois de admirar a vista e sentir orgulho de mim mesma,
liguei as luzes e fui à cozinha que é conjugada com a sala de visita
e jantar. É um ambiente único muito bem dividido e amplo que foi
redecorado recentemente. Se antes gostava de cores mais escuras,
digo mais acinzentadas e fortes, hoje já gosto de estar em
ambientes mais claros, branco e tons marrons clarinhos. Detalhes
dourados e nude em todos os ambientes com branco, fica elegante
e sofisticado. A decoração ficou entre o clássico e o contemporâneo,
o que a meu ver formou uma maravilhosa interação. Minha
decoradora falou que ficaria como uma casa nos Hamptons, mas na
cidade, como queria. A luz do dia é deslumbrante e a noite também,
as portas de bolso em vidros são muito favoráveis para essa luz
maravilhosa. Além disso, ficamos na cobertura, tenho dois andares
à minha disposição. Por que isso? Na verdade, gosto de trazer
meus irmãos para ficarem aqui nos fins de semana que não tenho
compromissos. Eles têm cada um seu quarto e minhas amigas
também têm os seus.
Peguei a água no filtro e tomei sentindo aquela sensação
gostosa de alívio tomar meu corpo. Estava com muita sede, ri tanto
de Natalie e Laura no carro, elas ficam completamente loucas pelo
James. Lavei meu copo e segui para o meu quarto, entrei e vi que
Aurora deixou meu banho preparado, amanhã não posso deixar de
agradecê-la. Mais que alguém que trabalha para mim e que passou
a ser minha fiel confidente. Na verdade, a considero minha mãe, nos
damos tão bem, ela tem a idade da minha mãe e é tão batalhadora.
A admiro muito, desde que me mudei para este lado da cidade que
estamos juntas.
Entrei na banheira cheia de espuma e meu corpo de imediato
já relaxou, fechei os olhos e puxei o ar, segurei e soltei sentindo já
um alívio. Fiz isso três vezes para me soltar e não sei por qual
motivo, mas o que veio em minha mente foram aqueles olhos azuis.
Não queria pensar nele, Ethan é tipo zona proibida e sabia que me
daria problemas, sinto isso fortemente e minha intuição nunca falha.
Por isso, peguei um pouco do chá gelado que Aurora deixou e bebi,
liguei uma música e tentei afastar aquele homem petulante da
minha mente.
Quando você olha nos meus olhos
você sabe que vai ver aquele fogo
Se você está no meu caminho, não vai ser o seu dia
Sangrar até eu possuir este sonho, construí-lo como você nunca viu
Mesmo no topo da montanha, nunca vou parar
Man on a Mission | Oh The Larceny
O dia começou quente, depois de uma semana louca e cheia
de compromissos, além disso, Luz havia passado mal na escola, há
dois dias. Desde então minha cabeça entrou em parafuso,
pensando se seria capaz de criá-la honrando minha palavra à Olívia.
Sinto falta da minha irmã mais que tudo e tenho que ser forte por
Luz. Nem sempre é fácil e depois que a levamos na psicóloga, o
que suspeitava estava acontecendo. Mais de um ano após a morte
da mãe, ela ainda tinha dificuldade em aceitar a ausência de seus
pais.
Mesmo assim tive que ir ao escritório para resolver algumas
pendências e fechar tudo para o início das obras de mais um hotel,
desta vez em Cancún. Além disso, havia uma reunião com o setor
de marketing, pois já estávamos pensando em toda campanha para
Paris e, minha equipe queria explorar o romantismo, além de uma
mulher poderosa que possui amor-próprio e autoestima elevada,
para viver uma experiência única na Cidade Luz, estando
hospedada em nosso hotel. Algumas pessoas já têm indicação que
julgam perfeita para essa mulher viver uma experiência no Hotel
Roux em Paris. Já avisei que seria loucura, apesar de concordar
com todos, não sabia dizer se ela iria aceitar.
— Ethan — Neo entrou eufórico na minha sala sem ao
menos bater na porta, rolei os olhos e o fitei.
— O que foi desta vez? — Ele franziu a testa e me fitou de
lado.
— Nossa, que péssimo humor — se tem alguém que sempre
me chama a atenção e diz a verdade é o Neo, uma característica de
sua personalidade, o que me faz pensar que é verdade o que dizem
sobre os virginianos.
— Foi uma semana difícil, senti o peso de todos os
acontecimentos hoje — ele concorda e se aproxima mais da minha
mesa.
— Nisso concordo com você, está cada dia mais fodida a
coisa para seu lado, mas não perca a esperança — agora ele virou
a porra de um filósofo — só que voltando ao assunto principal, entrei
aqui assim de repente para te alertar de algo, você já viu o concurso
que a gostosa da Victoria vai lançar na festa de 50 anos da revista?
— Concurso? O que tenho a ver com isso? — questionei meu
amigo, pois ele parecia animado demais, foi aí que me entregou o
seu celular e vi a notícia no twitter “La Femme vai abrir um concurso
para designers de sapatos femininos em sua festa de 50 anos, que
terá a abertura das inscrições nos próximos dias, após a
comemoração.” Fiquei boquiaberto e surpreso, seria obra do
destino?
— Caralho, Neo! — Arregalei os olhos chocados com aquela
novidade. Victoria não soltou isso à toa, o marketing dela pega
pesado e é sempre inovador.
— Sabia que te deixaria assim, mas cara, precisamos te
colocar nesse concurso, é sua chance — Neo sabe do meu grande
sonho em ser designer de sapatos e pensa que deveria abandonar
o comando dos hotéis Roux para me dedicar ao que quero de
verdade. Quem dera fosse fácil assim, antes de perder minha irmã
tinha esperança de ela conseguir ser a CEO. Mas, agora, tudo
mudou e não sinto mais esperança de que isso possa mudar. Ela
sabia do meu grande sonho e havia me prometido que faria o
impossível para que o realizasse, porém o destino encontrou uma
das piores formas de me dizer que isso não seria possível.
— Que chance? — o questionei sabendo que isso era demais
e seria loucura — Neo, você sabe mais do que todos como seria
para minha mãe ver seu filho deixando o poder da empresa da
família para ser designer de sapatos.
— Você tem grandes chances, Ethan. Sei que desde que
Olívia se foi, perdeu totalmente a esperança de poder ser designer
de sapatos e viver disso. Mas, pensa comigo, você pode fazer as
duas coisas.
— Como, Neo? — O que será que ele tem em mente?
— Anonimamente — ele soltou e tudo clareou em minha
mente, por um segundo tive um pouco de esperança, assenti e ele
continuou — criamos um pseudônimo, você pode se lançar nesse
concurso e nunca aparecer de verdade. Te ajudo com os transmites
todos, tenho certeza de que Emily pode te auxiliar também junto de
Joshua. Podemos te fazer o vencedor deste concurso, aliás você
tem excelentes desenhos de sapatos femininos. O que acha?
— Neo, essa ideia é incrível, mas será que podemos fazer
isso? — Ele bateu palmas animado, não há ninguém que me
conheça mais como meu amigo, que vibra com a vitória de todos.
Claro que meus outros amigos são assim, mas não como Neo. Ele
queria acima de tudo me ver feliz fazendo o que amava, realizado.
— Você pode e estamos aqui para te ajudar no que for
preciso.
— Porra, Neo. Você me deixou animado e o principal, com
esperança. Mas vou ter uma vida dupla e até quando vou conseguir
manter o anonimato?
— Não se preocupe com isso agora, está cedo, o que temos
de pensar inicialmente, é em montar seu pseudônimo, o portfólio e
todos os detalhes.
— É muito trabalho, será que Joshua vai querer fazer isso
mesmo?
— Ele não vai negar isso a você, sabe que somos seus
amigos e estamos aqui para te ajudar, assim como sempre nos
ajudou. É uma via de mão dupla, Ethan.
— Ok, vamos fazer isso, vai que dá certo — concordei
sentindo que desta vez poderia ser minha grande chance.
— Já deu tudo certo, pelo amor de Deus! Se anime e seja
mais positivo, sei de tudo que passou, mas pense bem, onde sua
irmã estiver, vai se sentir orgulhosa por você estar seguindo seus
sonhos e cuidando de tudo aqui.
— Espero que sim, ela sempre foi tão positiva em relação ao
meu sonho de ser designer de sapatos, ficava louca com meus
desenhos. Alguns de seus sapatos tinha conseguido produzir, mas
foi algo tão exclusivo.
— Olívia tinha muito bom gosto e sabia do seu talento.
Lembre-se sempre do que ela te dizia e siga em frente. Não há nada
de errado em tentar, vivemos para nos arriscarmos, não teria graça
se fosse diferente, certo?
— Tenho que concordar com você, só espero que consiga
manter a empresa da família sem vacilar durante esse tempo.
— Você vai ser capaz de até mais que isso e sabe que não
está sozinho nessa, estamos juntos e te ajudaremos com tudo.
— Pronto, conseguiu me convencer. Porra, como você é bom
com isso, deveria ser vendedor, tem boa lábia.
— Mas sou advogado, por isso consigo acordos tão bons,
sou ótimo em dialogar e mostrar o outro lado às pessoas.
— Está certo, vamos fazer isso! — Vibramos e trocamos um
abraço e tapas nas costas, Neo está sendo mais que um amigo para
mim, desde que Olívia se foi. Não sei o que seria de mim se não o
tivesse comigo, ele praticamente cuidou de tudo, não conseguia
pensar em nada.
Depois da nossa empolgação com a novidade e de decidir
me dar essa chance, fui para uma reunião que levou o resto do meu
dia, uma chatice sem tamanho. Saímos para almoçar e ligamos para
Joshua e marcamos de jantarmos juntos. Quando voltei, havia
convites na minha mesa da festa de 50 anos da La Femme. Seria
um grande evento, como eles estão investindo muito no digital, será
tudo transmitido através de uma live nas redes sociais da revista.
Apesar de achar Victoria muito autoritária, prepotente e
chata, a admiro muito. O trabalho dela é incrível, colocando muitos
homens no chinelo, praticamente. A frente de uma revista, ela traz
assuntos e questões relevantes à sua revista, tudo voltado ao
público feminino, só que acaba atingindo também o masculino. Neo
e Kevin são assinantes assíduos da La Femme e leem todas as
edições. Conhecem as dicas, quiz de todo mês, nem precisava ler,
pois eles levavam para nosso almoço ou jantar e ficávamos
discutindo sobre tudo que liamos.
Resolvi ir embora após a reunião, esses dias estou indo ao
escritório acertar as pendências urgentes, quando conseguia
finalizar tudo, já ia embora. Busquei Luz na escola, dessa forma
estava fazendo alguns passeios com ela por Nova Iorque, pois a
psicóloga me disse que faria bem sair ao ar livre com a menina e
fazer alguns programas divertidos. Depois de tudo que passou, seu
emocional ainda estava abalado pela perda dos pais, minha afilhada
precisava de nossa total atenção e carinho.
— Você sabe que quero ser quando crescer? — ela me
questionou, às vezes a achava tão madura para sua idade.
— Não, o quê? Me conta logo! — respondi demonstrando
curiosidade, porque realmente queria saber o que ela queria ser e
fazer.
— Quero ser professora, ensinar as crianças tudo que sei,
padrinho, você consegue me ver em uma sala de aula? — Arregalei
os olhos demonstrando surpresa.
— Com toda certeza vai ser a professora mais linda e
maravilhosa de Nova Iorque — apertei suas bochechas e ela fez
careta para mim, enrugando a testa, algo que sua mãe fazia muito.
Elas se parecem tanto. Estar com Luz sempre me faz lembrar de
Olívia e me sinto mais próximo dela de um jeito muito bom.
— Quero poder ensinar em todos os lugares do mundo. —
Fiquei impressionado com a mente da minha pequena. Meu Deus!
— Vai ser incrível, hãm? Mas, agora você quer um sorvete?
— perguntei tentando mudar de assunto, ela ainda estava muito
nova para pensar no que vai ser quando ficar adulta, tem tanta coisa
para acontecer. Meu maior desejo é que ela seja feliz, terá todo meu
apoio no que for escolher para fazer. Não queria influenciá-la em
momento algum.
— Quero muito, padrinho. — Ela me deu a mão e seguimos
para uma sorveteria, assim que entramos, depois de atravessar com
dificuldade a avenida movimentada, trombei em alguém e a insultei
mentalmente, quando fitei a pessoa, dei de cara com ninguém
menos que Victoria, só poderia ser a diaba. Não bastava só ser
chata, tinha que ser distraída também. Seus olhos grandes me
fitaram e então ela olhou para minha sobrinha que estava rindo de
não sei o que com a mãozinha na boca. Não podia deixar de notar a
elegância da mulher e claro seus sapatos. Ela sempre estava de
salto alto. Era só o que me faltava. Concentre-se, Ethan!
Parece uma garota, mas é uma chama
Tão brilhante que pode queimar seus olhos
Melhor olhar para o outro lado
Pode tentar, mas nunca esquecerá seu nome
Ela está no topo do mundo
As garotas mais quentes dizem
Girl on Fire | Alicia Keys
Só podia ser brincadeira, com tanta gente nesta cidade, tinha
que trombar logo com ninguém menos que Ethan. O homem mais
insuportável e provocante que conhecia. Não tinha outro como ele, é
impossível superar toda a sua petulância. Quando estamos lidando
no âmbito profissional sempre colocava isso à frente da antipatia
que sinto pelo petulante. Não que Ethan seja ruim, mas tem o poder
de me irritar e pessoas assim, quero sempre uma distância segura,
ainda mais se tratando de homem.
— Desculpe, estava distraída, mas você também parecia
absorto. — Soltei, mas ele parecia aéreo.
— Meu padrinho só estava olhando para mim, enquanto a
gente entrava, mas ele não fez por mal, foi sem querer — a menina
que estava ao lado dele de mãos dadas falou me fitando com seus
olhinhos azuis piscina atentos. Que menina fofa, sabia que ele
cuidava da sobrinha que perdeu os pais há um ano.
— Tudo bem, querida — falei me aproximando, passei a mão
no seu cabelo loirinho e cheio de cachinhos, ela assentiu sorrindo e
me deixando apaixonada.
— Amei o seu batom, que cor linda. Sabia que quando eu
ficar adulta vou usar um igualzinho assim? — Não consegui conter o
sorriso e ela me fitou também sorrindo lindamente em seu rosto
delicado.
— Vai ficar lindo em você, querida. Mas agora ainda é nova,
pode usar um gloss, você gosta? — ela assentiu toda fofa que me
derreti, crianças tinham esse poder. Como essa menininha linda
pode ser sobrinha e afilhada desse traste do Roux? Peguei um
gloss dos que recebemos essa semana na revista para
experimentar, gostei tanto que coloquei dois em minha bolsa. Olhei
para seu tio que acenou consentindo, então dei a ela o mais rosinha
que vai ficar lindo e delicado, por ser criança não acho que deveria
usar algo mais escuro. Ela soltou a mão do tio imediatamente e
pulou em meu colo me deixando sem reação, mas em poucos
segundos já retribui e a abracei de volta.
— Que lindo, você é demais, vou ficar tão linda, minha avó
vai amar! — Sorri vendo toda sua empolgação e então a menina me
encarou fazendo uma expressão de súplica. — Você gostaria de
tomar sorvete com a gente? — Meu Deus, como crianças eram
espontâneas, será que ela não percebeu que seu tio e eu não nos
damos tão bem?
— Luz, minha pequena. Victoria é uma mulher muito
poderosa, ela trabalha bastante, deve estar com pressa para algum
compromisso — quando o ouvi querendo fugir da minha presença,
agi por impulso e sorri largamente fitando seus olhos azuis, depois
me virei para a menina.
— Na verdade, tenho trinta minutos, podemos nos divertir
juntas, trocando figurinhas de beleza, o que acha, querida? — Vi o
exato momento que minha resposta desagradou a Ethan e me senti
vitoriosa. O que ele tinha que sempre me deixava querendo
provocá-lo ao máximo? Não sei viu, na verdade, não gostaria de
estar testando tanto esse jogo em que gostamos de vencer um ao
outro com respostas. Mas, é impossível negar que isso é muito
intrigante.
A menina loirinha nos levou para uma mesa que ficou
disponível naquele momento. Ela chegou já pedindo ao tio para ser
cavalheiro conosco, ele arrastou as cadeiras bufando, mas sorriu só
para sua sobrinha. Nada me passava despercebido e sabia bem
quando alguém só me tolerava e sentia que minha presença
incomodava muito Ethan. Já havia percebido isso em nossas
reuniões juntos.
— Então, o que as meninas vão querer pedir? — ele
perguntou, pois estávamos em uma das sorveterias mais famosas
de Nova Iorque. A Big Gay Ice Cream, começou com um food truck
nas ruas da cidade, logo fizeram sucesso com ingredientes de alta
qualidade e sabores tradicionais com toque inusitado e foi o que fez
a marca se tornar famosa. Essa foi a primeira unidade que abriram
em 2011, o local já foi eleito como uma das melhores sorveterias do
país e do mundo.
— Vou querer o famoso Salty Pimp — falei primeiro.
— Sabe que nunca experimentei? — Ethan comentou e sorri.
— Acho que você sempre perde as melhores coisas da vida
— ele bufou e rolou os olhos.
— O que tem esse sorvete? — Luz perguntou chamando
nossa atenção e quebrando nosso olhar.
— Minha querida, é um sorvete de baunilha, doce de leite
com uma pitada de sal marinho e tudo isso mergulhado em uma
calda maravilhosa de chocolate, o que acha?
— Ah, eu amo doce de leite e chocolate, quero esse,
padrinho. — A menina soltou empolgada me fazendo sorrir com sua
animação.
— Também amo chocolate, é sempre uma tentação para
mim.
— Que legal, não? — Ethan soltou — Uma mulher como
você se permite comer doces assim no meio da semana? — Que
homem idiota, era sobre isso, odiava caras que achavam que
devíamos manter o controle e para mim não havia problemas em
nos permitir comer um chocolate ou tomar um sorvete com muita
cobertura.
— Uma mulher como eu? — Refiz sua pergunta, irritada
demais. Não gostaria de cair na sua provocação de merda na frente
da menina. Mas não poderia me calar.
— Sim, você deve malhar muito para se manter… — ele
parou e parecia estar pensando o que iria dizer, o que não deixei,
podia sair mais asneira ainda daquela sua boca atrevida.
— Malho sim, faço isso por saúde e não me privo de nada
nesta vida, tudo que me dá prazer eu faço de livre e espontânea
vontade, Ethan.
— Quando crescer quero ser assim também — a menina
falou e sei que ela devia ter uns sete anos e não podia me conter
em sorrir para Ethan.
— Ainda é muito nova, minha pequena, vamos pedir o
sorvete, então? — Ethan quis sair do assunto e compreendia seu
desespero, mas a verdade é que essa menininha tão novinha já
sabe o que quer, apesar de tudo que vem enfrentando, ela
demonstra que é forte. Ele chamou os atendentes e fez nossos
pedidos.
— Vamos querer 3 Salty Pimp, por favor — pediu me fitando
intensamente.
— Com muita calda de chocolate! — Pedi vendo o sorrisinho
de lado da loirinha e mais uma vez Ethan rolou os olhos e jogou
aquele seu cabelo irritante para o lado. Apesar de sentir antipatia
pelo homem, não podia negar que ele é lindo. Rosto fino assim
como seus traços, olhos azuis vivos, cabelo estilo surfista, mas um
pouco mais curto, que trazia um charme a mais para o provocador
de merda que ele era. O sorriso da criatura abalava as estruturas de
qualquer mulher, mas não a mim que sou considerada uma das
mulheres mais poderosas da atualidade.
Meu celular começou a apitar, quando olhei, eram
mensagens Natalie me perguntando onde estava que não cheguei
ainda na revista. Respondi depois de pedir desculpas e licença por
um minuto. Saí da sorveteria já ligando para ela que atendeu no
segundo toque.
— Pelo amor de Deus, mulher, onde você está? — ela estava
desesperada e não era para menos, aqueles insuportáveis ficam
pressionando-a. Eles chegavam bem antes da hora marcada e já
queriam começar.
— Natalie se acalma, tive um imprevisto aqui, segura as
pontas com os sócios. Faça o seguinte, já passe para eles a planilha
de lucros do mês, que já estou chegando.
— Ok, você que manda, chefinha — ela falou e sabia que
estava bufando, aquele bando de homens engravatados faz pressão
só com um olhar intolerante. Infelizmente lidar com esse gênero
todos os dias é desgastante e cansativo demais, mas o que
podemos fazer? Nós mulheres precisamos sempre mostrar mais
serviço do que eles, odiava isso. Termos que lutar mais somente
pelo fato de sermos mulheres. Se dispor de uma vagina não é sinal
de fracasso e sim de muita força, porra. Rolei os olhos e entrei de
volta na sorveteria, me preparando para enfrentar o olhar
debochado de Ethan.
Quando cheguei na mesa ele estava segurando meu sorvete
com cara de poucos amigos. Me sentei e a menina estava gemendo
e sorrindo de felicidade, pelo visto amou o sorvete que indiquei.
— Aqui o seu, Srta. Fiore — falou em tom de deboche
enquanto me entregava.
— Ela não se chama Victoria? — Luz soltou enrugando a
testa.
— Sim, minha pequena, se chama Victoria Fiore, a chamei
pelo sobrenome em sinal de respeito, — mas Ethan é mesmo um
descarado! Que respeito? Ele estava debochando claramente na
minha frente.
— Sabia que sou editora-chefe de uma revista? — Ignorei o
olhar de Ethan.
— Não sabia, que legal, podemos te chamar de Vic?
— Claro, só minhas amigas me chamam assim, mas já
viramos best friends hoje, pode me chamar de Vic quando quiser,
minha querida. — Tomei meu sorvete fitando o homem à minha
frente que não deixou de me encarar de volta e acompanhar cada
movimento que fazia ao lamber as bolas de sorvete e os dedos na
calda deliciosa de chocolate. Ethan parecia estar se controlando,
aquilo me deixou lá em cima, pois amava provocá-lo. Sabia o poder
que tinha quando estava no controle. Gemi ao lamber o dedo mais
uma vez com a calda.
— Gostou, Luz? — perguntei à menininha e vi o exato
momento que Ethan se mexeu na cadeira, parecia desconfortável
com algo, uma visão extremamente deliciosa, segurei o riso.
— Eu amei, vou querer voltar sempre aqui, padrinho e quem
sabe ele não liga pra você e podemos vir juntos de novo?
— Vai ser maravilhoso, Luz. Mas agora, tenho uma reunião
importante me esperando, homens chatos engravatados.
— Coitada de você, obrigada pela companhia, amei o
sorvete, obrigada pelo gloss e boa sorte na sua reunião.
— Ah, minha querida, eu que agradeço, amei te conhecer
melhor. Use e abuse do gloss — Ethan bufou e então dei um beijo
na bochecha da menina ignorando a expressão chata do seu tio —
Ethan, obrigada pelo sorvete. — Ele só balançou a cabeça e sorriu
sem graça. O irritei aceitando o pedido da sobrinha para ficar com
eles, não estava nem aí, ninguém mandava ser o petulante de
merda antipático.
Assim que saí da sorveteria com minha bolsa, vi o carro preto
com James se aproximando. Meu motorista estava sempre atento, é
a eficiência em pessoa. Se minhas amigas estivessem aqui estariam
dizendo que ele também é a gostosura e tentação em pessoa. Sorri
sozinha e coloquei meus óculos escuros, não estava um sol forte,
mas um pouco fraco. Estamos no verão em Nova Iorque e têm dias
que fica parecendo que vai chover de tão abafado.
— James, vamos para a revista — disse assim que entrei.
— Sim, Srta. Fiore — falou com sua costumeira voz grave e
profunda.
— Já disse para me chamar só de Victoria.
— Desculpe, Srt… Victoria — respondeu mais baixinho, sem
graça. James, na verdade, vai muito além de um rosto e corpo
bonitos. Quando o contratei foi porque conhecia sua família do
Brooklyn. Apesar de que a gente só se cumprimentava, porque é
assim que fazemos por lá, todos que se conhecem se tratam bem.
Sei que a vida dele também não foi fácil e hoje sustenta a casa, sua
mãe doente e os irmãos.
Ele seguiu pelo trânsito caótico de Nova Iorque, odiava
reuniões após horário de expediente. Mas, os sócios não ligavam e
sempre marcavam assim, já pensei que era para me provocar, mas
não sei mais o que pensar. Quando entrei sendo a única mulher
naquela turma de homens mais velhos, com somente dois deles na
minha idade, ficaram surpresos. Pois, a indicação veio do antigo
grande chefe do grupo, mas não me intimidei, obviamente, foi difícil
e ainda é, mas não sou de desistir fácil.
Assim que chegamos ao prédio da revista, James estacionou
e quase se esqueceu e abriu a porta para mim. Sorri e o agradeci,
ele já sabia que quando tinha essas reuniões com os sócios, o
horário passava. Entrei e fui enfrentar as feras que, na verdade,
sabiam que não me abalava por terem chegado cedo demais para
nosso compromisso. Esse mundo de negócios é sempre assim, mas
para mim, sempre foi um desafio. Amo sentir adrenalina em cada
nova incitação deles, se soubessem o quanto alimentavam o poder
que vivia em mim, iriam parar de me confrontar.
Saí do elevador e entrei na redação da revista pronta para
mais um combate. Natalie e Laura foram me receber, uma pegou
minha bolsa e a outra me entregou o tablet, Nath me passou
rapidamente tudo que precisava e que já havíamos visto na noite
passada.
— Boa tarde, senhores! — Entrei sorrindo e sendo muito
simpática com todos, para estar em um desafio precisava muita
autoconfiança e isso agora tinha de sobra. Todos se viraram na
minha direção e então reparei que alguns deles só balançaram a
cabeça em sinal de cumprimento.
— Victoria Fiore, bem-vinda à nossa reunião! — Aquele
homem é um poço de inconveniência com sua voz crapulosa. Luke
Saints, é um dos filhos de Carlos Saints, um dos antigos sócios que
se aposentou e o deixou em seu lugar.
— Eu que digo a vocês, sejam todos bem-vindos a La
Femme, meu ambiente de trabalho — disse firme e já fazendo a
expressão mais séria, não podia sorrir muito, no final das contas —
Vamos começar então pelo lucro já que estão com as planilhas em
mãos que foi entregue a cada um de vocês pela Natalie — o silêncio
reinou, assim que gostava. Eles esperavam pelo meu fracasso, mas
sempre os decepcionava nesse quesito.
Acabou e você sabe disso
Viva e deixe crescer
É mais escuro antes do novo amanhecer
Nós nos agarramos ao momento
Com medo de deixar ir
Leva tempo seguir em frente
E eu não sinto sua falta esta noite
Call Me If You Need Me | Cloe Wilder
Luz ficou completamente apaixonada por Victoria, saímos da
sorveteria e ela não parava de falar da mulher. Tive que conter
minhas expressões para evitar perguntas indevidas, ainda é muito
pequena e tinha que tomar cuidado sempre com o que dizer à
minha sobrinha, que é também afilhada. Tentava evitar falar
palavrões quando estava com ela, o que era bem difícil para mim,
mas não impossível.
Alguns dias se passaram e o da festa de 50 anos da La
Femme se aproximava. Minha afilhada não esqueceu a Victoria e
chegou a me pedir para ligar para a mulher e convidá-la para um
jantar em nossa casa. Minha mãe não gostou nada disso, já que ela
não gostava de forma alguma dela. Sabia mais ou menos o motivo e
apesar de não me dar bem com a editora, não acreditava nos
boatos que rolavam desde que ela se tornou sócia da Brown
Enterprises. Todos diziam que ela dormiu com o CEO do grupo para
conseguir a posição de sócia, quando, na verdade, ela fez um
acordo de negócios com o senhor que poderia ser seu avô.
Inacreditável como as pessoas eram maldosas,
principalmente com as mulheres. Infelizmente quando uma mulher
conseguia algo assim como Victoria, era mais fácil e preconceituoso
dizer que ela usou de seu corpo para conseguir. Ninguém pensava
no quanto ela trabalhou para chegar ao topo, para nós homens era
tudo mais fácil e ninguém julgaria se fosse o contrário. Sabia de
histórias macabras nesse meio, muita gente achava que o mundo
da fama era um lugar de glamour e elegância. Só que não faziam
ideia do quanto podia ser um universo cruel, principalmente para as
mulheres. Porque os homens eram sempre uns filhos da puta e as
pessoas não sabiam nada do que se passava por trás das cortinas.
Depois de alguns jantares e reuniões com meus amigos
criamos o pseudônimo para entrar no concurso de designer de
sapatos da La Femme. Já me sentia apreensivo, sabia o quanto
Victoria era astuta, poderia querer descobrir quem era o designer se
conseguisse chamar a sua atenção. Fiz mais alguns desenhos de
sapatos para completar o portfólio, pelo que Neo já sabia, ela iria
prezar nos designs: beleza, elegância e conforto.
— Sabe que vai ser interessante ver a Victoria louca para
descobrir quem é o misterioso designer de sapatos que a
impressionou? — Joshua soltou passando o dedo pela sobrancelha,
algo que ele sempre fazia enquanto pensava. Neo já soltou logo
uma risada alta jogando a cabeça para trás.
— Ela vai pirar! — Sorri de lado pensando no quanto aquilo
vai ser maravilhoso.
— Imagina só quando ela descobrir! — Neo falou e desfiz o
sorriso na hora.
— Ela não pode, pelo menos até conseguir ser o vencedor.
— Isso vai ser épico e ainda mais com toda a tensão que rola
entre vocês! — Engoli em seco, depois peguei o copo com o Dry
Martíni e tomei de uma vez.
— Joshua, que papo é esse? Não tem nenhuma tensão entre
mim e Victoria, só se for de raiva, porque ela é muito prepotente,
convencida e autoritária, esse jeito dela só me irrita — sentia a raiva
e o rebuliço pelo meu corpo, o sangue quente nas veias, era isso
que ela me causava e tinha muito mais antipatia por causa disso.
— Assim como você! — ele revelou levantando as
sobrancelhas.
— Pare de gracinhas Joshua, não tem nada de mais, não
gosto dela.
— Mas sente admiração por ela, já o vi defendê-la da sua
mãe diversas vezes. Então, pode nos dizer o que realmente sente
por Victoria, uma das mulheres mais poderosas de Nova Iorque? —
Paralisei diante daquela sua pergunta, era uma afronta absurda.
— Nada, além disso não confunda as coisas, Joshua, não te
devo satisfações sobre o que sinto em relação a ninguém, você sim,
deve a sua esposa, cadê ela? — Joguei outra questão ali, porque
queria mesmo fugir daquele assunto, estava ficando complicado
para mim, porra!
— Estou aqui, Ethan! — Chloe respondeu por ele, quando
me virei ela estava exibindo seu sorriso irônico, além de toda sua
elegância. A esposa do meu amigo adorava vestir roupas coladas e
muito couro, suas curvas ficavam ainda mais evidentes e chamavam
a atenção por onde passava. Lembrei que já questionamos Joshua
quanto a isso e ele disse que sua mulher se veste como quiser,
achei moderno e simples. Depois parei para pensar e ele estava
certo, os homens não deveriam impor nada às mulheres. Mas,
infelizmente, a maioria gostava de mandar e obrigar a mulher a ser
o que não era. Esse é o mundo louco e sem respeito que vivemos.
— Meninos, espero que não se incomodem, mas cheguei —
Chloe era uma mulher que não se aborrecia com nada, sempre
soube que Joshua tinha uma turma de amigos solteiros e apesar de
já ter dado problema somente uma vez, ela entendeu que não nos
separamos por nada.
— Desculpa caras, mas chamei minha mulher, não poderia
deixá-la de fora da nossa reunião, aliás será nossa opinião feminina.
Precisamos de uma e ninguém melhor que ela — meu amigo falou
arrastando a cadeira para que a mulher se sentasse ao seu lado.
Quando ela o fez, eles se beijaram brevemente, mas sorrindo. Bufei
e rolei os olhos. Era um grude mesmo, mas Chloe o mantinha na
rédea curta, sem necessidade, porque desde que ele a conheceu, já
ficou de quatro pela mulher. Ela tinha muita personalidade, além de
bonita era totalmente adepta aos gostos peculiares do meu amigo,
Joshua curte um pouco bondage[3] e, Chloe descobriu que amava
ser amarrada das mais diversas formas. Enfim, não gostava de ficar
imaginando aquilo e muito menos vivendo algo parecido, pois não
me excitava também. Cada um com seus gostos, respeitava as
escolhas dos meus amigos, na nossa turma tinha de tudo.
— Não se preocupe, sabe que gostamos da presença de
Chloe, além disso, ela é muito boa de papo. O que você acha sobre
tensão sexual?
— Quem está vivendo isso? — Chloe parou para pensar e
esperou pela resposta do marido, uma troca de olhares e ela sorriu
abertamente — Ah, sei de quem estão falando, da poderosa
Victoria.
— É mulher demais para ele né, amor? — Joshua perguntou
se virando para ela que sorriu despretensiosamente.
— Você não daria conta dela, Roux! — Puta que pariu,
podiam falar qualquer coisa, mas dizer que não dava conta de uma
mulher?
— Porra, vocês estão indo longe demais, não tem nada a ver
isso. O que vocês não entendem é que, não existe nesse mundo
possibilidade em rolar qualquer coisa mais íntima entre nós dois. Ela
me odeia e eu a odeio, ponto final. Não tem nada complicado nisso
— falei como um louco e rápido como fazia sempre que ficava
nervoso. Caralho! Acabei me ferrando mais, pois todos na mesa me
fitaram com sorrisinhos no rosto.
— Meu Deus, Ethan, você está nervoso pra caralho, precisa
transar e a Victoria seria uma boa opção, precisam extravasar toda
essa tensão — Neo falou, rolei os olhos e peguei meu copo que já
estava cheio de novo, aquele garçom era bom mesmo.
— Não vem com isso, Neo! Até você vai ficar me enchendo
com esse papo? Porra! — explodi e todos riram alto da minha
irritação. Só virei o resto da bebida pela minha garganta.
— Ah, não cara, olha só quem está se sentando naquela
mesa! — Neo direcionou seu olhar para o outro lado do bar.
— Só pode ser obra do universo, normalmente ele conspira a
favor do que se deseja muito — Chloe falou debochada como só
ela.
— Amor, como você sabe das coisas, tão sábia! — Joshua
passou os braços por trás de sua cadeira, juntou seus ombros e
selou seus lábios no dela rapidamente.
— Sabe que as mulheres têm intuições bem fortes em
relação a tudo — Assistimos Laura e Natalie sentando-se na mesa
do outro lado, educadas e muito simpáticas elas acenaram para
nós. Sabia que Chloe já foi modelo e elas já trabalharam muito
juntas, agora a esposa do meu amigo se dedicava a sua própria
marca de roupas. Mas, se elas estavam naquele bar, significava que
em breve Victoria chegaria. Pois são amigas, trabalham e vivem
juntas, elas pareciam irmãs, estão sempre grudadas.
Me senti subitamente ansioso, pois sabia que a qualquer
momento, aquela diaba atrevida poderia chegar no mesmo bar que
estava com meus amigos. Graças ao bom Deus que mudamos de
assunto e focamos em pressionar nossos amigos a nos dar
sobrinhos. Pude me vingar deles, colocando mais pilha em Joshua.
Pedimos uma porção de carne e batatas com cebola e um molho
gostoso. Ficamos bebendo, comendo, fofocando e rindo. Há quem
pense que homens não fofocam, mas a gente fala muito,
principalmente quando se tem intimidade suficiente para isso.
Uma hora se passou e nada de Victoria entrar no bar, na
verdade, fomos embora e as amigas dela ficaram no local. Pelo que
parecia a diaba tinha outro compromisso que não envolvia suas
amigas. Ora, ora, devia estar com algum homem, tinha pena do cara
que cruzasse seu caminho. Uma mulher como Victoria parecia ser
autoritária na cama também, além de muito exigente. O que tinha
com isso? Puta que pariu! Essa mulher não saía da minha cabeça
mais, era isso mesmo, Deus? Fala sério! Parecia mais um sinal de
que precisava ficar com alguma mulher, já havia se passado tempo
demais depois da Emily. Precisava dar esse passo e esquecê-la, era
o melhor a se fazer. A próxima missão, seria me colocar de volta na
pista.
Cheguei em casa e fui recebido pelo silêncio, pois já era
tarde da noite. Subi as escadas e passei pelo quarto de Luz, a porta
estava meio aberta, a avistei dormindo desembrulhada, até nisso ela
se parecia com a mãe, dormia de qualquer jeito. Os bracinhos
jogados para os lados e as pernas também. Sorri. Antes dela entrar
na minha vida, não sabia que podia caber tanto amor no meu
coração. É incrível como uma criança pode mudar toda sua
perspectiva. Nada me preparou para o momento que a senti nos
meus braços, chorei de emoção, algo que só fiz quando nosso pai
morreu. Na verdade, derramei lágrimas depois de três meses
quando minha ficha caiu. Foi duro encarar a realidade e a ausência.
Ainda era, mas o tempo passava e a gente começava a entender
melhor.
Beijei a testa da minha pequena e a cobri depois de dizer
baixinho que a amava muito e que seu padrinho vai estar sempre ao
seu lado. Nada é mais importante que esse pequeno ser que tem
todo meu amor. Por isso, achava que não conseguia compartilhar
mais que uma noite com as mulheres. Não, depois de tudo que
passei com Emily, ela queria terminar e eu não, após um tempo
entendi o motivo, realmente não gostávamos um do outro como
tinha de ser, nos tornamos mais amigos que namorados. Desde
então, não me envolvi mais amorosamente com nenhuma outra
mulher e ainda tinha de ser assim, pois Luz precisava de mim e
nunca vou deixá-la.
Essas chamas ardentes, essas ondas arrebatadoras
Me lavam como um furacão
Eu cativo, você está hipnotizado
Se sente poderoso, mas sou eu de novo
Middle of the Night | Elley Duhé
— Minha nossa, essa capa precisa ser trocada. Falta algo
nela, sabe que gosto do que causa impacto e transmita emoção —
falei assim que a olhei de novo. — Além disso, precisava que aquele
editorial de moda tivesse mulheres reais, sem o padrão de beleza
estipulado pela sociedade. Não insistam em modelos somente
magras, desapeguem desse conceito.
— Victoria, podemos convidar as mulheres que estiveram
naquela campanha do Brooklyn? — Laura sugeriu. — Quer dizer,
algumas delas trabalham com causas sociais as quais envolvem
mulheres que passaram por diversas situações não só de abuso.
— Excelente, é isso que quero, se possível entreviste-as,
obviamente se elas aceitarem, não esqueça do termo de
consentimento — respondi convicta, gostava de ideias inovadoras,
nada do mesmo que já víamos em muitas revistas e no que a
indústria da moda já impunha em nossa sociedade.
— Já levou essas ideias para o Conselho? — Laura
perguntou.
— Vou levar hoje à tarde, não se preocupe. Mesmo se eles
forem resistentes, vamos conseguir fazer essa edição. A festa já é
no sábado, me diz quem mais já confirmou presença.
— A família Roux confirmou ontem, aliás vimos Ethan no bar
com os amigos na noite passada — Natalie respondeu sorrindo.
— O que tenho a ver com onde o Sr. Roux vai? Por favor,
evitem falar desse homem comigo, só se for algo profissional. Não
bastava ter o encontrado na sorveteria, é uma pena que aquela
menina tão linda e fofa tenha um padrinho tão insuportável como
ele. Agora mudando de assunto, chame Rayra, preciso fechar todas
as pautas com ela, fazer uma última revisão.
— Ok, você que manda, chefinha! — Natalie falou se
levantando e pegando seu tablet e agenda — Aceita um expresso?
— Descafeinado, por favor! — ela saiu e enquanto discutia
com Laura sobre como seria a transmissão on-line da festa e todos
os detalhes da estreia do digital, capa e tudo mais, Natalie voltou
com Rayra. Ela era estagiária, começou há alguns meses e fazia
textos muito bons e empoderados. Tudo que precisava, além de ser
totalmente eficiente, pois era daquelas estagiárias que não se
encontrava com facilidade, ela anotava no caderninho, uma reunião
e ela conseguia captar o essencial e colocava no papel. Era
impressionante, pois no mundo tecnológico que vivemos ninguém
mais usava de cadernos para anotações à mão. Todos usam
aparelhos eletrônicos, como na minha época ainda não tinha disso e
gostava de economizar muito, trabalhava com meu caderno e
agenda. Não perdia nada que minha chefe falava.
— Sabia que a Rayra está escrevendo sobre o mercado de
trabalho para mulheres? — comentei com Laura e Natalie.
— Quero ler tudo, não podemos deixar de dizer que a mulher
pode ser o que ela quiser. Não existe mais isso de que não
podemos trabalhar em tal área porque somos mulheres ou porque
lugar de mulher é em casa — Laura respondeu, rolei os olhos, pois
era inegável que ainda tenhamos que lutar tanto por isso. Era um
absurdo absoluto e por esse motivo que gostava de abordar o
assunto na revista, sabia que além do público feminino, também
atingíamos o masculino.
Depois que saímos da reunião, Natalie levou meu
descafeinado, tomei enquanto checava minha caixa de entrada do
e-mail. Havia muitos que não pude ler pela manhã, já que ficamos
na reunião. Depois do almoço verifiquei as últimas páginas da
revista, sabia que corria o risco de não conseguir salvar a revista
física e ficaríamos somente com a digital. O que podia fazer, fiz em
honra a minha ex-chefe, sabia que onde ela estivesse ficaria feliz
por tudo que conquistamos. Agora com o digital vamos levar mais
informações atualizadas às mulheres de forma ainda mais rápida.
Natalie, Laura e eu voltamos à nossa reunião da festa com a
equipe que escolhemos para estar à frente da organização. Faltava
alguns detalhes de decoração e algumas coisas que acabaram
mudando de última hora. O escritório da revista estava lotado,
normalmente a semana que antecedia os eventos que envolvem a
La Femme era sempre uma loucura. Faltavam dois dias para a festa
acontecer, além disso, a revista seria publicada na hora que fosse
começar a comemoração, tanto digital como física.
— Eu tive uma ideia, já viram como viralizou uma música no
reels esses dias? — Laura perguntou e já sabia de qual se tratava.
— Sim, I Am Woman, da Emmy Meli — não conhecia a
cantora, mas minha chefe do marketing sim, ela é antenada. Na
verdade, nós somos, só que quando uma não sabe procuramos
enviar para outra, compartilhando assim a informação.
— Então, pensei em uma cabine onde todas as mulheres
poderiam gravar um reels com essa música, mandamos fazer um
filtro com a letra dela como legenda e criamos a hashtag para subir
no Twitter e Instagram.
— Vamos fazer isso, que ideia maravilhosa, podemos colocar
um fundo com o tema da festa na cabine — acrescentei empolgada.
— A ideia é essa mesma, coloquem isso como prioridade e
vamos trabalhar para que tudo dê certo, qualquer dúvida só entrar
em contato conosco — Laura falou apertando a mão da
organizadora. A festa seria no salão famoso dos Rouxs, o hotel mais
famoso de Manhattan. A equipe da festa saiu e chamei Natalie, pois
havia me lembrado de algo importante.
— Natalie, veja com o financeiro se já fizeram o pagamento
da segunda parcela do salão do Hotel Roux, por favor.
— Anotei aqui, vou conferir hoje mesmo com eles, amanhã
temos que ir para verificar o andamento de toda a organização e
decoração, certo?
— Sim, por isso pedi para conferir sobre isso, pode acontecer
deles lá em cima se esquecerem de algo. Agora, vamos para minha
sala, chame Rayra, preciso finalizar tudo com ela para que não falte
nada no digital de sábado.
— Certo, mais tarde tem a reunião do Conselho, depois das
17h, mas pensei em sairmos para dançar logo após, o que acha?
— Me surpreenda, Natalie — falei e girei meu corpo para sair
da sala de reuniões. Nosso escritório tomava os últimos andares do
prédio, onde havia os mais renomados escritórios de advocacia.
Observei o movimento, a agitação era geral, assim como a
ansiedade, estávamos cada dia mais perto de festejarmos os 50
anos da revista La Femme. Além disso, fazia vinte anos que
trabalhava nela, comecei como estagiária e hoje sou editora-chefe e
uma das principais acionistas da Brown Enterprises.
Ouvi alguém bater à porta, enquanto estava de costas.
— Pode entrar — respondi me virando de frente e Rayra
entrou com seu caderno e caneta. Adorava essa menina, ela tinha
potencial para um dia ocupar meu lugar ou conseguir algo melhor
ainda. Via em seu olhar a determinação e brilho que tinha no meu
quando comecei, acho que por isso me identificava tanto com a
moça.
— Licença, Srta. Fiore! — falou seriamente, Rayra não era a
minha primeira estagiária, mas em pouco tempo se destacou mais
que todas que já se passaram pela La Femme. Era bem nova, na
verdade, tinha vinte e dois anos, alta, devia ter um e setenta de
altura, cabelos crespos cacheados volumosos lindos e pele marrom
clara, era magrinha e linda demais. Os lábios cheios eram o grande
destaque no rosto delicado e belo da moça.
— Entre e fique à vontade, por favor, me chame só de
Victoria — sorri de lado, para que ela pudesse relaxar um pouco,
sabia que às vezes minha presença intimidava as pessoas.
Principalmente quem não me conhecia tão intimamente, convivemos
há pouco tempo, sabia que ela era boa e iria longe, meus olhos
eram como os de uma águia, enxergavam além de tudo.
— Vou tentar, Victoria! — respondeu com um sorriso que
gostei de ver.
— Muito bem, vamos fazer a última revisão dos textos da
revista. Preciso reler a coluna de relacionamentos, sexo, profissão,
saúde, bem-estar e atividade física. Moda já revi com a equipe na
última reunião. Só preciso que crie um parágrafo falando de roupas
para todos os corpos. O que o mercado da moda oferece é
suficiente ou ainda faltam opções?
— Fiz a última releitura de todas essas colunas — falou e me
entregou os rascunhos prontos. Já peguei e comecei a reler tudo
com atenção.
— O que achou desse tema de saúde da mulher? —
questionei querendo saber da sua opinião.
— Está completo e teremos os vídeos também nas redes
sociais que será com as cinco dicas para cuidar bem da sua vagina.
— Excelente, vi aqui que pesquisaram bem como pedi e
colocaram outros nomes também.
— Sim, “seja como for chamada sua vagina, ela merece ser
bem cuidada, assim como você.”
— Muito bem, gosto disso, Rayra. Os textos estão muito bem
revisados, apesar disso, passe para Eleonor, ela precisa fazer a
revisão também, sempre deixe que ela faça a última leitura, pois
consegue ver os mínimos erros.
— Claro, a equipe de revisão fez um excelente trabalho e
com a sua visão conseguimos que fique perfeito.
— Olha, não existe perfeição, mas podemos lapidar e extrair
o melhor de cada um, entre erros e acertos vamos melhorando.
Esse é o segredo desse trabalho. Não exijo perfeição, é um conceito
difícil e não existe, pelo menos na minha visão. O que existe é
buscar o melhor sempre, os defeitos sempre vão ter além disso, tem
aqueles leitores que não vão gostar do que escrevemos e é normal.
Nem sempre vamos agradar a todos, só temos que levar informação
de qualidade às nossas mulheres, leitoras e até mesmo aos
homens.
— Ah, com toda certeza, Srt.. — ela se engasgou e depois
continuou — Victoria, a La Femme traz informação certa e de
qualidade a todos, acabam atendendo os mais diversos públicos,
isso que gosto neste trabalho.
— Também amo, mas agora sabe me dizer se conseguimos
mais modelos travestis e drag queen para a próxima edição?
— Estamos trabalhando nisso, algumas têm medo de serem
maltratadas, o que infelizmente é normal, o mundo ainda não aceita
totalmente a diversidade.
— É triste saber disso e me deixa com o perdão da palavra
“puta”. No entanto, quero que deixe bem esclarecido que não vamos
tratar ninguém mal, faremos uma outra reunião com a equipe e
todos vão ser instruídos de as tratar muito bem ou serão mandados
embora. Na minha equipe não cabe pessoas preconceituosas para
trabalhar, a mente tem de ser aberta e saber respeitar cada um
como for.
— Está certíssima, pode contar sempre comigo — Rayra
consentiu.
— Conto sim, pode voltar ao trabalho, preciso só conferir com
as meninas e dar meu feedback da posição sexual do mês — seus
olhos se arregalaram, ela não poderia ficar tão perplexa, pois em
uma revista feminina falamos sobre tudo — Não me faça essa cara
de chocada, sabe que não temos restrições para abordar o assunto
sexo e nenhum outro.
— Falando nisso, você já leu a indicação de livro dessa
edição? — perguntou mudando de assunto.
— Não li, mas Laura, Natalie e toda equipe leu, vou ver se
leio na próxima semana que vou estar mais tranquila. Mas estou
ansiosa para ler a história com tema tabu e romance erótico.
— É de uma autora brasileira, o livro é extremamente bem
escrito, assim como aquela série Homens Dominantes da Lily
Freitas que indicamos na edição passada — Rayra disse.
— Sabe que simplesmente amo histórias que nos tiram da
zona de conforto, são as melhores. Com certeza são as que mais
fazem diferença e nos marcam. Por isso, gosto de trazer na La
Femme histórias de mulheres com problemas reais dos quais
vivemos todos os dias, as escritoras brasileiras estão arrasando
trazendo temas assim para o público.
— Verdade, quebrando barreiras e isso é uma marca
registrada na nossa revista e por isso quis começar por aqui. —
Fiquei orgulhosa ao saber que Rayra pensava assim.
— Fico extremamente satisfeita em saber disso, pode ter
certeza de que vou te passar todo conhecimento que tenho e, as
situações que vivemos aqui também vão te dar muita experiência. A
teoria é linda, mas é a prática que nos desafia e ensina.
— Obrigada, Srta quer dizer, Victoria, com licença. — Ela
pediu e assenti sorrindo, peguei o telefone e liguei para Natalie.
— Nat, por favor, me coloque em contato com a equipe de
moda, preciso falar com o Thony.
— Ele estava no closet da moda, selecionando as roupas
para a próxima edição.
— Ótimo, nem precisa ligar, vou lá para ver as roupas
escolhidas e falar com ele sobre a que vou à festa.
— Ele tinha comentado comigo que precisava fazer a prova
final para concluir.
— Ok, vou lá, Nat, qualquer coisa só ligar no Closet da Moda
— ela concordou e desligamos. Peguei meu celular e saí da sala,
essa semana voltei às minhas atividades na academia. Fiquei
parada devido a tantas reuniões após o horário e quando chegava,
só fazia bicicleta e esteira no meu apartamento. Na verdade, mesmo
tendo acesso no prédio, não vou mentir, sou preguiçosa para
atividade físicas, cumpria mais quando tinha que ir a algum lugar.
Por isso, voltei para a academia e foquei nela para que me
mantivesse saudável. Mais que só um corpo bonito, minha
preocupação era com minha saúde, não tenho mais vinte anos e
precisava cuidar de mim mesma.
As minhas amigas também me levavam pra sair todos os
dias, depois dos meus compromissos com o Conselho. Desde que
marcamos a data da festa de 50 anos da revista que não tinha mais
paz. Eles ficavam me cobrando tudo, o que para mim, era normal.
Na verdade, aprendi que esses homens de terno, só sabiam cobrar.
Como tinha uma mulher no poder, eles duvidavam da nossa
capacidade de comandar e gerenciar tudo.
Por isso, lutava para trazer conteúdos relevantes para o
público feminino. Conhecimento é poder e num mundo que temos
de provar que somos mulheres fortes e capazes de fazer tudo, toda
informação ainda é pouca perto do quanto ainda precisamos trazer
de experiências femininas.
Enquanto passava pela redação observei a agitação da sala
extensa, alguns falavam ao telefone, outros estavam concentrados
em seus trabalhos. E alguns trocavam ideias na grande mesa de
reuniões, todas as vezes que passava ali contemplava aquele local.
Pois, foi onde passei grande parte da minha vida profissional. A
revista estava fazendo cinquenta anos e eu vinte anos na La
Femme, acompanhei o crescimento e o grande destaque que
ganhou fora do país, na verdade, ganhamos o mundo. Passando
por cima das críticas e agora também dos haters[4]
, na verdade,
tivemos diversas polêmicas e ainda passamos por isso.
Assim que cheguei no closet da moda, já vi a careca do meu
principal estilista e que gerenciava essa equipe, Anthony Harris. Ele
era um grande ícone da moda, lembrava o quanto foi difícil o
Conselho aceitá-lo em nossa grande equipe, mesmo sendo um dos
estilistas mais talentosos e famosos.
— Ah, minha rainha! Até que enfim, você apareceu! — Ele
largou as roupas nas mãos de uma de suas assistentes e veio ao
meu encontro.
— Me perdoa, Thony, mas estou vivendo dias tão cheios e
corridos. Como anda tudo?
— Aqui estamos como você, conseguimos finalizar todas as
roupas da festa e as modelos já fizeram a prova final. Confesso que
estou ansioso para lançarmos o concurso de designer de sapatos —
falou com empolgação na voz e nos gestos com as mãos, uma das
características de sua personalidade agitada.
— Também estou, admito que já me sinto curiosa para saber
quem será a grande revelação.
— Que sejamos surpreendidos — ele levantou as mãos e fiz
o mesmo ao perceber que ele queria que tocássemos. Adorava a
energia do meu grande amigo e estilista talentoso que enfrentou
tantos preconceitos, por ser homossexual e ter vindo de baixo,
assim como eu. Na verdade, nos conhecemos na escola e ele veio
de um lugar mais carente que eu e hoje sentia orgulho por sua
trajetória e todo sucesso que conquistou.
— Agora, vamos experimentar a minha roupa da festa?
— Venha, vamos à minha sala, deixei lá, estávamos fazendo
os últimos ajustes. Depois voltamos e te mostro o que eu e minha
equipe estamos montando para próxima edição.
— Maravilha Thony, vocês são demais! — falei e saímos
juntos do Closet da Moda, que é uma sala com muitos cabideiros e
roupas de todos os estilos para nossos editoriais de moda. Sentia
tanto orgulho desse lugar, é o meu preferido, na verdade. Pois,
quando comecei a estagiar, passei a usar a sala para escrever e
produzir mais, já que naquele ambiente ficava totalmente inspirada e
concentrada. Foi ali que encontrei meu lugar além do grande
propósito da minha vida.
Meu celular apitou e quando peguei para verificar vi que era
uma mensagem da minha irmã Bella. Entrei na sala de Thony para
experimentar minha roupa da festa, que já me fazia sentir um
friozinho no estômago só de pensar que estávamos quase
chegando. Essa festa seria um grande marco para La Femme e me
sentia inquieta só de pensar em tudo que iriamos lançar nela.
Porque haverá aqueles momentos
Em que você vai acordar
Com palavras dolorosas na mente
E que não vão embora
E apesar de saber
que não consegue recitá-las palavra por palavra
É quando você você precisa ir à fundo
Love Yourself | Ruby Amanfu
— Você vai cuidar da nossa menina? — Olívia me perguntou
de forma estranha.
— Claro que vou, não se preocupe com nada, só vão e
voltem logo — respondi sentindo um grande aperto no peito.
— Eu te amo, Ethan, obrigada por ser o melhor. Cuida da
nossa Luz.
Acordei perdido e desnorteado, minha irmã sempre vinha
assim nos meus sonhos, com o sorriso aberto e tomada de uma
grande luz. Aquela foi nossa última conversa antes do acidente que
a levou para sempre. Prometi que cuidaria da nossa menina e isso
estava à frente de qualquer outra coisa na minha vida. Até renunciei
aos meus sonhos para me dedicar à Luz e à empresa da família.
Fui ao banheiro, estava suado, lavei o rosto e encarei meu
reflexo no espelho. Depois de ficar pensando em toda minha vida
antes da morte da minha irmã e no agora, resolvi passar no quarto
de Luz. Só me sentiria tranquilo para deitar de novo depois que a
visse dormindo em paz. Abri com cuidado a porta do seu quarto e a
vi dormindo tranquilamente, mas estava descoberta como sempre.
Sabia que ela era inquieta enquanto dormia, me aproximei devagar
e sem fazer nenhum barulho. A luminária do quarto estava acesa,
graças a ela não esbarrei em nada, aproximei-me da cama e a cobri
por completo, beijei suavemente sua testa. Velei seu sono um
pouco, sentado na poltrona e cansado de pensar demais, cochilei ali
mesmo.
Acordei com beijinhos por todo meu rosto, abri os olhos
devagar me acostumando com a claridade. Abigail deve ter vindo,
pois Luz fazia natação pela manhã e à tarde ia para a escola.
Esfreguei os olhos e me espreguicei, foi então que senti meu corpo
meio dolorido. Com certeza pela posição que dormi ali sentado na
poltrona.
— Padrinho, você dormiu aqui desse jeito? — A voz doce
dela encheu todo o quarto e me fez sorrir pelo tom de repreensão
que tentou fazer.
— Vim aqui no meio da noite ver se estava tudo bem e acabei
dormindo, minha Luz. E você dormiu bem?
— Dormi sim, essa noite não sonhei com a mamãe e o papai
— partiu meu coração ouvi-la falar aquilo, mas me contive, a fitei
sério.
— Ah, minha pequena, não se preocupe que eles estão
olhando por você lá de cima — apontei para o céu.
— Sei disso, padrinho. Você vai me levar na aula de natação?
— mudou de assunto tão rápido me fazendo sorrir, mas fiquei
preocupado também. Ela gostava de sonhar com seus pais e
quando não acontecia ficava frustrada. Não é fácil para quem é
adulto lidar com perda, imagina uma criança. Quando contamos a
ela, pensei que ficaria bem, me surpreendi com sua atitude, seus
olhinhos se encheram de lágrimas, ela chorou muito, mas depois
ficou forte. Nisso, me preocupei, porque começou a dizer que sabia
que eles voltariam para buscá-la. Fiquei preocupadíssimo com ela,
não desgrudei da minha sobrinha e afilhada.
Consegui marcar a psicóloga para Luz que a vê como uma
amiga adulta além do seu padrinho, Abigail e sua avó. Apesar de
tanta frieza, minha mãe, Elizabeth, estava sendo atenciosa com a
neta. Pedi muito a ela que se limitasse a dar carinho e não cobrasse
tanto de Luz, ela era só uma criança que carregava a perda dos pais
tão precocemente. Não conseguia entender por quais motivos o
cara lá de cima os levou tão repentinamente, deixando uma menina
sozinha. Isso só Deus sabe, as vezes daqui algum tempo,
possamos compreender. Ela compreende que possui uma família,
mas não poderia suprir o amor e presença dos pais na vida de
qualquer criança. Não entendia como havia tantas pessoas capazes
de abandonarem suas crianças ou as maltratarem. Enfim, isso era
tão fodido que me deixava louco de raiva só de imaginar.
— Levo você sim, minha pequena. Agora, vá se arrumar,
Abigail vai te ajudar, o padrinho vai tomar um banho e descemos
para tomar café juntos, o que acha?
— É um plano bom, padrinho! — Sorriu abertamente, deu um
beijo estalado em minha bochecha esquerda, desceu do meu colo e
apesar de sua tristeza, ela saiu pulando e jogando seu cabelo
loirinho para os lados. No fim, Luz era mais forte que todos nós e
isso me fazia continuar, por e para ela.
Saí do seu quarto e entrei no meu, já separei meu terno, não
gostava de ter ninguém fazendo isso por mim. Gostava de eu
mesmo organizar minhas coisas, às vezes fazia bagunça um pouco,
mas Abigail já sabia como funcionava e ela deixava tudo como tinha
colocado. Assim não ficava perdido no próprio closet e quarto. Lavei
o cabelo e me ensaboei tentando não lembrar de Victoria, sempre
me lembrava dela e isso me atormentava. Precisava pegar uma
mulher, qualquer uma que fosse completamente diferente dela.
Me arrumei, ajeitei minha gravata me lembrando do quanto
odiava usar aquelas roupas tão formais todos os dias. Tinha um
estilo diferente fora do escritório e minha mãe sempre reclamava
dele, aliás ainda fala muito por causa do meu cabelo que mantenho
maior. Ele não chegava a ser enorme, não batia nos ombros, só um
pouco acima da nuca. Gostava dos meus fios lisos com um pouco
de ondulado nas pontas, trazia um pouco do despojado que tinha
antes de ter assumido os negócios da família.
Apesar de tudo que renunciei, não deixaria que me
impusesse o que vestir, como meu cabelo devia ser cortado, como
iria agir diante das pessoas. Podia ir ao trabalho vestido
formalmente, mas fora dele, seria como bem queria e entendia, a
Sra. Roux até tentou, mas não conseguiu ainda me persuadir. Desci
ouvindo as risadas da minha Luz e aquilo fazia meu coração saltar
no peito de felicidade. Faria tudo para ouvir aquele som sempre, é o
mais perfeito do mundo, além de ser meu preferido.
— Podem ir falando o motivo de tanta risada, estava ouvindo
lá de cima — cheguei sorrindo e elas pararam.
— Estamos falando, padrinho, que você precisa de uma
namorada urgente.
— É, meu filho, fica dormindo na poltrona do quarto da Luz,
parece abandonado e solitário — Abigail falou e franzi a testa
tentando entender aquelas duas zombando da minha solteirice.
— Vocês são duas debochadas, sabiam? Sou um cara do
bem e gosto de cuidar da minha pequena, só isso — me aproximei
da Luz e beijei o topo da sua cabecinha loira.
— Não vamos render porque podem se atrasar para seus
compromissos — Abigail falou se virando e saindo, deixando-me
sozinho com Luz, ela estava me esperando para servi-la.
Gostávamos disso, Luz é uma menina adorável, sei que ela
amadureceu mais apesar de todo sofrimento, mas de forma
precoce. Era inteligente e esperta, difícil passar a perna naquele
anjinho.
Tomamos nosso café e a ouvi dizer o quanto as meninas da
sua turma são frescas, tive que sorrir do seu jeito único. Quando
essa menina se tornar uma adolescente, vamos ter problemas.
Desde criança já tinha personalidade forte como a mãe. Minha irmã
sempre foi dócil e ao mesmo tempo dura com todos. Luz se parecia
muito com ela nesse quesito, não se deixava enganar com nada e
odiava frescuras e regalias. Mas achava que esse último era algo
que nós os Rouxs possuímos. Pelo menos da minha geração, pois
minha mãe amava ser paparicada, precisava de muitas pessoas pra
fazer tudo.
Quando Luz e eu finalizamos o café, escovamos nossos
dentes juntos, ela pegou sua mochila e colocou nas costas
dispensando Abigail da tarefa. O que me fez sorrir de lado,
enquanto a senhora balançava a cabeça sem entender. Podia ouvir
o que ela evitou dizer, que a menina se parecia muito com Olívia.
Abigail foi como nossa mãe, ela cuidava da gente com tanta
dedicação e carinho, até mesmo amor. Era isso que via em seus
olhos desde criança. Ela estava sempre presente, lembrava que foi
para ela que contei sobre meu primeiro beijo e sexo também. A Sra.
Roux estava ocupada demais com os eventos da sociedade novaiorquina. Era disso que minha mãe fazia questão, gostava de ser o
centro das atenções e se orgulhava de tudo que girava ao seu redor,
o poder do sobrenome Roux.
Luz quis abrir a própria porta do carro e sorri da forma que
dispensava ajuda, só levantava sua mãozinha e se mostrava
autossuficiente. Sendo totalmente independente. Me lembrei que
gostava de ser assim também. Amava ver o quanto ela se parecia
conosco.
— Você quer ouvir o que, minha pequena?
— Sabe padrinho, odeio que falem pequena, podia me
chamar só de Luz mesmo — foi impossível não rolar os olhos.
— Não faça isso, sei que está revirando os olhos para mim,
mas já sou muito grandinha, puxei você e o titio Theo que são altos,
graças a Deus.
— Meu Deus, Luz! Você é impossível! — Sorri balançando a
cabeça.
— Vá logo, padrinho, vamos nos atrasar. Coloca a Taylor para
cantar — ela estava parecendo também a Victoria, autoritária
demais.
— A Swift? — Quis fazer graça.
— Tem outra, padrinho? Coloca e vamos logo — não
questionei mais e nem fiz gracinhas, ela foi cantando até chegar na
academia. Quando chegamos, se despediu mandando beijinho no
ar para mim que fingi pegar, Luz sorriu e saiu do carro, esperei ela
entrar, a professora estava recebendo a turma na porta. Assim que
a vi adentrar a academia, já dei seta e saí pelo trânsito caótico
naquele horário em Manhattan.
Quando cheguei no Hotel Roux já fui direto para o escritório,
era sempre simpático com todos que trabalhavam ali. Conhecia a
maioria da equipe por nomes, mas nem sempre me lembrava de
todos. Então, preferia acenar e dar bom-dia somente sorrindo de
forma contida, porém, simpática. Foi o que meu pai me ensinou,
dizia que a gente precisa sim cobrar o respeito, mas antes de tudo
dar também. Saber ser justo e simpático nos momentos certos, os
mantinha mais próximos.
Ninguém chega em lugar nenhum sozinho. Somos uma
grande equipe e se os Hotéis Roux chegaram tão longe foi por
causa do suor do trabalho de cada um, não só mérito do meu pai,
meu irmão ou só meu. Achava que por isso, meu pai conseguiu
levar o hotel nas alturas e o manteve lá. Apesar de todo o luxo e
poder que a riqueza e fama traz, era difícil manter a humildade e
simplicidade. Muitos se perdiam e não conseguiam conservar tudo.
— Bom dia, Sra. Fidelis — falei para a minha secretária
assistente que sorriu e pegou sua agenda e veio atrás de mim com
pressa. O som de seus saltos pelo piso me irritou.
— Pode esperar somente um minutinho? — Pedi a ela pelo
menos um tempo para que me acomodasse.
— Aceita um café expresso? — ofereceu.
— Não, obrigado, mais tarde eu mesmo faço um
descafeinado — ela entendeu que queria ficar sozinho. Coloquei
minha pasta na mesa, depois de a rodear, abri o paletó do terno.
Respirei fundo e soltei o ar, depois me sentei na cadeira, tirei meu
notebook. Não gostava de o levar para casa, mas às vezes o fazia
para resolver uma coisa ou outra. Junto estava também os designs
de sapatos recentes que trabalhei. Peguei as folhas e fiquei
observando um tempinho, cada detalhe do sapato feminino. Já fiz
alguns masculinos, mas os femininos me fascinavam. O telefone na
minha mesa chamou interrompendo meu momento.
— O que foi Sra. Fidelis? — perguntei irritado, tentava ser
simpático com minhas secretárias, mas a verdade é que me
incomodava ter uma, mas para aquele trabalho precisava ter alguém
pra manter minha agenda e todo serviço organizado. Mas já tive
mais secretárias que posso contar desde que assumi tudo.
— O Sr. Neo está entrando, ele nem me perguntou, só
passou direto aqui, sem me dizer nada.
— Ok, obrigado — falei ao desligar o telefone no mesmo
momento que Neo entrou todo agitado. — Nossa, que pressa em
me ver, se não te conhecesse bem, pensaria que está louco por
mim. — Ele fez uma careta que foi impossível continuar vendo seus
olhos abertos. Meu amigo e advogado era asiático, seus olhos eram
pequenos e puxadinhos. Por incrível que pareça, fazia sucesso com
as mulheres, também mantinha o corpo musculoso como ninguém.
— Você é insuportável, não fode, caralho. — Soltou nervoso.
— O financeiro já me confirmou o pagamento da segunda
parcela do aluguel do salão de festas para La Femme e recebi uma
ligação do pessoal lá de baixo dizendo que a Victoria está desde
cedo aqui organizando tudo. Ela estava criando problemas com o
banheiro, parece que está com algum problema. — Rolei os olhos
com vontade e bufei. Era só o que me faltava!
— Essa diaba, não me dá paz e parece que aonde quer que
vá, leva desordem. Puta que pariu! — Me levantei já agitado. — Liga
lá para baixo, Neo e me coloca na linha com o pessoal da
manutenção — ele ligou e ficamos esperando para atenderem, o
que demorou muito. Meu celular começou a vibrar no bolso, peguei
e quando vi o nome de quem estava ligando, já atendi a
contragosto. Mulherzinha chata e petulante.
— Calma, Ethan! — foi o tempo de ele falar e a porta da
minha sala ser aberta por ninguém menos que Victoria Fiore em
carne e osso, e que carne, meus amigos. Ela estava com uma saia
de couro e um body vermelho com um decote bem generoso. Porra!
Já engoli em seco com a visão dela.
— Porque estava me ligando sendo que estava vindo para cá,
Victoria?
— Sr. Roux, estou sem paciência, não quero que meus
convidados da festa tenham problemas nos banheiros. Preciso que
resolva isso, já — me fitou autoritária com aqueles olhos grandes
dela e a boca totalmente colorida com um batom vermelho. Além de
tudo, a diaba estava lindíssima e cheirosa. Caralho, por que não
consigo evitar?
— Srta. Fiore, fique tranquila, sente-se aqui — fiz questão de
soar seu sobrenome com um profissionalismo debochado, apontei o
sofá que havia na minha sala. — Vou pegar uma água e já estamos
resolvendo o problema — falei enquanto mandava um sinal para
Neo que parecia estar conversando com o pessoal da manutenção,
pelo que entendi, só piscou para mim. Me aproximei da mesa,
peguei a água na minigeladeira que ficava na lateral direita da sala,
havia uma parede com um quadro que escondia a mesinha.
Coloquei a água e levei para Victoria, ela estava muito alterada. Me
aproximei e a flagrei ouvindo a conversa de Neo com o pessoal da
manutenção.
— Srta. Fiore, beba um pouco de água. — Ela me fitou com
raiva notando meu tom cínico e pegou o copo que coloquei na sua
direção, reparei nas suas unhas pintadas de vermelho. Não disse
nada, enquanto bebia fiquei observando cada movimento seu como
um idiota. Por Deus, essa mulher me deixava louco. Assisti o exato
momento que ela passou o dedo abaixo de seus lábios de forma
sedutora. Tudo que ela fazia era sexy. Sabia que podia ser algo
natural em seu jeito, mas porra, aquilo me deixava totalmente bobo.
Me sentei no sofá de frente para a diaba que me fitou parecendo
estar pronta para uma guerra.
— Ethan, você fez isso para me provocar? — Direta e certeira
como uma bala, mas ela estava totalmente errada. Nunca perderia
meu tempo com algo assim, só para irritá-la.
— Você só pode estar louca. — Balancei a cabeça me
negando a acreditar e tive que sorrir incrédulo. — Acha que estou
no primário ou o que, Srta. Fiore?
— Me chame de Victoria. Ethan, sei que você adora me
provocar, já percebi na maneira que me encara e nas suas
expressões debochadas e cheias de escárnio.
— Posso ser um provocador como você — fui enfático — mas
não sou um adolescente bobo, temos um contrato de aluguel do
meu espaço para a revista pela qual você gerencia. Nunca faria algo
do tipo. Esses imprevistos acontecem, infelizmente ocorreu bem na
data do seu evento. Mas pode ter certeza de que minha equipe já
está trabalhando nisso, sei que é um evento grande e importante
para La Femme e para nós dos Hotéis Roux também.
— É óbvio — falou passando a mão pela têmpora, estava
nítida sua preocupação e ansiedade. — Me desculpe, me deixei
levar pelo estresse, enfim, são tantos detalhes essenciais e
problemas que surgem numa organização desse porte.
— Posso imaginar, é uma comemoração colossal, afinal são
50 anos da revista mais lida e famosa, cada detalhe conta neste
momento importante, além disso, vai passar a ser só digital.
— Você está muito bem-informado, Ethan. Obrigada, é um
trabalho muito grande que estamos fazendo, minha equipe de
marketing teve que ser aumentada, enquanto a de editorial tiveram
algumas demissões.
— Entendo, sei que sofre pressão de todos os lados, Victoria.
Apesar de nossas diferenças, admiro sua coragem de enfrentar tudo
e ser destaque no mundo editorial.
— Não faz ideia do que enfrento todos os dias — ela falou e
se levantou, passando suas mãos pela saia colada perfeitamente ao
seu corpo que é impossível não admirar e salivar. Desvencilhei
meus pensamentos e olhos pervertidos encarando Neo, pois ele
finalizou a conversa no telefone naquele momento.
— Neo, conseguiu resolver?
— Sim, a equipe de manutenção já está trabalhando em tudo,
me parece que foi um problema no encanamento, mas eles já estão
consertando. Não se preocupe Srta. Fiore vai estar tudo
perfeitamente em ordem amanhã e parabéns pelo excelente
trabalho.
— Obrigada a vocês e desculpe qualquer coisa, mas tenho a
paciência bem curta com esses detalhes.
— Entendemos, mas já deu tudo certo — falei e Neo
concordou acenando. Ela se virou e meu amigo fez um gesto para
mim arregalando os olhos, passando os dedos fechados pela boca.
Vi seu olhar passando pelo corpo de Victoria e o exato momento
que notou a tatuagem dela. Os sapatos de saltos altíssimos
deixavam suas pernas longas totalmente apetitosas. A tatuagem
então, era a cereja do bolo, sexy pra caralho. Me forcei a
acompanhá-la até a porta.
— Sr. Roux, espero que não tenhamos mais nenhum
problema.
— De jeito nenhum, não se preocupe.
— Excelente — a danada saiu rebolando aquela sua bunda
atrevida para longe, ela sabia que era gostosa e adorava provocar.
Filha da mãe. Nem se despediu da gente.
— Meu Deus, que mulher é essa, meu amigo! — Neo soltou
assim que fechei a porta.
— Um verdadeiro furacão.
— Podia explodir no meu colo! — Não sei por que, mas me
irritei com aquele comentário.
— Tira os olhos, é muito mulher para você — não consegui
me conter.
— E para você, não? — Meu amigo rebateu sorrindo.
— Dou conta dela, mas não me desce, essa diaba me faz
sentir a raiva borbulhar por dentro, é um mulherão que acha que o
mundo gira a seu favor.
— Argh, Ethan, você é um idiota. Acha que me engana? Está
louquinho para domar a fera que existe nela.
— Pare de falar besteiras e vamos trabalhar, precisamos
manter tudo perfeito para a Srta. Fiore, complicada e perfeitinha —
falei com escárnio, não conseguia conter meu tom de deboche,
apesar de todo desejo que sentia pela diaba.
— Nossa, passou pela Time Square hoje? — perguntou ao se
sentar à minha frente.
— Não, por quê? — Fiquei instantaneamente curioso.
— Estava tomado de vídeos da La Femme, as capas mais
icônicas e no final a equipe de Victoria com ela no meio, lindíssima
aliás em um vestido vermelho e uma fenda lateral.
— Ela é um ícone do mundo feminino e com Laura no
marketing, elas pegam pesado.
— Não se pode negar, cara. Agora, não perco essa festa por
nada.
— Já confirmei a presença de todos. Falando nisso, Kevin e
Theo chegam hoje.
— Vamos ter que buscar aquelas florzinhas?
— Não vou buscar ninguém, vou me reunir com Joshua e
Chloe, esqueceu?
— Ah, já estava esquecendo disso, vai precisar que eu vá?
— Por que, tem outro compromisso hoje?
— Vou a caça, meu amigo — quando ele falava assim, era
sinal de que iria para a balada procurar alguma mulher para
esquentar sua cama. Safado, sem vergonha.
— Você não presta, Neo.
— Não me olha assim, você também precisa de uma mulher,
transar a noite inteira, um sexo quente e selvagem.
— Neo, me poupe dos detalhes e vamos trabalhar, temos
muita coisa pra deixar em dia com as novas redes de hotéis em
Paris e Santorini.
— Você é um estraga prazer, Ethan — sorri e com isso ele
entendeu que não queria falar de mulheres, sexo e relacionamentos.
Sabia que minha vida andava parada como um trem abandonado,
mas estava bem assim. Trabalhamos muito e nem vimos a hora,
paramos porque a Sra. Fidelis entrou na sala perguntando se
iríamos querer pedir almoço. Negamos e saímos para comermos,
depois voltamos e participamos de algumas reuniões. Fechei
contratos importantes com as empreiteiras que fariam a construção
do hotel em Cancún. Neo fez o trabalho de casa, como sempre. Ele
fazia gracinhas, mas quando o assunto era profissional,
simplesmente dava um show.
Me toque do jeito que você faz
Não importa quem esteja na sala
Eu vejo você suar quando sente que está indo com tudo
Amor, me toque do jeito que você faz
Não importa quem esteja na sala
Eu vejo você suar
Love me Land| Zara Larsson
Depois de uma sexta-feira estressante com os problemas no
Hotel Roux e aquele incompetente do Ethan, somente uma noite na
balada poderia me tirar todo mau humor. Além de afastar aqueles
olhos azuis demoníacos da minha mente. Porque aquela peste,
apesar de ter me tratado bem, demonstrou de forma debochada em
seu olhar o quanto não me suporta. Ele que pensava que ficaria
chateada por isso, na verdade, nossos sentimentos são mútuos.
Quando chegamos na Houses, no coração de Manhattan,
uma das boates mais luxuosas de toda Nova Iorque, fomos para o
espaço VIP. É dividida por vários espaços, sendo possível escolher
ficar em somente um ou transitar por todos os cinco ambientes
diversificados da boate com a pulseira VIP.
Entrei com minhas amigas que não saíram do meu lado.
Trabalhávamos de dia e à noite íamos dançar e beber, claro que
paquerar alguns homens também. Por que, não? Somos solteiras,
independentes, lindas e desejáveis.
Pedimos nossos drinques no bar e como estávamos no
segundo andar, cheguei próximo do vidro para observar a multidão
lá embaixo dançando. A pista estava fervendo e o som ecoava por
todos as áreas perfeitamente me fazendo mexer também. Tiesto
dominava com um som eletrônico gostoso.
— Você viu o Roux aqui? — Natalie se aproximou
bebericando sua bebida como se disfarçando e me apontando com
os olhos o homem de quem ela estava se referindo. Quando me
virei para observá-lo ele estava jogando a cabeça para trás sorrindo
enquanto uma loira baixinha e peituda falava algo de forma
pretensiosa e divertida no seu ouvido.
— O que me interessa o que ele está fazendo? — respondi
franzindo a testa, brava por ela sempre me fazer ver esse homem.
Ele sorria de forma descontraída, o que podia deixar qualquer
mulher encantada ou até mesmo excitada. Tenho que admitir que
ele não é de se jogar fora, mas é tão convencido e arrogante,
quanto é lindo.
Balancei a cabeça me negando a pensar naquilo e me
concentrei em não trombar com ele ali, queria relaxar e me divertir,
depois de um dia estressante, mas veja só quem acabei
encontrando. Parecia que, quanto mais fugia desse homem, mais
perto ele estava. Nunca fui de correr, pelo contrário, adorava um
bom desafio. Mas Ethan, apesar de me irritar, me instigar e excitar
me deixava possessa, tudo ao mesmo tempo. Era uma loucura, na
verdade, uma montanha-russa que não queria me aventurar.
— Vamos para o outro lado, não quero que ele me veja aqui.
— Do outro lado está o Bennett! — Quando ouvi aquilo
arregalei os olhos e virei minha bebida de uma vez, ainda bem que
havia pedido tequila, só assim para aguentar as bombas. Mas, não
iria embora, não era obrigada a deixar um lugar só porque aqueles
homens me incomodavam. Victoria não faria isso, ela, na verdade,
causaria. Ben é o irmão do meu ex-noivo Andrew, não sei por que,
mas ele às vezes era insistente demais em suas cantadas.
— Vamos para a pista, só precisamos de mais tequila! —
Laura riu alto jogando a cabeça para trás.
— É isso aí, mulher! — Brindamos com nossos copos vazios
sorrindo e seguimos primeiro para o bar e depois para a pista de
dança. Joguei o cabelo para trás e me senti mais relaxada depois de
ter virado dois copos de tequila. Sentindo a batida da música,
esqueci de tudo que me cercava e me entreguei à diversão. Dancei
com minhas amigas que também estavam se divertindo, vi o exato
momento em que um grupo de homens se aproximou de nós três.
Sorri de forma sedutora sabendo que havíamos chamado a atenção.
Três mulheres em seus quarenta anos e solteirice não queriam nada
mais que isso: serem desejadas.
Não podemos nunca dar poder aos homens, deixar que eles
dominem tudo à nossa vida. Isso aprendi desde que comecei a
trabalhar na La Femme. Principalmente depois que consegui ser
sócia majoritária da Brown Enterprises. Amava ser autoritária e
dominadora, mas com os homens era diferente. Porque eles
achavam que eram poderosos e que podiam mais que as mulheres,
em tudo. A nossa luta para ganhar espaço era grande e cada dia
ficava mais difícil, apesar de já termos conquistado muito.
Quando o som de Pepas explodiu, fervendo a pista inteira,
Laura rebolou na minha frente, me fazendo seguir seus passos.
Levantamos os braços e viramos de costas uma para a outra
dançando coladas, requebrando. Natalie se aproximou e fez seu
show, ela de nós três era a que dançava mais, fazia aulas de dança
todos os dias. Colocou as mãos na altura dos seus seios e começou
a movimentá-los em minha direção, a imitei e com isso ouvimos
todos gritando eufóricos. Em seguida, sua mão direita passou pela
lateral do meu corpo e ela voltou sorrindo e piscando. Sedutora
demais, minha amiga arrasou. Acapulco começou a tocar em
seguida e mudamos os passos, nos colocando uma ao lado da
outra. Seguimos Natalie e logo outras pessoas fizeram o mesmo.
Fechei os olhos sorrindo e aproveitando o refrão, sem deixar
de requebrar o quadril e rodar descendo e voltando para a frente
passando a mão pelo meu corpo sensualmente. Quando abri meus
olhos, o vi ali me encarando de forma intensa. Mantive por um
segundo meu olhar preso no seu, mas segui os passos de Laura e
Natalie, enquanto senti um homem colar seu corpo ao meu por trás.
O agarrei passando o braço por trás de seu pescoço. Sabia quem
era aquele homem, Bennett não perdia oportunidades, mas para
provocar Ethan, entrei na onda do irmão do meu ex-noivo.
— Baby, oh-oh, you just a little loco. Like boats in Acapulco,
I’m just ridin’ the wave. Baby, oh-oh, you just a little loco — sua voz
rouca cantou em meu ouvido, sabendo bem o que estava fazendo
me provocando daquele jeito, mas o que estava me deixando louca
era o olhar duro e completamente excitado de Ethan. Que joguinho
mais fodido fui me meter. Puta que pariu!
Quando a música terminou, me afastei rapidamente do Ben e
segui para o banheiro sem falar nada com minhas amigas.
Precisava passar uma água no rosto, me refrescar e respirar um
pouco.
Entrei no banheiro e já me apoiei na bancada da pia, de
frente havia um espelho enorme com um fio de luz ao redor dele
que ficava mudando de cor conforme a batida da música que tocava
na boate. Abri a torneira e joguei um pouco de água pelo meu
pescoço e rosto, ainda bem que minha maquiagem era à prova
d’água.
Fitei a minha imagem no espelho e estava procurando
entender por que Ethan estava mexendo comigo daquela forma. Me
excitando ao tê-lo me assistindo dançando com o sem-vergonha do
Ben, que deve ter entendido tudo errado. Naquele momento ele
devia estar me esperando para vir com suas gracinhas. Fechei
meus olhos exausta, queria ir para casa, já tinha dançado muito e
tomado dois copinhos de tequila, amanhã precisava estar bem para
a comemoração da La Femme.
Ouvi uma mulher sair de uma das cabines, ela abriu a torneira
e a ouvi perguntar.
— Está tudo bem? — Abri os olhos e sorri.
— Sim, muito obrigada por perguntar, só estou me
refrescando um pouco, dancei muito e depois de duas doses de
tequila, precisava de me acalmar.
— Te entendo perfeitamente, então vou indo. Boa balada. —
Sorriu depois de retocar seu batom vermelho sangue. Só acenei e a
vi sair, passei mais água no rosto e voltei a fechar meus olhos. Se
Laura e Natalie não vieram atrás de mim, foi porque sabiam que
precisava desse tempo sozinha. Elas devem ter assistido meu
showzinho com Ben para o provocador do Ethan. Fiquei mais dois
minutos descansando, quando abri meus olhos levei um susto ao
vê-lo encostado em uma das pedras que separavam as cabines.
— O que você está fazendo aqui? — Fui direta e não evitei a
voz irritada, sentindo que meu coração iria sair pela boca a qualquer
momento.
— Você sabe bem, Victória, pois acordou algo em mim que
estava adormecido enquanto dançava daquele jeito na pista
chamando a atenção de todos.
— Não estava dançando pra você e nem pra te provocar,
Ethan, não é sobre você. Por favor, saia daqui — já me senti quente
em todos os lugares do meu corpo, a sua voz rouca e grave, a
presença abrasadora de seu corpo ali, naquele banheiro fechado.
Minha nossa, eu queria que ele me fodesse com tudo. Como podia
desejar aquilo?
— Sei, veja bem, Victoria. Vim aqui hoje para relaxar e tentar
esquecer tudo que vem acontecendo comigo, mas quanto mais fujo
de você, mais te encontro.
— Sabe que já me questionei sobre isso? Então, para que
todos fiquem satisfeitos, o que acha de sair daqui logo? — Ele riu
alto, observei seu pescoço, depois as veias protuberantes em seus
braços musculosos. Que saco, eu amava isso no corpo dos
homens.
— Você se acha muito, é incrível esse seu jeito autoritário.
— Sou mesmo incrível e mandona, não estou nem aí para o
que pensa, Roux. Só saia daqui, vim me refrescar do calor e respirar
um pouco.
— Também vim fazer isso, mas veja só entrei no banheiro
errado — ele falou se aproximando de mim, senti meu corpo em
erupção, fechei os olhos quando ele me puxou de forma bruta e
selvagem para si. Não imaginava que aquele homem faria isso, com
um movimento rápido ele me colocou sentada na bancada, de forma
que podia sentir sua ereção e aquilo fez tudo dentro de mim se
remexer e esquentar. Senti minha boceta pulsar e melar. Puta que
pariu — É isso que você faz comigo, Victoria. Sempre que mostra
sua autoridade e me provoca. Fico louco e por isso te odeio. Vou
embora porque não quero cometer nenhuma loucura com você, mas
queria te deixar assim, toda molhadinha e derretida por mim — falou
bravo e sem me deixar fazer nada, saiu do banheiro me deixando
em ebulição.
— Escroto de merda — gritei brava e voltei para a pista de
dança. Evitei me tocar depois daquele idiota ter saído, ele não era
homem para me tomar ali? Não encontrei as minhas amigas, com
isso, fui embora. Quando peguei o celular com James, vi que havia
mensagens de Natalie dizendo que estavam com os homens que se
aproximaram de nós na pista de dança. Sorri, pelo menos elas iam
aproveitar a noite.
James me levou para casa, não estávamos muito longe, mas
como já era de madrugada, as ruas estavam um pouco desertas.
Enquanto observava a noite, tentei acalmar meu corpo, Ethan
conseguiu empatar o jogo de provocação que começamos.
Quando cheguei em casa, agradeci a James e o dispensei,
subi para meu apartamento. Assim que entrei e segui para meu
quarto, tirei aquele vestido colado e fui direto para o chuveiro. Liguei
a água morna e me joguei debaixo dela, o que foi um alívio.
Ainda bem que não vi mais o Bennett, sabia que na festa não
poderia evitá-lo. Ele cuidava do meu jurídico, apesar de ser irmão do
meu ex-noivo nunca vi problema em deixá-lo como o advogado da
La Femme. Ben sempre me respeitou, apesar de suas cantadas,
principalmente quando terminei com seu irmão, Andrew Rowan.
Estava fazendo três anos que nos separamos, foi difícil aceitar que
ele estava tendo um caso com Alice, que na época era uma das
minhas melhores amigas. Na verdade, ele queria entrar para o
melhor escritório de advocacia dos Wright e por isso fez tudo que
fez. É um sem-vergonha que só pensa nele.
Depois do término não tinha conseguido me relacionar com
nenhum outro homem, porque fiquei com sérios problemas em
confiar de novo. Tem algumas coisas na vida que passamos que
nos afetam muito e isso foi difícil demais de superar. Como não
podia continuar tendo os Wright no comando do jurídico da La
Femme, contratei o Ben que estava começando sozinho, aquilo
provocou uma discussão enorme com os membros do grupo da
Brown Enterprises.
Com tudo isso, passei a fazer mais terapia, já fazia antes,
mas passei a frequentar mais de duas vezes na semana. Minha
psicóloga precisou abrir mais dias na sua agenda para marcar
comigo, porque apesar de me sentir à vontade para falar tudo com
Natalie e Laura, tinha coisas que não gostava de ficar enchendo-as.
Cada uma tinha seus problemas e sabia que estavam enfrentando
algo difícil com suas famílias. Nessa época Laura se separou do
marido, porque eles não davam mais certo com nada, brigavam
muito. Ela queria filhos e ele não, isso acabou com o casamento
deles. Já Natalie estava lidando com o irmão viciado, ela o internava
e ele fugia, até que em uma dessas o encontraram morto por uma
overdose. Eram problemas demais, elas precisavam de mim, então
aumentei a terapia para que pudesse ser forte e ajudá-las a passar
por tudo.
Depois de um tempo, conversando uma noite aqui no meu
apartamento, contei tudo a elas. Claro que Nat e Laura ficaram
bravas comigo porque não desabafava com elas sobre o Andrew.
Mas a terapia me ajudou muito, me reencontrei e consegui passar
por aquele término. Não era fácil superar, era preciso se conhecer
de novo, tudo girava ao redor de duas pessoas. Eu e ele. Tive que
aprender a estar sozinha, a me divertir, relaxar e me conhecer de
novo. Como era a Victoria sem o Andrew. Era um processo longo,
mas com força de vontade, consegui passar por isso e seguir em
frente.
Saí do box, me sequei e fui ao closet, peguei minha camisola
de seda vermelha, odiava dormir de sutiã e calcinha. Além disso,
fazia bem dormir sem as peças para ficar mais à vontade. Com isso,
bati o secador no cabelo e depois de fazer meu skincare, fui para a
cama e fiquei pensando em Ethan, fechei os olhos me negando a ter
aquele homem na minha mente.
Saí daquela boate louco de raiva, além disso, com um puta
tesão do caralho. A diaba não brincava em serviço. Havia saído
aquela noite depois de tanto relutar com meus amigos, Neo, na
verdade, chamou Emily e nos encontramos. Foi bom rever a minha
ex-namorada, apesar de tudo, terminamos bem. Lógico que ficamos
sem nos ver há muito tempo, principalmente depois da perda da
minha irmã. Ela viajou para a Europa a trabalho, era uma médica
que conquistou seu espaço com muita maestria.
Quando a vi se aproximando do bar que estava ao lado da
pista de dança, fora da área VIP, fitei Neo e o flagrei olhando de
lado. Mas disfarcei e sorri para Emily que estava com o cabelo
menos platinado. Me lembrei bem da última vez que nos vimos há
um ano, acabamos tendo um revival na cama. Era baixinha, corpo
esguio, mas com curvas nos lugares certos. O cabelo caía em
ondas de lado, ela abriu um sorrisão ao nos ver e então depois de
fitar seu corpo naquele vestido preto colado, fitei seus olhos verdes
marcantes.
— Emily! — falei ao ver que ela se aproximava mais e nos
abraçamos, depois disso trocou abraço com Neo também.
— Como estão os solteiros mais cobiçados de Manhattan? —
Sorriu de forma calorosa e bem-humorada.
— Estamos com tudo, Emy e você? — Neo perguntou e a fitei
franzindo a testa seriamente, querendo saber se estava
comprometida. Na verdade, isso não me incomodaria, só queria que
fosse feliz, não merecia menos.
— Também estou com tudo, Neo. Aproveitando muito bem a
minha liberdade e me redescobrindo. E você, Ethan?
— Estou bem, trabalhando bastante e cuidando da Luz, é o
que ando fazendo.
— Consigo imaginar, mas como a sua afilhada está depois de
tudo?
— Na medida do possível vai bem, estamos cuidando dela e
dando todo amor, sabemos que não supre a presença dos pais, mas
fazemos nosso melhor e você sabe como a amo.
— Sei sim, ainda bem que ela tem você — falou e já sabia
que estava incluindo somente a mim, pois conhece bem a minha
mãe, as duas não se davam muito bem, apesar de a Sra. Roux
amar o sobrenome de Emily, da elite nova-iorquina.
— Olha, vou deixar vocês dois aí e falar com uma mulher que
me interessou lá em cima, no segundo ambiente — Meu amigo
sorriu pretensiosamente e de um jeito safado. Ele estava à procura
de uma mulher para esquentar sua cama e se divertir, ainda estava
nessa, não como Kevin e Theo, mas ainda queria ser solteiro. Nisso,
somos totalmente diferentes, apesar de todos pensarem que sou o
grande pegador de Manhattan. Estava há meses sem conseguir
fazer sexo com nenhuma mulher e a única que me provocava era
aquela diaba mandona.
Depois que Neo saiu, Emily e eu ficamos bebendo e
conversando, digamos que as coisas começaram a esquentar.
Quando ela começou a conversar no pé do meu ouvido, me lembrei
da leveza e bom humor dela e afastei a Victoria da mente. Mas sabe
quando o universo está a fim de conspirar contra tudo que você
realmente deseja? Pois, então.
Quando as músicas latinas explodiram a pista de dança, em
menos de cinco minutos se formou um burburinho e alguém estava
dando um show na pista. Junto de Emily me aproximei dançando
também, apesar de não ser muito bom nisso. Nos aproximamos do
grande círculo de pessoas que estavam todas animadas assistindo,
fiquei curioso e assim que conseguimos chegar mais perto, não
acreditei que quem estava causando era Victoria e suas amigas,
Laura e Natalie.
Não podia evitar de direcionar meu olhar à diaba, ela estava
sexy pra caralho dançando, seguindo a batida da música.
Requebrava de forma tão ousada e gostosa que meu corpo inteiro
entrou em um frenesi louco, o sangue correu rápido e diretamente
para meu pau que se animou a vendo dançar daquela forma na
pista. Sem poder controlar, meu olhar se tornou selvagem enquanto
a fitava. Vi o exato momento que um homem se aproximou dela por
trás e não me passou despercebido que ela o reconheceu. Será que
estava ali com ela?
Me recriminei por estar pensando na diaba daquela forma,
não era nada dela, porra. Por que aquilo me incomodou? Inferno.
Ela rebolou se esfregando nele de forma descarada e eu comecei a
me imaginar ali, meu pau estava louco dentro da calça jeans e tinha
que sair daquele lugar logo. A música acabou e vi Victoria saindo da
pista e indo direto para o banheiro. Emily se virou para mim sorrindo
e aplaudindo junto com as outras pessoas que estavam ali no
mesmo ambiente. Dei um meio-sorriso a ela.
— Você está bem, Ethan? — ela me perguntou, já me
conhecia o suficiente para saber que podia haver alguma coisa.
— Sim, só preciso ir ao banheiro, vou e já volto.
— Tudo ok, qualquer coisa só me ligar, estou com o celular
na bolsa. Vou ver se encontro alguns amigos por aqui, eles adoram
uma balada.
— Obrigado, Emy, mas está tudo bem, vai ser rápido — ela
assentiu e seguiu para um grupo grande de pessoas logo à frente
da bancada do bar.
Fui em direção aos banheiros, com o corpo todo num frenesi
louco, porque precisava provocá-la também, não podia deixá-la
vencer aquele joguinho que sabia que estava jogando.
Quando cheguei e a vi curvada e de olhos fechados, me
segurei para não estapear aquela sua bunda atrevida que estava há
minutos se esfregando naquele cara. Queria espalmar minha mão
nas suas nádegas e fodê-la assim, seria perfeito tê-la à minha
mercê de quatro, assistiríamos tudo pelo espelho, seria um sexo
bruto e selvagem. Caralho! Me segurei e só a provoquei. A danada
estava afetada pela minha presença ali e quando me aproximei e a
fiz sentir o quão duro estava por ela, sabia que também queria
aquilo. Mas ela tinha que me mandar embora da boate, como a boa
abusada e autoritária que é, não mudava.
A provoquei e saí daquele lugar, me despedi rapidamente de
Emily que estava conversando com um grupo de homens e
mulheres que não conhecia. Pedi desculpas a ela e depois quem
sabe explicaria o motivo da minha saída rápida. Na verdade,
precisava de um banho frio urgente ou cometeria a grande loucura
de ir atrás daquela mulher. E não queria dar aquele gostinho a ela,
seria como dar munição a um bandido. Inferno! Ao invés de ir para
casa, fui para meu apartamento, tomei banho frio, mas tive que
bater uma pensando nela. Apesar disso, o alívio não veio. Caralho.
Vesti uma cueca boxer e fui para a sala, fiquei tomando uísque até
dormir no sofá e sonhar com a diaba mandona.
Eu sou mulher, sou destemida
Eu sou sexy, sou divina
Sou imbatível, sou criativa
Querido, você pode entrar na fila
I’am Woman | Emmy Meli
O grande dia havia chegado, estava tão ansiosa e nervosa
com o tamanho e proporção daquela festa. Laura estava filmando os
bastidores da organização e decoração, enquanto eu estava na
minha sala com a mesa cheia de recortes e a edição da revista 50
anos que ficou maravilhosa. Natalie chegou trazendo nossos
descafeinados, ela me entregou e se sentou à minha frente. Abriu
seu tablet com teclado iluminado e já começou a digitar.
— Estou pensando aqui, seu discurso está pronto?
— Ainda não, mas finalizo depois que terminarmos aqui.
— Ok. A última edição da revista física vai ser este mês ou só
no final do ano?
— Esse é o problema, quero que a última seja em dezembro
e então começamos o próximo ano somente com a edição on-line.
Lançamos o aplicativo da revista em janeiro e todos ficam felizes.
Mas aquele bando engravatado não quer mais investir na revista
física.
— Meu Deus, o que vamos fazer? — perguntou levando o
copo à boca, fiz o mesmo e bebemos o líquido preto que nos
manteria ligada.
— Não sei, estou fazendo o que posso Natalie, mas eles
sempre foram cabeças duras e machistas demais em tudo. Já falei
que encerrar a revista física assim do nada não faz sentido, temos
que preparar nossos leitores. Na verdade, eles querem investir nos
outros departamentos do grupo, voltados para o público masculino.
— Victoria, você sabe o que penso, a revista física é um
ícone, por mais que o digital esteja em alta agora, não deixamos de
ter números bons de vendas, houve uma baixa, mas em
comparação a tudo ser on-line hoje, penso que não foi algo
relevante para tirar a revista física de circulação.
— Natalie, você já sabe que penso da mesma forma, mas o
que posso fazer? Perdi na votação do Conselho, lutar sozinha não é
fácil, somente dois deles que me apoiam, o restante é a favor dos
outros.
— São uns escrotos isso sim, mas você não tem mais poder
de voto, por ser majoritário?
— Até poderia, mas como esses homens odeiam a
autoridade que tenho nas questões da revista, eles podem me
denunciar por abuso de poder e isso seria cansativo além de me
afastarem, o que seria pior para nós da La Femme.
— Infelizmente é assim, sempre temos que agir com o
máximo de cuidado, você está certa.
— Estou pensando em outras formas para convencê-los de
manter a revista até o final do ano — peguei minha agenda, onde
anotava todas as minhas ideias.
— O concurso de designer de sapatos vai ajudar, já que no
contrato com os parceiros incluem a publicidade nas páginas da
revista física — me lembrei daquele detalhe importante.
— E isso vai ser legal? — Ela ponderou coçando o queixo
como sempre fazia quando pensava em algo — Quer dizer, você
não vai se encrencar por isso?
— Não, eles participaram das reuniões com os parceiros,
antes de fecharmos todos os detalhes do concurso. Não vão poder
mudar nada, os contratos já foram assinados. Quer dizer, verifique
isso para mim, por favor, Natalie, vê se consegue falar com o
Bennett, já que ele chegou em Nova Iorque.
— Vou agora mesmo — minha amiga e assistente se
levantou e saiu da minha sala, pelo vidro a vi indo à sala de
arquivos. A redação estava em polvorosa, todos correndo contra o
tempo para que a noite a edição on-line saísse e no dia seguinte,
que a revista física chegasse às bancas.
Quando reformamos todo o andar que ocupamos do prédio
no centro de Manhattan, escolhemos o tom cinza-claro por deixar o
ambiente mais aconchegante, com rosa em alguns detalhes e preto
nos acabamentos e ferragens. Uma iluminação gostosa e fazia se
sentir bem acolhido no espaço. A redação possuía as mesas
agrupadas em quatro com a baguncinha fashion corriqueira de uma
revista feminina presente em cada uma. As salas eram todas com
vidraças do chão ao teto e persianas para as reuniões mais
privativas. Os quadros espalhados pela revista eram todos com
referências de modas e fashionistas famosos. Além disso, tudo aqui
era muito feminino, já que éramos uma revista do gênero e
prezávamos isso em cada detalhe.
Minha sala ficou exatamente como queria, a mesa era ampla
e de vidro para ornar com tudo facilmente. O sofá goiaba com
almofadas rosas-claras davam cor e vida à decoração, a vista
também era maravilhosa, já que pelo panorama dava para ver Nova
Iorque como pano de fundo. Estar na posição que estava era um
dos grandes privilégios de todo meu esforço e trabalho árduo.
Saí da sala e fui à recepção, onde tínhamos as capas das
edições das revistas mais vendidas e de maior sucesso da história
da La Femme. Em cada uma delas, um tema com informações
importantes para as mulheres foi retratado. Não éramos uma revista
com conteúdo amador, eram baseados em fatos, testamos e
estudamos qualquer informação que colocássemos na revista.
Aqueles homens engravatados não faziam ideia da nossa influência
ao público feminino e do quanto podíamos ajudá-lo nas mais
diversas situações que a vida nos levava. Era mundial e não
entendia como podiam pensar em tirar a edição física assim tão
repentinamente.
Com toda certeza a Sra. Brown deve estar se revirando no
túmulo. Antes de eu chegar, acompanhava tudo sobre essa mulher,
ela foi a primeira editora-chefe da revista La Femme. O marido
realizou o sonho dela de ser dona de uma revista feminina, era tudo
que ela mais queria na vida. Mas, para conseguir tornar real seu
sonho, ele precisou buscar sócios e foi aí que nasceu a Brown
Enterprises.
Atualmente, eles eram o grupo editorial mais famoso do
mundo, possuíam uma sede para cada tema que abordavam.
Esportes, saúde, educação, economia, lazer, culinária e decoração.
Mas como todos eram comandados por homens, eles ficavam
revoltados que o Sr. Brown tinha vendido suas ações majoritárias
para uma mulher. Apesar de ter sido a condição que sua esposa
impôs antes de falecer deixando também escolha ao marido e filhos,
caso eles não quisessem comandar a La Femme.
Era difícil lidar com um grupo de homens machistas, de
mentes fechadas, na verdade, eles nunca me aceitaram e sempre
fizeram de tudo para me tirar da jogada. Como tinha um advogado
muito bom que cuidava de todo meu jurídico, me sentia mais
segura. Para ser a mulher poderosa que era hoje, passei por muita
coisa que todas nós passamos. O meu diferencial era a resiliência e
a forma com que encarava tudo. Não gostava de desistir de lutar,
obviamente que seguindo minha forte intuição.
Enfim, tudo que conseguia na La Femme era com muita
persistência e coragem de enfrentar os engravatados escrotos,
como falava Natalie. Minhas amigas e parceiras de equipe, Laura e
Natalie estavam comigo desde a faculdade e estágio. Subimos
juntas no editorial da revista e seguimos firmes até o momento e
queria que a gente permanecesse assim.
Admirei as capas mais uma vez e quando estava voltando a
minha sala, me encontrei com Bennett Rowan entrando na La
Femme. Sua expressão séria e dura logo mudou para alegre, ele
abriu um sorriso enorme ao me ver. Seus olhos deslizaram pelo meu
corpo, o safado não desistia de ter uma chance comigo. Na noite
passada, apesar de termos dançado juntos, fui embora sem o ver de
novo, o que foi perfeito.
— Victoria — a voz sedutora se fez presente, sabia que hoje
agiria assim, já que dancei com ele na boate só para provocar
Ethan.
— Bennett, fiquei surpresa quando te vi ontem, acabou
voltando antes? — Perguntei, já que ele iria chegar hoje.
— Ah sim, sabe que minha ex-namorada me despachou de
Chicago. Ela estava nervosa comigo, ontem nem consegui te contar
isso, a perdi de vista.
— Entendo, já imagino o que aconteceu, mas não tenho nada
a ver com isso, Ben, vamos falar de trabalho.
— Direta e certeira, mas eu adoro — disse e o encaminhei
para minha sala. Quando encostou sua mão atrevida em minha
lombar, já a retirei sorrindo. Ele é tão engraçadinho, só tem pose de
homem sério, quando na verdade é um safado de primeira linha.
Ben veio de baixo como eu, ele e o irmão foram strippers e era com
isso que mantinha sua família e os estudos, assumiram tudo desde
que seu pai desapareceu com outra mulher. Sempre foi trabalhador
e diferente do irmão, se tornou um dos advogados mais requisitados
no ramo empresarial, por isso ele já não pega mais casos criminais
como fazia antes. Mas possui experiência na área criminal também
e fez uma carreira com grande destaque. Ben conseguiu se tornar
um dos melhores advogados, atualmente as pessoas o querem por
ser um excelente profissional.
— Sabe que sou assim, Bennett, olha, você chegou no
momento certo.
— Sei que sim, meu bem! Pois mais tarde temos a festa mais
falada do momento.
— Que é um sucesso a nossa festa de 50 anos da La Femme
já sei, mas disse aquilo, por que lembra da questão com o Conselho
sobre tirarem de circulação a revista física?
— Lembro, isso ainda está sendo discutido nas reuniões com
eles?
— Sim, entrou em questão de novo, sei que disse para fazer
isso somente com sua presença, mas eles são espertos.
— Logicamente que são, mas sou bem mais, não se
preocupe, já estou estudando tudo e vamos conseguir manter a
revista física, Natalie me passou uma mensagem com todos os
detalhes.
— Mas como assim? — Natalie como uma boa assistente e
secretária já o colocou a par de tudo.
— Reli o contrato de venda com a Brown, uma das cláusulas
inclui que mantenham a revista física só se estiverem falidos, ou
seja só pode tirá-la de circulação, caso a Brown esteja em uma
situação muito ruim financeiramente e não estiver dando mais
lucros, só prejuízos. Além disso, tem a multa que se o grupo quiser
pagar, é altíssimo o valor, duvido que vão querer fazer isso.
— Meu Deus, Ben! — Fiquei eufórica com aquela notícia, era
tudo que queria ouvir, ainda mais no dia da comemoração dos 50
anos da revista. Não resisti à felicidade do momento e o abracei.
— Você sabe que não deixo passar nada, marquei todo
aquele contrato na época, tudo que nos beneficia deixei anotado e
sabia que tinha algo que podíamos fazer de forma legal para evitar
que tirem a revista física de circulação.
— A melhor coisa disso tudo é que luto justamente todas as
minhas batalhas com esse Conselho, aqueles escrotos
engravatados.
— Sabe que quero morrer seu amigo, não é? — Dei um
meio-sorriso de forma perversa — Você é uma diaba de saias e
salto.
— Uma bela diaba, que não passa por cima de ninguém para
conseguir o que quer, é importante que saiba disso. Mas que
também não deixa que pisem nela, só por ser mulher.
— Sempre adorei isso em você! — falou com admiração na
voz, ele se sentou no meu sofá goiaba e ficou à vontade. Pegou sua
pasta e colocou na mesa de vidro à frente, chegando as revistas e
livros que haviam ali de lado. Ia falar algo quando Natalie bateu na
porta, assenti e ela entrou, Bennett se levantou sorrindo e ela o
abraçou.
— Nossa, como o tempo só te deixa melhor, mulher — ele a
elogiou como o grande safado que era, só podia sorrir.
— Obrigada, digo o mesmo de você, o vi rapidamente na
pista e depois sumiu, ontem. Como andam as coisas? — Natalie
agradeceu e o perguntou.
— Foi mesmo, ontem foi só uma dança rápida, mas muito
boa, vocês estavam dando um espetáculo como sempre. No mais,
está tudo bem, sabe que me separei da Louise, não é?
— Só que disso não fiquei sabendo — Natalie fez expressão
de chocada, depois o fitou — já sabia que aconteceria, garanhão —
ela era direta, primeiro debochava e depois jogava na cara o que
sabia.
— Você é demais, não muda mesmo. Continua sendo
sarcástica e sincera.
— Não posso negar minha personalidade — se afastou dele
rebolando, vi seu olhar descer para a bunda da minha amiga e rolei
os olhos. Homens! — Aqui está o contrato.
— Não vamos precisar mais dele — falei e ela me fitou
confusa — é que Bennett conseguiu algo ainda melhor, sente-se
para que não caia dura no chão, porque isso é tão poderoso quanto
um diamante — ela se sentou apressadamente.
— Me conta logo! — Pediu curiosa.
— Bennett disse que no contrato com o Sr. Brown há uma
cláusula que não permite que tire a revista física de circulação, está
sujeito a multas e eles podem reaver tudo. Enfim, só pode tirar se
caso a Brown estiver falida.
— Com o perdão da palavra: Cacete! Isso é um trunfo
enorme, vai fazer os escrotos engravatados caírem da cadeira —
Natalie ficou eufórica.
— Não é? Estou muito feliz, agora sim consigo comemorar os
50 anos da La Femme tranquilamente.
— Falando nisso, você já pode ir, consegui SPA, cabelo,
maquiagem e unha na My Love Hair.
— Você é incrível, já sabe que se pudesse me casaria com
você.
— Que isso! — Sorri para Ben e peguei minha bolsa no
armário atrás da minha mesa, a agradeci muito e pedi a ele para
marcar com Natalie uma reunião com todo o Conselho. Não sabia
até quando ficaria em Nova Iorque, pois viajava muito a trabalho. Me
despedi deles jogando um beijo no ar e saí feliz desfilando pela
redação da minha revista. Tinha que me arrumar para a grande
festa, tinha mais de mil motivos para comemorar.
Mais tarde na Festa de Comemoração aos 50 anos da La
Femme
Assim que cheguei no salão do Hotel Roux que ficava na
outra rua, já que aquele era o maior de Nova Iorque e tomava um
quarteirão, me senti orgulhosa e ansiosa. Havia muitas pessoas na
frente do tapete vermelho, podia ver as luzes dos flashes dos
paparazzi explodirem por todos os lados. Assim que James parou o
carro aguardei uns segundos e abri a porta, senti todas as atenções
em minha direção. A rua estava fechada para o evento, os carros só
passavam com credencial que foi enviada a todos convidados.
Estava me sentindo muito nervosa, essa semana fui à
psicóloga dois dias. Todas as vezes que tinha eventos que
envolviam a revista ficava mais apreensiva. A pressão em cima de
mim era grande, os engravatados escrotos ficavam esperando
somente um deslize meu, no entanto, era forte e lutava muito para
defender meus ideais, apesar disso, era humana e sentia tudo.
Infelizmente, ninguém estava livre do mal do século, que era a
ansiedade. Mas se cuidando ficava tudo no controle.
Com o coração acelerado sorri, acenei para as pessoas e
observei tudo, a decoração saiu como planejado e organizado, do
lado esquerdo estava a cabine para que o público gravasse um
vídeo curto tendo um fundo personalizado para ser a capa da La
Femme, com a logo e os dizeres. Além disso, com o som de fundo e
um trecho da música I’am Woman de Emmy Meli, foi ideia da nossa
brilhante diretora de marketing Laura Bianchi. Aquela música
representava a mulher em toda sua essência e era exatamente isso
que trazíamos na La Femme. As nossas leitoras que passavam,
podiam tirar fotos e gravar vídeos.
Havia também um display com um letreiro do lado direito, as
pessoas podiam tirar fotos e retirar sua revista edição especial 50
anos. Encontrei-me com Natalie e Laura no tapete vermelho, fomos
para o lado das fotos, depois de cumprimentá-las, posamos para as
câmeras juntas. Vários jornalistas estavam querendo me entrevistar,
mas só conseguia dar atenção aos que já haviam fechado com
Laura. Me sentia feliz e honrada por tudo que realizamos juntos, eu
e minha equipe, pois sozinho não vamos a lugar algum.
— Victoria, como é ser a mente colossal por trás da famosa
La Femme? — Um deles perguntou.
— É desafiador e ao mesmo tempo gratificante. Primeiro de
tudo amo o que faço e luto para que as mulheres tenham cada vez
mais espaço no mundo. Quero todas no topo, digo em todos os
quesitos da vida. Não existe perfeição e sim a busca pelo melhor e
mais seguro. Por isso, eu e minha equipe trazemos tantos assuntos
importantes, que afetam não só as mulheres, mas toda a sociedade.
Enfim, esse é o nosso trabalho e nos orgulhamos dele.
— Parabéns e obrigado pela sua atenção, boa festa! — Sorri
e assenti agradecendo, ouvi mais pessoas gritando meu nome,
acenei com a mão educadamente e de forma simpática, depois
adentrei para o salão de festas, pela porta extensa.
A decoração da festa seguia a paleta de cores da logo da
revista, além dos detalhes em prata. Uma cortina de feixes de led
brancos separava os ambientes trazendo sofisticação e luxo. O piso
preto e brilhante completava tudo, de um lado havia mesas
redondas altas para que o pessoal colocasse sua taça de bebida.
Do outro lado estavam duas da mesma cabine que havia na
entrada, vi uma extensa fila com várias mulheres famosas. Modelos,
estilistas, artistas, senhoras da sociedade e médicas. Todas já
trabalharam conosco, por ser uma revista feminina, priorizamos as
mulheres para colocar em minha equipe. Além disso, todas as
informações que trazemos na revista são vistas e revistas por
profissionais das áreas específicas, todas elas têm grande
importância na produção de cada edição.
As senhoras da sociedade que comandam instituições que
ajudam mulheres que passaram por abuso e violência física ou
psicológica. Enfim, todos que já colaboraram com a La Femme no
geral foram convidados. Temos homens também, mas a maior parte
da minha equipe é do gênero feminino e é demais. Já fui criticada
por isso e expliquei minha posição, ainda assim, não me importava
com o que falavam. Era a editora-chefe e sócia majoritária da Brown
Enterprises, fazia o que julgava ser melhor para a La Femme,
sempre.
Paramos em uma mesa, Natalie e Laura pegaram bebidas
com os garçons elegantes de gravata borboleta serviam. Como não
gostava de tratamento especial, não reservei nada na festa da
minha revista. Iria circular normalmente. A música eletrônica soava
baixinho, tornando o ambiente agradável, do jeito que havíamos
pedido. Observei os lustres de cristal que combinavam com as
cortinas no teto e davam ao salão um ar charmoso e caloroso. A
pista de dança abriríamos somente após o discurso e anúncio do
Concurso de Designer de Sapatos Femininos.
— Está tudo bem? — perguntei a Laura, ela estava à frente
de tudo.
— Sim, estamos no controle, a equipe de organização vem
me comunicando sobre o andamento de tudo. Ethan resolveu o
problema dos banheiros, está tudo bem.
— Ótimo, agora aqui, já sabem se a famosa dançarina
espanhola já chegou?
— Neste momento, ela está no camarim que preparamos,
nem acredito que conseguimos brecha na agenda de Dolores López
— Laura falou empolgada e admirada.
— Maravilha, vou vê-la depois de falar com algumas pessoas,
preciso cumprimentar os convidados. Realmente a agenda dela é
apertada, além de ser dançarina, é mãe e esposa de um dos pilotos
de moto mais famosos do mundo. É uma mulher incrível, sabe que
adoro histórias de mulheres como ela, batalhadora e que colhe os
frutos de todo seu esforço.
— Verdade, Vic ela é mais linda pessoalmente. Que olhos
verdes lindos a espanhola tem, minha nossa, fiquei chocada. Outra
coisa, ela trouxe alguém que não viria.
— Quem? — perguntei curiosa.
— Nina Rodriguez, a famosa estilista da Itália que começou
em Milão junto com a Odisseia e desde então abriu sua marca de
roupas que é um sucesso, ela é amiga e cunhada de Dolores.
— O quê?! Como os espanhóis diriam de puta madre! —
Sorrimos e Natalie logo se empertigou ao meu lado.
— Sabe que a cabine é um sucesso, estamos nas trends do
twitter, como o assunto mais falado. A hashtag está com um alcance
incrível, temos cada vez mais vídeos e fotos subindo.
— Que sucesso, graças a vocês e toda nossa equipe La
Femme, fizemos da comemoração um sucesso total — comentei e
entendi por que Nat mudou sua posição corporal, Ethan caminhava
em minha direção. Minhas amigas saíram e me deixaram sozinha
com aquele petulante de merda.
— Victoria, seja bem-vinda à sua festa! Tenho que admitir que
está tudo estupendo — o timbre másculo e rouco da sua voz
reverberou por todo meu corpo.
— Ah, Ethan, muito obrigada. Sou eu que desejo as boasvindas, espero que aproveite bem a festa! — Levantei minha taça
em sua direção sorrindo e ele fez o mesmo de forma debochada.
Entre nós dois tudo era dúbio demais. Mas de forma ousada, ele se
aproximou, encostando o ombro no meu. Fitou meu decote que era
um V profundo. Suspirou e então seus olhos azuis me encararam.
— Passou a noite bem? Pergunto pela forma que te deixei
ontem, nunca a vi daquele jeito, Victoria — fechei meus olhos para
me acalmar, ele tinha o poder de me tirar do sério. Tinha que me
segurar para não o arrastar dali para um local vazio e o obrigar a me
foder. E isso estava completamente fora de cogitação.
— Muito bem, não passei a noite sozinha. — Pisquei para ele
e saí do seu lado, sentindo meu corpo inteiro queimar. Inferno de
homem. Inventei uma mentirinha só para poder provocá-lo. Seus
olhos azuis soltaram faíscas de raiva quando disse que não fiquei
só, na última noite. Gostava de dar a cartada final, principalmente
com aquele petulante.
Fui cumprimentar as pessoas, agradecer e dizer para que
aproveitem bem a festa. Alguns contatos da moda, saúde e
sociedade estavam presentes, conseguimos liberar convites através
das nossas redes para nossas leitoras. Sorri para todas as fotos que
tiramos juntas e vídeos que fizemos, apesar de ser reconhecida,
não ligava para os holofotes. Gostava mesmo de ser uma voz
potente e ativa no mundo, nada melhor que fazer isso através da La
Femme que há 50 anos leva informação e muito mais pra milhares
de mulheres.
Eu anseio por você
Só por um toque de sua mão
Você não sai da minha cabeça
Dias solitários esses que estou sentindo
Como um tolo por sonhar
To Die For |Sam Smith
Depois de falar que não esteve sozinha, Victoria se afastou
satisfeita por me deixar pensando em tudo que fez a noite passada
com aquele cara que dançou. Porque só poderia ter sido ele, como
fui embora, não fiquei para assistir o restante de seu show. Por onde
essa mulher passava, deixava sua marca. A diaba se sentia
totalmente no controle e poderosa. Ela era, mas queria ver só
quando fosse conferir os desenhos de Valentim. Melhor ainda,
quando ela fosse marcar um encontro com ele e descobrisse que
por trás daquele nome há alguém misterioso.
Sorri e bebi mais um pouco do espumante que serviam,
estava delicioso. Quando saí daquele local para voltar à mesa dos
meus amigos, pois não me restava outra opção, pensei que às
vezes sentia falta de ter alguém ao meu lado, uma namorada, mas
me lembrava o quão instável emocionalmente ainda estava devido a
perda da minha irmã. E ainda tinha Luz, ela era minha prioridade.
Era difícil encontrar alguém que compreendesse a responsabilidade
e amor que sentia pela minha pequena. Se pudesse renunciaria
tudo só para estar com ela, de todos esses compromissos.
Me aproximei dos meus amigos, Kevin e Theo voltaram, meu
irmão já estava conversando com Laura Bianchi, a diretora de
marketing da La Femme. Os dois gostavam de trocar ideias, sabia
que ele nutria um interesse por ela, mas a mulher não dava chance.
Neo estava superalinhado em seu terno de três peças e sorria de
algo que Chloe, esposa de Joshua falava. A mulher além de linda, é
muito bem-humorada, era só não pisar em seus calos que tudo
ficava na paz.
— Ethan, você sumiu! — Kevin provocou, ele deve ter me
visto próximo de Victoria. Eles já tiveram um caso que não durou
nada.
— Com ciúmes, meu amigo? — Rebati, mas querendo jogar
verde para colher maduro.
— Nem pensar, o que Victoria e eu tivemos foi só um caso,
nada sério. Se você for corajoso como eu, vai investir.
— Está louco? — O fitei com incredulidade estampada em
meu rosto, mas vi minha mãe se aproximando, Luz tinha ficado com
Abigail.
— Olha sua mãe está vindo, vamos mudar de assunto, que
ela ficaria louca se soubesse que tem interesse na Victoria. — Rolei
os olhos para ele que sorria de orelha a orelha. Canalha.
— Não fode, Kevin, você fica melhor de boquinha fechada. —
Chloe riu alto, jogando o cabelo de lado enquanto seu marido a
acompanhava.
— Boa noite, meninos e menina! — A Sra. Roux chegou
sorrindo para meus amigos e a única mulher do nosso grupo. Emily
disse que viria, mas ainda não havia nos encontrado. O salão
estava bem dividido, em ambientes, éramos um dos maiores de
Nova Iorque. Estava lotado, a comemoração da revista se tornou um
grande evento e não se falava em outra coisa. Principalmente nas
redes sociais, que é o principal meio de divulgação atualmente.
— Olá, Sra. Roux, como vai? — Chloe se aproximou e trocou
beijos no rosto com minha mãe. Elas se conheciam bem, a família
da esposa do meu amigo sempre foi próxima a minha.
— Vou muito bem, entre compromissos da sociedade novaiorquina e cuidar de Luz, nossa menina. — Tive que me conter,
apesar da minha mãe ajudar, ainda era pouco. Faltava o carinho e
amor que ela poderia dar como o de uma mãe. Mas, não deu isso
nem mesmo a seus filhos. Era triste pensar que não tive seu apoio
para realizar meus sonhos fora dos Hotéis Roux.
— Qualquer dia desses vou visitá-la, passar um tempo com
vocês, sei que ela precisa de todos nós — Chloe ressaltou, sabia
que ela faria isso.
— Vamos ficar muito felizes em recebê-la, sabe que Luz
adora você e Joshua.
— Pode deixar, vamos marcar — a esposa do meu amigo
respondeu simpática com um sorriso no rosto.
— Ethan, posso falar com você só um minutinho? — A voz
dura e olhar dissimulado quase me fez suspirar alto e rolar os olhos,
só assenti e pedi licença aos meus amigos.
— Precisa de algo, mãe? — Ela me fitou fingindo tristeza.
— Você não abaixa a guarda, meu filho. Calma.
— Mãe, a senhora nunca foi carinhosa, pelo contrário,
sempre foi dura com a gente, por que agora está agindo assim?
Aconteceu algo?
— Não, só queria pedir que não vá embora muito tarde desta
festa, Abigail já ficou ontem com a menina, não seria bom.
— Pode ficar despreocupada, vou tomar somente mais uma
taça e encontrar mais alguns amigos para ir para casa.
— Ótimo e por favor se mantenha afastado daquela mulher,
viu o tamanho do decote dela? — Nem precisei perguntar quem era,
já sabia que se tratava de Victoria, ela estava simplesmente
deslumbrante, mas minha mãe a achava vulgar.
A diaba estava com um vestido longo, fenda lateral pequena,
preto com detalhes no decote que era a cereja do bolo. Claro que
queria devorá-la, foi o que senti no exato momento que a vi
entrando pelo tapete vermelho. Acenando e sorrindo com simpatia,
charme e sensualidade em direção aos flashes. O batom vermelho
dava cor a seus lábios perfeitamente desenhados. A maquiagem
apesar de linda, não chamava tanta atenção como a boca e o
decote em V que deixava pouco para a imaginação. Uma pequena
parte da maçã dos seios estava à mostra com uns detalhes em
cristais, que parecia mantê-los, como se fosse somente um aro de
sutiã, mas sem o tecido ou rendas, somente os cristais presos em
uma medalha maior bem no meio. A gargantilha em cristais no
pescoço completava o visual charmoso. Na verdade, o decote não
era escandaloso e sim belo, fazia qualquer um imaginar o quão
bonito eram os seios dela.
— Mãe, o que a senhora tem contra a Victoria? Pelo amor de
Deus, a mulher nunca fez nada contra nós — era o fim do mundo,
estava defendendo a diaba que me irritava, mas minha mãe era
injusta e preconceituosa. Sentia as vezes que ela queria dizer algo,
não sei, era estranho.
— Ela só não é uma de nós… — não aguentei e a interrompi.
— Não é da sociedade, quer dizer, não nasceu em berço de
ouro, não é mesmo, Sra. Roux?
— Ethan, fale baixo, está chamando a atenção — falou me
puxando pelo braço com força, me soltei dela bruscamente e
arrumei a gravata borboleta para disfarçar.
— Olha, não se preocupe, vou chegar cedo e cuidar de Luz,
enquanto mantém seus contatos com a sociedade nova-iorquina —
assim que terminei saí de perto, não dando a ela chance de
resposta. Me irritava todo aquele seu preconceito com as pessoas,
achava que para ser poderoso, precisava ter nascido em família
com sobrenome famoso e se manter sempre no topo. Odeio isso.
— Nossa Ethan, está tudo bem? — Chloe e Neo se
aproximaram perguntando, notaram minha expressão chateada.
— Sim, mas não se preocupem, vou ao banheiro e já volto —
eles assentiram, sabiam que tinha problemas com minha mãe, não
nos dávamos bem desde sempre.
— Não demore, o discurso está marcado para as 21hs.
— Já estou voltando, com licença — deixei minha taça na
mesa e segui para o lado dos banheiros, estava meio distraído e
trombei em alguém, quando levantei a cabeça, dei de cara com
aqueles olhos grandes e chamativos da dona da festa, Victoria.
— Tinha que ser você, Ethan. — Soltou nervosa.
— Digo o mesmo — respondi com raiva, ela gostava de me
provocar e não me calaria, mesmo que o distraído ali tivesse sido
eu.
— Está com a cabeça na lua, vê se presta atenção por onde
anda — ela puxou seu vestido, revelando a sandália prata com um
detalhe, que parecia mais uma tornozeleira, adornada de cristais.
Minha nossa, que pé lindo ela tem, admirei e fiquei com vontade de
beijar e massageá-los. Sim tinha um grande fetiche por pés
femininos, não sabia se era porque adorava desenhar sapatos para
as mulheres, era algo que me chamava a atenção e deixava louco.
— Olha, Victoria, me desculpe, não estou a fim de discutir
com você, com licença — falei rapidamente e saí sem dar a ela
chance de responder, pela segunda vez fiz isso com alguém
naquela noite. Estava irritado, por ter que evitar a mulher que ao
mesmo tempo que me tirava do sério, me fazia desejá-la fortemente.
Não conseguia sentir interesse por nenhuma outra por culpa dela,
saí a noite passada para tentar distrair e a encontrei lá, todo lugar
que ia, me encontrava com a Victoria.
Quando cheguei no banheiro me aliviei um pouco, se
pudesse beberia mais, a ansiedade pelo concurso já estava
batendo. Na verdade, foi a semana toda assim, mas de ontem para
hoje piorou, já que estava cada vez mais próximo de dar um grande
passo como designer de sapatos. Mesmo que de forma misteriosa,
me escondendo, isso era maior que tudo que já fiz por mim mesmo,
depois de ter estudado escondido. Assim que consegui respirar
melhor e estar mais calmo, saí do banheiro, que foi no momento
certo, pois a música silenciou e todos se voltaram para o pequeno
palco montado à frente.
Laura Bianchi estava ao lado de uma morena de cabelos
cacheados muito bonita de vestido rosa. Elas sorriram e a loira,
rainha do marketing, pegou o microfone glamoroso.
— Boa noite a todos. Bem-vindos a comemoração de 50 anos
da La Femme! — Todos aplaudiram, ela sorriu satisfeita — Estamos
extremamente felizes com a presença de todos vocês aqui, cada
um, faz parte do nosso crescimento e grande alcance no mundo
editorial. Todos sabem que nosso maior objetivo é levar informação
de qualidade a todas as mulheres que precisam delas. Há exatos 50
anos a La Femme faz isso com maestria e responsabilidade, mas
por trás de cada detalhe, temos mulheres fortes que comandam
tudo com mãos de ferro. Então, recebam Victoria Fiore, editorachefe e sócia da Brown Enterprises — Mais aplausos explodiram
pelo salão, alguns assobios, vi o mesmo homem da boate lá na
frente sorridente. Victoria subiu ao palco sorrindo e acenando, tão
linda que fez tudo dentro de mim se agitar, a presença dela me
deixava inquieto e sem controle.
— Boa noite! Estou muito feliz em ter todos vocês aqui
conosco para comemorar os 50 anos de luta e glória da La Femme.
Muitas foram e serão nossas batalhas, mas só de conseguirmos
manter uma revista feminina empoderada e responsável por tudo
que traz, já é muito para nossa equipe. Agradeço a cada um que
acreditou em nossas ideias e não nos deixou. Mas, principalmente
aqueles que não acreditaram, vocês também nos deram força para
continuar buscando o melhor a cada novo desafio. Sozinhos não
vamos a lugar algum, sou somente a capitã desse barco, mas são
vocês, os marinheiros que fazem tudo funcionar. Obrigada a todos
da minha equipe e aos nossos grandes parceiros, principalmente ao
Hotel Roux — todos aplaudiram mais empolgados, a mulher no
palco que sorriu e cochichou com Laura.
— Obrigada! Quero anunciar que estamos abrindo hoje uma
nova oportunidade para novos talentos no mercado da moda. Estão
abertas as inscrições para o primeiro Concurso de Designer de
Sapatos. A melhor coleção feminina vai ser totalmente divulgada em
uma campanha exclusiva tanto na revista física como em todas as
nossas redes sociais. O que vamos prezar nas seleções são
conforto e elegância, a mulher precisa disso para se sentir poderosa
e vencer seus obstáculos diários. Nos surpreendam! — Nesse
momento meus amigos me fitaram, Neo piscou para mim e vi Emily
próxima ao palco.
— Tudo que precisarem saber sobre esse concurso é só
procurar nossa equipe de marketing — apontou para o pessoal que
estava ao lado de Laura — Agora, vamos receber uma mulher
maravilhosa, que tem uma história brilhante e de muita luta, Dolores
López, uma das dançarinas mais famosas da Espanha e do mundo!
Todos aclamaram aplaudindo, enquanto as luzes foram
apagadas, as cortinas fechadas e a luz ficou somente na sombra do
corpo de uma mulher por trás dela no palco. Fiquei preso na luz que
seguia cada movimento da dançarina. Era totalmente hipnotizante,
todos estavam atentos ao palco. O toque do violão soou alto com
um blues de fundo combinando perfeitamente.
Logo as luzes ficaram coloridas se movendo rapidamente. As
cortinas se abriram e uma mulher morena e de vestido vermelho de
babados se fez presente. Seu olhar passava toda a intensidade da
música ao fundo, ela movimentou seu corpo seguindo o ritmo da
canção. Logo depois começou a sapatear e movimentar os braços
levemente. Bateu palma e requebrou acompanhando o ritmo vivo e
vibrante da melodia.
Já tinha ouvido falar das apresentações dessa mulher pelo
mundo, ela montou uma grande academia de dança em Jerez de La
Frontera, na Espanha. Eles se apresentavam pelo mundo inteiro,
além disso ela era esposa de ninguém menos que Guilhermo
García, um dos grandes e queridos pilotos da MotoGP.
Não pense que sou fofoqueiro, mas sim informado, como
acompanhava as corridas de MotoGP, Nascar e F1 sabia de tudo
relacionado aos pilotos e as equipes. Mas a esposa de Guilhermo é
mesmo uma incrível dançarina, a apresentação migrava de latino,
para algo mais lento, sensual e animado. E ela trazia os sentimentos
da canção em cada passo que fazia com seu corpo e na sua
expressão. Quando finalizou, jogando o babado da saia do vestido
para o lado de costas para o palco, só pude ouvir todos explodirem
em palmas animadas e ensurdecedoras.
Mas não parou por aí, Dolores com suas dançarinas abriu a
pista de dança levando todos que estavam próximos para dançar. A
batida da música latina dominou o ambiente todo decorado para
exatamente isso. Então vi Victoria e suas amigas dançando
sensualmente junto de Dolores e uma outra mulher loira. Elas
sorriam animadas umas para as outras, a festa havia começado de
verdade naquele momento e assisti algumas pessoas filmando-as
naquele showzinho de dança.
Victoria parecia que havia tirado um pedaço de seu longo
vestido, deixando as pernas lindas e longas à mostra. Puta que
pariu. Reparei em seu pé e novamente na tatuagem em sua
panturrilha com aquele sapato. Me senti novamente elétrico, já com
o sangue correndo em alta velocidade por todo meu corpo e indo se
concentrar direto no meu pau. Caralho. Minhas mãos coçaram de
desejo para tocar aquela pele de Victoria, queria senti-la junto da
minha me queimando de tesão. Qual o meu problema em ver essa
mulher rebolando daquele jeito na pista? Sem poder controlar,
imagens sujas começaram a povoar a minha mente, tendo-a sobre
mim, embaixo, de quatro empinando aquela sua bunda atrevida.
— Tudo bem, Ethan? — Ouvi a voz melodiosa de Emily no
meu ouvido, que me fez pular.
— Sim, só está quente demais aqui, a pista encheu de
repente, não é?
— Ah sim, essa dançarina faz todo mundo dançar, é incrível a
energia dela, contagiante — falou sorrindo e me direcionou um olhar
desconfiado — Agora, quando iria me dizer que vai entrar no
concurso da La Femme?
— Meu Deus! Neo é um bocudo, aposto que ele já foi te falar
tudo. Deixei claro que iria te contar sobre isso e pedir sua ajuda.
— Foi ele mesmo — ela revelou sorrindo de lado — sabe que
pode contar comigo, mas saiba que Victoria não deixa nada passar,
se ela gostar dos seus desenhos vai até o inferno para saber quem
é o autor.
— Ela não vai descobrir, vamos nos assegurar disso. Aliás,
conheço aquela diaba e sei o quão determinada ela é — falei a
fitando na pista, esquecendo que Emily poderia perceber tudo, ela
me conhecia bem demais e sabia quando desejava alguém.
— Ethan, está interessado nela? — não deu outra, ela me
fitou franzindo a sobrancelha com curiosidade no olhar. Estava
fodido, que inferno!
— Não, Victoria e eu mal nos suportamos, está louca? De
onde tirou esse absurdo? — respondi nervoso com outra pergunta.
— Ele está sim louco para tê-la debaixo dele. — Neo chegou
entrando no assunto que não foi chamado, totalmente intrometido.
— Vocês estão se juntando contra mim, é isso?
— Não, somos seus amigos e sabemos perfeitamente
quando está se coçando de desejo por alguma mulher. Aliás o que
há muito tempo não acontecia. Victoria é uma rainha por conseguir
o impossível — Neo respondeu atrevidamente, o que havia com
eles, afinal? Estão vendo coisas onde não tem, seria isso?
— Sim, mas ela é uma mulher lindíssima e muito atraente,
quem não iria desejá-la? Olha como os homens e as mulheres se
aproximam dela! — Emily falou se divertindo, pois, queria me fazer
assumir que desejava aquela mulher petulante mais que tudo. Meu
corpo ficava com um frenesi louco toda vez que a via, a cada
provocação sentia que iria explodir de tanto tesão. Mas, sou
orgulhoso demais para assumir que eles estão certos.
— Estão vendo coisa onde não tem, vão aproveitar a festa
vocês dois, não sou só eu que estou solteiro aqui — Eles soltaram
uma gargalhada alta, o garçom estava passando e o parei, pegando
outra taça de bebida, colocando meus planos de ir embora mais
cedo por água abaixo. Era a quarta da noite, só com muito álcool
para conseguir aplacar todo o fogo que sentia se alastrando pelo
meu corpo. Joshua chegou com Chloe para completar o time do
deboche, todos eles queriam me ver de quatro pela diaba.
— Inscrição feita, meu amigo, agora não tem volta. Boa sorte
— falou dando tapinhas no meu ombro.
— Que seja o que Deus quiser! — falei levantando a taça,
meus amigos fizeram o mesmo e comemoramos juntos. Apesar de
ficarem me enchendo, são os melhores. Theo virou sua bebida e
saiu a procura de alguma mulher para pegar aquela noite. Meu
irmão estava na fase de pegador, mais rápido que tudo, já o vi
sorrindo com a morena que estava no palco junto de Laura e
Victoria. Meus amigos começaram a dançar, logo Neo já havia se
arrumado com uma mulher loira, como ele tanto gostava. Dei meia
volta e fui na direção dos banheiros que dava para o corredor e
levava ao outro lado do Hotel. Precisava beber um pouco de água e
me acalmar.
Só que meus planos foram interrompidos assim que me
encontrei com Victoria no corredor. Ela estava falando no celular e
assim que me viu, desligou. Senti um impulso louco de pegá-la de
jeito e fodê-la ali mesmo, contra aquela parede à meia-luz.
— Aonde está indo?
— Esqueceu que sou o dono do hotel, o conheço como a
palma da minha mão?
— Ah é mesmo, até esqueci quem você é, Ethan! — Ela só
poderia estar brincando, com fogo ainda, mas se queria se queimar,
quem era eu para evitar. Nossos olhos diziam o que nossos corpos
desejavam, um ao outro, era intenso demais para se ignorar.
Com um movimento rápido ouvindo somente a batida da
música abafada na pista e sua respiração entrecortada, a prendi na
parede colando meu corpo no seu. Sem poder resistir, senti seu
perfume delicioso e sexy. Caralho. Minhas mãos se prenderam em
seu quadril gostoso. Apertei com força e a ouvi soltar um gemido
baixo. Aquilo foi demais, não resisti e tomei sua boca na minha. De
início ela ficou tentando resistir, mas em poucos segundos estava
entregue. Sua língua dominou cada canto da minha boca, suas
mãos se enfiaram no cabelo de forma selvagem, desalinhando-o.
Senti como se ela quisesse se fundir ao meu corpo. Com isso, puxei
seu lábio inferior com os dentes e senti suas pernas se prenderem
ao redor do meu corpo.
— Vou perguntar somente uma vez, você quer e permite que
eu a toque? — Não respondeu nada, me fitou e acenou confirmando
que queria, então a segurei e levei minha mão ao centro do seu
prazer. Descobri que a diaba estava sem calcinha.
— Porra, Victoria! — Grunhi ao sentir a quão molhada estava,
acariciei sua boceta e ela rebolou em minha mão querendo mais.
Percebi que a danada era mais faminta do que pensava. Mas não
daria a ela nada. Queria que me fizesse gozar e só, é o que merece
por ser uma provocadora do caralho e dizer que esqueceu quem
sou. A estimulei um pouco e senti que ela estava abrindo o botão da
minha calça e enfiando a mão na minha ereção. A ajudei e desci
tudo. Alguém poderia nos pegar ali, mas não me importei, estava
tomado pelo tesão sem fim.
Quando senti as mãos de Victoria ao redor do meu pau, soltei
um grunhido rouco e animalesco, enquanto mordia sua boca com
mais força. Sabia que quando a tomasse assim seria bom, mas era
melhor do que podia sequer imaginar. Ousada, ela começou a me
masturbar com as mãos, ora acariciava a cabeça, ora descia e
massageava minhas bolas que estavam pesadas pelo tesão
acumulado. Se tivesse com mais tempo, iria fazê-la se ajoelhar para
tomar meu pau em sua boca, iria meter nela até gozar forte. Não
estava mais aguentando segurar o orgasmo. Por isso, quando ela
começou a movimentar sua mão de forma frenética no meu caralho,
senti meu corpo inteiro vibrar em espasmos, gozei forte e ela
deslizou até o chão para tomar tudo na sua boca.
Com isso, sorri sentindo um alívio imediato após gozar dentro
da sua boca. Mas agi como um idiota, subindo a cueca e a calça
junto, fechei o zíper e botão vendo-a se levantar. Ela já sabia o que
iria fazer, não daria a ela um orgasmo como ela me deu. Então saí
dali como um covarde, mas também como o orgulhoso idiota que
era. A verdade era que a vontade de fazê-la pagar pela última
provocação falou mais alto dentro de mim. Podia ser bobo, infantil,
mas já estava feito.
— Inferno! — Fiquei esperando-a correr atrás, mas pelo visto
não faria isso, claro que não. Victoria não faria isso nunca. Ela não
era do tipo que corria atrás de homem nenhum. Pelo contrário, os
homens que ficam iguais a urubu atrás dela. — Mil vezes idiota,
Ethan! — quando cheguei em uma das salas de reuniões, peguei a
garrafa de uísque e coloquei no copo, bebi de uma vez. Aquele
joguinho só me deixou pior. Pois queria entrar naquela sua boceta
que tive a chance de colocar a boca e o pau e fodê-la pelo resto da
noite, mas meu orgulho de macho não deixou.
Paga pra ver qual é a consequência
Se demorar, eu perco a paciência
Agora não tem saída
Porque uma noite comigo é só uma chance na vida
Un Ratito |Alok, Luis Fonsi feat Lunay, Lenny Tavárez & Juliette
— Não estava acreditando, aquele cretino, filho de uma puta,
desgraçado. Como permiti que ele encostasse aquela boca maldita
em mim? — falei brava comigo mesma enquanto voltava ao
banheiro. Puta, era como me sentia, muito nervosa, contrariada e
louca para gozar. O homem não prestava nem para me dar um
orgasmo! — Ethan, Ethan, seu canalha… — continuei praguejando o
infeliz e claro me culpando. Na verdade, não deveria, já que ele não
era homem suficiente para ficar com uma mulher como eu.
Mantendo esse pensamento, vesti minha coragem e arrumei
meu cabelo que o desgraçado puxou enquanto tomava minha boca.
Afastei aquelas lembranças que em nada me faziam bem, tinha que
esquecer. Mas, ele ia me pagar, ou não me chamo Victoria Fiore.
Retoquei minha maquiagem e voltei para a festa plena, a
pista estava fervendo, as pessoas se revezavam entre dançar e
descansar, por isso separamos os ambientes. De um lado do grande
salão, organizamos com mesas altas e alguns pufes também, já do
outro lado ficou a pista de dança, o balcão iluminado do bar, atendia
os dois ambientes. Dessa forma ninguém ficava sem bebida, foi a
melhor escolha.
Cheguei na pista e encontrei-me com Natalie, ela me fitou e
como me conhecia bem já sentiu que alguma coisa havia me
irritado.
— Aconteceu algo? — perguntou se aproximando mais.
— Sim, mas não vamos falar disso agora, temos que
aproveitar a festa e amanhã colocamos tudo em pauta lá no meu
apartamento.
— Mas você está bem? — Seu tom era de aflição.
— Sim, pare com essa preocupação exagerada, amiga.
Vamos dançar que é melhor, cadê a Laura?
— Ela está com um cara, não vi direito, mas acho que é
daqueles da turma do Roux — rolei os olhos e puxei Natalie de volta
para a pista. Dançamos Cambia el Paso de Jennifer López, a nossa
diva, somos fãs dessa mulher. Já a entrevistamos e foi o momento
mais especial da minha vida, sou tão admiradora dela, que fiquei
nervosa quando a vi entrando em nossa redação. Além disso, ela
quis visitar nosso escritório, fiquei atônita quando revelou que é uma
leitora assídua da La Femme, tinha quase todas as edições. Foram
duas horas de entrevista e estar com ela foi tão especial. Revelou
também que torcia para que a revista física continuasse em
circulação.
Me encontrei com Neo na pista e dançamos juntos com seus
outros amigos, reparei que Ethan havia sumido da festa. Devia ter
ido embora, também depois do que fez, tinha que sumir mesmo.
Covarde como era, não teria coragem de me enfrentar tão cedo.
Porque não esqueceria do que me fez e nem vou, ele ainda ia me
pagar, se queria guerra era o que teria. Ele não fazia ideia do que
havia despertado.
Bennett se aproximou, dançamos juntos e conversamos um
pouco, depois de dançarmos muito, pedi licença à turma e fui
conversar com algumas pessoas do outro lado. Antes passei no
banheiro e tomei fôlego, apesar de ser uma mulher ativa e estar
sempre me exercitando, já tinha 40 anos e isso nos fazia
desacelerar de alguma forma. Nem que fosse um pouco. Mas não
podia parar, seria a pior coisa a se fazer, a idade só queria dizer que
os anos de vida estão passando, um a um. No entanto, não
devemos deixar que eles passem sem realmente ser vividos com
plenitude.
Era isso que me fazia amar viver e lutar todos os dias, para
que nada fosse em vão. Cada segundo era precioso e vinha
aprendendo na terapia que viver no passado e futuro gerava ainda
mais ansiedade. Pelo que já vivemos e pelo que ainda temos que
viver, isso era uma bomba, na verdade. Por isso, aproveitava bem o
presente.
Assim que saí de uma mesa de pessoas importantes das
Organizações que ajudam mulheres que foram abusadas e
abandonadas, faziam um trabalho maravilhoso e difícil. Me
aproximei da mesa dos membros do Conselho, eles estavam só
bebendo e observando as pessoas.
— Estão sendo bem servidos, senhores? — perguntei
diretamente.
— Muito, parabéns pela festa, Srta. Fiore — Luke Saints
respondeu sorrindo com escárnio, daquele jeito debochado dele. O
homem não sabia ser nem um pouquinho simpático.
— Obrigada, eu e minha equipe ficamos felizes em saber que
gostaram.
— Sim, mas já estamos indo, amanhã temos uma reunião
importante com o editor-chefe da Sobre Rodas.
— Ah, que pena! Agradeço a presença e apoio de cada um
na nossa comemoração, claro que vocês têm toda a participação no
sucesso da La Femme, muito obrigada — alguns vieram se despedir
apertando minha mão e agradecendo pessoalmente, parabenizaram
também. Enquanto, Luke passou acenando e saindo. Escroto
antipático. Me contive para não rolar os olhos e bufar. Assim que
eles saíram, pude respirar aliviada, e vi Laura se aproximando
eufórica.
— A dançarina Dolores pediu para te chamar, olha chegaram
muitos carros lá na frente do salão.
— Devem ser os seguranças delas, não?
— Ao que tudo indica, os maridos delas vieram buscá-las.
— Nossa, vamos lá convidá-los para entrar e aproveitar a
festa um pouco — falei e fomos para o camarim preparado para a
dançarina. Assim que chegamos Dolores estava trocando de roupa
e colocando um vestido de paetês rosa. A Nina estava com um
vestido de cetim que destacava bem suas curvas.
— Já estão indo?
— Nossos maridos resolveram vir nos buscar de surpresa,
imagine, esses homens! — Dolores falou rolando os olhos e depois
sorriu.
— Se eles estão aí, podem chamá-los para aproveitar um
pouco a festa com vocês! Amei a energia que trouxe para nossa
comemoração, a pista de dança está fervendo. Isso é algo
maravilhoso, Dolores.
— Fico feliz que gostou, amo dançar e representar minha
cultura e outras nas minhas apresentações, além de envolver todos
com a batida energia. Foi um prazer dançar na festa de 50 anos de
uma revista feminina tão importante e necessária para todas nós. E,
Victoria, pode me chamar de Lola.
— Sou eu quem tem de agradecer. Lola, seu trabalho é
incrível e assim que possível queremos entrevistá-la. Assim como
você também, Nina! — falei fitando sua amiga, elas eram cunhadas.
Além de tudo, sortudas por terem conquistado aqueles pilotos
irmãos, que primeiro se odiavam e agora são inseparáveis.
Formaram uma linda família juntos, isso é algo raro atualmente, é
difícil encontrar homens que valem a pena.
— Será um grande prazer, Victoria! Amo o trabalho de moda
que trazem na revista, principalmente os modelos para todos os
tipos de corpos.
— Todas as mulheres precisam se vestir e, é importante
atender a todo o público feminino, sem exceção.
— Está certíssima, vamos falar com eles e voltamos. Mas,
desde já agradecemos por toda a recepção, o camarim e a forma
com que nos trataram, obrigada — Dolores falou sorrindo e me
estendendo sua mão, a abracei surpreendendo-a. Sei que as
pessoas às vezes têm a impressão de que sou inacessível, quando
na verdade, sou completamente aberta e gostava de tratar todos
bem.
Nina Rodriguez fez o mesmo e nos abraçamos, adorei
conhecê-las, eram mulheres incríveis, com muita determinação para
conseguirem seu lugar no mundo. Voltamos à festa e curtimos, elas
conseguiram convencer os maridos a aproveitarem um pouco a
festa. Conheci os famosos pilotos Guilhermo e Jacob, um da
MotoGP e o outro da Nascar, respectivamente. Eles eram ainda
mais bonitos pessoalmente, o Guilhermo era o mais simpático,
Jacob foi educado, só que mais fechado. Aos poucos vi que eles
estavam se soltando. Cada um tinha seu jeito, dei de ombros.
Laura, Natalie e eu saímos da festa já era quase de manhã,
James nos levou para meu apartamento. Tínhamos combinado
delas descansarem, aliás tinha muitos quartos e deixava tudo
organizado para elas ficarem comigo. Gostava de ter a companhia
delas ou da minha família que não compareceu à festa, minha mãe
não deixou que meus irmãos fossem. Falou que eles ainda eram
muito novos para irem a festas tão formais e adultas assim. Isso
nem fazia sentido, deixei claro que seria importante tê-los comigo
em um evento tão primordial, além disso meus irmãos já eram bem
grandinhos. Peter tinha vinte anos e Isabella dezesseis. Mas, de
forma rude e ignorante ela fez seu discurso preconceituoso e disse
que queria manter os outros filhos longe desse mundo.
Por mais que estivesse feliz e totalmente satisfeita com o
sucesso da festa e o anúncio do concurso de designer de sapatos,
sentia um vazio dentro de mim, mesmo estando cercada de pessoas
especiais. Queria minha família, nesses momentos que sentia falta
do meu pai, ele com toda certeza, estaria ao meu lado, sorrindo,
orgulhoso por ter chegado tão longe. Às vezes ficava me sentindo
insegura, era difícil ser forte quando só queríamos desmoronar.
Tratava isso com minha psicóloga, e ela disse que parte dessa
minha insegurança vinha da minha infância e adolescência
atordoada. Com o fato da minha mãe não ter confiança em meu
potencial. Querendo ou não, isso me machucava mais que qualquer
coisa.
Superei o fato de ter sido traída duplamente, pelo meu noivo
e amiga há anos, mas isso que minha mãe fazia, não conseguia
vencer. Toda vez que ela não me apoiava ou comemorava minhas
vitórias, me sentia a pior pessoa do mundo. Quando me deitei na
cama, depois de um banho relaxante, não pude conter as lágrimas
escorrerem pela minha face. Me virei, ficando de lado, observando o
amanhecer de Manhattan.
Peguei o controle na mesa ao lado da minha cama e assim
que apertei o botão, as cortinas se fecharam. Chorei no escuro e no
silêncio do meu quarto, onde me permitia ser apenas Victoria, a
mulher com marcas de um passado e problemas reais. Não era fácil
estar no comando, ser forte e lutar por todos. Ninguém estava imune
de nada nessa vida, éramos humanos e sentimos tudo como
qualquer outro. Logo não evitei que meus olhos se fechassem, o
sono me tomou.
Fui acordada com batidas na porta, tateei pela cama até
acender o abajur. Peguei o celular para checar as horas, já
passavam das duas da tarde. Minha nossa! Dormi tanto assim?
— Pode entrar — falei alto, mas com a voz rouca de sono.
— A dorminhoca está bem? — Natalie perguntou sorrindo e
entrando junto com Laura.
— Nossa, dormi muito e se não viessem aqui, ainda estaria
dormindo.
— Sabia que Laura, já correu pelo Uper East Side? — De
todas nós ela era aquela que levava seus exercícios físicos mais a
sério. Não deixava de se exercitar nenhum dia.
— Nossa, Laura, você é muito focada — elogiei minha amiga.
— Amigas, não temos mais 20 aninhos, somos quarentonas
— respondeu orgulhosa.
— Com tudo em cima, minha querida — ressaltei com
orgulho, elas me faziam tão feliz, éramos amigas há anos e não
vivia sem ter minha dupla ao meu lado.
— Uhull! — Natalie comemorou e rimos juntas, nos sentamos
na cama e peguei o controle para abrir as cortinas. Meu quarto tinha
uma vista incrível, os vidros, a altura e localização traziam esse
grande benefício para meu apartamento. Na verdade, como ele
ocupava um andar inteiro, todo de vidro, que trazia uma luz linda
para o interior. Os tons claros presentes nas paredes e decoração
também ajudavam e dava um ar clean e moderno a todos os
ambientes.
— Então, vai contar por que ficou nervosa ontem? Não pense
que esqueci, Vic! Te conheço muito bem. — Nada passava por
Natalie, ela já sabia ler todos os meus sinais corporais.
— Como não consigo esconder nada de vocês, vou contar,
mas pelo amor de Deus, não quero saber de julgamentos.
— Sabe que não somos assim — Laura falou piscando para
Nat.
— Aquele filho de uma puta, desgraçado do Ethan me beijou
e gozou na minha boca, quando pensei que ele me faria gozar
também, o cretino me deixou lá a ver navios — não consegui conter
a raiva que sentia só de lembrar da cena. Seria cômico se não me
deixasse tão puta de raiva.
— Minha nossa! — Laura falou tampando a boca com a mão.
— Caralho! — Nat soltou arregalando os olhos e tentando
assimilar toda a informação — Espera aí, quando foi isso?? — sabia
que iria perguntar, por isso a interrompi.
— Nunca havia rolado nada entre nós, só provocações,
sabem que morro de ódio daquele petulante de merda. Ethan traz o
meu pior lado e me deixa com muita raiva, tomada de algo que não
sei explicar.
— Já imaginava isso, Vic. Vocês soltam faíscas quando estão
juntos, tem uma química explosiva, algo que a gente sente de longe.
Acho que deveria aproveitar e se divertir com aquele covarde — Nat
falou, me fitando de lado.
— É amiga, entendo sua raiva pelo que ele fez, mas não
deixe barato, faça-o pagar como a Victoria que conheço faria.
— Com toda certeza, Ethan pode esperar que ele vai se
arrepender de ter feito isso comigo — sorri perversamente, depois
disso seguimos para a sala de jantar que era conjugada com a de
estar e a cozinha. Tudo amplo, claro e gostoso. Um dia como
aquele, pós-festa e muito trabalho, gostava de ficar curtindo
preguiça e conversando com minhas amigas. Sem se preocupar
com horário e compromissos.
A mesa já estava pronta, minhas amigas devem ter arrumado
tudo já que Aurora tem folga nos finais de semana, ela cuida do meu
apartamento. Já deixava tudo organizado, enquanto preparei ovos
mexidos, Natalie colocou as fatias de pães para torrar e Laura
levava nosso café para a mesa do terraço.
Quando ficou pronto, nos sentamos e comemos enquanto
conversávamos ainda sobre a festa, Natalie falou do casal de
amigos do Ethan, Joshua e Chloe, eles trabalhavam juntos e
pareciam se dar muito bem. Além disso, formavam um casal muito
lindo, estavam sempre juntos, mas parecia que eles também
gostavam de sair um sem o outro.
No final da tarde fomos para a academia do prédio que era
completa, do lado havia a piscina coberta. Malhamos juntas até
estarmos esgotadas e depois pulamos na água, para refrescar e
relaxar. Aproveitando nosso descanso merecido, depois de dias de
trabalhos intensos. Sabíamos que na próxima semana iríamos
começar com ainda mais novidades rolando, como o Concurso de
Designer de Sapatos, já estava curiosa para ver os inscritos e os
desenhos da coleção que vamos nomear junto do ganhador. Só de
pensar já me dava um friozinho no estômago de ansiedade, pois
sabia que seria um sucesso.
O restante do final de semana passamos tranquilas, Natalie e
Laura ficaram comigo e me acompanharam em um almoço com
minha família no domingo. Minha mãe estava estranha e meus
irmãos ficaram felizes em me ver, Bella me disse que ela ficou assim
após receber um telefonema. Se negou a dizer quando Peter
perguntou quem havia ligado que a deixou daquele jeito. Não
comentei nada, mas sabia que tinha a possibilidade de ser o ex dela
que a deixou de repente levando suas economias.
Peguei as contas que haviam chegado e levei para pagar, e
mais uma vez minha irmã perguntou do emprego na La Femme.
Ainda bem que Natalie estava lá e falou que ela iria receber um
telefonema nesta próxima semana para fazer sua inscrição como
modelo teste. Ela ficou feliz com a notícia e vamos ver se
aproveitava a oportunidade.
Saí do Brooklyn com o coração apertado, fiquei preocupada
com minha mãe, ela nos tratou bem, mas estava bem sem graça.
Teria que arrumar uma psicóloga para ela, já que não falava o que
sentia com ninguém. Não podemos deixar que todos os sentimentos
sejam eles bons ou ruins nos engulam e tomem conta. Era assim
que surgia a ansiedade e depressão, elas andavam juntas e
acabavam com a saúde física e emocional.
Infelizmente, muitas pessoas não aceitavam ajuda de
ninguém, muito menos de um profissional. Com minha mãe iria ser
assim, apesar de tudo que ela já me fez, nunca iria deixá-la, no que
precisasse daria meu amor e apoio. Era a mulher que me colocou
no mundo e estava aceitando o fato de que nem sempre, uma mãe
era a pessoa mais perfeita do mundo, que nunca errava. As Mães
também erram e estava tudo bem, todos somos humanos. Por que
às vezes era difícil aceitar esse fato? Ficava pensando nisso, era
bom a gente refletir.
Eu estou preso
Eu estou preso em você
me diga que isso se torna mais fácil
que eu irei descobrir
Easier |Mansionair
Me sentia atordoado por ter deixado Victoria daquele jeito,
apesar de ter sido satisfatório na hora. Mas depois de poucos
minutos, estava praguejando o porquê de ter sido tão idiota. Por
isso, dias depois do ocorrido e de ter ido embora da festa sem nem
falar e despedir de ninguém, passei a frequentar a academia
assiduamente.
Quando vi Victoria entrando com sua bolsa e totalmente a
caráter para fazer exercícios, senti meu corpo todo entrar em
erupção. Não havíamos nos visto depois da festa da La Femme.
Sua assistente marcou uma reunião conosco, para as próximas
publicidades na revista. Theo já estava com os vídeos prontos para
enviar a Laura e tudo estava bem encaminhado. Sabia que em
algum momento, o encontro com a diaba iria acontecer, mas não tão
cedo. Apesar disso, tentei agir normalmente, sem muitos alardes ou
ela perceberia. Continuei fazendo meu exercício, ela passou por
mim e abriu um sorriso. Achei estranho, mas só acenei.
— Olá, Ethan! — Ouvi sua voz aveludada me cumprimentar,
senti um frio no estômago. Aquilo mais me pareceu uma ameaça, do
tipo, vai ter volta, querido. Depois disso, ela focou nos seus
exercícios e não me senti relaxado e nem em paz. Vê-la fazendo
agachamentos e de pernas para o ar me deixou excitado pra
caralho.
Quando entrei no vestiário, me senti aliviado, porque iria
embora. Entrei na ducha fria que ajudou um pouco naquele desejo
da porra, só de ver aquela bunda da diaba arrebitada e se
agachando. Tentei afastar aquelas imagens da minha cabeça, mas
voltei a me lembrar do nosso beijo desesperado e selvagem na
festa. Sua pele macia, gostosa e senti vontade de beijar e morder
cada pedacinho dela. Inferno!
Assim que sai da ducha já me secando, ouvi alguém entrar,
mas não podia imaginar que ela faria aquilo. Victoria, me puxou
rapidamente, quando nossos olhares se cruzaram, sabia que não
seria fácil me livrar dela e nem resistir. Senti o cheiro de seu suor e
perfume misturados, assim que ouvi sua respiração ofegante
pertinho do meu rosto. Os seios se movimentando rápido naquele
top desgraçado.
— Pensou que não iria te fazer pagar, Roux? — falou com a
voz entrecortada, porém firme sem tirar os olhos dos meus. O
castanho-escuro estava felino e cheio de raiva.
— Não pensei nada, mas o que vai fazer comigo aqui?
Podíamos foder, já que trancou a porta — ela soltou uma risada alta,
maldosa e gostosa que ecoou pelo vestiário.
— Você é um descarado, sem vergonha, Ethan. Vou fazer o
que eu quiser com esse corpo todo malhado e durinho que tem —
enquanto falava aquilo, passou a mão pelo meu abdômen e desceu
até apertar meu pau que já estava louco por ela. Ele era um traidor
filho da puta.
— Victoria, a verdade é que gostou aquele dia, não é? De me
fazer gozar com essas suas mãos diabólicas.
— Gostei de ter controle sobre você, de te fazer se derramar
na minha boca todo descontrolado, ver seu olhar perdido e depois
como um bom covarde correr de mim. Idiota! — ela riu
perversamente mantendo seu olhar no meu, a mulher estava
furiosa, vi fogo e raiva em seus olhos — Agora faça o que eu
mandar — assenti como um cachorrinho adestrado — Levante as
mãos e segure na barra — fiz o que a diaba pediu, com um sorriso
vitorioso e sexy como o inferno, a mulher me prendeu ali com
algemas. Fechei os olhos não querendo acreditar no que havia me
metido, como iria sair daqui? Já sabia que ela me deixaria ali, puxou
a toalha e me deixou nu em pelo para que passasse vergonha
quando alguém entrasse. Rolei os olhos e bufei alto.
— Puta que pariu, Victoria. O que está fazendo? — Levantei
a cabeça e olhei bem para aquelas algemas, tomado pelo completo
desespero, enquanto ela se afastava. Puxou seu celular que estava
dentro de sua calça de ginástica. Porra! Que vingança maluca é
essa que ela arrumou? Minha nossa, Victoria não brinca mesmo.
— Você vai ficar até alguém chegar e chamar um chaveiro
pra te tirar daqui seu covarde — respondeu sorrindo de lado, em
seus olhos enxerguei a satisfação e prazer que ela estava sentindo
ao me deixar daquele jeito. Para piorar a situação, Victoria tirou
fotos minhas naquela posição. Onde fui me meter com essa mulher?
Meu coração parecia que iria sair pela boca de tão nervoso que
estava.
— Vai ter coragem de mandar isso para alguém?
— Por enquanto não, mas vou olhar sempre que me lembrar
daquela noite que me privou de gozar e me deixou lá toda excitada.
Você é muito burro, Ethan. Como perdeu a oportunidade de me
fazer gozar, de foder esse meu corpo até esquecer nosso nome? —
Caralho, ela estava me excitando mais, senti meu pau latejar
querendo estar dentro da sua boceta quente e molhada.
— Porra, Victoria! — soltei um grunhindo que saiu como
rosnado, não conseguindo evitar todas as imagens que se formaram
em minha mente. Como se soubesse o que estava pensando, ela se
despiu na minha frente, a desgraçada ficou nua. Se aproximou de
mim e como a boa diaba provocadora que é, arrastou suas unhas
pelo meu corpo, me arrepiando todo.
— Sabe, Ethan, queria muito poder ter esse corpo só para
mim, mas você acabou com todas as chances de isso acontecer —
mordeu o bico do meu mamilo e depois o chupou com força. Gemi
sem controle, sentindo meu pau babar. Ela sorriu perversa, sabendo
tudo que estava fazendo meu corpo sentir, o tesão que sentia era
inexplicável. Meu desejo era poder passar minhas mãos pelo seu
corpo e tomá-la forte, bruto e selvagem. Queria dobrá-la no chão e
fazê-la mamar meu pau com aquela sua boca atrevida. Inferno!
Como se ouvisse meus pensamentos, ela se afastou sorrindo
maliciosamente. Soltou o cabelo do coque, e deu a volta sumindo da
minha visão. Só escutei ela voltando, o som de um salto ecoando,
quando a vi nua naquele sapato, fiquei louco mesmo. Todo o meu
sangue se concentrou na cabeça do meu pau.
— Caralho! — Me mexi inquieto balançando meu corpo
naquela barra, não me importando se caísse no chão com tudo.
Victoria se aproximou e senti suas mãos deslizando pelos meus
braços e ficando na ponta dos pés com aquele sapato vermelho de
saltos altíssimos, ela puxou meu lábio inferior com os dentes fitando
meus olhos intensamente. Então nossas bocas se devoraram em
um beijo faminto, louco, queria mais que tudo poder ter controle sob
minhas mãos, porque iria puxar seu couro cabeludo com força
enquanto tomava tudo que podia de sua boca.
Senti o exato momento que seus seios com o bico
intumescido se encostaram em mim alastrando fogo por todo meu
corpo. Sua boca desceu por meu pescoço e seguiu para minha
orelha, mordeu o lóbulo e pude sentir sua respiração ofegante.
Queria poder sentir sua boceta pulsando e molhadinha por mim.
Inferno!
— Você não vai gozar hoje, Ethan — falou em meu ouvido
com a voz embargada, meio rouca pelo tesão que a estava
consumindo também. Naquele momento eu a odiava e desejava
com a mesma proporção. Uma insanidade sem tamanho. Há quem
diga que amor e ódio andam juntos, entre nós dois, o ódio e tesão
andam juntos, não tem como entrar amor nisso. É muito fora da
órbita — Só eu que vou e você vai assistir tudo! — completou
falando daquele seu jeito provocador e ao mesmo tempo sensual.
Depois disso ela me fitou com os olhos faiscando, suas mãos
tomaram meu pau e com um movimento de vai e vem ela me fez
fechar os olhos perdido na sensação gostosa de ter suas mãos
envolvidas nele.
— Que delícia, está duro como um porrete e louco para estar
na minha boceta — só acenei concordando, sabia que meu olhar
estava duro, demonstrando todo meu tesão, não consegui controlar
o gemido de prazer que senti — Ah, Ethan! Você tem um pau
maravilhoso, grande, grosso, cabeça rosadinha — ela se abaixou e
passou a ponta da língua nele, me enlouquecendo ainda mais.
— Porra. — Rosnei com a voz rouca, ela sorriu e o tomou
todo, senti a cabeça no céu da sua boca. — Que delícia! — Senti
um prazer tão grande pelo meu corpo, estava quase gozando, ela
se movimentou rapidamente, a visão de seus seios nublou tudo ao
meu redor e quando pensei que ela fosse mudar de ideia, a mulher
se levantou, limpou a boca com a mão e depois se deitou no banco
a minha frente, me fazendo balançar a cabeça e soltar um rosnado
frustrado, precisava gozar. Estava sentindo a tensão em todos os
músculos do meu corpo. Inferno!
Sorriu diabolicamente e começou a se acariciar na minha
frente, sem deixar meus olhos, vi suas mãos acariciando e puxando
o bico do seu seio. Seus gemidos eram um afrodisíaco louco para
meus ouvidos. Então, ela se sentou e abriu as pernas, vi sua boceta
toda molhada.
— Caralho, que delícia! — só o que consegui falar
completamente louco, preso ali sem poder fazer nada. Isso era a
pior tortura. Vi o exato momento que ela levou uma mão na boceta,
massageou o clítoris que devia estar inchado. Ouvir aquele
barulhinho me deixou louco, o cheiro da sua excitação exalou como
um perfume quando enfiou os dedos e começou a movimentar
dentro da sua boceta que estava escorrendo. Meu pau estava roxo
e latejando, não poderia sequer me tocar, só assistir Victoria se
masturbar na minha frente. Sabia que a partir daquele dia, não
esqueceria aquela imagem. Uma mão massageando o seio,
enquanto a outra estocava em sua boceta. A assistir ficar fora de si,
rebolando em seus próprios dedos sem deixar meu olhar me levou
ao limite da loucura e do tesão.
Ela estava estocando forte, desesperada querendo sua
libertação, então gemeu gozando e se curvando, fechou as pernas
em torno da sua mão e depois as abriu e olhou para a mão na
boceta.
— Ah que delícia, porra! — gemeu alto movimentando a mão
rápido, enquanto ouvia o barulho da sua boceta molhada imaginei
meu pau ali entrando e saindo em uma velocidade alucinante. Senti
o líquido escorrer pela cabeça inchada. Depois de ver o corpo dela
em espasmos, ouvindo sua respiração ofegante, ela se acalmou,
levantou-se e veio em minha direção. Passou os dedos molhados
do seu gozo na minha boca, chupei tudo como se estivesse faminto,
totalmente sedento por cada migalha que ela fosse me dar.
Sorriu maliciosa, os olhos grandes, os lábios tentadores,
caralho de mulher provocante. Com isso, saiu depois de selar
nossas bocas brevemente e morder meu lábio inferior.
— Agora que gozei divinamente, fui ao céu e voltei sob seu
olhar negro de desejo — pegou seu top e o vestiu depois de lavar
suas mãos, tirou os sapatos de salto e vestiu a calça e calçou o
tênis — vou indo, pois deixei um vinho gelando para comemorar o
dia de hoje, a minha vitória sobre você. Espero que tenha aprendido
a lição. — Se aproximou e me encarou seriamente — Nunca mais
deixe uma mulher sem gozar, meu querido. Saiba que criou um
monstro louco dentro de mim, sedento por uma vingança sórdida e
esse é o resultado, tenha uma excelente noite — falou pegando seu
celular e saiu sorrindo rebolando aquela sua bunda atrevida e
gostosa. Comecei a me mexer inquieto como se aquilo adiantasse,
como se conseguisse me tirar daquele lugar.
Ouvi seus passos cada vez mais se afastando, então ela
abriu a porta e saiu, não me deu chance de responder e me faltaram
as palavras. Estava muito contrariado, nervoso e puto com o que
aquela diaba fez, me deixou nu e de pau duro. A vergonha que seria
quando alguém entrasse, por mais que fosse a pior coisa do mundo,
queria que algum de meus amigos passasse por aquela porta.
Não sabia contar o tempo que fiquei ali, dei sorte que não
entrou ninguém, óbvio que já era tarde da noite. A maioria das
pessoas já havia ido embora, fiquei pensando se o pessoal da
academia entrava no vestiário para conferir algo ou limpar. Com
certeza alguém iria fazer isso e me encontraria nessa situação.
Caralho! Que vergonha da porra.
Fechei os olhos e abaixei minha cabeça, quando ouvi a porta
se abrir e duas vozes conhecidas tomarem conta do ambiente,
pensei no quanto seria caçoado. Pelo menos eram conhecidos
meus e poderiam me ajudar, quem melhor que seu melhor amigo e
irmão para fazer algo assim por você?
Theo foi o primeiro a me ver e parou de repente o que estava
falando com Kevin. Eles estavam mais próximos depois da viagem a
Miami, bem amiguinhos, saiam juntos e estavam malhando no
mesmo horário também. Os olhos azuis do meu irmão se
arregalaram e ele cutucou Kevin que estava falando como uma
tagarela. Kevin colocou a mão na boca parecendo estar chocado.
— Caralho, Ethan que isso?! — Kevin se aproximou sério,
preocupado até, enquanto Theo não se conteve e soltou uma risada
debochada — Cara, o que aconteceu?
— Preciso que primeiro peguem essa toalha em cima do
banco, por favor e arrume algo pra me tirar daqui sem causar alarde
nenhum — estava furioso, sabia que a cena para ele era cômica,
mas para mim não tinha graça nenhuma. Só queria sumir daquele
lugar e esquecer o dia de merda que tive.
— Minha nossa, Ethan, alguém entrou aqui e te assaltou? —
Kevin pegou a toalha enquanto Theo não parava de rir, ele ria cada
vez mais alto e até se abaixou segurando a barriga. Vi seus olhos
cheios de lágrimas, estava chorando de rir da imagem patética
diante dele. Inferno! Aquela diaba iria me pagar.
— Para de rir, porra! — Gritei nervoso, estava no limite e
precisava de uma bebida forte urgente.
— Vou ter que ir ao carro para pegar algo pra abrir essas
algemas, mas antes precisa contar como te prenderam aí ou melhor,
quem fez isso? — perguntou gargalhando e apesar da minha raiva,
acabei rindo de mim mesmo naquela situação embaraçosa e
constrangedora.
— Tudo bem, Theo você ainda me paga, mas como preciso
sair daqui, vou contar a vocês, quem me deixou aqui foi Victoria — a
boca deles faltou cair de tanto que ficaram chocados com a
informação.
— Mas, Ethan, o que você fez com aquela mulher para que
ela te prendesse aqui desse jeito?
— Porra! — Rosnei cheio de raiva por ter que contar a
covardia que fiz com a diaba na festa da La Femme — Naquela
festa da revista, me encontrei com ela no corredor e acabamos nos
pegando ali, nos beijamos e ela me deu um orgasmo fantástico, mas
como o bom idiota e covarde que fui a deixei sozinha sem gozar.
— O quê? — Kevin perguntou incrédulo como se tivesse feito
algo absurdo. — Você é doido? Deixou Victoria sem gozar? —
Passou a mão pelo cabelo e riu da minha burrice e covardia.
— Fui tão idiota e orgulhoso, antes ela tinha me provocado,
mas agi no impulso e sabia que depois ela iria me fazer pagar, mas
não fazia ideia que seria algo desse tipo.
— Ela é capaz de fazer isso e muito mais meu amigo, você
caiu na maior cilada da sua vida — Kevin que já a conhecia melhor
comentou.
— Inferno, eu sei, mas porra me tira logo daqui e parem de
ficar rindo da minha desgraça — eles se encararam e depois de
rirem mais, Theo saiu e foi buscar sei lá o que para tentar abrir as
algemas. Que vergonha ter de passar por isso, minha nossa. Ainda
bem que foram meus amigos que me encontraram daquele jeito.
Nem gostava de pensar se fosse alguém desconhecido, o
constrangimento seria maior.
Fiquei mais aliviado quando Theo voltou com uma chavinha
da sua caixa de ferramentas, e com muito custo conseguiu abrir as
algemas. Meus pulsos estavam vermelhos e doloridos pelo peso
que segurou meu corpo ali. Aquela mulher me pagaria, ela pensava
que iria sair impune disso tudo?
— Meu amigo, que enrascada se meteu com aquela mulher,
ela é vingativa pra caralho. Se está pensando em revidar, acho
melhor não brincar com isso — quando ele fechou a boca me
lembrei da foto que ela tirou, porra, tinha que admitir que a mulher é
inteligente e muito esperta.
— Sei disso, ela tirou uma foto minha assim, acredita? —
contei com raiva e apreensão, não sabia o que ela faria com minha
imagem.
— Acredito em tudo, Victoria é uma diaba, ela sabe manipular
bem as situações a seu favor, é estrategista, principalmente nesses
casos — salientou Kevin.
— Não é à toa que dirige a La Femme e é a única mulher no
meio daquele Conselho cheio de homens — meu irmão completou,
com toda certeza eles estavam cobertos de razão, ainda assim na
minha mente idiota, o certo seria me vingar dela e entrar num
joguinho sórdido e excitante, porque depois do que fez, sabia que
iríamos entrar em erupção e explodir a qualquer momento.
Vesti minha roupa, peguei minha mochila e pedi a Theo e
Kevin pra não contar nada a nossa turma de amigos. Mas sabia que
eles não iriam resistir a oportunidade de ficarem debochando da
minha cara. Assim que chegamos no bar encontramos Neo e a
turma ficou completa com Joshua e Chloe, eles começaram a soltar
algumas coisas.
— Vocês não imaginam como encontramos Ethan no vestiário
da academia — Kevin falou enquanto Theo explodia em uma risada
alta. Bebi meu drinque de uma vez, enquanto passava a mão
nervosa no meu cabelo.
— O que aconteceu, Ethan? Foi assaltado?
— Olha, antes fosse isso, mas foi pior! — respondi sem
graça.
— Como assim? — Chloe se curvou para frente curiosa.
— Entramos no vestiário e Ethan estava preso com algemas
na barra que tem para colocar toalha, roupas e afins — Kevin
relatou rindo e me fazendo rir também, afinal se fosse um deles,
estaria me divertindo do azar deles também.
— Quem o deixou assim? — Aquela era a pior parte da
história, a identidade da pessoa que me deixou daquele jeito no
vestiário da academia.
— Olha gente, não quero que falem quem, é melhor deixar
vocês confabulando — bebi mais um pouco e eles ficaram rindo.
Nada podia fazer contra aquilo, ri junto com eles. Mas me lembrei
que tinha de ir embora.
— Já vai? Como assim, queremos saber quem o deixou
preso — Chloe soltou indignada, mas não a contaria de forma
alguma e proibi Kevin e Theo de falar algo. Neo tentava arrancar
deles quem era, mas ele disse que imaginava quem seria e como
abutres todos falavam ao mesmo tempo querendo saber da grande
roubada que me meti por ser um completo babaca infantil.
— Fiquem especulando por que não vou contar e Kevin e
Theo também não, os ameacei quando estávamos vindo para cá,
então esqueçam — Neguei mais uma vez, fiz meus amigos
prometerem não revelar que havia sido Victoria que fez aquilo para
se vingar de mim.
Cheguei em casa e fui ver Luz, ela já estava dormindo, só
entrei e a cobri com o edredom. Depois de dar um beijo em sua
testa, segui para meu quarto, assim que me deitei ficando de cara
com o teto, bufei e soltei o ar que estava prendendo. A verdade é
que sentia como se o mundo estivesse em meus ombros, o tesão
acumulado, o prazer que me foi negado que se instalou ali desde
que Victoria me deixou daquele jeito na academia se instaurou. Me
sentia ainda mais louco para fodê-la, tentei flertar com alguma
mulher no bar, mas não consegui, porque aquela diaba me excitou
no nível máximo e só sabia pensar nela. A maciez de sua pele, o
perfume, suas curvas, a forma com que se tocou enquanto me
encarava e se perdia no prazer.
Caralho! Não iria conseguir dormir. Me virei de lado, mas não
aguentei ficar quieto. Me levantei e segui para a sacada do meu
quarto, fiquei observando a noite, mas minha mente voltava a
imagem de Victoria gemendo e estocando seus dedos fundo em sua
boceta. Como iria conseguir fazê-la pagar por aquilo? Sabia que se
fosse revidar, a gente começaria uma guerra. Será que estava
disposto a lutar contra a diaba vingativa e todo desejo insano que
ela me despertava?
Eu admito que é emocionante
Parte de mim meio que gosta disso
Mas antes que eu te conduza
Motive | Ariana Grande with Doja Cat
Depois de sentir a satisfação e prazer em deixar Ethan Roux
algemado no vestiário daquela academia, cheguei no meu
apartamento, tomei banho e vesti minha camisola de seda
vermelha. Fui à cozinha e peguei o vinho e enchi a taça, liguei o
som, como meu apartamento ficava na cobertura, não incomodava
ninguém. Coloquei Falling da Lauren Jauregui para tocar, uma
música que amava e estava na minha playlist de favoritos da vida.
Dancei com uma taça de vinho na mão, sentindo aquele calor
gostoso se espalhar pelo meu corpo. Fechei os olhos para
aproveitar melhor a música e desfrutar da minha companhia.
Há quem diga que ficar solteira é ruim, mas não vejo
desvantagens em ser livre. Logicamente que ter alguém é bom, tem
seus benefícios em estar em um relacionamento, no entanto isso
não é sinônimo, muito menos parâmetro de felicidade. Aprendi a
usufruir a minha solteirice da melhor forma possível, tirando não só
uma noite, mas várias só para mim. Desde que terminei com
Andrew vinha aprendendo mais sobre ser livre e me amar. Não é
algo que vem da noite para o dia, se olhar no espelho e dizer que se
ama é fácil. Mas ter amor-próprio é se aceitar sem reclamar do seu
cabelo, pele, corpo e seu jeito de ser. É amar e aceitar cada
pedacinho de você, até mesmo seus defeitos e imperfeições.
As músicas foram passando e aproveitei para dançar todas
sentindo meu corpo relaxar um pouco na medida que fui tomando o
vinho. Apesar de tudo que aquele homem estava me fazendo sentir,
fiquei satisfeita por conseguir ter me vingado dele daquele jeito.
Como pôde deixar uma mulher sem gozar? Isso não é algo que se
faça com ninguém, começou, seja homem e termine. Esperava que
ele tivesse aprendido a lição.
Sorri com a taça na mão, a coloquei na mesinha de centro da
sala de estar, já me sentia mais leve e o calor também se espalhou
pelo meu corpo deliciosamente. Dancei mais um pouco e depois fiz
uma porção de carne com fritas com molho de churrasco que
amava. Uma noite sem limitações e preocupações. Levei a garrafa e
o prato para a sala de TV, a liguei e já abri o Netflix. Rolei a tela de
início procurando um filme ou série que chamasse minha atenção.
Escolhi Felicidade por um Fio e embarquei na história da publicitária
que estava com problemas na vida amorosa e que começou uma
jornada de autoconhecimento e fase de mudanças no visual.
Gostei muito do filme e me lembrei da pauta que colocamos
relatos de várias mulheres negras que passaram pelo mesmo que a
personagem do filme. Pensar que havia milhares de mulheres
vivendo essa realidade todos os dias, a sociedade e a moda
impunham um padrão de estética e beleza. Desconstruir tudo isso
era um grande desafio e revolução, já que muitos ainda não
aceitavam e na própria indústria da moda, eles exigiam padrões de
corpo, cor de pele, tipo de cabelo. Isso na minha revista não existe
mais desde que me tornei chefe. Era uma luta com o Conselho e
tive de reformular todo o setor de produção de moda da La Femme.
Implementei palestras de conscientização, coloquei diversas
pessoas para entrevistar mulheres que passavam pelo racismo.
Ainda trabalhamos arduamente nisso, era um processo longo, já
que certos conceitos ainda estavam muito enraizados. Mas não era
impossível.
Quando terminou o filme, fui para o terraço e fiquei
observando a noite, deitada vendo aqueles pontos de luz no céu.
Por mais que o vinho tivesse me relaxado, ainda sentia algo se
agitando dentro de mim. Sabia que era aquele filho de uma puta do
Ethan, enquanto senti a adrenalina e o poder em vê-lo tão fora do
controle foi perfeito. Depois que saí de lá fiquei sentindo que queria
mais, na verdade o que queria mesmo era transar com ele. Sentir
suas mãos grandes me apertar contra seu corpo e deixar sua boca
me devorar. Mas, não podíamos atravessar essa linha.
Hoje senti e vi em seus olhos que aquilo era algo que não
podia acontecer entre nós dois. Pois, ele gostava de me desafiar e
provocar, amava fazer isso com o CEO, deixá-lo à beira da loucura.
Era excitante e viciante, mas também perigoso demais. Sentia que a
qualquer momento poderíamos nos render a toda aquela atração
louca que nos rodeava. Era algo visceral e que não entendia e nem
queria compreender.
Saí do terraço e fui para o quarto me deitar, custei a dormir e
só depois que usei o vibrador que a sexóloga da La Femme me deu
para testar, que consegui pegar no sono. A sensação de alívio
dominou e relaxou meu corpo, o brinquedinho fez seu trabalho
perfeitamente.
Só que aquilo não impediu que meu subconsciente trouxesse
Ethan para meus sonhos. Estávamos em uma sala de reuniões
lotada com diversos homens engravatados. Alguns rostos eram
conhecidos por mim e outros não. O CEO da Roux estava sentado
ao meu lado e enquanto Luke falava desesperadamente sem parar,
Ethan começou a passar suas mãos pelas minhas coxas ora
apertando-as, ora massageando suavemente. Então ele as separou
um pouco e enfiou sua mão em minha boceta, nisso fiquei sem ar e
quase soltei um gemido. Consegui me conter e quando ele começou
a mover seus dedos, podia apostar que só conseguia ouvir as
batidas do meu coração e o barulho dos seus dedos estocando em
minha boceta toda molhada.
A sensação que tinha era a de que ele ia se vingar e por isso
tentei tirar sua mão dali, mas Ethan, foi esperto e massageou meu
clitóris me deixando à beira da loucura. Engoli em seco e tentei
continuar atenta na reunião, mas só conseguia me concentrar no
orgasmo que estava se construindo em meu ventre. Quando pensei
que ele me faria gemer alto naquela sala, Ethan fez justamente o
contrário, simplesmente tirou sua mão me fazendo gritar de raiva.
— Ethan, seu miserável! — Só o que consegui ver foi sua
expressão espantada com aquele meu grito como se eu estivesse
louca.
— Que isso, Victoria, aconteceu alguma coisa? — ele
perguntou, então o fitei incrédula diante de todos e nisso acordei,
toda molhada, sentindo minhas pernas bambas e o corpo todo
arrepiado. Olhei para os lados e me dei conta de que não estava
naquela sala e havia sido somente um sonho, queria dizer um
pesadelo.
Respirei fundo e me sentei na beirada da cama, verifiquei a
hora no relógio do celular, vi que faltava exatamente trinta minutos
para meu despertador tocar. Por isso, decidi tomar um banho
relaxante, depois escolhi minha roupa tranquilamente para enfrentar
aquele dia. Teríamos que analisar todos os inscritos no concurso, o
dia seria longo. Ainda de roupão fui preparar meu café da manhã,
coloquei a cafeteira para funcionar e comecei a fazer meus ovos,
Aurora chegou.
— Bom dia, Srta. Fiore já se levantou? — Devia ter a
assustado, porque funcionava como um reloginho, todos os dias.
Esse horário era para estar saindo da cama ainda.
— Bom dia, Aurora, acabei perdendo o sono, então comecei
a me arrumar mais cedo. Está tudo bem? — Ela me fitou sem
entender.
— Estou ótima, mas vou me sentir melhor se me deixar
preparar seu café da manhã.
— Mas posso fazer isso, já liguei a cafeteira, o descafeinado
já está ficando pronto — naquele minuto a máquina apitou indicando
que havia terminado.
— Mas senhorita, deixe que os ovos eu faço, pode terminar
de se arrumar enquanto finalizo, o que acha?
— Tudo bem Aurora, pare de me chamar de senhorita, já
falamos sobre isso, não gosto de formalidades.
— Sim, senhori… — ela se engasgou — Victoria.
— Isso mesmo, Aurora, já está comigo há muitos anos e sabe
como sou.
— Sei sim, me desculpe.
— Está tudo tranquilo, vou terminar de me arrumar então e já
volto, viu se James já chegou?
— Sim, quando estava chegando, ele já estava na garagem.
— Ok, obrigada, bom trabalho! — ela assentiu agradecendo e
saí da cozinha, fui para o quarto, entrei para o closet e vesti a roupa
que separei mais cedo. Fiz uma maquiagem mais leve, ainda assim
elegante, escolhi os acessórios e a bolsa do dia. Organizei tudo que
tinha de levar ao escritório e recebi uma mensagem de Natalie.
Como sempre ela estava me lembrando da agenda do dia, já que
lançamos uma edição recentemente, já estávamos pensando nos
próximos tópicos.
Depois que peguei tudo, voltei para a cozinha, mas vi Aurora
arrumando a mesa no terraço. Então me aproximei, ela fazia seu
trabalho com muito gosto e boa vontade. Por isso ficava delicioso.
Sempre que fazemos algo de bom grado, o resultado é incrível. Por
ser uma mulher intuitiva percebo isso nas pessoas, quando fazem
por fazer, a gente percebe e me incomoda bastante.
— Victoria, está tudo pronto, pode ficar à vontade — Aurora
falou e depois voltou à cozinha.
— Obrigada, Aurora! — Me sentei à mesa e imediatamente
senti falta de ter meus irmãos comigo e como se soubessem, meu
celular tocou, Bella estava me ligando.
— Bella, que milagre é esse você me ligando tão cedo, está
tudo bem?
— Vic, estamos bem, não se preocupe. Só queria te dizer que
a Natalie ligou em nome do departamento de moda para uma
seleção. É isso mesmo? — Minha irmã pensava que por ser da
família iria dar moleza a ela, já está na hora de aprender que na
vida, tudo tem de ser conquistado com muita luta.
— Bella, daqui há alguns anos vai entender o motivo de tudo.
Mas, você é nova, tem muito para viver ainda, só precisa saber que
nada vem fácil. Quero que aprenda desde já que na vida,
principalmente de uma mulher, absolutamente tudo é conquistado
com muita determinação. Você vai passar por todo o processo
seletivo como as outras meninas passam, não terá tratamento
especial e tenho certeza de que vai conseguir pelos seus méritos e
não porque sua irmã conseguiu para você.
— Tudo bem Vic, se você está dizendo. Vou fazer tudo
conforme o protocolo e darei o meu melhor.
— Muito bem, se prepare e encare isso da melhor maneira
possível.
— Ok, mas você poderia dar uma forcinha — ela queria me
fazer mudar de ideia com aquela voz melodiosa, sorri de lado
enquanto bebericava meu café.
— Bom, você já sabe como vai funcionar, quando falo e
decido algo é isso e pronto. Não vou mudar de ideia e te colocar de
forma direta lá dentro do casting de modelos. — Tive que ser dura
com ela, por mais que fosse difícil, era a minha irmã, só que
precisava ver como as coisas funcionavam, na realidade mesmo.
— Ok, ok, ok. Vamos mudar de assunto então, está tudo bem
com você?
— Estou muito bem, mas ficaria ainda melhor se você der seu
melhor e não ficar com raiva da sua irmã aqui.
— Não se preocupe, estou procurando te entender e sei que
pensa sempre no melhor para mim.
— Isso mesmo, não se esqueça, agora vá estudar e cuide
bem da mamãe e do nosso baladeiro Peter.
— Ah ele saiu e chegou já era madrugada, ele pensa que não
escuto os passos no corredor.
— Preciso falar com ele, gostaria muito que viessem no
domingo para a gente almoçar juntos.
— A mamãe não vai querer ir, sabe como ela é e o quanto
tem estado estranha.
— Vou conversar com ela, fique tranquila — estava
preocupada com minha mãe, ela andava estranha demais e muito
misteriosa. Precisava estar atenta caso o ex-marido tivesse voltado
a falar ou procurá-la.
— Pode deixar, vamos cuidando dela, agora preciso ir, se não
chego atrasada no colégio.
— Isso mesmo, boa aula para você, te amo muito, Bella.
— Te amo mais, Vic! — Encerrei a ligação e terminei de tomar
meu café, fiquei pensando em tudo que se passava na minha casa
no Brooklyn. Bella iria se formar esse ano, estava com seus
dezesseis anos, apesar de ser adolescente era bem ajuizada,
pensei que seria a mais difícil. Peter com seus vinte anos já estava
na faculdade, ele gostava demais de farra. Apesar de não sermos
irmãos de sangue, quer dizer, Isabella e eu somos irmãs só por
parte de mãe, Peter não é meu irmão, mas sempre nos
consideramos. Gostava de poder estar ali para eles, os amava
muito.
Nova York
Selva de concreto onde são feitos os sonhos
Não há nada que você não possa fazer
Agora você está em Nova York
Essas ruas vão fazer você se sentir completamente novo
As luzes vão inspirar você
Vamos aplaudir Nova Iorque
Empire State Of Mind | Alicia Keys feat Jay Z
Dei uma olhada na minha agenda do dia e dos próximos,
devido ao concurso e a pauta da próxima edição da revista, estava
tudo cheio. Não teria descanso para nada e com isso, fui fazer a
higiene bucal, depois passei meu batom e saí me despedindo de
Aurora, agradeci o café maravilhoso de sempre.
Assim que cheguei na garagem, James já estava a postos,
ele sorriu de forma contida.
— Bom dia, Victoria! — Pelo menos o James com todo seu
respeito, me chamava pelo nome como havia pedido quando ele
começou a trabalhar junto comigo.
— Um ótimo dia para nós, James! — Sorri também para ele e
entrei no carro, ele fez o mesmo e já saiu da garagem pela West
End Avenue, no Upper West Side. Naquela região todas as
residências foram projetadas para a maneira que as pessoas vivem
hoje. Elas tinham proporções graciosas e uma rica materialidade,
pois havia uma grande interação entre o clássico e o
contemporâneo. Lembrava que escolhi meu apartamento por causa
disso e por lembrar muito as casas nos Hamptons.
A iluminação e toda decoração me transportavam para lá, era
muito gostoso além de ser meu sonho de menina conhecer os
Hamptons e hoje podia dizer que realizei o que queria. Esse era o
luxo que desejava conquistar, o único, na verdade. Não sou
hipócrita em dizer que não pretendia nada disso, mas também sou
ambiciosa e pretendia muito realizar esse meu sonho e me sentia
totalmente realizada.
Quando passamos pela Time Square observei o movimento
caótico e delicioso daquele local, um dos pontos turísticos mais
visitados de Nova Iorque. Gostava de ver a agitação das pessoas e
a empolgação com o lugar, alguns sorriam, os turistas e outros
estavam só passando, pois o dia estava correndo. Era bom observar
essa movimentação e perceber que temos pessoas de todos os
jeitos, cada uma com suas características e objetivos.
Depois que chegamos no prédio da La Femme, desci e
agradeci a James que deixou claro que ficaria a disposição como
sempre. Às vezes ele ajudava Natalie, pegava algumas coisas que
precisava e levava também. O departamento de moda sempre tinha
algo a ser buscado fora da revista, roupas, sapatos ou acessórios,
Anthony trocava peças com outros estilistas. Pagava James bem
para ele também nos ajudar com todos aqueles outros trabalhos e
ele fazia tudo muito bem, enquanto desviava das flechadas que
minha assistente dava na direção do coitado.
Sorri ao passar pela porta giratória, encontrei-me com Laura,
ela estava como sempre com o celular na mão, fazendo algum
story. Minha amiga amava tecnologia e estar conectada é uma das
coisas que mais gostava.
— Victoria, vi que hoje vamos iniciar a seleção do concurso,
acredita que havia me esquecido?
— Ah sim, vi na agenda mais cedo essa reunião, temos tanto
trabalho para os próximos dias.
— Só consigo pensar que no fim desses dias, quero muito
sexo e uma hidromassagem — rimos juntas enquanto entramos no
elevador, as portas estavam se fechando e alguém gritou. Coloquei
a mão para ajudar e Natalie entrou desesperada com o cabelo todo
bagunçado.
— Meu Deus, acredita que me atrasei?
— Percebi mesmo, você geralmente chega sempre antes da
gente — falei me referindo a mim e Laura. Natalie chegava mais
cedo e já deixava tudo pronto na minha sala e na de reuniões.
— Acordei no horário, mandei a agenda da Victoria e depois
apaguei, só lembro de acordar e cair da cama ao ver a hora —
rimos enquanto ela passou as mãos no cabelo ajeitando-o, depois
pegou o batom na bolsa e se virou para usar o espelho do elevador.
Passou enquanto dizia que atrasou porque estava sonhando que
James a deu mais orgasmos que poderia contar. Não pude conter a
risada alta que dei, coloquei a mão na boca para me conter. Laura
se debateu.
— Deixe o homem em paz, ele já é meu — rolei os olhos e
decidi cortar o barato das duas.
— Ele não é de ninguém e vocês nem sabem se ele já tem
dona ou dono! — elas se rebelaram comigo.
— Não é possível que seja comprometido, não usa aliança,
esse trabalho não dá tempo de ele namorar, coitado! — Natalie falou
passando blush e iluminador — Não me olhe assim, Vic! Me atrasei.
— Claro, estava tendo um sonho safado com meu motorista.
— Caralho, não enche! — respondeu revoltada e sorri
sabendo que a irritei. Assim que o elevador apitou, ela já estava
pronta para começar o dia, as portas se abriram e entramos na
caótica redação. A correria daquele ambiente era tudo na minha
vida. Sorri para começar meu dia, passamos pela recepção e fomos
cumprimentando todos. A agitação estava geral, alguns sorriam e
outros estavam concentrados em seus trabalhos. Observei o painel
de ideias e vi que Thony já começou a pensar em algo para a
próxima edição.
— Bom dia, equipe La Femme! — Parei no meio da enorme
sala que todos dividiam e chamei a atenção para mim com a mão
pedindo um minutinho da atenção deles. — Primeiramente obrigada
por tudo, o sucesso da revista é nosso, não é só meu e sim de todos
nós como equipe. Segundo, a festa estava simplesmente perfeita.
Terceiro, vamos para a sala de reuniões, temos uma nova edição
para montar, todas as ideias são bem-vindas — assim que finalizei
estavam todos pegando seus tablets e agendas e seguindo para
sala de reuniões, enquanto Natalie corria de um lado para o outro
organizando as coisas. Entrei na minha sala, coloquei a bolsa no
armário depois de deixar meu notebook na mesa e o celular. Peguei
o tablet e segui para sala de reuniões, Nat já havia dado conta de
tudo junto com Rayra.
A reunião durou quase a manhã toda, a tarde me reuni com o
Conselho e Bennett. Luke Saints foi o primeiro a chegar e quando a
reunião começou ele não parava o seu discurso sobre cancelar a
revista física. Quando Bennett tomou as rédeas da reunião,
apresentou uma cópia do meu contrato com o Sr. Brown. Ele havia
marcado a cláusula que dizia sobre as condições em manter a
revista física.
— Então precisamos que o financeiro apresente um relatório
de todos os gastos e ganhos da revista no geral — Luke falou assim
que Ben se calou.
— Já temos os relatórios prontos, me atentei a isso e
providenciei junto ao financeiro — Natalie entregou uma cópia a
todos os membros, assim como tinha enviado em seus e-mails — A
situação da La Femme tanto on-line como física está indo bem,
apesar de termos o digital forte hoje, precisamos de levar em conta
que a versão impressa ainda era muito bem vendida e segue sendo
uma das mais procuradas do país.
— Tenho que concordar, o advogado do Sr. Brown está
sempre de olho nisso?
— Obviamente que sim, ele não está presente nas últimas
reuniões, mas estamos passando tudo o que anda acontecendo. Ele
recebe relatórios mensais.
— Ok, então vamos seguir com a revista física, já que não
podemos fazer mais nada — Luke falou estarrecido dando de
ombros, agradeceu e se retirou. Assim curto e grosso, pois algo não
saiu como ele queria e esperava. Finalizamos a reunião e
marcamos a próxima para quinze dias depois, Ben e eu
comemoramos que deu tudo certo. Tinha de confessar que fiquei
tensa com aquela reunião, sabia que Luke faria pressão e
começaria a falar sobre os gastos e tudo mais. Na verdade, ele
queria investir em outra revista do editorial da Brown Enterprises.
Fiquei um intervalo bom lendo meus e-mails e vendo temas
para trazer na próxima edição com Rayra. Ela iria escrever sua
primeira matéria e gostaria que fosse algo importante para nossas
leitoras e para ela também. Havia tópicos essenciais que ainda não
falamos na revista como a rivalidade feminina, tanto dentro do
âmbito profissional como fora dele. Além disso, entrava também
outras questões como preconceito com o próprio gênero. Então
eram temas totalmente delicados de lidar, por isso escrever sobre
eles não seria fácil, mas Rayra estava indo bem e conversando com
ela, percebi que tem uma mente aberta para tudo. Isso era
importantíssimo.
Depois de algumas horas discutindo temas relevantes com
Rayra e a equipe de moda, segui para a última reunião do dia.
Começamos falando do sucesso da repercussão do concurso de
designer de sapatos. Éramos uma voz forte na sociedade e até
mesmo no mundo, então chamamos atenção a tudo que
promovemos e nos comprometemos a fazer. Fiquei muito feliz que
aquela ideia deu certo, começamos a olhar os inscritos e um em
especial me chamou muito a atenção: Valentim Griffin. Os desenhos
eram precisos, mas delicados, elegantes, lindos e parecia que
dariam sapatos confortáveis também, já fiquei ansiosa para receber
todos prontos.
— Minha nossa! Alguém se lembra quem trouxe a inscrição e
a pasta dele? — perguntei curiosa.
— Não me lembro, mas têm os dados de telefone dele na
ficha, Victoria — Natalie me respondeu.
— Ok, vamos entrar em contato, olha isso aqui! — Natalie e
Laura se aproximaram e ficaram chocadas, como eu, com a aptidão
daquele designer. Senti algo se agitar dentro de mim, não sabia bem
o que, mas queria descobrir logo o autor daquele talento todo.
Oh, meu Deus, não posso acreditar
De todas as pessoas do mundo
Quais são as chances de eu saltar da minha vida
Para os seus braços?
Talvez, amor, eu esteja enlouquecendo
Porque isso é um problema, mas parece certo
Oscilar entre o limite do céu e do inferno
É uma batalha que não consigo lutar
Oh My God | Adele
Depois da reunião com Kevin e Theo, Neo entrou eufórico na
minha sala, sem nem mesmo bater. O safado sabia que era o único
que podia fazer isso, estava concentrado atualizando as planilhas.
Atrás dele chegou também Joshua que estava à frente do
pseudônimo.
— Você não acredita na novidade que temos para te dar! —
Joshua falou empolgado.
— Prepara que teremos que arrumar um sapateiro! — Neo
afirmou com a voz animada.
— Falem logo! — Pedi aflito para saber de imediato.
— Você passou para a segunda fase do concurso! Ao que
tudo indica, estão todos encantados com seus desenhos. —
Levantei-me de uma vez e sentei, coloquei a mão na boca sem
poder acreditar. Passei a mão pelo cabelo mais uma vez naquele
dia, estava ansioso para saber se iria conseguir. A resposta que
tanto ansiava chegou me deixando com um misto de emoções. Algo
que nunca havia sentido antes, não sendo CEO da Roux.
— Parabéns, cara! — Neo veio me parabenizar e o abracei
emocionado.
— Obrigado, meu Deus! Não estou acreditando! Joshua, meu
amigo, que loucura!
— Você merece muito! — Trocamos abraço também e tapas
nas costas.
— Nós merecemos, sabe que não conseguiria se vocês não
estivessem comigo!
— Mas os seus desenhos que te levaram para a segunda
fase do concurso! — Joshua disse e ainda contou — Sabe que
Thony, o gerente do setor de moda da La Femme ligou para Chloe e
fez um interrogatório sobre o Valentim?
— Como assim? — perguntei pegando o telefone para pedir
a Sra. Fidelis que trouxesse gelo para a sala. Joshua esperou que
encerrasse a ligação para continuar.
— Ele sabe que sou marido dela, Chloe já foi modelo, ela e
Anthony ou Thony como eles o chamam na revista são muito
amigos ainda. E quando ele viu meu nome como representante do
Valentim Griffin, não pensou muito e ligou para ela, com toda
certeza. Eles estão curiosos para saber quem é o designer de
sapatos por trás do Valentim.
— Minha nossa, será que podem descobrir antes do
concurso acabar? — Me senti nervoso, o coração acelerado e um
frio no estômago.
— Há chances que sim e não, pois não colocamos seu nome
lá, só não deveríamos ter colocado nenhum de nós como o
representante do Valentim, pois agora já sabem que sou só a
pessoa que ficou responsável pelo pseudônimo — Joshua salientou.
— Nisso cometemos um deslize — Neo soltou dando socos
no ar.
— Verdade, mas pode deixar que vou saber fugir de toda
essa perseguição, Chloe não vai dizer nada, apesar de ser muito
amiga de Thony, ela já me falou que pode contar com a lealdade
dela. Só deixou claro que uma hora eles vão descobrir, pois Victoria
é persistente.
— Isso é verdade, pelo pouco que a conheço, quando coloca
algo em mente, nada tira — ponderei mordendo o lábio inferior.
— Segundo Chloe, ela está curiosa e completamente
encantada com seus desenhos de sapatos — Joshua revelou com
orgulho, enquanto ouvia alguém bater à porta. Pedi que entrasse,
então a Sra. Fidelis entrou com um balde de gelo e o champanhe.
— Sr. Roux, vou deixar aqui na mesinha, deseja que os
sirva?
— Muito obrigado, Sra. Fidelis. Mas pode deixar que fazemos
isso — ela assentiu e saiu da sala depois de pedir licença.
— Vamos comemorar, ainda é cedo para saber se Victoria
pode ou não descobrir quem na verdade é Valentim. O plano está
dando certo, por enquanto é melhor nos prender a isso e você deve
fazer 4 desenhos exclusivos para passar para a próxima etapa.
— Ah, então tenho que me dedicar a esses desenhos, vou
deixar que cuidem do nosso segredo.
— Pode ficar despreocupado, faça seu trabalho
tranquilamente — Neo falou enquanto me levantei e preparei nosso
drinque.
— Então vamos brindar! — Levei as taças para eles que se
levantaram, erguemos e fizemos o brinde sorrindo.
— Ao sucesso do Valentim! — Joshua exclamou animado e
até poderia dizer que orgulhoso.
— Mas acima de tudo ao seu, que você possa seguir seu
caminho de verdade! — Neo completou sorrindo.
— A vocês também que me apoiam! — Bebemos um pouco e
depois seguimos falando de outros assuntos. Então me lembrei que
teria de buscar a Luz na escola. Liguei para a Sra. Fidelis e pedi que
chamasse o motorista, já que bebi, não iria dirigir. — Vou indo,
Joshua, obrigado por tudo! — Trocamos aperto de mãos e ele se
despediu do nosso amigo. — Neo, obrigado você também. Enfim,
sem vocês não iria conseguir, nem sequer teria pensado nisso.
— Não tem de que, vou ficar mais um pouco antes de
encerrar o expediente, tenho algumas coisas para fazer. Dê um
beijo na Luz por mim!
— Pode deixar, até amanhã! — Joshua e eu saímos e
agradeci a Sra. Fidelis que também liberei para ir embora, já que
estávamos indo. Quando chegamos no estacionamento do hotel,
Joshua seguiu para seu carro dizendo que ainda iria buscar Chloe,
pedi a ele que a agradecesse. Sabia que ela também estava me
apoiando, guardando o segredo sobre quem é o Valentim.
No carro indo buscar Luz, fiquei pensando no quanto tudo
podia mudar quando decidimos nos dar uma chance. Não imaginava
que poderia ter a chance de mostrar ao mundo o que realmente
gostava de fazer. Pensava que isso seria impossível, não tinha
esperança de que algum dia, meus desenhos chegassem tão longe.
Pois para mim, ter passado para a segunda fase de um concurso da
La Femme já era uma vitória.
Observei o movimento de Nova Iorque, essa cidade não
parava nunca, seja de dia ou de noite, estava em constante
agitação. Manhattan é frenética, com muitas pessoas nas ruas,
milhares de restaurantes, centenas de hotéis e, claro, muitos
passeios para fazer. Por isso, a movimentação todos os dias era
grande.
Quando chegamos na escola de Luz, desci do carro, escorei
na porta e fiquei esperando-a. Sabia que em alguns minutos ela iria
sair, pois tinha visto outras crianças saindo e se despedindo da
professora. Assim que vi seu cabelo loiro reluzindo, sorri e meu
peito se encheu de amor que sentia pela minha afilhada. Sabia que
nunca ocuparia o lugar de seus pais, mas queria pelo menos chegar
perto e ser seu escudo protetor e de amor. Minha maior missão é a
felicidade dela, Luz era tudo que tinha na vida e como seu próprio
nome dizia, ela veio para iluminar a família Roux.
— Padrinho, você veio me buscar! — Assim que seus
olhinhos azuis me fitaram, a boca dela se estendeu em um sorriso
lindo, tomado de felicidade.
— Prometi que viria buscar minha Luz, não foi? — Ela correu
para meus braços e pulou, a peguei no colo e rodamos juntos aos
sorrisos. Senti seu cheirinho e ver sua alegria por ter ido buscá-la
era tudo para mim.
— Minha pequena, como foi a aula?
— Estava chata demais hoje, só pensava nesse momento —
confessou mexendo no cabelo.
— Ah meu Deus, ainda bem que chegou a hora de ir embora
então! Mas não teve nada de interessante na aula?
— Teve poucas coisas interessantes, mas quero saber
mesmo se vai me levar para passear!
— Ah minha linda, isso será surpresa, vamos ver se
consegue adivinhar aonde vamos hoje?! — Luz sorriu empolgada e
a desci do meu colo, dei a mão a ela e seguimos para o carro, pois
havia corrido para pegá-la em meus braços.
— Você gosta de esconder as coisas de mim, padrinho — a
menina falou ao entrar no carro.
— Adoro, é bom surpreender minha pequena!
— Ah não, pare de me chamar de pequena, já estou bem
grandinha! — chamou minha atenção franzindo a testa e cruzando
os braços como se estivesse muito brava. Algo que sua mãe fazia
desde pequena quando ficava irritada com alguma coisa, era incrível
como Luz se parecia com a mãe, alguns traços são do pai. Mas ela
era todinha a Olívia e achava que por isso quando estava com a Luz
me sentia mais próximo da minha irmã.
— Nossa John, podemos ir mais rápido? — Luz com toda sua
impaciência e curiosidade apressou o motorista.
— Vou fazer o possível, mas o trânsito está caótico na
direção que estamos indo.
— Ok, o jeito é esperar, minha pequena. Vamos falar do que
você pretende comer, sei que é sempre muito decidida, só que terá
muitas opções.
— Ai titio, sabe que amo um hot-dog e gosto de muito molho.
— Então vamos comprar e pedir muito molho como você
gosta, depois do passeio seguiremos para casa, sabe que sua avó
sente sua falta, precisa passar um tempo com ela também.
— A vovó sai muito, padrinho. Ela não para em casa.
— Nisso tenho que concordar com você, têm dias que nem a
vejo.
— Você sente falta dela? — Nossa, a pergunta dela me
deixou sem palavras, só me restou virar para o lado e responder.
— Sinto, mas sei que é uma mulher ocupada, seu padrinho
também é, mas saiba que nunca vou deixar você sozinha está bom?
— Bom saber disso, porque nem eu vou te deixar sozinho,
padrinho — mais alguns minutos passaram e chegamos no Central
Park. Pedi a John para parar próximo ao local e mandei Luz fechar
os olhos. Quando saímos do carro, já podíamos ouvir a música
mesmo estando ainda a metros de distância. Seguimos para o local
e quando chegamos, pedi que abrisse os olhos e ela gritou feliz por
ter a levado ali. Minha sobrinha estava louca para vir a esse
Carrossel do Central Park.
— Meu Deus, padrinho! — Pulou de alegria o que me fez
sorrir ao ver sua felicidade. Viveria só para arrancar sorrisos dela e
toda essa alegria que a deixa ainda mais linda. Passamos dias
difíceis demais e ainda estávamos sofrendo pela dor da perda,
minha preocupação maior era que ela estivesse bem.
Luz ficou muito empolgada, já queria montar nos pôneis do
carrossel, então nos aproximamos. A música ficou mais alta, o
antigo carrossel era muito bonito. Uma das moças atendentes que
estavam ali chegou perto e fiz o pagamento, o brinquedo parou e a
coloquei sentada no pônei. Seu sorriso poderia iluminar tudo ao
nosso redor, peguei o celular para fazer vídeos e fotos dela ali. A
minha pequena fotogênica como era, acenou para todos os cliques
que dei dela. Depois paguei para andar com ela e fizemos selfies
juntos, ela se divertiu até se cansar.
Depois a levei para comer o seu tão esperado hot-dog com
muito molho. Me sentia muito feliz em poder proporcionar a ela
momentos divertidos e relaxados, só queria vê-la assim. Logo após
devorarmos o pão com salsicha e mostarda, fomos para casa,
quando chegamos minha mãe não estava, já sabia onde se
encontrava, com certeza em algum dos muitos compromissos
sociais. Assim que entramos Abigail já foi nos receber.
— Boa noite! — Ela nos cumprimentou com a educação e
simpatia de sempre.
— Oi, Abi, não sabe onde fui depois da escola! — Luz falou
sorrindo toda elétrica ainda pelo passeio que fizemos.
— Aonde? Que tal me contar tudo enquanto vamos para o
banho?
— Isso mesmo, vai lá e conte tudo para a Abigail — reforcei
— mas antes, acho que mereço um beijo — Me abaixei para ganhar
seu beijo e abraço, acenei para Abi que subiu com a menina
eufórica ainda, falando sem parar.
Resolvi ir para meu quarto, tomei um banho que me relaxou e
fui ver meus desenhos. Teria que desenvolver a arte e esboçar mais
quatro croquis, para isso precisaria de inspiração. Então peguei os
fones de ouvido e escolhi minha playlist especial no aplicativo de
músicas. Gostava de todo tipo de música, mas as antigas me
deixavam ainda mais inspirado. Não sei por qual motivo, aceitei uma
sugestão de música que o aplicativo estava indicando, assim que
comecei a ouvir me lembrei de Victoria e a imaginei dançando.
Fechei os olhos e conforme a sua imagem se formou em
minha cabeça, pude visualizar o que a diaba estava calçando e
dando vazão àquela cena dela dançando somente de lingerie e
aquele sapato, comecei a esboçá-lo. Abri meus olhos e aumentei o
volume da música, deixando que o toque ousado e sexy me
guiasse. Mas por qual motivo, aquela mulher sempre tinha que
voltar aos meus pensamentos e dominar tudo?
Garota, você é como ninguém (não)
Você realmente não tem complexo (não)
Você torna tudo tão intenso (sim)
Você me puxa até eu ficar obcecado
Body | Rosenfeld
Ainda que meu corpo desejasse muito Victoria, precisava
acabar com aquela obsessão. Com isso em mente, saí para me
divertir no final de semana antes da reunião que teríamos na
segunda com ela no escritório dos Hotéis Roux. Depois que deixei
Luz dormindo tranquilamente saí e peguei um táxi junto com Theo,
já que iriamos nos juntar a Neo e Kevin.
— Você está animado, diria até que ansioso! — Meu irmão
comentou sorrindo de lado.
— Ansioso, mas não ousaria dizer que estou animado, na
verdade, preciso me desestressar.
— Necessita, a gente sente a tensão fluir de você, não vai
pirar. Sei que passei algum tempo fora em Miami, mas estou de
volta. Vamos nos ajudar a cuidar da Luz, sei que você se preocupa
muito com ela.
— O bem-estar dela é o que mais me importa, sou o padrinho
e desde que perdemos a Oli, não sei, sabe. Me sinto tão
responsável por ela, não quero que nada falte a nossa pequena,
muito menos amor.
— Na verdade, você não quer que ela passe pelo que
passamos — Theo e eu já falamos algumas vezes sobre a situação
com a nossa mãe.
— Isso — o fitei e ele segurou seu olhar no meu sabendo
tudo que já vivemos com nossa mãe. Com Theo ela conseguia ser
ainda pior, totalmente indiferente ao que ele iria fazer. Nunca ficou
interferindo no que ele queria estudar e no que pretendia trabalhar.
Na verdade, esse peso ficou todo em mim, que sou o filho homem
mais velho como ela dizia.
— Mas vamos esquecer isso, pelo menos essa noite,
aproveite e relaxe.
— Está certo, temos que nos entreter um pouco, faz muito
tempo que não saio assim. Claro que das outras vezes que saímos
tentei me divertir, mas não consegui.
— Hoje você vai! — Com isso, encerramos o papo, mais
alguns minutos e chegamos na balada que Neo nos chamou, Kevin
iria nos encontrar lá dentro, pois já havia chegado. Mandei
mensagem e ele falou onde estava, claro que fomos a outra boate,
já que na Houses tinha muita gente conhecida. A Beats já possui um
movimento mais diversificado com menos pessoas que já
conhecemos, não corremos risco de esbarrar em alguém que não
queríamos ver.
Depois de passar pela fila, entramos e seguimos para a área
que Kevin falou que estava. O avistamos conversando em uma roda
de mulheres, ele não perdia tempo, estava cheio de graça com uma
morena. Quando ficamos na sua linha de visão, ele apontou para
nós, Theo e eu acenamos para ele.
— Meus amigos chegaram! — Se aproximou e trocamos
tapas nas costas e aperto de mãos. A música alta do lugar e as
luzes envolviam todos na pista, mas ali estava mais tranquilo, pois
as pessoas estavam em grupos conversando e dançando mais
devagar. — Esse é Ethan e o irmão dele Theo! — Apontou para mim
e depois para meu irmão que estava achando tudo maravilhoso.
— Olá, meninas! — falei sorrindo de lado, fazendo charme e
recebendo olhares de aprovação. Logo Neo chegou trazendo
bebidas nas duas mãos.
— Chegou quem estava faltando! — afirmou enquanto
entregava o copo a cada uma das meninas.
— E aí, Neo? Está dando um de garçom essa noite? — Meu
amigo estendeu os lábios de lado em um meio riso.
— Só fui gentil com as meninas, vamos aproveitar a noite
meu amigo! — assenti e vi que Theo já estava totalmente à vontade
conversando com uma das amigas de Kevin. Enquanto a pista mais
à frente de onde estávamos fervia em um ritmo completamente
diferente, que já tinha ouvido antes, algo com uma batida envolvente
e até diria que gostosa, assisti algumas mulheres rebolando e
descendo até o chão.
— Conhece o famoso funk do Brasil? — Neo me perguntou
enquanto fomos ao bar para pegar bebida para mim e Theo que
pediu vodca com muito gelo. Fiz nossos pedidos e escorei no balcão
elegante de pedra cinza.
— Já ouvi, mas muito pouco, quer dizer, só nessas boates
mesmo — respondi a Neo.
— É muito bom, gostoso e muito ousado, diferente do que
estamos acostumados por aqui.
— Olha havia me esquecido do quanto Kevin é conhecido
pelas mulheres. — Mudei de assunto de repente.
— Na verdade, ele tem mais amigas que amigos.
— Sim, sei que amigos de verdade somos nós, mas cada vez
que saímos assim me surpreendo com o tanto de mulheres que ele
conhece.
— Algumas são amigas dele e outras ele foi conhecendo por
aí, sabe que o homem não sossega.
— Ele bem que tentou antes — iria dizer o nome da diaba,
mas o bartender chegou e nos entregou nossas bebidas.
— Olha Ethan, aproveite a noite como merece, você precisa
dar uma relaxada.
— Pode deixar, meu amigo.
Concordei com ele e voltamos para a rodinha cheia de
mulheres, comecei a conversar com uma morena muito linda que
era engenheira civil como Kevin. Neo se envolveu em um papo com
a loira e Kevin já estava na pista dançando com a outra morena da
turma. Theo era o único que saiu da nossa rodinha e já estava
beijando outra mulher na pista.
— O que você faz Ethan Roux? Seu sobrenome, na verdade,
não me é estranho — a morena me perguntou.
— Sou CEO dos Hotéis Roux, conhece? — joguei a pergunta
para ela enquanto tomava um pouco da minha bebida sem tirar os
olhos da boca da mulher.
— Já ouvi falar na mídia e já vi na revista La Femme! — Ah,
claro, ela era uma leitora da revista feminina mais vendida.
— Que interessante, mas me diga, Hellen, o que mais gosta
de fazer quando vem em um lugar como este, ficar conversando ou
prefere dançar?
— Os dois, mas, na verdade, nesse momento gostaria de
dançar com você na pista, o que acha? — perguntou com um
sorriso lindo e sedutor, não havia como recusar um pedido assim.
— Uma ideia maravilhosa — a puxei pela mão e nos
enfiamos no meio dos corpos dançantes e de forma sensual ela
dançou colada ao meu corpo. Fechei os olhos e me entreguei à
música sexy que estava pulsando pela boate.
Tentei afastar as lembranças de Victoria dançando, mas
comecei a enxergá-la no lugar da morena à minha frente, pois ela
fez o mesmo que vi a diaba fazendo com aquele homem na pista de
dança da Houses. Porra! Hellen se esfregou contra meu corpo, senti
suas mãos em meu pescoço e seu rebolado gostoso fazendo todo
meu corpo esquentar e o desejo tomar conta de forma voraz. Mas
quando abri os olhos e me dei conta de que não era a Victoria, fiquei
assustado, só que não tinha como fugir.
A morena entendeu que desejava beijá-la, então mordeu meu
lábio inferior e sem pensar em mais nada, tomei sua boca na minha
de forma selvagem e voraz tentando esquecer a outra mulher que
povoava minha mente, meu corpo. Inferno! Era uma diaba louca que
me atormentava, já tinha que parar.
Depois do nosso beijo, dançamos e bebemos mais enquanto
aproveitamos um ao outro e quando nos cansamos a levei para o
Hotel Roux. Já tinha um quarto pronto esperando por nós, como
havia pedido e no calor e tesão do momento a tomei contra a porta
do quarto assim que entramos. Estava sedento por tudo que a
mulher poderia me dar e principalmente por me fazer esquecer de
todos os meus tormentos.
Logo após a rapidinha que demos contra a porta, seguimos
para a cama e assim que a joguei nela, fiquei confuso vendo ali
outra mulher. Balancei a cabeça para afastá-la da minha mente
naquele momento, então terminei de tirar a cueca e peguei a
camisinha no bolso da calça e coloquei no meu membro já duro.
Mas a diaba não saía da minha mente, com isso, me aproximei da
Hellen e a penetrei pensando na Victoria. A imaginando ali, como
seria sentir sua boceta quente e molhada, sedenta por mim. Com
aqueles pensamentos gozei, enquanto ouvia os gemidos altos da
mulher à minha frente me dando conta de que não era a mulher que
estava em meus pensamentos.
Idiota. Mil vezes idiota que eu era! Porra.
Na segunda-feira já estávamos a postos na sala de reuniões
esperando Victoria e sua diretora de marketing chegar. Claro que
ainda faltavam alguns minutos e ela havia avisado que estava a
caminho. Tentando esquecer todos os meus problemas, saí aquela
noite para me distrair e o fiz, mas meus pensamentos. Ah! Eles me
traíram e voltaram para a provocadora.
Enquanto Neo não parava de falar com Theo sobre as
estratégias, minha mente voou longe para o dia que quase nos
rendemos um ao outro naquele corredor na festa de 50 anos da La
Femme. Nada podia ter me preparado para o furacão que Victoria
era, será que não conseguiria tirá-la da minha mente?
Como se estivesse ouvindo minha mente fervilhar, a diaba
entrou na sala pedindo licença e dando bom-dia. O perfume gostoso
e completamente marcante invadiu toda a sala de reuniões assim
como sua presença determinada e sexy. Toda aquela sua
autoconfiança é um afrodisíaco assim como sua boca atrevida e
pronta para afrontar qualquer um.
— Bom dia, Sr. Roux! — A voz aveludada ao dizer meu
sobrenome de forma até mesmo debochada não me passou
despercebida. Essa era a primeira vez que nos víamos depois do
episódio na academia. A minha vontade era de arrancar aquele
sorriso vitorioso e cheio de prazer do seu rostinho tão bonito.
— Olá, Srta. Fiore, fique à vontade. Já estávamos a
esperando — ela se sentou na cadeira próxima a minha da ponta.
Enquanto sua assistente e a diretora de marketing se sentaram ao
lado dela, ficando de frente para Neo e Theo que já estavam
babando nas mulheres. Caralho! Seriam longas as próximas horas.
Captei o exato momento em que Victoria cruzou suas lindas
pernas sem deixar meu olhar. Para piorar a situação ela estava com
um vestido colado ao seu corpo curvilíneo, não era tão curto. Mas
quando ela se sentou, o tecido subiu um pouco exibindo parte de
suas coxas. Suspirei e soltei o ar tentando me controlar e o caralho
entre minhas pernas que não podia ver a diaba que já se
assanhava.
Dei início a reunião tendo Victoria muito atenta a tudo que
falei, depois passei a palavra para Theo que iria apresentar suas
ideias. Sentado ao lado da diaba vi pelo canto do olho que ela
estava atenta a tudo que meu irmão dizia. Ele estava revelando a
ideia sobre uma mulher viver a primeira experiência nos nossos
novos hotéis em Paris e na Grécia. O intuito era justamente gravar a
primeira hóspede desfrutando do melhor lazer que os novos hotéis
Roux iriam oferecer.
— Então, precisamos que se possível nos ajude a pensar em
alguém para viver essa experiência. Mas antes precisamos saber da
opinião de vocês sobre essa ideia — Theo afirmou, fazendo todos
se mexerem em suas cadeiras.
— Gostei muito da proposta, Theo. Os vídeos curtos são os
que estão em alta, para publicidade dos Hotéis Roux vai ser
maravilhoso. É interessante levar uma influencer também para que
viva a experiência e filme tudo em tempo real pelo story no
Instagram — Laura sugeriu, ela entendia muito, assim como o meu
irmão, mas estava há mais tempo no mercado.
— Pensamos nisso mesmo, mas para os vídeos que serão
promovidos junto à revista on-line, queremos contar essa
experiência. Assim como queremos algo como uma entrevista ou
relato dela na revista física com imagens do hotel em Paris e Grécia
— revelei e Theo concordou.
— Podemos fazer isso, vocês têm duas páginas na física e
podemos promover os vídeos no on-line e ampliar o conteúdo para
todas as nossas redes sociais — ouvi Victoria falar com seriedade.
— Então, vamos fechar assim? Os vídeos no on-line e a
publicidade na versão física?
— Sim, quanto a indicação, podemos pensar em alguém
famoso.
— Queremos uma mulher que seja influente e poderosa na
sociedade, na verdade pensamos em você Victoria — Theo já disse
de uma vez, sabia que ela podia negar depois de tudo que fez para
se vingar de mim, não tinha como pensar que iria fazer isso.
— Bom, fico honrada com o convite, mas preciso pensar,
tenho uma agenda cheia e não sei se conseguirei me ausentar
assim.
— Não se preocupe, pode pensar com calma — falei a
fitando, me sentindo totalmente tentado pela presença daquela
mulher, deixei que minha mão agisse por debaixo da mesa. Apertei
e acariciei suas coxas que instintivamente se abriram para mim.
Queria sorrir naquele momento, pois isso tinha sido a prova de que
seu corpo me desejava. Ela sempre gostava de provocar, então iria
entrar no seu joguinho, minha mão subiu mais e notei que a diaba
estava sem calcinha. Contive a vontade de rosnar um sonoro
caralho. Quando a olhei de lado, vi que estava se segurando
também, inferno! Queria mandar todos saírem dessa sala, jogá-la
em cima da mesa e fodê-la como merecia. Onde iríamos parar,
porra?
Seus lábios são meu vício
Por um beijo seu eu arrisco tudo (Eu arrisco)
E seu coração bate como o meu
É o momento perfeito (Perfeito)
Beijo a beijo, me dei conta que
Preciso de você hoje igual ontem
Assim como é, eu quero te ter
Vicio | Selena Gomez
— Aquele abusado, petulante de merda.
Falei sozinha fechando os olhos e me escorei na pedra
próxima à bancada da pia do banheiro. Meu corpo ainda estava
inflamado pelo seu toque, minha boceta pulsando sentindo seus
dedos longos. Inferno! Sonhei com isso e não esperava que fosse
viver na realidade também. Ele não podia me afetar assim, como
poderia deixar que isso acontecesse?
Cadê a mulher autoconfiante e que não se deixava levar por
nada? Não sabia explicar o que acontecia quando aquele homem
me tocava, como fez naquela sala de reuniões. Isso tinha que parar,
não podíamos ter nada.
Saímos da reunião e voltamos para La Femme depois de
quase gozar nos dedos daquele convencido, ele ficou se achando,
pude ver pela sua expressão presunçosa. Não respondi de imediato
ao convite deles de viver a experiência nos novos Hotéis Roux.
Tinha de me sentar com Natalie para ver a agenda dos próximos
meses, fora que estávamos no meio da produção de uma edição.
Sabia que algumas coisas podia fazer de forma remota, mas
gostava de estar presente fisicamente para ver tudo de perto.
Trabalhamos muito pelo resto do dia, havia muitos
compromissos a cumprir, além de montar a apresentação ao
Conselho da nova edição. O formato on-line também, o aplicativo da
La Femme estava em fase final de desenvolvimento. Fora que
também iríamos receber os desenhos que pedimos aos designers
que se classificaram para a próxima etapa.
— Vamos receber os desenhos depois de amanhã.
— Ok, quero que fiquem atentos a quem vai vir entregar o de
Valentim, avise na recepção para perguntar o nome da pessoa que
vai deixar. Pode ser que venha outra pessoa no lugar do Joshua.
— Sim, pode deixar peço a Francy para ficar atenta, o
rascunho da edição está pronto no mural, o departamento de moda
já colocou tudo que faltava.
— Ah, excelente — Me levantei de imediato, abandonando
meus e-mails. Segui para a frente da redação e observei as
colagens e depois as páginas impressas que iriam para o on-line.
— Só falta a revisão final dos textos, mas aqui dá para ver a
estética, as cores e a fotografia da edição — Laura disse enquanto
se aproximava.
— Preciso que chame Rayra para finalizarmos a revisão,
cheque com o Thony para falarmos desses modelos de roupas aqui,
precisamos apresentar opções para todos os tipos de corpos —
enquanto falei, Natalie estava anotando tudo em seu tablet, e já com
o fone sem fio chamou aos que pedi rapidamente.
— Na sexta no final do dia preciso estar com a prova
confirmada, pois tenho de apresentar ao Conselho — elas
assentiram e logo chegaram Thony e Rayra e me direcionei a ele
primeiro — Thony, precisamos ter opções para todos os corpos, por
favor, veja com a marca se eles dispõem de tamanhos variados —
ele assentiu e disse que iria verificar.
— Precisamos fechar a parceria com o desfile do Jhonson,
quer dizer, a La Femme vai cobrir o evento?
— Depende da proposta deles e se vão estar fora dos
padrões da sociedade, lembrando que nosso conteúdo atende todas
as mulheres.
— Claro — Thony assentiu concordando passando a mão na
sua cabeça careca como se tivesse cabelo ali, não pude evitar
sorrir.
— Desculpa, não consigo deixar de rir, você é demais Thony
— ele fez um bico enfezado para mim.
— Não se preocupe, sei que você se diverte com essa minha
mania, horrível eu sei, vou providenciar tudo junto com minha
equipe e aviso vocês.
— Ótimo, bom trabalho e fico no aguardo dessas alterações e
respostas — chamei Rayra e saímos pelo corredor rumo a minha
sala, entrei já indo para a copa, precisava de um descafeinado para
ter forças e terminar o dia. Repassamos os textos juntas e grifamos
tudo que precisava ser corrigido e revisto pela redação. A deixei
responsável pela revisão final, queria ver como se sairia.
Logo após duas horas trabalhando nisso com ela, Natalie
entrou para finalizarmos tudo.
— Vamos ver sua agenda?
— Sim, melhor verificar e dar uma resposta a eles logo, agora
falando sério aqui, o que acha disso tudo?
— Te aconselho a ir e viver a experiência, só que seria bom
se deixasse as coisas rolarem naturalmente, deixar fluir e dar vazão
a tensão que rola entre você e Ethan. Mas, sei que você, Victoria,
vai fazer o que bem entender, mas não custa tentar te dar minha
opinião de amiga.
— Por isso gosto de você, sempre sem rodeios, certeira e
direta ao me dizer seu parecer. — Ela sorriu e piscou para mim.
— Digo o mesmo sobre você, mas vendo pelo lado
profissional, seria excelente para sua imagem, mostrar um outro
lado seu. Digo, todos vão conhecer a Victoria fora da revista.
— Mas e a agenda? Se caso eu for teria que organizar tudo
para ir mais tranquila, também não quero ficar lá só trabalhando.
— Quanto a isso conte comigo, sabe que sou mestre em
organizar, vamos deixar tudo adiantado, só teremos que acelerar
muita coisa.
— Podemos ver isso agora e depois a gente sai daqui e vai
para a academia. Quer dizer, te deixo na sua aula de dança, o que
acha?
— Pode ser e aceito a carona de muito bom grado com
aquele motorista lindão! — Rimos juntas, ela não tinha mesmo jeito.
Após algum tempo que estávamos organizando tudo que
precisava deixar em dia para fazer a viagem, pois seriam duas
semanas fora. Laura entrou e após muito papo sobre a viagem,
combinamos até mesmo de ir às compras na Diamond District[5]
. Me
animei com os dias que passaria fora e por viver a experiência nos
novos Hotéis Roux. Queria muito saber se o CEO iria, com certeza
sim, já que era o chefe. Seria melhor me preparar para passar
aquelas semanas tão próximas a ele já que rolava toda aquela
tensão com nossos joguinhos ridículos.
Saímos da La Femme já havia escurecido, encontramos com
Thony indo para o elevador, as vezes também ficava depois do
horário. Contei sobre a viagem e ele ficou animadíssimo dizendo
que precisava mesmo tirar uns dias. Sabia que todos me julgavam
como workaholic, totalmente viciada em trabalho.
Nova Iorque a noite conseguia ser ainda mais linda, tinha um
brilho especial. A cidade que nunca dormia possuía essa magia,
durante o dia podemos enxergar melhor tudo e ver como a agitação
cabe bem nas ruas tomadas de prédios altos e imponentes. A noite
as luzes dos prédios davam um charme a parte a toda cidade, toda
atmosfera mudava. Achava que não me cansaria de morar ali, por
mais que seja considerada a cidade que nunca dormia, era movida
a toda aquela agitação. Adorava estar em constante movimento,
sabia que muitas pessoas não apreciavam isso, mas amava e não
vivia sem.
Logo após nos despedirmos de Thony, ele tinha um
compromisso com seu namorado, decidimos dar uma volta. Andar
pelas ruas de Manhattan com minhas amigas era a melhor coisa,
disse a James que o avisaria onde iríamos estar, só que acabamos
chegando a Time Square.
Não conseguia evitar a grande emoção toda vez que visitava
aquelas ruas, os grandes painéis faziam a noite parecer dia. Olhei
para cima e me deparei com a centena de arranha-céus que davam
um charme à parte a cosmopolita, moderna e ao mesmo tempo
clássica, dinâmica e culta de Nova Iorque.
Como se não fossemos moradoras naquela cidade, minhas
amigas e eu nos divertimos tirando várias fotos na Time Square.
Não sabia se por coincidência ou algo do destino, a capa da La
Femme apareceu em um dos painéis iluminados e coloridos. Sentia
o orgulho inflamar no meu peito, sempre que via o quão longe
levamos a nossa revista ficava imensamente feliz, pois sabia que
estava fazendo meu trabalho perfeitamente.
Em seguida mandei mensagem para James que não
demorou muito a chegar, parecia até que sabia onde estávamos.
Quando ele parou, no meio daquela movimentação, entramos
rapidamente no carro. Vi o exato momento que Natalie entrou e
trocou olhares quentes e famintos com meu motorista gostosão. Ela
ficou o percurso todo de olho nele pelo retrovisor, pela primeira vez
reparei que ele podia estar interessado na minha amiga. Não tinha
nada contra, na verdade, tudo a favor e eles formariam um casal tão
lindo e sexy. Natalie merecia um homão, só que mais que beleza e
todos aqueles músculos, ela precisava de alguém que a respeitasse
e amasse. Sabia de sua história de vida e por mais que minha
amiga seja baladeira, isso era só um meio para um fim.
A deixamos na sua academia de dança, ficava bem próximo
de onde ela morava. Laura ficaria no mesmo lugar que eu,
descemos e vi que a academia estava lotada. Aquele horário da
noite era de pico, torci para não me encontrar com Ethan, sabia que
ele fazia a noite também. Em uma cidade tão grande, nos
esbarramos na mesma academia, parecia que o senhor destino
estava de piada comigo, rindo descaradamente da minha cara.
Trocamos de roupa, a minha bolsa ficava no carro, levava
todos os dias, as vezes quando tinha outros planos deixava para o
dia seguinte. Fizemos nossa série de exercícios feita pelo personal
que não dava moleza nenhuma. Malhava pela minha saúde e nem
era pela estética em si, mas porque sabia dos problemas de saúde
que meu pai teve. Após passar por tudo aquilo, decidi não bobear e
me cuidar. Gostava de comer bem, diferente de Natalie que seguia à
risca sua famosa educação alimentar, às vezes gostava de me
permitir comer doces, principalmente chocolate. Preferia os meios
amargos, mas quando a tensão pré-menstrual chegava, gostava de
comer chocolate ao leite, bem doce.
Logo após deixarmos Laura em seu apartamento, seguimos
direto para o meu, me despedi de James e subi para minha
cobertura. Estava cansada, sentindo um esgotamento total da
loucura que foram os últimos dias. A festa de 50 anos, todo o
problema com o Conselho sobre a revista física e ele, o CEO dos
Hotéis Roux. Balancei minha cabeça a fim de afastar aquele homem
da minha mente. Precisava comer minha salada, tomar um vinho e ir
para a cama.
Lavei o cabelo e o sequei, fiz a skincare completa e após
hidratar meu corpo, fui me deitar. Mas meu celular apitou assim que
coloquei a cabeça no travesseiro, ainda de olhos fechados levei
minha mão para a mesa lateral e peguei o aparelho. Havia chegado
um e-mail, fui conferir mesmo sabendo que tinha de me desligar do
trabalho um pouco, só que quando decidi deixar para o próximo dia
vi o título do e-mail: Designs Valentim Griffin.
Meu coração acelerou tomado por uma adrenalina louca e
desconhecida para mim, rapidamente cliquei nele e quando abri
baixei o arquivo com os desenhos e fiquei completamente presa nas
imagens na tela, dei zoom em todas. Havia os quatro modelos
solicitados, mas em diversos ângulos e em um pé que parecia muito
o meu. Quando vi um dos modelos de sapatos elegantes e sexys
pelo calcanhar e com a mesma tatuagem que tinha Love Myself[6] na
panturrilha, fiquei intrigada. Ele me conhecia e eu não? Quem seria
Valentim Griffin?
Faço isso comigo mesmo
Crio todo um sonho, ansiando pelo o que quero
Em todos, nunca é o que parece
Parece que eles são mais felizes do que eu
Parece que eles estão onde eu quero estar
Hopeless Romantic | Sam Fisher
Não estava conseguindo controlar minha ansiedade, pois
Victoria já deveria ter recebido o e-mail de Valentim Griffin e daria
tudo para ver sua expressão ao se deparar com meus desenhos e
modelos de sapatos em diversos ângulos. Sabia que tinha sido
ousado ao ter feito desenhos dos sapatos no pé dela, claro que
Victoria curiosa como era poderia acreditar que podia ser alguém
próximo a ela ou algum fã. Enfim, fiquei ansioso e daria tudo para
vê-la lendo o e-mail e totalmente curiosa com o pseudônimo. A
verdade é que entreguei tudo naqueles designs, o meu melhor.
Sorri deitado na minha cama pensando na diaba provocadora
até o sono e cansaço vencerem meu corpo. Acordei cedo no dia
seguinte, me arrumei e levei Luz para a natação, cheguei no
escritório e já fui recebido pela Sra. Fidelis dizendo que havia uma
ligação da Victoria. Entrei rapidamente na minha sala e já atendi o
telefone.
— Bom dia! A que devo a honra da sua ligação? — perguntei
com medo de que ela tivesse descoberto tudo, essa mulher não
estava me dando um pingo de paz.
— Olá Sr. Roux! Estou ligando para aceitar a proposta que
me fizeram na reunião para viver a experiência nos novos Hotéis
Roux. — Meu coração deu um salto no peito ao ouvi-la aceitar
nosso convite, esperava que não fosse, pois mal nos suportamos e
estávamos sempre em um jogo sórdido e louco.
— É sério isso, Srta. Fiore? — Tive que confirmar, pois era
inacreditável ela ter aceitado.
— Seríssimo, mas caso tenham mudado de ideia, para mim
está tudo bem! — A danada sabia que sua resposta me afetava, que
estava me surpreendendo, não esperava que fosse aceitar de bom
grado assim. Mas se ela o fez, era porque estava tudo bem, então
sorri sentindo o sangue correr rápido pelo meu corpo.
— Não mudamos de ideia, estávamos aguardando sua
resposta que foi uma grata surpresa. Obrigado por aceitar e
esperamos que seja uma experiência maravilhosa para uma das
mulheres mais influentes do mundo.
— Nossa, não sabia que me admirava tanto, Sr. Roux —
respondeu com escárnio na voz, era incrível como tinha o poder de
estragar o momento. Rolei os olhos.
— Bom, só demonstrei que ficamos felizes por ter aceitado,
em breve minha equipe vai entrar em contato para fecharmos o
contrato e ver os detalhes de sua viagem.
— O prazer será meu, posso saber se o senhor vai estar
nessa experiência também? — Ela gostava de me tirar do sério e
fazia isso magistralmente.
— Bom sou o CEO dos Hotéis Roux e farei de tudo para estar
presente, pois você será a primeira hóspede nessas unidades,
quero garantir que seja bem tratada e acolhida — aquilo não era
mentira, mas também não seria só por isso que queria ir, ainda
assim nunca admitiria que meu interesse, na verdade era outro.
— Está certo, então é isso, aguardo o contato de vocês —
quando iria agradecer e me despedir a ouvi desligar na minha cara.
Filha de uma mãe! Victoria adorava me provocar e teria de ficar
atento nessa viagem, pois sabia que ela poderia foder com meu
psicológico, enfim serão duas longas semanas.
Chamei a Sra. Fidelis e repassamos a agenda do dia, pedi a
ela para chamar Neo e Theo a minha sala. Abri o e-mail e fui
conferir a caixa de entrada, respondi alguns dos mais recentes e
não demorou para os gerentes do jurídico e de marketing baterem
na minha porta.
— E então alguma novidade?
— Vocês não vão acreditar! — Tentei conter minha
empolgação, mas falhei miseravelmente.
— O quê? Fala logo, que coisa! — Theo já estava estressado,
ele odiava rodeios, era sempre direto.
— Victoria aceitou nosso convite! — Neo arregalou os olhos e
fizemos aqueles toques de mãos de caras quando comemoramos
algo.
— Não estou acreditando, sério isso? — Theo ficou eufórico,
foi algo que não estávamos esperando.
— Seríssimo, estava falando com ela agora mesmo, foi a
primeira ligação que recebi hoje. Nem eu acreditei na resposta que
me deu.
— Bom, é uma surpresa, imaginei que ela não aceitaria por
sua causa, Ethan — Neo falou sorrindo todo sacana.
— Não, vocês dois soltam faíscas e muitas farpas juntos, só
isso. Ainda não esqueci do que ela te fez no vestiário da academia
— Neo respondeu rindo, pois Theo e Kevin não se contiveram e
contaram tudo para ele.
— Ah, aquilo foi uma vingança ordinária que ela fez comigo,
mas a danada ainda vai me pagar — não consegui evitar meu olhar
duro, pois ainda sentia raiva por aquela vergonha toda.
— Só não faça nada por agora, precisamos que ela assine o
contrato pelo menos firmando o compromisso conosco — Theo
afirmou voltando a ficar sério.
— Não posso prometer nada, pois quando ela me provoca
não consigo raciocinar — não podia mesmo me comprometer, tudo
com Victoria era imprevisível.
— Olha, Ethan, vocês dois tinham que ficar logo, se pegarem
mesmo, para valer e aí acaba toda essa tensão que rola, tchau
joguinhos — Theo pronunciou sua opinião e até podia acontecer,
mas a mulher era dura na queda.
— Ela não deixaria isso acontecer, não depois da nossa
última provocação.
— Espera aí, já rolou outras coisas depois do episódio
constrangedor na academia? — Neo questionou com um tom de
curiosidade.
— Já aconteceu, mas não vou ficar contando para vocês meu
joguinho com ela, podem esquecer! — Me virei de costas para eles,
ficando de frente para o vidro tendo Nova Iorque inteira como visão,
milhares de arranha-céus.
— Ok, não vou insistir, melhor elaborar o contrato e
agendamos com a Victoria para ela vir assinar — Neo concordou.
— Vamos fazer todas as fotos de publicidade lá mesmo,
inclua isso no cachê também — Theo lembrou de algo importante.
— Então vamos trabalhar, sabe algo sobre o concurso? Não
saiu nada ainda?
— Joshua não ligou e você ainda não recebeu nada no email? — Neo me perguntou.
— Não recebi até agora — respondi olhando para caixa de
entrada de e-mails nova que fiz para o Valentim, mas não vi nada da
La Femme.
— Então vamos esperar, mas tenho certeza de que vai
passar, você é muito talentoso e os designs estão incríveis — Neo
respondeu e concordei com ele, depois disso eles saíram da minha
sala e decidi me afundar no trabalho para ajudar na ansiedade por
saber se Valentim iria para a próxima etapa. Já arrumamos o
sapateiro para confeccionar os modelos que desenhei.
O dia passou voando, entre telefonemas e videoconferências
com a nova equipe dos hotéis em Paris e Santorini, parei para
almoçar bem rápido e já voltei ao trabalho. Saí do escritório com
Neo e Theo já passava das 9h da noite, Kevin havia ligado e estava
nos esperando no The Clocktower na Madison Avenue, só teria que
andar um pouco mais para chegar lá. Mas como havia solicitado a
John que ficasse por minha conta aquela noite, ele nos levou.
O bar e restaurante tinham uma iluminação meia-luz, claro
que aquele lugar era perfeito para casais. Porém como Kevin nos
mandou a localização dizendo que já estava lá, não iríamos
contrariá-lo. A decoração clássica do lugar era um charme a parte,
madeira escura e estofados em tom de azul-royal. Quadros com
imagens de alguns rostos famosos e conhecidos, nas mesas velas,
o lugar seria perfeito para um encontro romântico. Encontramos com
Kevin na sala de sinuca que havia em um ambiente separado das
mesas, ele estava jogando com uma morena alta e muito bonita e
uma outra loira.
— O safado não perde tempo — Neo comentou — mas gosto
disso, confesso que faria o mesmo — completou sorrindo.
— Vocês são muito cretinos — respondi e ele estendeu seu
sorriso de lado e depois rolou os olhos.
— Olha só quem fala — respondeu sem deixar de sorrir.
— Somos todos então, mas vamos lá! — concordei para a
gente não entrar numa discussão boba e infantil, nos aproximamos
do Kevin e ele ficou animado ao nos ver chegando.
— Aí estão meus camaradas, eles chegaram meninas! —
Kevin se aproximou e trocamos apertos de mãos e tapas nas
costas.
Depois nos apresentou a Erin e Joe, a loira e a morena
respectivamente. Logo começamos a jogar e conversar com elas,
depois que pedimos nossas bebidas. A música que tocava estava
mais baixa, mas podia-se notar a batida gostosa ao fundo que
tornava o ambiente mais gostoso. Após ter um dia cheio de trabalho,
nada melhor que poder relaxar com uma bebida e os amigos.
Comecei uma conversa interessante com Erin sobre o
mercado financeiro, já que ela trabalhava nisso, entramos nesse
assunto até que rimos das piadas dela. Logo após um belo jogo de
sinuca e mais alguns drinques, me despedi dos meus amigos e
Theo disse que não iria para casa. Resolvi dar uma carona a Erin já
que o papo estava bom, saímos do bar e John encontrava-se do
outro lado da avenida.
No caminho falamos sobre Nova Iorque, diferente de mim, ela
gostava da agitação da cidade que nunca dorme. Confessei que
gostaria de morar em uma cidade mais tranquila e sem toda aquela
loucura de escritório, casa e demais compromissos. Ela disse que
nem parecia, olhando pela aparência ninguém diria que gostaria de
viver em um lugar de paz. Afastado de toda correria de uma rotina
louca de trabalho.
Paramos na 378 West End Avenue do outro lado da rua, no
Upper East Side e quando me virei para despedir de Erin com um
beijo, vi Victoria entrando no prédio com um homem. Eles estavam
sorrindo muito e ela parecia tão relaxada como nunca a tinha visto
antes. Seria o namorado novo dela? Ao vê-la até perdi a noção de
onde estava.
— Ethan, ouviu o que te perguntei? — Erin indagou me
fitando antes de sair do carro.
— Ah desculpe, me distraí aqui — respondi passando a mão
pelo cabelo.
— Estou te convidando para subir e a gente conversar um
pouco mais, o que acha?
— Olha, estou cansado, foi um dia intenso de trabalho que já
está me cobrando. — Sorri sem graça e ela entendeu na hora.
— Tudo bem, fica para a próxima. Obrigada pela carona e
tenha uma excelente noite — acenei para ela que saiu do carro e
esperei que entrasse. Enquanto isso, fiquei observando a interação
de Victoria com o homem, não conseguia desviar os olhos.
Reconheceria de longe que era ela, o corpo curvilíneo e o
cabelo ondulado longo solto entregavam tudo. Nunca esqueci a
visão dela nua na academia, tão perfeita, gostosa e sensual. Puta
que pariu! Fechei os olhos e foi como se tivesse ligado uma
televisão, a imagem dela surgiu, seu olhar, o perfume e toda sua
pose atrevida eram como um afrodisíaco.
— John, espere só um minuto — pedi e abri o vidro do carro
para ver melhor.
Vi o exato momento em que ela e o homem se agarraram e
se beijaram. Senti algo diferente borbulhar dentro de mim, na
verdade uma irritação por vê-la nos braços de outro quando poderia
ser eu ali com ela. Apesar de tudo, não podia negar que a desejava
como nunca quis outra mulher, queria e precisava conquistá-la. Ali
dentro do carro de olho nos movimentos de Victoria, decidi que iria
fazer isso.
Minha cabeça e meu coração, sou realmente torturada, sim
Essa é minha mente em seus braços, eu chego aos extremos, sim
Quando os anjos me dizem para fugir e os monstros chamam isso
de amor, oh, não
Minha cabeça e meu coração, estou dividida
My head & My Heart | Ava Max
Levei um homem para meu apartamento, a verdade era que
odiava transar em hotéis. Gostava de estar no meu lugar para fazer
isso, aliás, conseguia explorar tudo com mais segurança. Claro que
não tinha pudores, na idade que estava já fiz de tudo. Até mesmo
brinquei de dominadora e submisso, o controle me dava prazer.
Gostava de comandar tudo na cama assim como minha vida.
Por isso, quando o bonitão moreno e charmoso começou a
me paquerar no bar agitado, não pensei duas vezes. Virei o terceiro
drinque cosmopolitan que havia pedido, Laura e Natalie estavam
com companhia também. Bom, podemos dizer que todas nos damos
bem naquela noite.
Agarrei-o pela camisa na sala do meu apartamento e tomei
sua boca na minha de forma até mesmo selvagem. Queria me
divertir e nada melhor que ter uma boa transa com alguém
desconhecido. Sem nomes, expectativas, só corpos nus e muito
prazer. Pensando nisso minhas mãos viajaram do ombro até o
bíceps do homem, ele não ficou para trás e logo sua mão já estava
em meu quadril, apertando-o com força enquanto gemia em sua
boca.
Não passou muito tempo, pulei em seu colo e ele saiu comigo
da sala, fomos pelo corredor enquanto sua boca beijava o pescoço
e a maçã dos meus seios. Em algum momento o pedi que parasse,
não o levaria para meu quarto, ele entendeu e continuamos nos
pegando gostoso ali mesmo. Com poucos minutos já estava nua
diante dele, seu olhar faminto por todo meu corpo me acendeu
inteira. O ajudei a tirar sua calça e depois de vestir seu pau com a
camisinha ele me penetrou devagar. Joguei a cabeça para trás,
sentindo-o me invadir. Depois disso, ele começou a estocar até
gozarmos, a todo momento em minha mente e de olhos fechados
imaginei aquele petulante de merda. Por isso gozei tão rápido.
Abri os olhos e me dei conta de que não era Ethan que
estava ali e que aquele jogo com ele me deixava completamente
insana. Tomamos um pouco de vinho, eu e o desconhecido, o nome
dele nem lembro mais, só que bebemos metade da garrafa e
transamos na cozinha, no terraço e por último no sofá. Depois ele foi
embora e me deixou seu telefone que apaguei assim que fechei a
porta.
Na manhã seguinte já estava na reunião com a equipe do
concurso analisando os desenhos que recebemos, dessa vez online dos participantes. A verdade era que havia muitos talentos
escondidos por aí, esperando só uma grande oportunidade para se
lançarem no mercado. Analisando novamente os designs do
Valentim Griffin me vi enfeitiçada e sentindo algo pulsar dentro de
mim. Não sabia descrever direito, mas me deixava com o sangue
borbulhando nas veias. Sentia que ali tinha algo que me
surpreenderia ainda mais que seus desenhos, como sua identidade
verdadeira.
Escolhemos os finalistas da próxima etapa, pedi a Natalie
para entrar em contato com eles revelando que conseguiram e ela
podia falar que nessa próxima etapa eles precisariam de um
sapateiro para fazer os designs escolhidos pela nossa equipe.
Seriam dois modelos de cada um dos concorrentes. Pedi a ela para
entrar em contato com Bennett também, queria pedir a ele para
investigar esse pseudônimo e principalmente quem o representava.
Algo nisso estava me intrigando muito e queria descobrir quem era o
talentoso designer que não queria se revelar.
Nos dias que se seguiram fiquei afundada no trabalho, pois
iria viajar nas próximas semanas e queria deixar tudo alinhado e
praticamente pronto. Rayra e eu trabalhamos juntas com a redação
para deixarmos os textos prontos, ela propôs ideias muito boas e
diferentes. Gostei do ponto de vista dela, colocamos como tema a
mulher negra e seu grande desafio no mundo, se destacar e ser
respeitada como qualquer outra. Sabemos o quão difícil é viver isso
todos dias, minha pele é marrom-clara e sentia as vezes a repulsa
de algumas pessoas por causa disso. É um absurdo não podermos
nos sentir à vontade e termos as mesmas oportunidades que outras
pessoas.
Saí mais cedo naquele dia com Natalie e Laura para
comprarmos algumas coisas para a viagem. Fomos na Diamond
District que não estava muito longe da Park Avenue, mas James
nos levou sob o olhar atento de Natalie. A minha amiga não tinha
limites, ela o fitava descaradamente e dava em cima do homem.
Ele sorria de lado sem graça, mas parecia gostar da atenção
da mulher, afinal, Natalie era um mulherão. Alta, cabelos longos
castanho médio com mechas mais douradas, corpo de dar inveja a
qualquer mocinha de quinze anos. Resultado de suas aulas de
dança, funcional e uma dieta bem regrada. O único exagero dela era
gostar muito de beber e comer doces, mas ela era muito
disciplinada.
James ficou andando com a gente a uma boa distância para
nos deixar mais à vontade e dar privacidade. Ele trabalhava muito
bem e nunca tive problemas com o homem. Entramos em diversas
lojas e saímos cheias de sacolas, Laura me fazia experimentar tudo
que ela via e dizia ser minha cara. Apesar de amar moda e sair para
fazer compras, morria de preguiça de ter que ficar experimentando
roupas. Fiquei exausta quando me sentei no banco do carro, intimei
minhas amigas para dormirem no meu apartamento. Elas aceitaram,
pois ainda tinha que organizar a mala e podíamos tomar um vinho,
pedir algo para comer e ficarmos de boa só conversando e ouvindo
uma música agradável.
No outro dia, no meio do expediente recebi a notícia de que
Isabella, minha irmã conseguiu ser selecionada para o casting de
moda da La Femme. Saímos para almoçarmos juntas, quando a vi
abracei forte, feliz e orgulhosa por ter conseguido por seus próprios
méritos.
— Vic, queria te agradecer por ter me deixado lutar e dar o
meu melhor para conseguir. No final você estava certa, tudo que
conseguimos com nosso esforço é muito mais gratificante.
— Fico feliz em saber disso, esse é só o começo, é bom
quando nós mesmos fazemos nosso caminho, tenha sempre isso
em mente e claro, dê o seu melhor.
— Obrigada, Vic — ela respondeu sorrindo — Agora me
conte, vai mesmo tirar miniférias?
— É isso mesmo, serão quinze dias para desfrutar dos novos
hotéis da rede Roux, foi um convite e como quase não tiro férias,
pelo menos direto assim, decidi aceitar.
— Isso é maravilhoso, você precisa tirar mais tempo para
você e viajar, curtir um pouco, se desligar dessa agitação louca que
vive — quem diria que minha irmãzinha estaria me dando conselhos
tão bons.
— Vou fazer isso e prometo a você e a mim mesma que vou
procurar tirar férias certinho, minha psicóloga disse o mesmo.
— Vai te fazer mais bem que mal, hein?
— Sei disso, minha linda — de repente ela ficou estranha,
senti que queria me dizer algo mas estava sem saber como
começar.
— O que foi, Bella? — perguntei e ela fechou os olhos e
depois de uns segundos os abriu, vi o medo estampado neles.
— Só que preciso falar com alguém sobre o que sinto, bom,
nem sei como dizer isso.
— Diga sem rodeios, sabe que comigo pode conversar sobre
tudo — a encorajei e demonstrei que estava mesmo do seu lado,
sabia que em casa ela não tinha isso.
— Não sei, sabe Vic, não me sinto atraída por nenhum rapaz,
digo tenho amizades com eles e quando alguns deles tentam algo a
mais comigo não consigo sentir nada.
— Ah meu amor, fica calma, não se desespere com isso, se
não sente nada, sem problemas, não force nada, nenhuma mulher é
obrigada a gostar só de homens. Você pode gostar de mulheres e
está tudo bem também… — ela me interrompeu.
— Como posso, Vic? Sabe como nossa mãe é conservadora
e da época das cavernas, a cabeça dela é dura e fechada.
— Sei disso, meu amor. Mas não deve se forçar a ser alguém
que não é, isso só vai piorar as coisas. Vamos conversar com ela no
momento certo, por enquanto só continue, você é uma boa filha,
sempre foi estudiosa, esforçada e agora olha só vai ter seu próprio
dinheiro. É tão nova e já tão responsável, aproveite essa fase que
ela passa rápido.
— Então ainda não devemos falar com a mãe?
— Ainda não, vamos esperar um pouco, se descubra primeiro
e viva como quiser tranquila, quando formos contar para ela, terá de
entender.
— Ela não vai me aceitar mais lá em casa.
— Se isso acontecer, sabe que tem seu quarto no meu
apartamento, terá todo meu apoio sempre, não julgo ninguém por
sua sexualidade — consegui tranquilizá-la, mas fiquei preocupada,
sabia como minha mãe era e com certeza não iria aceitar isso
facilmente. Mas ela tinha de entender que não poderia forçar a
Isabella a ser quem ela não era, porra isso não.
Almoçamos conversando sobre roupas, cabelos e acessórios,
ela me disse que pesquisa muito sobre moda e fiquei feliz em saber.
Para entrar para esse mundo era preciso entender o que se faz e
principalmente tudo que o envolvia. Nisso ficava preocupada, mas
esperava que ela pudesse sempre contar comigo, pois iria precisar
de apoio e compreensão.
Logo após nosso almoço, pedi a James para levá-la em casa,
enquanto isso, voltei ao escritório e trabalhei um pouco esperando
Bennett chegar. Ele iria comigo no Hotel Roux, como meu
advogado, precisava que conferisse o contrato antes de assinar.
Natalie me avisou assim que ele chegou e já pedi que o deixasse
entrar.
— Victoria, como está? — Me estendeu a mão sorrindo para
cumprimentar.
— Estou bem, como anda a sua família?
— Vão bem e aqui está tudo certo? Vai precisar de algo a
mais além desse contrato com os Roux?
— Só preciso que reveja alguns contratos com os
patrocinadores, em breve vamos cobrir uma semana de moda em
Milão.
— Esses contratos são importantes, vou olhar tudo isso
amanhã, vou ficar mais alguns dias e ver outros clientes também.
— Ótimo, então estou pronta, já podemos ir — ele assentiu
enquanto peguei meu celular e minha bolsa, depois disso saímos
juntos da redação. Me despedi da Natalie e falei que quando
terminasse mandaria uma mensagem ou ligaria para nos
encontrarmos. Ela assentiu e acenou, pois estava no telefone.
Bennett e eu descemos e nos encontramos com James que
já estava nos esperando de frente ao prédio do escritório. Entramos
no carro e ele deu partida, no caminho falamos sobre a viagem e
Ben estava surpreso que eu ficaria praticamente duas semanas
fora. Mas disse que isso me faria bem, concordei com ele pois
sempre tirava folgas esporádicas. Raras são as vezes que viajava
assim por muitos dias, esperava que fosse maravilhoso e que não
tivesse nenhum problema com o Ethan.
Assim que paramos de frente ao hotel na Madison Avenue,
Ben desceu correndo, deu a volta no carro e abriu a porta para que
eu descesse mesmo sabendo que não gostava disso.
— Você sempre cavaleiro — falei de forma debochada —
Sabe que gosto disso.
— Ah, Victoria, deixa de bobagem e aproveite o cavalheirismo
de um homem pelo menos uma vez — levantei as mãos como se
estivesse me rendendo e agradeci.
— Sabe que tenho reserva aqui? Já vou ficar depois da nossa
rápida reunião.
— Ah sim, é um dos melhores hotéis de Nova Iorque.
— Já fiquei aqui algumas vezes e confesso estar curioso com
os novos hotéis, esses que você vai ter a oportunidade de conhecer
primeiro.
— Pode deixar que te conto todos os detalhes, só que não
podemos negar que eles são bons.
— Isso com toda certeza, meu bem! — Odiava quando ele
me chamava assim, mas depois que entramos no hotel, mudou
completamente sua expressão e sabia que estava deixando o
advogado sério e completamente astuto tomar conta.
Fomos recebidos pela secretária de Ethan que foi muito
educada e simpática conosco.
— Boa tarde, sejam bem-vindos. O Sr. Roux já vai atendê-los,
peço que fiquem à vontade. Aceitam água ou um expresso?
— Olá, Sra. Fidelis, vou aceitar um pouco de água.
— Boa tarde! Aceito um expresso, por favor. — Ela assentiu e
pediu um minuto, saiu e arrumou o que pedimos na mesinha atrás
da sua recepção. Depois voltou com minha água e o expresso de
Ben, tomei atenta aos movimentos, mas a verdade era que fiquei
mexida por saber que veria o petulante de merda. Ele não demorou
a aparecer, chegou sorrindo e sendo todo simpático com Ben, pois
já se conheciam. Me levantei para cumprimentá-lo e senti seu
perfume másculo me atingir.
— Victoria, como vai?
— Muito bem e você? — apertei sua mão e sorri, me arrepiei
ao sentir o calor dela.
— Estou ótimo, vai ser uma honra tê-la como nossa primeira
hóspede nos novos hotéis! — Os olhos do descarado estavam
brilhando, senti uma ansiedade ali além de toda atração que nos
cercava, sempre que nos encontrávamos.
— Nossa, então vamos ver os contratos? — Bennett
perguntou, deve ter percebido toda a atmosfera sexual.
— Claro, me acompanhem por favor — o seguimos por um
corredor até chegarmos à sala de reuniões, onde também estavam
Theo Roux e Neo Ross, o advogado deles.
— Srta. Fiore e Sr. Rowan — eles se levantaram para nos
receber, trocamos apertos de mãos — Fiquem à vontade.
Assenti e nos sentamos, Neo passou o contrato para Ben que
começou a ler o documento, eles pediram licença e disseram que
nos deixaria lendo e que depois de um tempo voltariam para
tirarmos as dúvidas. Meu advogado leu e me explicou tudo, até
frisou que estava muito bem escrito e as cláusulas bem estipulados.
Também anexaram o termo de consentimento de imagem, Ben
disse que não havia dúvidas que era só assinar. Esperei que eles
entrassem de novo na sala e assinei sob o olhar quente e astucioso
de Ethan.
— Prontinho, vai ser um prazer participar dessa experiência
nos novos hotéis Roux — afirmei sorrindo fitando todos mas
parando no CEO.
— Muito obrigado, Srta. Fiore! Esperamos que tenha dias
maravilhosos em Paris e na Grécia, vai gostar dos hotéis — Theo
me respondeu com satisfação e total profissionalismo.
— Eu que agradeço, espero muito que consiga descansar,
sabe que não paro de trabalhar. Se me derem licença, preciso ir ao
banheiro, é para qual lado?
— No final do corredor, do lado direito — Ethan respondeu
assim que me levantei e senti seu olhar seguindo meus
movimentos. Os outros só assentiram e ficaram conversando sobre
os hotéis.
Assim que fui lavar as mãos escutei alguém entrando e
trancando a porta, então vi Ethan me fitar com desejo.
— Victoria, pelo amor de Deus, o que está fazendo comigo?
— Ri de forma debochada, pois ele parecia perdido.
— Não fiz nada, você entrou aqui desse jeito todo afobado,
que culpa tenho?
— A de existir e ficar me tentando, é muito difícil ficar na
mesma sala que você, e não poder te tocar… — fechou os olhos e
depois os abriu, o azul estava em um tom mais escuro e feroz, só se
ouvia nossas respirações alteradas.
— Faça isso então, estou te dando permissão, mas cuidado
com o que diz e faz, pois posso mudar de ideia — bastou apenas
isso para ele pressionar meu corpo na parede com um sorriso
presunçoso em seu lindo rosto. Suas mãos apertaram minha cintura
com fome assim como minha bunda enquanto mordeu meu lábio
inferior. Nossas respirações estavam alteradas e até
compartilhamos o mesmo ar por alguns segundos. Então, sua mão
adentrou meu vestido, subindo-o rapidamente, sorriu de forma
sarcástica.
— Ah está de calcinha hoje, que milagre, Victoria! — falou em
um rosnado grosso que me excitou, pois mostrou que ele parecia
estar se controlando — vejo que você quer mais que tudo, baby.
Sua pele me diz isso, não tem como negar, seu corpo me deseja. —
Petulante de merda, isso que ele era, mas o insuportável sabia o
que fazia com as mãos, me empinei toda sem poder controlar,
querendo mais. Não conhecia limites quando ele enfiava seus dedos
em minha boceta daquela forma. Que inferno!
Não sabemos dizer o que temos
Posso ler isso em seus olhos
Quando você me olha dessa maneira
É, eu quero, mas não quero dizer que quero
Não quero dizer que quero
Você deveria saber que eu quero
Don’t Wanna Say | Lauren Jauregui
— Odeio querer suas mãos em mim, Ethan! — Ela falou com
a voz irritada e meio trêmula, estava tentando resistir.
— É recíproco, baby. Só que nem sempre nossa mente está
em sintonia com nosso corpo — mordi seu lábio inferior, a pura
perdição, essa boca macia que Victoria tinha só me fazia pensar
nela em torno do meu pau.
— Concordo, mas neste momento quero que tire suas mãos
de mim, por mais que meu corpo diga o contrário — tudo que dizia
ela queria contrariar e mostrar que estava no controle. Só que não
iria discutir com a mulher ali, sabia que alguém poderia bater na
porta e não queria expô-la. Mas aquela sua decisão me fazia pensar
se ela não estava namorando, como a tinha visto entrando naquele
prédio com um homem, pelo que Natalie havia nos informado do
endereço dela, morava ali havia alguns anos. Aquilo também me fez
afastar dela rapidamente.
— Se é isso que você quer, com licença! — Reunindo toda a
minha força de vontade e ignorando todo aquele desejo louco,
destranquei a porta e saí. Não sei por que, mas me lembrar dela
beijando outro me incomodou, quer dizer deixou meu corpo
pinicando de raiva. Tratei de afastar aquelas imagens da minha
mente e procurei ser além de tudo profissional.
Logo após retornar à sala de reuniões, repassamos toda a
programação e itinerário da viagem, iríamos primeiro a Paris e
depois a Santorini. Senti meu celular vibrar, anunciando uma nova
mensagem, olhei rapidamente o visor e vi o nome de Erin, depois a
responderia.
— Então está tudo muito bem esclarecido, vocês possuem
mais alguma dúvida? — perguntei direcionando meu olhar para
Victoria.
— Não, tudo foi perfeitamente dito e agora só ficou a
ansiedade para desfrutar dos novos hotéis.
— Tenho certeza de que será uma excelente experiência —
não queria manter seu olhar no meu, mas ela era irresistível e
impossível de se ignorar. Porra!
— Espero que sim! — Todos se levantaram e saímos da sala,
levamos eles até a recepção e nos despedimos, para provocá-la,
me aproximei colocando uma mão em sua cintura, apertando de
leve e beijei seu rosto sob seu olhar paralisado com minha atitude.
Não resistia, queria tentá-la como fazia comigo. Assim que eles
saíram, Theo e Neo se viraram para mim.
— Você a pegou no banheiro? — Neo perguntou cheio de
curiosidade.
— Deixa de ser babaca, Neo. Claro que não. — Soltei o ar
que estava prendendo e senti meu corpo tenso, na verdade era
resultado da nossa brincadeira.
— A tensão entre vocês dois é muito palpável Ethan, meu
Deus! Todos sentiram algo quando ela voltou do banheiro — Theo
revelou assim que entramos na minha sala.
— Não quero falar disso, vamos trabalhar que ganhamos
mais, preciso deixar tudo bem adiantado aqui! — Já me levantei
apressado, não queria ter de falar como Victoria e eu éramos
complicados. Notava-se de longe que queimamos um pelo outro de
desejo, mas ambos éramos orgulhosos e não queríamos dar o
braço a torcer. Na verdade, eu queria, mas ela não e, isso me
deixava tonto de raiva.
— Se não quer falar tudo bem — Theo levantou as mãos
concordando e dando de ombros, meu irmão me conhecia bem e
Neo também. Eles sabiam que havia algo a mais, por isso não
insistiram no assunto — Vou voltar à minha sala, preciso fechar o
restante dos detalhes com as novas equipes dos hotéis. A propósito
temos que nos lembrar que em Santorini, o nomeamos como resort.
— Excelente, bom trabalho, feche a porta quando sair, por
favor — ele assentiu e se foi me deixando sozinho, soltei o ar que
estava prendendo, o que aquela mulher estava fazendo comigo?
Afrouxei o colarinho e gravata girando a cadeira para a imagem de
Nova Iorque ao fundo, observei os arranha-céus da cidade enquanto
minha mente vagava para o momento que estava com as mãos em
Victoria. Que puta tesão era aquele que sentia por aquela diaba dos
infernos? Não conseguia raciocinar quando estava perto dela,
parecia um adolescente com os hormônios em ebulição. Onde está
seu controle, Ethan?
Depois de um dia tenso, recusei o convite de Erin e fiquei em
casa com Luz, Theo fez o mesmo. Escolhemos um filme no Netflix
para assistir com ela, fizemos pipoca e rimos juntos, brincamos
também até a minha loirinha se cansar.
Os próximos dias passaram rápido, voaram na verdade,
trabalhei o dobro e nem consegui acompanhar meus amigos nos
bares. Recebi a notícia que Valentim havia conseguido passar para
a semifinal do concurso. Ainda bem que conseguimos o sapateiro,
me encontrei com ele e levei os designs dos dois modelos
escolhidos pela equipe da La Femme. Mais um extra que pediram
também, que na verdade já tinha desenhado, desenhei a coleção
completa se caso fossem pedir.
Ficava imaginando todos aqueles sapatos nos pés de
Victoria, no quanto aquelas suas pernas ficariam ainda mais lindas,
sexy demais. Veja só no que estava pensando, quando começava
não conseguia parar. Estava ansioso para a nossa viagem, seriam
dois destinos, mais de dez dias com ela, uma tentação, mas
precisava me controlar. Não queria acabar com todas as chances de
conquistá-la, só que era difícil resistir quando a via. A verdade era
que não conseguia raciocinar e deixava que todo meu corpo agisse
seguindo a lascívia que ela me provocava.
Após terminar de assinar toda a documentação que passei
esses dias lendo e revisando, pedi a Sra. Fidelis para pegar tudo. Já
estava com as malas prontas, Abigail me ajudou a arrumar, Luz até
participou, ela ficou com raiva inicialmente ao saber da minha
viagem. Falei com minha pequena para ficar tranquila, que iria sentir
falta dela, mas que passaria rápido e logo estaria de volta para ela.
Baixei alguns filmes para assistir durante a viagem, seriam
horas dentro do avião e para distrair seria o melhor, já que teria ao
meu lado a Victoria. Neo bateu à porta e pedi para que entrasse,
estava sorrindo de orelha a orelha.
— Nossa, mas que felicidade é essa? — Não pude evitar de
perguntar.
— Tive uma noite maravilhosa com uma mulher espetacular,
por incrível que pareça, quero vê-la novamente.
— Mas o que essa mulher fez? Meu Deus! — Sorri de lado
passando a mão na barba, curioso.
— Pois é, só sei que quero repetir de novo e de novo.
— Surpreendente, ela fez um milagre, quer dizer só pode ter
te enfeitiçado, pensei que você ficaria como um adolescente a vida
toda.
— Mas olha só quem fala, meu amigo você é igualzinho.
— Nem pensar, sou bem diferente, só fiquei com uma mulher
para tirar a outra da cabeça.
— A outra é aquela que vai viajar ao seu lado e vão passar
mais de cinco dias juntos?
— Theo também vai estar lá.
— Ethan, deixa de bobagem, já pode me dizer o que rola com
você e a Victoria.
— Nos odiamos o mesmo tanto que nos sentimos atraídos
um pelo outro e não aceitamos isso.
— Amor e ódio andam juntos, você sabe disso.
— Com a gente o que rola é fogo e ódio, só isso, um jogo
louco que a gente fica, tipo cão e gato. Brincadeiras sórdidas como
aquela em que ela me deixou no vestiário da academia, naquele
estado.
— Fogo e gasolina, deve ser bom, mas o que você realmente
quer?
— A minha vontade mesmo seria não a querer tanto assim,
desejar a ponto de não conseguir raciocinar, é como estar preso,
entende?
— Preso ao desejo louco, pelo que posso ver, se não tem
como fugir, vai com tudo, cara. Para de bobagem e aproveite, deixa
o orgulho de lado.
— Victoria não é uma mulher fácil, Neo. Ela é mais orgulhosa
que eu e adora um bom jogo, mas quero tentar conquistá-la.
— Isso mesmo, acabe com esse desejo reprimido, depois de
Emily não teve mais nenhuma mulher que ficasse por muito tempo,
quem sabe você e Victoria acabam ficando juntos, afinal.
— Não sei, criar expectativas não é bom, primeiro tenho que
ver como ela vai reagir quando demonstrar o que quero mesmo.
— Fácil não vai ser, ela é uma mulher de personalidade e
presença, sabe bem o que quer e isso intimida, mas acho que vale a
pena tentar já que se sentem tão atraídos um pelo outro — Neo
explanou sua opinião, com ele não tinham rodeios, nem meias
palavras, era direto e cheio de argumentos bons.
— Veremos o que vai acontecer nessa viagem, tento me
controlar e agir de um jeito, mas quando ela está perto, nada sai
como planejado.
— Ok, então se deixe agir pelo instinto e deixe-a a ponto de
fazer o mesmo.
— Vou tentar, meu amigo! — ele concordou com um aceno de
cabeça e piscou um olho para mim.
— Seu voo está marcado para a noite, não é? Acho que foi o
que Theo me disse quando nos falamos.
— Sim, será particular e direto — não sei por que, mas
imaginei Victoria sentada à minha frente naquele avião que Theo
havia fretado para nossas viagens naqueles dias.
— Opa, relaxe um pouco, já deu tudo certo e faça o favor de
apreciar bastante o ar francês de Paris.
— Com toda certeza vou aproveitar.
— As vezes te inspira a desenhar mais modelos de sapatos.
— Obviamente que sim, ainda mais tendo Victoria lá, não sei
por que, mas aqueles pés dela nasceram para sapatos de saltos
altos.
— Caralho, você está de quatro pela mulher já! — Ele riu da
minha obsessão pela diaba provocadora, uma loucura desmedida.
— Então, vamos indo? Preciso estar no JFK[7] em trinta e
cinco minutos.
— Claro, suas malas estão aí? — Neo indagou.
— Sim, estão no carro com John, ele te leva para onde quiser
depois.
— Ótimo, meu carro está aqui no estacionamento, não vou
sair para beber hoje. Mas vou receber Joshua e Chloe, vamos jantar
juntos e a minha pretendente vai também — ele só poderia estar
brincando, mas não era, pelo jeito sério que falou sabia que era
verdade.
— Minha nossa, isso é sério mesmo, você está caidinho por
uma mulher, até vai jantar com ela e nosso casal de amigos. Já tem
ideia de que Chloe vai surtar não é, depois vai te dar a opinião
feminina dela, sabe que ela nunca erra, né?
— Dizer nunca é muito forte, melhor falar que ela tem uma
excelente intuição — concordei e saímos, descemos no elevador
discutindo sobre o fato da esposa do nosso amigo ser quase uma
vidente. Ele me contou que sabia o que rolava entre mim e Victoria
e que apostava que iríamos ficar juntos. Em apenas trinta minutos
chegamos ao JFK, seguimos para o portão de embarque de voos
particulares como instruído por Theo.
Enquanto conversava com Neo que não parava de falar,
achava que estava ansioso para o jantar, eu olhava para todos os
lados esperando ver a mulher que fazia tudo dentro de mim se
agitar e esquentar. Em menos de um minuto a vi, estava com um
homem alto, careca e musculoso atrás dela. Mas ele não se parecia
nem um pouco com o perfil do que vi naquela noite a beijando.
Inferno! O que tenho com isso?
Antes dela se aproximar de vez, senti seu perfume gostoso e
sexy. O meu coração estava acelerado e não podia evitar que meus
olhos percorressem seu corpo como um louco. Era como a água no
deserto, como podia isso? Não entendia como meu corpo podia
desejar uma mulher tão presunçosa e atrevida como a Victoria.
Ela estava linda, com uma calça de couro que marcava cada
uma de suas curvas perfeitamente. Estava com um body coral com
decote redondo e um casaco de couro elegante bege por cima. Nos
pés uma bota de cano e saltos médios a tornava ainda mais bela e
sofisticada. Poderia dizer que aquelas botas a deixavam ainda mais
gostosa ou seria a calça de couro? Só sei que o conjunto daquela
sua roupa a deixou ainda mais linda.
— Boa noite, cavalheiros! — Nos cumprimentou sorrindo de
lado e vi que o homem ao seu lado era seu motorista, já tinha visto
antes.
— Olá, Victoria. Pronta para tirar alguns dias de paz? — Neo
a questionou com um sorriso.
— Prontíssima e bem ansiosa para conhecer os novos hotéis.
— Esperamos que desfrute de tudo da melhor forma possível
— ela assentiu e se virou para mim, ofereci minha mão a ela e
trocamos um aperto quente.
— Victoria! — falei fitando-a.
— Ethan — sua voz aveludada chegou aos meus ouvidos
trazendo a todo meu corpo um fogo desenfreado. — Já está na
hora?
— Sim, podemos embarcar, só estava te esperando chegar.
— Esse aqui é o James, meu motorista e ele fez o favor de
trazer as malas, para quem entregamos, já que o voo é particular?
— Aquela informação me deixou aliviado, já que quero dar uma
chance a nós dois.
— Ele pode vir até o avião e entregar aos comissários de
bordo, depois é só voltar com Neo para o estacionamento.
Me despedi do meu amigo e Victoria de James, seu
motorista, subimos a escadinha e entramos no avião que era
completo e espaçoso demais por dentro. Seriam sete horas de pura
tentação e fiquei me questionando se conseguiríamos sair ilesos até
chegarmos em Paris.
Me diz como vamos fazer
Se você me deseja e eu também te desejo
Faz um tempo que quero te devorar
Diga o que vai fazer
Envolver | Anitta
Desde que entramos no avião que Ethan e eu não
conversamos nada, só informações sobre o voo. Seriam sete horas
de viagem e já me sentia inquieta, sentindo meu corpo inflamar sob
o olhar quente do CEO.
— Será que pode parar de me encarar assim? — indaguei
engolindo em seco.
— As vezes é impossível evitar certas coisas — ele
respondeu dando um meio sorriso, tão petulante.
— É mesmo? Que engraçado, pois é só enviar para seu
cérebro a mensagem que não quer mais olhar e pronto, ele vai
obedecê-lo.
— Nem sempre funciona assim, querida, meu corpo tem
vontades próprias e quando coloco meus olhos em você, ele não
quer outra coisa a não ser apreciá-la — o que tinha dado naquele
homem? Era só o que me faltava.
— Ethan, sabe que não gostamos um do outro, nem nos
suportamos.
— E ainda assim você aceitou viajar comigo. — O sorriso
mais aberto do petulante se fez presente e me virei para a pequena
janela do avião. Não tinha muito para se olhar, mas não queria voltar
a encará-lo. Então me levantei para me sentar do outro lado e evitar
ficar de frente para o descarado.
Novamente ficamos em silêncio, olhei de esguelha para o
lado disfarçadamente para conferir o que ele fazia e o vi com fones
nos ouvidos e o tablet aberto sob suas coxas grossas. Ethan estava
vestido de forma bem casual, um jeans escuro e uma camisa polo
com um casaco que ele já havia tirado e deixado na poltrona atrás
dele. O cabelo estava penteado para trás e trazia um ar mais
relaxado ao CEO que sempre estava vestido formalmente com terno
e gravata. Os olhos azuis e aquela sua barba eram um charme a
parte e quando sorria então, ele conseguia ficar ainda mais lindo.
Mas acabava me lembrando de que era um babaca, irresistível,
ainda assim, um cretino.
— Posso ouvir seus pensamentos daqui, baby.
— De onde tirou esse baby? Pelo amor de Deus, Ethan! —
estava irritada, mas ao mesmo tempo me derretendo pelo tom de
voz dele.
— Tenho outras coisas que posso chamá-la, mas essa foi a
melhor, pode acreditar.
— Dessa sua cabeça só sai bobagem, isso sim — ele se
levantou e se aproximou sem encostar em mim, fazendo meu
coração saltar no peito.
— Preste bem atenção, Victoria, vamos parar de provocações
bobas, somos adultos, não gostamos um do outro, mas eu te desejo
como nunca quis outra mulher. Caralho. Odeio isso, só que não
posso evitar e é bom que saiba disso, sempre vou te respeitar,
porém, quando me der carta-branca eu vou para cima com tudo.
— Quer transar comigo aqui?
— Não seria ruim, ter prazer estando literalmente nas alturas,
mas não gostaria de começar aqui e sim em terra firme —
respondeu sorrindo de lado, algo totalmente dele que já notei.
— Vamos fazer o seguinte, deixamos as coisas fluírem e
vemos como você vai se sair…
— Mas você está solteira? — ele perguntou com apreensão
passando a mão no cabelo.
— Claro que estou, por que a dúvida? — o questionei curiosa.
— Só queria confirmar o que já sabia — ele disfarçou dando
de ombros, mas havia algo mais ali, será que ele pensava que tinha
alguma coisa com o Ben? Só poderia, foi a única vez que me viu
com alguém.
— Então tá, se é isso mesmo, tudo certo. — Ethan aproximou
mais seu rosto do meu e senti todo o meu ar sumir e minha pele se
arrepiar quando seu dedo acariciou meu queixo devagar. Seus olhos
fitaram minha boca demoradamente e foi como se estivesse em
outra dimensão, não sei dizer, mas aquilo me deixou completamente
fora do ar. Fechei os olhos e deixei que aquele toque perpetuasse
minha mente e corpo. Mas ele parou de repente me fazendo abrir
novamente os olhos e o encontrando já sentado em sua poltrona.
— Ethan, está brincando comigo? — perguntei irritada, pois
se ele fosse começar a me deixar assim, já poderíamos parar.
Odiava rodeios, gostava de ser direta em tudo.
— Já disse que aqui hoje não… — Ele não sabia com quem
estava lidando? Pois bem, iria mostrar a ele, seria bom que
soubesse de uma vez por todas.
— Vamos ver quem manda então. — Agindo pelo desejo e o
fogo que meu corpo estava, saí da minha poltrona e me sentei em
seu colo tirando o tablet e jogando-o na poltrona de trás. Puxei seu
cabelo trazendo seu rosto bem perto do meu, sua respiração estava
agitada e senti o volume através de sua calça. Ele estava louco por
mim, assim como estava por ele, não conseguia entender essa
atração que nos consumia, mas já estava na hora de colocá-la a
prova.
— Você gosta de dar a palavra final, não é? — perguntou
com a voz gutural que me deixou ainda mais excitada.
— Eu adoro e isso aumenta mais meu desejo — rebolei
devagar em seu colo e o ouvi rosnar — Não quero que seja
cavalheiro, Ethan. Gosto quando o homem é selvagem e
devastador, então seja isso — Antes que pudesse terminar de falar,
ele me puxou com força, não para machucar, mas sim com uma
pegada forte, sua boca me devorou com fome e desejo enquanto
puxava meu cabelo com uma mão e com outra apertava minha
cintura e quadril.
— Victoria, desse jeito vou gozar na calça, baby! — Sorri sob
sua boca e mordi seu lábio inferior, rebolando mais rápido em cima
dele, com isso, me levantei afastando um pouco, abri minha calça,
ele parou de me beijar e olhou rapidamente — Porra, está sem
calcinha? — assenti com um aceno de cabeça, não consegui
responder, o desejo era tanto que rebolei mais em cima do grande
volume dele, Ethan não parou de me beijar, trilhou pelo meu
pescoço até chegar nos seios, desceu rapidamente meu body e
tomou um deles na boca o que me fez arquear o corpo. Sentia que
estava muito molhada e como se estivesse pensando o mesmo que
eu, ele enfiou a mão dentro da calça, chegando a minha boceta.
— Caralho, Victoria, está molhadinha, que delícia. — Ele
massageou meu clitóris e depois enfiou três dedos e começou a
estocar — Rebola gostoso, baby! — a voz rouca e sua boca
chupando e mordiscando meu seio foram a minha perdição. Senti
todo o meu corpo convulsionar e explodir em um orgasmo delicioso,
gozei intensamente enquanto não parava de rebolar nos dedos dele.
— Ethan… — gemi seu nome sem poder controlar até cair em
seu peito com a respiração acelerada, como se tivesse saído de
uma corrida. O fitei e senti o desejo nu e cru naquela imensidão
azul, então respirando fundo, saí de seu colo, e me agachei a sua
frente, ele assentiu, abri seu cinto e sua calça e em poucos minutos
me ajudou a descê-las um pouco junto da cueca. Seu pau saltou,
ereto, duro e com a cabeça rosada meio molhadinha, passei a
língua pelo lábio inferior fazendo o homem à minha frente rosnar um
som gutural com meu nome que sumiu assim que passei a língua
nele, acariciei as bolas e depois com o apoio das mãos ao redor
dele, o tomei na boca por completo o levando ao limite.
— Porra, que boca gostosa, baby! — Sorri internamente e
continuei o trabalho, queria vê-lo se perdendo. Senti suas mãos
agarrarem meu cabelo com força, não parei de chupá-lo levando-o
ao limite. — Vou gozar, Victoria! — Ele me avisou, mas não parei e
nem tirei minha boca de seu pau gostoso, continuei os movimentos,
até que o senti no fundo da minha garganta, meus olhos inflamaram
e as lágrimas foram inevitáveis. Senti seu corpo se sacudir e ele
gozar de forma esplendorosa em minha boca, sem deixar de
encará-lo, engoli tudo e passei a língua pela glande, limpei meus
lábios e lambi as pontas do dedo sob seu olhar devasso — Você…
— falou apontando na minha direção e me puxando para ele depois
de colocar seu pau para dentro das calças — Que boca macia e
gostosa, baby! Queria senti-la pelo resto dos meus dias…
— Ethan… — falei com a voz melodiosa sem poder conter
como ele me deixava mole de desejo. Mas dizer que queria sentir
minha boca pelos restos dos dias foi demais e me afastei indo para
o banheiro na parte da frente do avião. Passei uma água no meu
rosto e depois de uns minutinhos saí e me sentei de volta na
poltrona de frente para ele que me fitou preocupado.
— Fiz alguma coisa errada? — indagou com a expressão
aflita.
— Não, só queria passar uma água no meu rosto, está tudo
bem, agora só vamos nos tocar quando chegarmos ao hotel.
— Nem um beijinho pode?
— Melhor não, a gente não sabe ficar só em beijos — ele
sorriu de lado, o safado. Não queria dar o braço a torcer e ficar
atracada com o petulante o tempo todo, pois podia entender tudo
errado. Ele era dez anos mais novo que eu, não sabia quais eram
suas expectativas, não queria que as coisas se tornassem mais do
que realmente eram.
Depois disso ele voltou para o filme e eu peguei o meu
Kindle, estava lendo um romance de época quente, Julia Quinn era
uma referência do gênero em todo o mundo. Amava as histórias
dela, viajava para o local da história e conseguia me imaginar
naquele cenário todo. Por isso gostava tanto de ler, me levava para
os lugares sem sair de onde estava, fora todos os outros benefícios
que a leitura trazia para nossa vida. Não sei por que, mas os
personagens de O Visconde que me Amava, lembravam um pouco
eu e Ethan. Pois eles viviam discutindo e se provocando o tempo
todo, sorri de lado quando Anthony revelava no livro que teve um
sonho erótico com Kate. Ele nem iria sentir o que o atingiu. Homens!
Desde sempre tão previsíveis e completamente entregues às
mulheres.
Mais algumas horas e finalizei o livro assim que chegamos
em solo francês, o avião pousou e nos arrumamos para descer
assim que liberaram a saída. Ethan foi cavalheiro, me ajudou com
as malas, o motorista já estava nos esperando de frente para uma
limusine. Fitei-o e sorri agradecendo, já chegamos sendo muito bem
recebidos.
— Nossa, vocês capricharam! — elogiei sorrindo.
— Você é nossa primeira hóspede e merece toda atenção —
Ethan afirmou enquanto o motorista abria a porta para entrarmos
depois de guardar as malas. Entrei primeiro e já havia andado uma
vez em uma limusine por Nova Iorque, foi impressionante e
marcante. Nunca me esqueci da emoção que foi andar pelas ruas
da cidade que nunca dormia.
Ethan entrou em seguida, como saímos a noite de Nova
Iorque, viajamos toda a madrugada, em Paris já era dia, de manhã,
pois a França estava seis horas à frente de Nova Iorque no fuso
horário.
— Você aceita um suco, café ou champanhe? — Ethan me
questionou.
— Ainda é cedo para começarmos a beber, por mais que
estejamos em Paris, aceito o suco — ele sorriu e me entregou o
copo colocando o suco junto do gelo.
— Às novas experiências! — Ele levantou o copo e se
aproximou para brindarmos me fitando de forma devassa. Senti um
duplo sentido naquela fala, dei um meio-sorriso.
— Que seja incrível! — ele assentiu e bebemos o suco nos
encarando sob a borda da taça. Poderia ser loucura da minha parte,
me permitir ficar com esse homem que sequer gostava. Só que
temos de concordar, a química que rolava entre nós dois era capaz
de incendiar tudo ao nosso redor. Não era algo a se ignorar, só
restava se jogar naquela nova experiência, literalmente.
No olhar de Ethan além de excitação havia algo mais que não
sabia descrever muito, parecia que ele escondia algo, o que um
CEO como ele poderia ocultar de sua vida? Achava que nada, além
disso, não passaria de alguns momentos de prazer, nada sério e
cheio de expectativas. Éramos adultos e sabíamos onde estávamos
pisando, pelo menos eu sabia bem e iria aproveitar bastante.
Queria cada gota, me dê tudo que você tem
Eu vou te dar um gole da garrafa, você é tão doce como cereja
É como, oh, meu Deus, minha nova droga favorita
Você afunda como veludo líquido, amor maraschino
Maraschino Love | Ezi
Depois de um longo passeio por Paris, passamos em frente
ao rio Sena e entramos no Hotel Roux que ficava voltado para a
Torre Eiffel. Fiquei imediatamente encantada pelo que vi através do
vidro, a fachada dele era completamente clássica, parecia mais um
monumento histórico toda a construção.
— Gostou da entrada? — Ethan perguntou assim que a
limusine parou e foi inevitável não sorrir para ele.
— Muito, ficou perfeito, vocês encontraram o prédio antigo e
reformaram?
— Sim, Kevin fez tudo, ele que encontrou e junto de Neo
fizeram todas as negociações, todo projeto é dele, fez um trabalho
incrível.
— Estou encantada, que localização excelente — o motorista
abriu a porta e descemos, quando saí senti o ar ameno em Paris, o
sol estava brilhando, mas não tão forte. Foi ótimo ir naquele mês,
pois maio era o mês que mais costumava chover na Cidade Luz.
Mas sei que ainda podia chover, estava na época de chuvas leves
intercaladas com o sol, mas iria aproveitar cada segundo do hotel.
— Seja bem-vinda ao Hotel Roux Paris! Esperamos que
tenha uma estadia maravilhosa! — Ethan falou com uma voz que
misturava com profissionalismo misturado à sensualidade. Fitei seus
olhos como se dizendo que queria me aproveitar não só do seu
hotel como também dele. Alguns segundos que não sei contar se
passaram enquanto meu olhar ficou preso no de Ethan.
— Sejam bem-vindos ao nosso hotel, Srta. Fiore! — Theo
Roux, o irmão chegou nos tirando do transe.
— Muito obrigada, vocês estão de parabéns, excelente
localização e só de ver a entrada já dá vontade de se hospedar
aqui, incrível.
— Nós que agradecemos, sua experiência começa hoje, claro
que depois de um belo descanso. Como foi a viagem?
— Foi maravilhosa, melhor impossível — respondi desviando
o olhar para Ethan que pigarreou sem graça. Ele fazia todas aquelas
coisas sujas comigo e ficava com vergonha depois? Segurei a
risada para não o constranger mais.
— Começamos bem então, vamos entrar para poder te
apresentar todo o hotel, mas se estiver animada, caso não esteja,
podemos te levar ao seu quarto para que possa descansar.
— Quero conhecer tudo agora mesmo e aí depois posso
descansar — respondi e ele saiu à frente pedindo para segui-lo.
Ethan veio atrás e podia sentir seu olhar me queimar mesmo não o
vendo.
— Pensando na hospitalidade asiática que prezamos e no
estilo de vida francês, nosso hotel palácio está localizado em frente
ao rio Sena e voltado para a Torre Eiffel. Dispomos de dois
restaurantes, ambos são supervisionados por um chef premiado,
temos piscina coberta, academia e SPA disponíveis. Sua suíte tem
uma vista privilegiada — ele falou enquanto fomos andando através
do hotel, fiquei encantada com a decoração neoclássica europeia.
Lustres enormes e lindos, me senti dentro de um palácio,
literalmente.
— Está tudo lindíssimo, parabéns a vocês pelo belo trabalho
que fizeram, com toda certeza esse hotel localizado no coração de
Paris vai fazer sucesso! Os vídeos vão ficar maravilhosos! —
Elogiei, pois nem imaginava que iriam tão longe, quer dizer, sabia
que eram profissionais. Mas vi que trabalharam muito para fazer um
hotel bem francês e que dava para todos os hóspedes sentirem o
clima e estilo de vida de Paris.
— É o que esperamos, mas com você tudo ficará incrível! —
Theo falou e Ethan direcionou um olhar fuzilante para o irmão, rolei
os olhos.
Ele me apresentou todos os espaços e por fim, me levaram
para conhecer minha suíte, quando entrei minhas malas já estavam
no quarto. Fiquei simplesmente apaixonada com a vista
deslumbrante da Torre Eiffel e a decoração nos tons de azul, branco
e linho com estilo asiático e imperial europeu. A suíte tinha sala de
estar dividida com mesa de trabalho e um banheiro revestido de
mármore com piso aquecido, banheira separada, um chuveiro com
efeito de chuva e produtos de banho da Guerlain. Suspirei pensando
no quanto iriam ser gostosos meus dias de folga naquele lugar e
ainda poderia desfrutar da Cidade Luz.
Os móveis pareciam ter sido feitos sob medida com
acabamento de cristal, um luxo. Havia também uma TV de tela
plana que segundo Theo tinha canais com filmes se quisesse
assistir. Além disso havia também uma base para colocar Ipod e um
cofre com capacidade para colocar até mesmo um laptop. Cheguei
na sacada da minha suíte e apreciei a bela vista da Torre e de toda
Paris, foi imprescindível não suspirar diante da imagem. Apesar do
cansaço da viagem, estava totalmente animada para aproveitar
tudo, mas sabia que precisava tomar um banho naquela banheira
maravilhosa e dormir um pouco.
— Podemos filmar sua entrada na suíte?
— E a entrada no hotel? — Joguei o cabelo de lado tentando
me lembrar — estava tão encantada com tudo que nem percebi se
estavam filmando ou não.
— Filmamos tudo, mas faremos outros vídeos e
escolheremos os melhores com sua ajuda para publicarmos.
— Ótimo, vai ser um prazer, então podemos filmar essa
entrada na suíte — falei e todos saíram para organizar, peguei a
bolsa que estava em cima das malas e segui o que o fotógrafo
pediu. Não demorou muito e já estava sozinha naquela suíte
maravilhosa, peguei meu celular na bolsa. Acabou que fiquei tão
empolgada e apaixonada pelo hotel que não avisei nada a ninguém.
Liguei primeiro para minha mãe que por algum milagre havia me
ligado mais de cinco vezes.
— Mãe, aconteceu algo? — Perguntei preocupada, ela não
era de ficar me ligando.
— Victoria, não foi nada, só estava preocupada querendo
saber se chegou bem.
— Está tudo ótimo, o hotel fica no coração de Paris e é
maravilhoso, estou muito bem.
— Que maravilha, espero que possa descansar e se distrair
um pouco, já que trabalha muito. — O que será que tinha dado na
minha mãe?
— Vou tentar, sabe que sou uma viciada em trabalho e não
consigo me desligar muito dele.
— Sei sim, mas tente aproveitar seus dias de folga — a ouvir
pigarrear do outro lado — você merece — senti sua voz trêmula,
será que ela estava chorando?
— Está tudo bem, mãe?
— Claro que está, minha filha. Não se preocupe, vá
descansar.
— Qualquer coisa é só me ligar, fiquem bem! Obrigada por ter
ligado — disse sem graça e ela desligou depois de se despedir
rapidamente. Era estranho demais a forma com que minha mãe
sempre me tratava. Mas, naquele momento, não queria pensar em
nada do passado, só queria aproveitar o presente naquele lugar
incrível. Afinal, estava em Paris e nada poderia me atingir.
Liguei de vídeo para minhas amigas que estavam no meu
apartamento junto com meus irmãos, Bella e Peter, que por algum
milagre de Deus apareceu. Ele vivia mais afastado, o via muito
pouco e sentia tanto sua falta. Enfim, mostrei minha suíte para eles
que ficaram todos encantados com tudo e a vista maravilhosa.
Natalie e Laura estavam eufóricas e me intimaram a aproveitar sem
preocupação. E era isso que iria fazer, começando por dar vazão ao
desejo louco que sentia pelo dono do hotel. Sorri maliciosa depois
de desligar a chamada e preparar meu banho na banheira, havia
levado uns cremes para deixar no cabelo enquanto ouvia uma boa
música e tomava um vinho.
Tirei o roupão e primeiro entrei naquele chuveiro maravilhoso,
lavei o cabelo e coloquei os cremes, fiz um coque e fui para a
banheira, já havia deixado o vinho na beirada junto da taça.
Coloquei um pouco, balancei sentindo o cheiro dele antes de levar à
boca e apreciar o sabor delicioso da uva presente nele. Conferi na
garrafa de qual se tratava, Château dos Graviers, safra de 2015. O
sabor era delicado e elegante, verdadeiramente único.
Sorri assim que ouvi a música que tinha escolhido tocando na
minha playlist. If I Could de Charlote Day Wilson. Sem poder resistir,
cantei o refrão junto de olhos fechados sentindo o calor do vinho se
espalhar pelo meu corpo. Instintivamente minhas mãos começaram
a passar por ele, sentindo a pele se arrepiar, me toquei
deliciosamente e devagar, sem pressa.
Com a mente vazia de qualquer preocupação me deixei levar,
o toque sexy e a voz do cantor de Sex in Paris me embalaram.
Continuei até chegar no meio das minhas pernas, sentindo minha
boceta pulsar querendo atenção. Mais que isso, ela queria que nos
levasse ao êxtase.
Na banheira da suíte mais cara do Hotel Roux me toquei sem
pensar em nada, só no meu prazer. Em me sentir bem e liberta de
qualquer outro sentimento ou pudor, o momento era único e me
aproveitei dele, levando a outra mão ao seio que acariciei,
alternando entre carícia suave ou o beliscando até que estivesse
rebolando em meus próprios dedos e buscando cada vez mais meu
prazer. Não demorou para que sentisse tudo rodando, fechando os
olhos e arqueando o corpo me entregando a um orgasmo delicioso.
Assim que senti meu corpo completamente relaxado e tendo
a água já mais fria que morna, saí da banheira, entrei no chuveiro
para tirar os cremes do cabelo, me sequei e peguei minha camisola
de seda e renda. A vesti, depois sequei meus fios, fechei as cortinas
com o controle e me deitei naquela cama enorme e muito
confortável para ter um sono tranquilo. Não sabia por quanto tempo
fiquei dormindo, mas acordei com o celular tocando e vibrando na
mesinha ao lado da cama. O peguei sem olhar o número e atendi
rapidamente.
— Victoria, está viva aí dentro? — Ouvi a voz dele, Ethan
Roux do outro lado da linha e parecia estar preocupado.
— Ethan, estava dormindo — falei com a voz ainda rouca.
— Vamos comer algo? Não está com fome?
— Estou sim, mas estava com muito sono também — me
levantei e tropeçando nos meus próprios pés abri a porta com o
cartão magnético e dei de cara com aqueles olhos azuis lindos de
Ethan me fitando intensamente. Foi aí que me dei conta de que
estava somente de camisola, havia esquecido de colocar o roupão.
O celular deslizou pelas mãos dele, que o guardou no bolso da
calça de linho. Não sabia bem o porquê, mas meus olhos devoraram
Ethan, que corpo gostoso ele tinha, minha nossa. Aquela calça
destacava ainda mais seu corpo, valorizou bem.
— Victoria, Victoria, como atende um homem assim?
— Não é qualquer homem, ou vai se fazer de estranho
agora?
— Claro que não, mas veja, você… — as palavras morreram
no meio da frase, quando o puxei pelo colarinho da sua camisa azul
para dentro da suíte. Fechei a porta rapidamente e saí andando a
frente dele rebolando mais para provocá-lo, não podia negar que
aquilo me dava um prazer sem igual. Quando me virei ele estava
passando a mão pelo cabelo o bagunçando mais, na verdade, Ethan
só ficava com ele penteado e no lugar quando ia a eventos formais.
Achava muito sexy a forma que aquele seu cabelo ficava, todo
bagunçado de uma forma que deixava brechas para a imaginação.
— Você pode esperar enquanto me arrumo para comermos
ou prefere me ajudar? — Ele sorriu de lado, me virei e o ouvi me
seguindo.
— Posso te auxiliar no que for — me pressionou na parede
mais próxima — Você quer?
— Claro, fique à vontade — com isso suas mãos vagaram
para todos os lugares do meu corpo enquanto sua boca mordiscava
meu lábio inferior — Mas não escovei os dentes ainda, vai me beijar
assim mesmo? — Ele sorriu jogando a cabeça para trás.
— Por Deus, mulher. Desde que ouvi sua voz rouca no
celular que só consigo pensar em beijar sua boca. Só te dei
descanso quando chegamos porque sabia que precisava dele.
— Ethan, Ethan — falei seu nome repetidas vezes fitando
seus olhos azuis agora mais escuros e tomados de fogo.
— Victoria, você gosta de me torturar, só que não quero
perder tempo.
— Sei disso — falei passando minhas mãos por trás de seu
pescoço — então não vamos — aproximei minha boca da sua,
mordisquei meus lábios e o beijei deixando de lado qualquer outra
coisa. O beijo dele me deixava fora da órbita, era como se tudo ao
meu redor desaparecesse de tão gostoso. Não tinha vontade de
parar nunca, principalmente quando suas mãos começavam a me
apertar tão deliciosamente. O que estava fazendo, meu Deus?
Deixando que esse homem me deixasse louca, só podia ter perdido
toda minha razão. Ele me incitou a pular em seu colo, com isso me
levou para o quarto e já caímos na cama sem conseguir desgrudar
nossas bocas.
— Vic… — ele ia dizer algo e o interrompi colocando o dedo
em sua boca.
— Shih — sem deixar seu olhar possuído de luxúria, o beijei
mais intensamente, passando a mão pelo seu corpo mesmo por
cima da camisa, queria sentir sua pele na minha, o calor e seu
cheiro másculo misturado ao sabonete de banho e perfume.
Arranhei suas costas quando senti o quão duro ele já estava, para
mim não tinha nada melhor que deixar um homem louco de desejo.
O incitei e começamos a tirar suas roupas, o ajudei a passar
a camisa pelos braços quando os levantou a jogamos longe. Não sei
em que momento, mas ele abriu as cortinas, conseguiu encontrar o
controle ao lado da cama e tendo aquela visão incrível de Paris,
ficamos nus e sentindo a pele inflamar pelo desejo sem medida que
sentimos. Diziam que o ódio e o amor andavam juntos, no nosso
caso, era a atração e a raiva que sentimos que nos tomava de forma
feroz e não tem volta. Precisávamos viver tudo para que acabasse
logo, pelo menos eu não tinha expectativa que acontecesse algo
mais que a atração descabida que sentíamos.
Assim que ele colocou a camisinha que estava na gaveta da
mesa lateral da cama, depois dele ter me dado dois orgasmos, um
com os dedos e outro com sua boca incansável, iria me tomar pela
primeira vez. Nossos olhos se fitaram quando o senti na entrada da
minha boceta suculenta e faminta por mais. Ethan entrou devagar,
dei um sinal com a cabeça para entrar com tudo, quando o fez
gememos juntos.
— Caralho, Vic… — meu nome morreu quando ele rebolou,
tirou um pouco e estocou.
— Mais fundo — minha voz saiu baixa e rouca, afetada por
tê-lo dentro de mim daquela forma, sentindo sua pele quente e seu
olhar devasso, totalmente ensandecido. Ele o fez e meteu fundo nos
fazendo gemer mais uma vez juntos e dessa forma, repetidamente
foi estocando enquanto eu apertava minha boceta em torno do seu
pau.
O movimento foi ficando mais intenso, selvagem e quando
pensei que iria gozar, segurei e inverti as nossas posições, ficando
em cima dele. Tomei o controle como gosto e rebolei gostoso,
alternei com os movimentos de contrair a boceta e o apertar e
escutei Ethan gemer palavras desconexas, senti tudo ao meu redor
sumir, fitei os olhos de Ethan e gozei intensamente, gostoso, me
senti fora do ar por alguns segundos enquanto sentia ele gozar logo
depois também.
— Ah, delícia! Você é tão gostosa, Victoria! — Sua voz soou
gutural enquanto gozava sem deixar meu olhar e aquilo me deixou
desconcertada. Ethan saiu de dentro de mim e logo senti-me vazia,
foi ao banheiro da suíte para descartar a camisinha. Voltou com uma
toalha e com o olhar dei consentimento a ele que me limpou. Todo o
carinho e cuidado que ele teve comigo me fez sentir tão deslocada.
Quer dizer, em meus quarenta anos, um homem nunca me tratou
daquele jeito, normalmente todos queriam sair de perto e encerrar o
contato. Até mesmo meu ex-noivo, gostava de me deixar sozinha
depois do sexo. Já Ethan não, após levá-la de volta, retornou se
deitando ao meu lado e ficou acariciando minha pele um tempo que
não sabia contar até me encarar.
— Sabia que seria bom, mas você superou todas minhas
expectativas, Victoria.
— Você estava sonhando com isso? — Pelo visto não era só
eu que estava sonhando com ele, dei um meio sorriso.
— Todos os malditos dias e em todos eles você gostava
muito, baby!
— Sabia que você é petulante de merda? — Ele sorriu de
lado daquele jeito que me derretia inteira. Beijou minha boca
demoradamente me deixando com um turbilhão na cabeça. Mas por
hora, queria só aproveitar de tudo que rolava entre nós dois, pelo
menos pelos próximos dias, longe da nossa rotina louca em Nova
Iorque.
Eu vi o fogo em seus olhos
Eu vi o fogo quando eu olhei em seus olhos
Você me diz coisas que quer experimentar (Uh)
Eu sei que a tentação é o diabo disfarçado
Você arrisca tudo para se sentir viva, oh sim
Take My Breath | The Weeknd
Percebi que comigo e Victoria era ainda mais louco e quente
do que imaginava. Não sei se era a magia da Cidade Luz, mas
desde o primeiro dia que chegamos não conseguimos nos
desgrudar. Na verdade, durante a vinda quando começamos, dentro
do avião, que loucura. Aquela mulher me fazia desejá-la a todo
momento do dia e noite, tinha de confessar que amava Paris e
queria aproveitar a cidade, mas estar dentro dela, porra era a
melhor coisa que já havia experimentado.
Apesar de sermos como fogo e gasolina, sabia que Victoria
não queria nada além disso, uma aventura nos seus dias de férias.
Logicamente também deveria pensar assim, mas não sabia definir,
ainda havia algo nela que me fazia querer mais. O quê? Até agora
não tinha ideia, ainda era cedo para falarmos de sentimentos. Mas
sentia que deveria conquistá-la, pois sabia que ao voltarmos ao
nosso mundo real, tudo que vivemos iria ficar para trás.
Andamos por Paris, fomos nos principais cartões postais da
Cidade Luz, filmamos e fizemos incontáveis fotos. A Victoria foi a
escolha perfeita para nosso marketing com esses novos hotéis, a
experiência estava sendo gravada e os vídeos estavam ficando
incríveis. Mas um dos nossos melhores passeios, foi na Ópera
Garnier, consegui uma área mais privativa e enquanto Victoria
apreciava o grande show de O Fantasma da Ópera a fiz gozar com
meus dedos dentro de sua boceta molhada, como ficamos mais no
alto do auditório na parte lateral e estava escuro, ninguém viu nada.
A adrenalina de ser pego também era um grande afrodisíaco, nos
deixamos levar completamente pelo desejo sem limites.
No dia seguinte, fomos a um restaurante, a comida do hotel
estava sem defeitos, mas também queríamos sair um pouco para
aproveitar mais. Fiz a reserva no Girafe, era um restaurante novo
que ficava no Trocadéro, na última vez que tinha vindo a Paris, ele
ainda não existia. Foi indicação de Kevin, quando ele passou um
tempo supervisionando a obra disse que o frequentou muito. Como
o tempo estava bom, fomos antes do pôr do sol, meu amigo disse
que àquela hora poderíamos aproveitar bem a luz natural e a vista.
O restaurante ficava no interior do Palais de Chaillot, que
eram dois grandes imóveis situados na praça Trocadéro, diante da
torre Eiffel. No interior do Chaillot tinha três museus, um teatro e
alguns restaurantes e cafeterias. Girafe ficava do lado esquerdo,
onde se encontrava também o museu Cité de l’Architecture et du
Patrimoine que visitamos no dia anterior.
Quando chegamos, apreciamos a vista sensacional da torre
Eiffel na varanda do restaurante. Victoria amou de primeira, a
decoração era lindíssima, inspirada nos anos 1930. Na varanda as
mesas estavam todas redondas e forradas com um forro branco,
velas e luminárias davam um toque especial e charme ao ambiente.
Fomos bem recebidos e escolhemos vinho para nos acompanhar na
entrada, Victoria parecia estar encantada.
— Que vista deslumbrante, foi uma excelente escolha, Ethan!
— elogiou enquanto olhava para nossa frente, a torre Eiffel — Como
soube deste lugar?
— Indicação de um amigo, na verdade, você o conhece bem
— bebi um pouco do vinho delicioso e bem frutado.
— Oh, quem é? — ficou curiosa para saber.
— Kevin, ele é nosso engenheiro, passou quase o tempo todo
aqui quando começamos a obra.
— Ah, mas é claro, que lerdeza a minha, acabei esquecendo
que ele trabalha para vocês também.
— Ele é um profissional incrível, fez projetos maravilhosos e
nos auxilia muito quando vamos expandir, participa de todos os
processos até chegarmos à etapa de obra.
— Vocês têm uma equipe muito boa, Ethan. Ninguém pode
reclamar dos Hotéis Roux, espero que cresça cada vez mais.
— Nossa, um elogio vindo de você dirigido a mim, é
realmente surpreendente.
— Sei separar profissional do pessoal e já que estamos
falando disso, é melhor não misturar, sou sincera quando elogio e
não digo nada para satisfazer ninguém.
— Por causa disso mesmo que me deixou surpreso e até
mesmo feliz, trabalho muito todos os dias para manter o legado da
minha família.
— Posso entender perfeitamente, não quer decepcionar e
manchar o sobrenome da sua família.
— É mais que isso, meu pai trabalhou duramente por anos
para estar onde estamos hoje, sei que pode parecer algo ligado a se
manter no topo com a sociedade. Só que não é isso, pelo menos
para mim, na verdade, isso é consequência da nossa dedicação.
— Com certeza, olha Ethan, sinto que você — ela colocou
sua taça na mesa e me fitou seriamente — não se sente totalmente
entregue ao que faz como CEO, posso estar enganada, mas minha
intuição diz que você não gosta do que faz — Claro que ela
desconfiava de algo, Victoria era uma mulher esperta e inteligente,
mas como ela sentia isso assim? Meu Deus! Tentei me acalmar e
não demonstrar nervosismo.
— Bom, ser CEO não foi totalmente uma escolha minha e as
coisas foram acontecendo e me vi diante dessa grande
responsabilidade — tentei falar de forma segura para que ela não
desconfiasse de mais alguma coisa.
— Então, quer dizer que não deseja fazer isso para o resto da
sua vida?
— Não, tenho outros planos, mas não me sinto pronto para
revelar ou sequer fazer algo ainda, preciso tomar uma decisão,
acontece que não é tão simples. É algo sério e não quero mais errar
— segui para esse lado achando que consegui convencê-la.
— Isso é perfeitamente compreensível, Ethan. Não quero
invadir sua vida pessoal e profissional, espero que possa se
encontrar e ser feliz no que for fazer — Victoria jogou o cabelo de
lado — A melhor coisa é trabalhar com o que a gente ama, sou
completamente realizada e feliz com o que faço na La Femme.
— É perceptível a cada edição maravilhosa que lançam todo
mês, admirável.
— Fico feliz que é perceptível, obrigada, mas vamos mudar
de assunto, daqui a dois dias vamos para Santorini, sabia que não
conheço a Grécia ainda?
— Nossa, você vai ficar completamente encantada, Santorini
é uma das ilhas mais visitadas de lá, linda demais.
— Confesso que estou ansiosa para conhecer — ela falou
com a voz em um tom mais sedutor me fitando com desejo
enquanto sentia o salto do seu sapato me alcançar por debaixo da
mesa. Dei um pulo na cadeira e contive um gemido sob seu olhar
divertido.
— Victoria, Victoria…
— Você não sabe brincar, Ethan. Relaxa e curta o momento
— com isso ela aproveitou que ao nosso redor estava vazio e pediu
para me sentar ao seu lado. Usou o forro da mesa para disfarçar
nossa brincadeira sexual e enquanto bebíamos vinho, ela conseguiu
me enlouquecer, provocando debaixo da mesa de forma totalmente
natural. Não consegui raciocinar pelo resto do entardecer, Victoria
me deixou completamente louco.
Depois de comermos a entrada, aproveitei o momento que
ela foi ao banheiro, fui atrás e a tranquei lá dentro comigo. A
coloquei sentada na bancada da pia, abri suas pernas e rasguei sua
calcinha de renda minúscula. Ela estava de vestido o que facilitou
muito para mim.
— Você é uma grande provocadora — falei em meio aos
beijos completamente selvagens que estávamos trocando,
devorando um ao outro com uma fome louca. Nunca havia me
sentido daquele jeito, descontrolado de desejo, tinha trinta anos e
era homem, já vivi a fase de pegação e loucuras. Mas com aquela
mulher era diferente, não sabia ainda o que acontecia, só o que
tinha conhecimento era que a desejava ardentemente, meu corpo
inteiro queimava por ela.
— Só gosto de te deixar assim, é divertido — a danada sabia
que mexia comigo e ainda gostava, não era boba e sabia onde
pisava. Mas, diferente dela, não queria que isso acabasse, mas
como Vic era mandona e gostava de dar a palavra final. Ela até
poderia fazer isso, mas seu corpo me dizia ao contrário e lutar
contra o desejo era difícil e ela iria acabar não resistindo. Como se
estivesse me ouvindo pensar, ela falou com a voz diabólica tomada
de tesão — Pare de pensar muito Ethan, me faça gozar como só
você sabe.
— Como só eu sei, somente eu, baby. — Sorri de lado
completamente convencido daquilo.
— Petulante de merda! — Gemeu enquanto devorava seu
seio esquerdo e enfiava meus dedos em sua boceta quente e
molhadinha, completamente pronta para mim.
— Porra Vic… — ela não me deixou terminar e me beijou,
mordeu meu lábio inferior enquanto rebolava sob meus dedos,
estoquei até vê-la se desfalecer em meus braços, derretida de
prazer. Me abaixei e tomei seu gozo na minha boca, chupando seu
clítoris — Gostosa pra caralho e minha, baby.
— Ethan, quero você — sussurrou roucamente, mas ainda
com o tom autoritário.
— Estou aqui — respondi mesmo sabendo o que ela queria,
mas gostaria de ouvi-la dizer.
— Quero seu pau dentro de mim, agora! — exigiu, porra e eu
a obedeci, me afastei um pouco e desci minha calça e cueca juntos,
abri a embalagem de camisinha que levei no bolso e assim que
encapei meu membro a penetrei sem demora como ela queria e
confesso que eu também. Victoria estava completamente molhada e
eu estava tão duro, sentia que não iria demorar a gozar, mas me
contive, pois queria que ela o fizesse primeiro. Vê-la se perder
comigo dentro dela, totalmente enterrado na sua boceta gostosa e
suculenta era minha total perdição. Estoquei ouvindo seus gemidos
baixos sob minha boca enquanto tentava calá-la, já que estávamos
no banheiro do restaurante de Paris. Não imaginava que nessa
viagem ela iria se render a atração que sentimos, apesar de saber
que era apenas uma aventura.
— Mais forte, Ethan, rápido… — fiz o que ela pediu e a vi se
curvar e apertar mais sua boceta ao meu redor e gozamos juntos,
não pude evitar, seu movimento me levou ao sétimo céu sob seu
olhar satisfeito.
— Porra, Vic! — consegui dizer depois de alguns segundos
ouvindo somente nossas respirações alteradas. Achava até que
alguém devia ter ouvido, pois foi impossível evitar os gemidos diante
de tudo que fizemos.
— Acho que ouviram a gente, mas não ligo e você?
— Só não gosto de saber que eles a ouviram gemer como
louca, isso é algo exclusivo, somente para meus ouvidos.
— Mas os gemidos foram seus, baby! — falou de forma
debochada, pegou sua calcinha e a colocou no bolso da minha
calça, depois apertou minha bunda e se virou para o grande espelho
ao lado. Retocou sua maquiagem e arrumou o cabelo que estava
completamente selvagem. Me aproximei vendo seu rubor nas
maçãs de seu rosto.
— Esse rubor, baby é impossível de disfarçar, além dessas
marcas em seu pescoço — não consegui conter ao dizer de forma
debochada também, nem a voz rouca ao falar no seu ouvido.
— Ah que se foda! Já está pronto? — perguntou me fazendo
sorrir de lado por sua ousadia, era um charme a parte. Saímos
juntos e agindo normalmente, não havia ninguém no corredor,
voltamos à nossa mesa e não demorou para o garçom trazer mais
vinho e nosso prato. Escolhemos frutos do mar e peixes frescos,
que estavam divinamente deliciosos. Aproveitamos o pôr do sol que
deixou a vista ainda mais maravilhosa, mágica eu diria ainda mais
tendo Victoria ao meu lado naquele momento.
Depois do entardecer quente em um restaurante maravilhoso,
no outro dia visitamos o Palácio de Versalhes, fizemos fotos e
vídeos de Victoria no Arco do Triunfo e na Torre Eiffel que ficaram
belíssimas. Ela ficou encantada com a noite no cruzeiro no Rio Sena
e o espetáculo no Moulin Rouge onde assistimos ao show Féerie,
regado a um bom champanhe. Ficamos totalmente encantados com
a produção, mais de cem artistas, oitenta músicos, sessenta
coristas, mil figurinos que diziam ser feitos a mão e muito brilho.
Simplesmente incrível, uma das nossas noites mais lindas que
tivemos, sem dúvida.
Um dia antes de nosso voo para Grécia, fomos no Giverny e
os Jardins de Monet, um lugar que foi inspiração de tantas obras de
um dos maiores pintores impressionistas, foi fascinante. A casa de
Claude Monet, os jardins e a ponte japonesa que tinha sido tantas
vezes retratado por ele. Durante o passeio na vila de Giverny,
almoçamos no restaurante Les Nymphéas, em frente à Casa de
Monet e por último visitamos o Museu dos Impressionismos, que
contava a história do movimento impressionista e a influência que
eles tiveram em todo o mundo artístico.
Victoria tirou fotos e gravou tudo que podia, fez chamadas de
vídeos com suas amigas, assim como fiz com minha afilhada Luz.
Um dia ainda a traria para conhecer Paris, era um de seus grandes
sonhos. Estava morrendo de saudades da minha pequena, por
incrível que podia parecer, Abigail me contou que minha mãe não
estava saindo a noite para ficar com a neta. Fiquei muito feliz em
saber disso, ela estava dando atenção para Luz e isso para mim
não tinha preço. Viajei com o coração na mão por ter a deixado
naquela casa enorme, pois Theo também estava comigo. Era minha
primeira viagem grande, pois eram quinze dias fora, porém fiquei
mais aliviado de vê-la tão bem.
Resolvemos alguns detalhes para inauguração do hotel em
Paris, elogiei o trabalho da equipe e os motivei para continuarem
fazendo daquela forma. Quando embarquei junto com Theo e
Victoria me sentia diferente, foram dias intensos vividos de uma
forma que nunca havia experimentado, principalmente em Paris que
já tinha ido antes. A experiência não foi só para Victoria, sentia que
acabei fazendo parte dela também, pois acabamos dando vazão a
nossa atração e deixamos de lado o ódio que sentíamos um pelo
outro. Que, na verdade, era bem descabido, pois trocar farpas com
ela era totalmente prazeroso e viciante, vamos ver quando
voltarmos a Nova Iorque isso ficaria ainda mais gostoso e perigoso,
não sabia o que seria, principalmente com Valentim entre nós.
Luar e licor, você me deixa doente
Baby, não me diga que eu sou um dos seus pontapés
E eu tenho medo de deixar você entrar
Sim, eu não quero cair de novo, sim
Fantasy | Black Atlass
Alguns dias com Ethan em Paris e estava extasiada, já tinha
vindo antes, mas tinham sido viagens rápidas, acompanhei a
semana de moda. Com a correria da minha agenda não conseguia
aproveitar muito, então os dias que passei agora em Paris foram
simplesmente maravilhosos. Um sopro de ar fresco em meio a
minha rotina louca. Pude me dar ao luxo de aproveitar e me desligar
do trabalho, dos problemas com família e tudo mais. Fui tão bem
tratada como nunca tinha sido antes, conhecia muitos hotéis, mas o
serviço do Hotel Roux estava extraordinário. Não esperava menos
do resort na Grécia.
Pegamos um voo particular para Santorini e chegamos
depois de cinco horas. Ethan e eu nos comportamos bem já que
Theo estava no voo conosco, mas trocamos olhares devassos,
ficamos famintos um pelo outro. No entanto, fui vencida pelo
cansaço e acabei dormindo a viagem inteira, acordei com Ethan me
cutucando sorrindo de orelha a orelha.
— Qual a graça? — perguntei enquanto me espreguicei,
alongando um pouco a coluna sob seu olhar divertido.
— Já chegamos e estamos nos preparando para descer, você
realmente estava com sono, hein?
— Nossa, peguei no sono, dormi como pedra.
— Entendo, também tirei um cochilo, mas acordei antes da
senhorita e achei engraçada sua expressão, estava sorrindo de lado
e teve uma hora que falou algo que não consegui entender.
— Por que não me chamou? — rebati sem graça por ele ter
visto que falava enquanto dormia, meu Deus, que vergonha! O
petulante teve a audácia de rir alto, jogando a cabeça para trás.
— Ficou nervosinha por que descobri algo assim? Minha
nossa Victoria, a maioria da população faz isso enquanto dorme,
não precisa ficar alterada por causa disso — respondeu Ethan
enquanto Theo chegou ao seu lado e sorriu para mim.
— Acordou a dorminhoca que fala enquanto dorme, vamos
desembarcar?
— Ah Theo, você também vai ficar me caçoando? — indaguei
enquanto os irmãos Roux ficaram rindo da minha loucura de falar
sozinha dormindo. Espero que não tenha dito nada que me
comprometa, o petulante contou que não entendeu o que falei, mas
podia ser mentira dele. Me levantei e peguei minha bolsa na
poltrona de trás, saí a frente de Ethan que me deu passagem,
estava sendo cavalheiro demais para meu gosto. Podia ser que os
dias de provocação passaram, afinal. Ainda assim era bom ficar
atenta, o homem era prepotente, não se podia confiar totalmente.
Descemos do avião e já fomos recebidos por um carro preto,
o motorista já estava colocando as malas no bagageiro enquanto
entrávamos, alguns minutos e ele deu partida. Como não conhecia
Santorini, já fiquei atenta a todos os detalhes daquela ilha
maravilhosa. Ao lado do motorista estava o guia do Resort Roux,
Gean Carlo. Ele nos deu as boas-vindas, perguntou da viagem e
começou a contar sobre aquele lugar incrível e cheio de histórias.
— Vocês sabiam que Santorini é uma das Ilhas Cíclades do
Mar Egeu e que foi devastada por uma erupção vulcânica no século
16 a.C e isso moldou para sempre sua paisagem ondulada? —
Gean perguntou.
— Conheço a história, estudei muito quando começamos a
cogitar a ideia de construirmos um resort aqui — Theo respondeu.
— Também fiquei sabendo disso, meu irmão e toda a equipe
fizeram a lição de casa, você sabia dessa história, Victoria? —
Ethan indagou se virando para mim, enquanto passava sua mão
enorme na minha coxa alastrando fogo pelo meu corpo, mesmo sob
a calça de linho.
— Ah. Não sabia, pode me contar tudo, gosto de saber a
história e curiosidades de todos os lugares, torna a viagem mais
interessante — rebati me virando para encarar Ethan que sorria
descaradamente.
— Que bom, vamos ter tempo para que conheçam tudo, vão
ficar sete dias, certo? — Gean indagou.
— Isso — respondi olhando as casinhas brancas ao redor
daquele mar azul lindíssimo. Fiquei simplesmente fascinada com o
quanto era lindo, ainda bem que o fuso era somente uma hora a
mais do que em Paris, então não iriamos sentir muito. Entramos no
resort e fiquei encantada, em Santorini a cor predominante era
branco com os detalhes em azul e o Roux estava descrito em azulroyal.
O motorista parou no estacionamento e já descemos, eles
cuidaram das malas enquanto Theo filmava tudo com sua equipe
que nos aguardava.
— Seja bem-vinda ao Resort Roux — O irmão de Ethan falou
animado e sendo completamente gentil, estava ali para viver a
experiência de primeira hóspede do novo hotel deles.
— Muito obrigada, a vista é incrível, mais uma vez tenho que
parabenizar vocês! — Falei olhando ao redor, totalmente
deslumbrada pelo local, imaginando que o pôr do sol devia ser
incrível dali.
— Victoria, fique à vontade, vamos te levar para o quarto e
depois se quiser podemos te apresentar todo o resort e os serviços
que fazemos — Theo falou e me empolguei tendo a certeza de que
iria ter dias maravilhosos naquele lugar.
— Vou amar, dormi a viagem toda, estou bem-disposta e
pronta para desfrutar do resort.
— Claro, temos a jacuzzi já pronta se quiser relaxar na sua
suíte, ela tem vista direta para o mar — ouvi uma voz diferente me
dizendo, me virei para um homem alto de barba loira cheia e
cabelos da mesma tonalidade na altura dos ombros sorrindo —
Desculpe, não me apresentei, me chamo Aquiles e serei seu
concierge durante a estadia da senhorita aqui no resort, tudo que
precisar estarei aqui para atendê-la.
— Minha nossa, vou ter um concierge, obrigada por essa
recepção e serviço a meu dispor. Mais uma vez vocês estão de
parabéns!
— Ficamos felizes em saber disso, Victoria — Theo falou
sorrindo enquanto Ethan me puxou e fomos entrando para dentro do
resort.
— Espero que goste da jacuzzi Vic, que aproveite bem —
falou no pé do meu ouvido, arrepiando todo meu corpo — Imagine
minha mão no lugar da sua enquanto se acaricia e relaxa um pouco
da viagem.
— Ethan, que isso? Não fala essas coisas aqui. Estamos com
seu irmão e o concierge atrás, eles podem ouvir.
— Victoria, Victoria não entendo você, para umas coisas é tão
sem pudor e para outras não? Depois de tudo que fizemos em Paris
fora do hotel, até mesmo… — o calei colocando o dedo na sua boca
sob aquele seu olhar devasso, cada vez que fitava os olhos de
Ethan me perdia um pouco, era de um azul piscina tão lindo, quando
ele sorria então, minhas pernas amoleciam. O homem me deixava
bamba e não podia negar que ele me atraia muito.
— Vamos parar por aqui, não é isso, só fiquei sem graça,
claro que não teremos pudores, ainda mais em um lugar como esse
e temos muitos dias para aproveitar.
— Sim, senhora — Ethan respondeu de forma debochada.
— Senhora está no céu, pelo amor de Deus, Ethan, nunca
mais me chame assim — paramos no meio do caminho e me virei
de frente para ele.
— Está ok, não falo mais, fique tranquila!
— Tudo bem aqui? — Theo perguntou, percebeu que nos
estranhamos de repente, logicamente que já sabia que eu e seu
irmão estávamos vivendo essa aventura.
— Perfeitamente bem, só estávamos acertando alguns
detalhes dos nossos dias aqui.
— Excelente, vamos conhecer a sua suíte luxo com vista
direta ao pôr do sol — Theo falou enquanto entramos no hotel,
subimos para a cobertura onde ficava a minha suíte. Entramos e
não podia acreditar no que via, havia uma espaçosa sala de estar
combinada com o quarto que tinha cama queen size e uma cabine
de ducha ao nível do chão. A decoração é minimalista, pouca cor, as
paredes são brancas, alguns detalhes em azul somente. Gostei
tanto, pois dava uma visão tão limpa do ambiente e aconchegante
que tinha a certeza de que iria conseguir descansar — Essa suíte
luxo tem ar-condicionado, uma piscina caverna interior com vista
além da varanda privativa com jacuzzi ao ar livre com vista para o
Mar Egeu e Caldera.
— Meu Deus, que perfeição, quero ficar aqui para sempre,
posso? — estava completamente impressionada com o nível de luxo
e ao mesmo tempo minimalista daquele resort.
— Se quiser pode — Theo sorriu sabendo que aquele lugar
ficou maravilhoso — ficamos imensamente felizes em saber disso,
Victoria. Para que possa desfrutar logo da sua suíte, podemos filmar
você entrando no quarto?
— Logicamente que sim, é a primeira vez que venho à
Grécia, estou totalmente fascinada com a beleza desse lugar.
— Não conhecia antes também, nem eu e Ethan, viemos para
nos inteirar do local, saber se seria um negócio ideal para o que
estávamos pensando — o irmão de Ethan respondeu.
— Vocês acertaram, em Paris, toda aquela decoração
europeia e aqui tudo muito minimalista combinando com a ilha, mas
com serviços que proporcionam aos hóspedes desfrutarem direto do
resort todas as experiências com Santorini.
— Por isso, é resort, você pode aproveitar o melhor da ilha
daqui mesmo, a vista é privilegiada e é um dos cartões postais do
lugar.
— Perfeito, parabéns! — me virei também para Ethan que me
fitou com atenção, podia apostar que ele não pensava que fosse
elogiar assim, só que tinha de dar o braço a torcer. O trabalho que
eles fizeram foi incrível, dava para notar que estudaram nos
mínimos detalhes o local e tudo que podia oferecer aos turistas.
Eles me agradeceram e gravamos o vídeo, havia uma garrafa
com espumante na mesa da sala de estar. Troquei de roupa para
que ornasse com o lugar, depois de tomar o espumante e terminar
de filmar. Todos se despediram, ficando somente Ethan na minha
suíte. O encarei com desejo, devorando seu corpo sob seu olhar
demasiado de luxúria, desde que tinha colocado aquele vestido
longo com decote em V bem cavado que o homem não tirava os
olhos de mim.
— Gostando da vista? — perguntei a ele, visto que também
estava comendo-o com os olhos.
— Victoria, é óbvio que sim, não sabe o tanto — sorriu de
lado daquele seu jeito charmoso que ele sabe bem que me deixa
bamba — Só que estou vendo você também apreciando a vista aqui
— apontou o dedo para o próprio corpo mordendo o lábio inferior.
Petulante de merda, isso que ele era tão convencido!
— Sabia que você é muito prepotente, Ethan? — Me virei de
costas e fui arrumar minhas coisas no quarto, nem percebi que ele
veio atrás e me alcançou no pequeno corredor. Pegou minha bolsa
e jogou na cama assim que entramos me fitou com fogo naqueles
seus olhos azuis.
— Posso? — perguntou apontando para meu vestido, assenti
sem dizer nada — Queria fazer isso desde o momento que colocou
esse vestido — falou enquanto pegava o tecido sem deixar meu
olhar, levantei os braços e ele tirou e jogou longe — Agora, vamos
aproveitar a jacuzzi juntos, você me permite?
— Ethan, você sabe que… — parei de falar quando ele tirou a
camisa branca e deixou seu peitoral à vista e o assisti abrindo o
botão da calça, o zíper e deslizando por suas pernas. Ficando
seminu e relevando sua ereção potente na sua cueca, seu pau
estava quase saltando para fora da boxer. Salivei diante daquela
sua visão, a pele meio dourada de Ethan era um convite ao pecado,
o abdômen trincado, os bíceps. Todos os seus músculos bem-
marcados e ali diante de mim, as veias protuberantes que seguiam
até aquele vale da perdição.
— O que iria dizer, Vic? — a voz gutural me arrepiou inteira.
— Ethan, fala você primeiro — engoli em seco totalmente
louca para devorá-lo inteiro e não sair mais daquela jacuzzi
enquanto não o visse gemendo meu nome repetidas vezes gozando
na minha boca.
— Quero te fazer todinha minha, mas quero ser todinho seu
também — Acabando com o espaço que havia entre nós dois
porque ele foi tirar sua roupa, minhas mãos ganharam vida própria e
viajaram para sua pele quente e gostosa, passei as unhas no
peitoral sentindo seus pelos castanhos bem aparados, continuei
passando a mão e as unhas, chegando em seu abdômen, mas
tomei uma direção diferente. Parei com a palma da mão em seu
quadril, duas nádegas durinhas me incitaram e sob seu olhar
desafiador espalmei e apertei sua bunda enquanto ele fazia o
mesmo na minha. Senti o ardor do tapa, mas também o prazer
quando ele acariciou e depois a apertou fazendo meu ventre se
contrair de desejo.
— Quero tudo, Ethan. Preciso de você dentro de mim agora
— depois dessa provocação toda, só o que ansiava era poder sentir
seu pau dentro de mim, fundo e duro, como senti assim que colei
meu corpo ao dele — Quero que me foda de quatro, agora Ethan! —
Ele não pensou duas vezes, me colocou de bruços, afastou minha
calcinha de lado, acariciou minha bunda e depois deu um tapa nela
me fazendo gemer. Senti seus dedos na minha boceta que já estava
pronta para recebê-lo. O ouvi se mexer e depois uma embalagem
sendo rasgada, mais alguns segundos e o senti de novo atrás de
mim.
— Porra, Vic! Sempre tão pronta para mim — falou
massageando meu clitóris me fazendo gemer alucinada de desejo
para senti-lo bem fundo na minha boceta.
— Ah, Ethan, me penetre logo — respondi impaciente e ele
fez o que pedi, senti a cabeça do seu pau como que se preparando
para entrar e em poucos segundos entrou na minha boceta me
fazendo gemer alto ao senti-lo cada vez mais fundo. Então começou
a estocar, o movimento de entra e sai constante enquanto sua mão
puxava meu cabelo com força estava me levando ao limite. Levei
minha mão para o meio das minhas pernas e massageei o clítoris,
então senti a sua mão, seus dedos pressionaram me deixando fora
da órbita. Dessa forma, acariciei meus seios enquanto ele beijava
meu pescoço e me fodia duro sem parar até me levar ao clímax,
gemi seu nome repetidas vezes. — Ethan, Ethan, Ethan… que
delícia — gemi seu nome repetidamente enquanto gozava tão
gostoso que me perdi por um minuto e então o senti gozar também
gemendo de forma gutural meu nome.
— Porra que boceta gostosa, baby! Me engoliu inteiro —
aquilo me deixou louca, depois que ele descartou a camisinha, o
joguei na cama e ficando por cima o calei com minha boca com um
beijo, estávamos tão famintos naquele momento que só queríamos
foder um com o outro que sequer nos beijamos. Por isso o devorei
sentindo seu pau endurecer de novo, rebolei como uma louca, não
bastava ter acabado de gozar, queria e ansiava por mais. Por isso
não me contive quando o coloquei dentro de mim de novo, sem
camisinha.
— Você é louca?
— Não meu amor, me previno e você?
— Claro que sim e fazia muito tempo que não transa… — ele
não terminou a frase pois escorregou para dentro de mim de novo
facilmente, estava toda molhada ainda — Porra Victoria! — falou
duramente enquanto me puxava pelo cabelo para beijar minha boca
e dali em diante só parei de rebolar e quicar no seu pau quando
gozamos juntos.
Após as duas transas mais intensas que já tive fomos para a
jacuzzi e fizemos mais, ele me chupou e gozei diante da vista mais
deslumbrante de Santorini, o pôr do sol. Seria difícil superar aqueles
dias, pois estavam sendo inesquecíveis. Não sabia o que fazer
depois que ele saiu do meu quarto, liguei para minhas amigas de
vídeo e elas reparam na minha expressão que estava
completamente relaxada.
— Victoria, você transou! — Não tinha como esconder delas,
eram minhas melhores amigas.
— Estou transando desde que saí de Nova Iorque… — revelei
dando de ombros e vendo-as colocar a mão na boca.
— Nossa amiga, que tudo — Natalie foi a primeira a falar,
toda eufórica.
— Nem me fale, resolvi me render ao Ethan e esse desejo
louco que temos um pelo outro e está me surpreendendo.
— Que milagre, quer dizer, você não fazia isso há um tempo,
teve aquele cara que levou para seu apartamento, mas com o
Ethan… — Laura falou parecendo estar surpresa.
— Esse petulante é irresistível e nem consigo entender toda
essa necessidade que tenho de sexo o tempo inteiro é só o que
penso. Ele saiu daqui da minha suíte não tem nem uma hora e já
quero mais.
— Porra, amiga! — Natalie estava em polvorosa.
— Não quero nada mais com ele depois dessa viagem, vou
aproveitar cada minuto aqui, mas quando voltarmos a Nova Iorque
estaremos de novo nas posições iniciais.
— Mas por quê? — elas perguntaram ao mesmo tempo.
— Ah não sei ainda, mas sinto que Ethan me esconde algo,
sei lá, intuição feminina.
— Nossa será que não é implicância sua?
— Não, tem algo que ele não me diz, mas que também não
tenho nada a ver com isso, já que parece ser alguma coisa
profissional.
— Quando voltar conversamos com calma, já pensou que ele
tem a pretensão de continuar com você?
— Aquele filho de uma mãe gostoso não manda em nada,
veremos como será, por enquanto vou viver o presente e deixar
para quando chegar o momento certo, me afastar — elas
concordaram, sabiam que se fossem discutir não iria ser bom, era
teimosa e quando colocava algo na minha cabeça dificilmente tirava,
só se me provassem o contrário. Ethan escondia algo, aquele seu
olhar além de ser lindo também guardava alguns mistérios dos quais
queria desvendar. Só que meu coração dessa vez, não vai ser
prejudicado, iria cuidar disso. Mas enquanto estivermos em terras
gregas iria desfrutar de cada momento e de cada pedacinho
daquele corpo perfeito e gostoso de Ethan.
Não quis forçar, não preciso desses joguinhos
Tudo que preciso da sua parte é que você se comunique
Respeito pelo meu tempo, respeito pelo meu espaço
Respeito pela minha energia
Porque estive esperado à noite toda
você me querer
Expectations | Lauren Jauregui
Os dias com Victoria em Santorini estavam sendo ainda mais
quentes que em Paris. Só não mudou o fato de fazermos sexo em
todos os lugares que visitávamos. No pouco tempo livre que me
restava, inspirado demais, comecei a desenhar alguns modelos de
sapatos, ainda bem que tinha levado meu material. Antes conversei
com Luz que estava por um acaso colorindo quando liguei, assisti
seus olhinhos brilhando ao me ver pelo celular aqueceu tudo dentro
de mim e me fez derramar lágrimas de saudades.
Mostrei para ela a suíte que estava e ela me fez prometer
que a levaria para conhecer. Luz amava viajar, sempre o fazia com
seus pais, minha irmã a levava para todos os lugares que iam. Isso
me fazia lembrar de quando era criança e íamos viajar, meu pai
sempre gostava de nos levar. Contrariava minha mãe quando fazia
isso, porém não deixava de estar conosco. Mesmo trabalhando
muito ele era presente, até mais que minha mãe que estava mais
em casa. Infelizmente aquela doença maldita o levou de nós, sentia
sua falta principalmente nessa parte profissional. Sabia que ele não
iria me obrigar a trabalhar com algo que não gostava.
Enfim, hoje eram outros tempos e precisava manter Valentim
em anonimato para que pudesse ser um design de sapatos em paz.
Não gostava nem de pensar se minha mãe descobrisse, seria difícil
demais ter sua aceitação. Além disso, ela faria de tudo para não me
ver sendo um designer de sapatos, com certeza diria que isso
mancharia o nome da nossa família.
Terminei de me arrumar, coloquei uma camisa mais leve de
botões, deixei os três primeiros abertos e uma calça de linho bege, o
cabelo penteei e deixei mais solto. Só o usava para trás quando
precisava estar no escritório e em eventos sociais, às vezes gostava
de deixá-lo mais bagunçado. Sempre gostei de ter o cabelo um
pouco maior, não grande, mas pouco acima da orelha, isso não
deixei que minha mãe mudasse. Saí para passar na suíte de
Victoria, já que iríamos jantar juntos e quando estava saindo me
encontrei com Theo na porta.
— Vai sair para jantar? — questionou assim que me viu
arrumado.
— Sim, vou com Victoria, vamos aquele lugar que Gean, o
guia nos indicou, parece ser bacana.
— Óbvio que vocês vão juntos, não se desgrudam mais, olha
torço pelo casal, mas Victoria é meio desprendida, não?
— O que temos não foi rotulado, está cedo para isso,
inicialmente só estamos deixando rolar as coisas enquanto estamos
fora da nossa rotina louca de Nova Iorque — falei levantando as
mãos ao entrar novamente na minha suíte.
— Tudo bem, só tome cuidado para não se envolver
emocionalmente, sei que você já passou da fase de curtir sem
querer nada sério, mas agora quer isso.
— É vivi essa fase quando Emily e eu terminamos, mas
depois dela não tive outra namorada, aproveitei bem enquanto
podia. Agora, por mais que goste da vida de solteiro quero sim me
amarrar a uma mulher só. Victoria me atrai e é uma mulher incrível.
Só que como você mesmo disse, no momento ela não me parece
estar a fim de ir além.
— Está certo, aproveitem bastante, iria convidar vocês para
jantarem, mas não quero atrapalhar seus planos, vou sair com
alguns amigos que acabei encontrando aqui.
— Aproveite você também, há alguma mulher que possa ter
te fisgado?
— Por enquanto não, estou só aproveitando mesmo, sem
compromisso.
— Olha agora vou indo, antes que ela bata aqui na minha
porta, depois falamos mais das suas paqueras ou ficantes — rimos
e trocamos tapas nas costas um do outro. Saímos da minha suíte e
ele seguiu em frente enquanto bati na porta de Victoria que abriu no
mesmo instante. Fiquei totalmente fascinado pelo vestido branco
dela, destacou tão bem naquela sua pele marrom-clara linda com
um leve bronzeado do sol. A maquiagem era leve, a boca estava
vermelhinha como amava e só o que pensei foi em morder seu lábio
inferior e devorá-la. A ideia do jantar por um segundo evaporou e fiz
outros planos, mas Victoria parecendo uma vidente, já sabia o que
pensava.
— Não fique matutando isso, vamos sair para jantar. A noite
está linda e vai nos fazer tão bem, além disso, o restaurante fica por
aqui em Oia mesmo, pertinho.
— Você que manda, baby! — a puxei pela cintura e beijei
primeiro seu pescoço depois de sentir aquele perfume delicioso
misturado ao sabonete que só ela tinha. Minha boca o percorreu e
voltou para seus lábios macios e deliciosos que puxei com o dente e
depois a beijei sem poder resistir ao desejo que sempre me tomava
quando a tinha assim tão próxima. Nem queria pensar em quando
voltarmos como seria entre nós dois, tratei de afastar aqueles
pensamentos da minha mente.
— Vamos que estou faminta.
— Meu Deus, o que deu em você?
— Só estou com vontade de comer frutos do mar — ela sorriu
e saímos juntos, andamos até o restaurante Armeni e em menos de
vinte minutos chegamos e ficamos encantados com a fachada
bonita do lugar, bem que Gean falou que era uma das mais bonitas
da ilha. Fomos bem recebidos, tinha feito a reserva no site deles,
ficamos em uma mesa com bela vista, para completar ele ficava à
beira-mar. O ambiente era simples, mas as luminárias davam um
charme a parte. Nos sentamos e já pedimos um bom vinho e tudo
que Victoria queria, frutos do mar grelhados.
Apreciamos o líquido roxo delicioso e ficamos apreciando a
vista maravilhosa, o bar era bem descontraído e o atendimento
excelente. Enquanto conversamos amenidades, por incrível que
pareça, Victoria e eu descobrimos que tínhamos muita coisa em
comum durante esse tempo juntos. Como a perda do pai na
adolescência, assim como eu, ela perdeu o seu quando tinha quinze
anos. O meu foi quando tinha dezesseis e ainda morria de saudades
dele.
Victoria me contou que sua mãe não queria ter filhos, mas
seu pai sim e foi isso que atrapalhou o relacionamento de mãe e
filha, já que Victoria sempre teve a atenção de seu pai, por muitos
anos foi filha única, mas depois o pai ficou doente e veio a falecer.
Sua história era muito difícil, a mãe conheceu um homem em menos
de um ano do falecimento do pai e depois de alguns meses o levou
para morar com elas e o filho dele, Peter.
Ela o considerava seu irmão, algum tempo depois a mãe
engravidou de sua irmã, Isabella. O padrasto nunca gostou dela e a
tratava mal, ficava colocando pilha na mãe até que Victoria decidiu
sair de casa. Apesar disso tudo, lutou todos os dias para ajudar sua
mãe a manter sua família bem. E depois de anos, já com seus
irmãos um pouco maiores, o homem roubou as economias da sua
mãe e a deixou sem nenhum tostão e o filho Peter.
Nem todos nasciam em berço de ouro como eu nasci, era
grato por tudo na minha vida, mas seria pedir demais ter também a
atenção, carinho e amor da minha mãe? Na verdade, podia estar
louco, mas preferia ter isso do que ser rico desde que vim ao
mundo. Contei a ela sobre a doença do meu pai, um aneurisma que
o matou em pouco tempo. Ele me fez jurar cuidar dos meus irmãos,
mesmo sendo o filho do meio, pois Theo ainda era novo.
— Pelo menos temos algo em comum, nossas mães não
gostam muito da gente! — falei sorrindo sem graça.
— É, não consigo entender, mas pela forma como minha mãe
sempre me tratou, não poderia tirar outra conclusão e a sua também
te deu esses mesmos sinais. Pelo menos ela te apoiou na sua
profissão.
— Ah nisso você está enganada, ela me obrigou a fazer
administração e ser CEO dos hotéis da nossa família.
— Minha nossa! — ela indagou surpresa enquanto
bebericava mais um pouco do vinho — quando pensamos que tem
algo bom, não tem é nada — dei de ombros e sorri sem graça.
— Nada é fácil, enquanto você saía de casa, fui obrigado a
continuar na faculdade, me dedicando a um curso que odiava, mas
enfim, acabou que não teve como ser diferente.
— Ethan, você é novo, ainda tem tempo para mudar, pode me
contar o que gostaria mesmo de ter estudado? — sua pergunta me
pegou totalmente de surpresa e fiquei pensando no que responder,
Victoria era esperta.
— Fiz dois cursos ao mesmo tempo, mas não deu para
investir na outra profissão, depois perdi minha irmã e tudo
desmoronou de vez. Fiquei sem as duas pessoas que mais me
apoiavam nesse mundo, além de Theo, é claro.
— Ah, sinto muito por sua irmã e o cunhado. Me lembro da
sua sobrinha, é uma menina linda e muito simpática, quando
encontrei com vocês pensei em como um ser tão angelical pudesse
ter o mesmo sangue que você.
— Luz é tudo na minha vida, fiquei com a responsabilidade de
criá-la e faço o possível para dar todo o amor e carinho que ela
merece, mesmo com isso sabemos que ela sente falta dos pais.
— Obviamente que Luz sempre vai sentir saudades deles,
somente o tempo será capaz de ajudá-la nessa questão, vão ficar
somente as boas lembranças. É um processo, por ela ser criança é
mais difícil ainda de superar, porém vai passando.
— Nos acostumamos com a ausência e vivemos na saudade,
não é mesmo? — indaguei lembrando do meu pai e Olívia, abaixei o
rosto e senti as mãos de Victoria me tocarem, seu calor e carinho
me fizeram fitá-la com gratidão e o coração acelerado no peito.
— Sinto muito mesmo, mas tudo passa, por mais que doa.
— Obrigado por suas palavras — ia falar demais e estragar
tudo quando o garçom chegou na nossa mesa com a conta que
pedimos para fechar. Ela pegou sem me dar chance de fazer
alguma coisa e pagou, sorri em agradecimento, nos levantamos e
saímos do restaurante.
Quando estávamos próximos de chegar ao hotel em um
daqueles muitos becos que tem na ilha, ela me puxou para um
abraço. Pois desde que saímos do Armeni não trocamos nenhuma
palavra, fomos fundo na conversa, falamos de nossas dores mais
íntimas. Aquela atitude dela me surpreendeu, não imaginava que
Victoria faria algo do tipo, se ela não fizesse eu iria fazer, porque
senti a necessidade gritar pelo meu corpo inteiro. Por isso, sentir o
calor do seu corpo junto do meu naquele abraço foi o melhor que
aconteceu desde que havia a conhecido.
— Desculpe, não consegui evitar! — Victoria falou com a voz
embargada, mas me fitou com segurança depois que a vi engolir e
respirar fundo.
— Pelo amor de Deus, não peça desculpas por isso, se não
fizesse, eu iria fazer, porque precisava sentir seu calor e força.
— Ah, Ethan… — interrompi sua fala e beijei sua boca sem
aquele desespero todo que sentíamos um pelo outro, só a
necessidade de sentir seus lábios macios nos meus e sua língua
percorrer minha boca com maestria e suavidade.
Queria sentir o sabor dela e transar lentamente mantendo
seus olhos nos meus olhos e quando chegamos no resort Roux foi o
que fizemos. A levei para sua suíte e mal entramos e já tiramos a
roupa um do outro, adentramos no quarto completamente nus. Senti
sua pele tão quente e arrepiada a cada toque meu, queria eternizar
aquele momento na minha mente.
Com isso, a deitei na cama e minha boca percorreu todo seu
corpo fazendo uma trilha passando pelos seus seios, seu abdômen
liso e reto e descendo para o meio de suas pernas. Chupei seu
clitóris enquanto ela se contorcia na cama e gemia meu nome de
um jeito tão gostoso de se ouvir. Porra, Victoria era tão deliciosa,
seria difícil esquecer o seu sabor de mulher poderosa.
Todo esse poder que ela carregava desde seu nome até o
último fio de seu cabelo era tão irresistível, sexy e marcante. Como
não se sentir enfeitiçado por essa mulher? Era impossível negar
isso e resistir a tudo nela. Desde a sua boca atrevida a cada gesto e
rebolado seu sob seus saltos altos. Ah, aquilo ainda iria me matar.
Com isso em mente, olhei para todos os lados do quarto e encontrei
um daqueles seus sapatos, gostaria que fosse um dos meus
modelos que enviei para La Femme. Mas sabia que em algum
momento iria vê-la com eles nos seus pés e teria que me segurar
para que não cometesse alguma loucura.
— Ethan, por que parou? — ela falou com a voz rouca.
— Espere um pouco, quero fodê-la com aqueles saltos — os
peguei no canto e coloquei nos seus pés sob seu olhar surpreso.
Sorri de lado satisfeito, acho que não conseguimos fazer sexo
lentamente, só de forma selvagem — Queria poder te degustar com
calma, vou fazer isso antes de tê-la presa naquela parede — não
pude conter minha voz grave naquele momento, estava totalmente
louco de desejo, duro como um porrete.
— Que fetiche é esse?
— Isso é só com você, não sei por que, mas vê-la de salto me
deixa completamente insano, louco para estar dentro da sua boceta.
Porra Victoria, não sei o que tem… — parei na hora e beijei sua
panturrilha acima da sua tatuagem, depois subi acariciando suas
coxas, trilhei até elas dando beijos suaves e alternando com
mordidas. Tão gostosa e toda minha. Caralho!
Tomei os grandes lábios de sua boceta na minha boca, a
danada rebolou na minha cara, tão safada e faminta que me deixou
ainda mais duro. Em poucos minutos a fiz gozar e tomei tudo depois
de a colocar de pé e presa na parede mais próxima.
— Ainda bem que está me segurando, não me deu tempo
nem de respirar, Ethan!
— Victoria, quer um tempo?
— Não, termine o que começou, estou louca para sentir seu
pau duro dentro de mim, amanhã fazemos devagar — com isso
levantei uma de suas pernas e entrei na sua boceta quente e
suculenta — mais fundo Ethan — ela gemeu rouca, a voz sumindo
no final do meu nome enquanto fiz o que mandou. Então comecei a
estocar, entrar e sair repetidas vezes, do outro lado havia um
espelho grande e que refletia a nossa imagem, fodendo como
loucos, suados dando prazer um ao outro. Puxei seus lábios nos
meus e fitei seus olhos quando estoquei sem parar, calando seus
gemidos que estavam ficando altos demais. Apesar de não gostar
que ouçam, não liguei, naquela noite todos do staff e meu irmão
saberiam que nessa suíte uma mulher estava sendo bem fodida,
dessa forma a vi se desmanchar em um orgasmo e logo depois
gozei como um louco. Era tão gostoso poder sentir as paredes de
sua boceta se apertarem ao redor do meu pau, quente como o
inferno e eu estava queimando feliz da vida e gozando nela.
— Caralho, Victoria, tão gostosa, amor!
— Ah, Ethan, que delícia, não consigo me mexer, se me
deixar, com certeza vou cair — falou com a respiração ofegante,
entrecortada, era só o que ouvimos e sorri. A peguei nos meus
braços e a levei para a jacuzzi, naquele dia transamos a noite toda.
O que tinha sido bom porque depois de um dia a sua menstruação
chegou e ela ficou um pouco diferente, estressada eu diria, mas
ainda assim a levei para um passeio de barco que a relaxou muito.
As coisas ficaram mais perto do sol
E eu fiz coisas em pequenas doses
Então não pense que eu estou te afastando
Quando você é o único que eu mantive por perto
Crystalised | The XX
Depois de mais um dia juntos, voltamos a Nova Iorque e já
senti Victória um pouco retraída e distante, sabia que não havíamos
rotulado nada, só vivemos nossos desejos. Quando cheguei em
casa só conseguia pensar em como seria daquele dia em diante,
com isso tomei um banho e fui ver Luz que estava na cozinha com
Abigail. Ouvir sua risada linda e fina encheu meu coração de amor,
assim que ela me viu gritou como louca.
— Padrinho, você chegou!!! — pulou em meus braços feliz
assim como me senti. Me encheu de beijos, minha pequena tão
linda. Sentir seu cheiro suave me fez sentir em casa. Viajar era
muito bom, mas voltar era melhor ainda.
— O titio Theo não ganha beijos também, não? — Meu irmão
chegou atrás de mim, fazendo cócegas nela que pulou para seus
braços. Ela estava grande, mas ainda assim, naquele momento a
gente a pegava no colo para abraçar. Nada era melhor do que tê-la
em nossos braços, em nossa vida.
Meus dias de férias acabaram, foram dias tão maravilhosos
que vivi tanto em Paris como em Santorini, na verdade na ilha foram
ainda melhores. Como esquecer tudo aquilo? Aquela intensidade e
desejo inegáveis, não havia como resistir a Ethan e mesmo não o
vendo há alguns dias, parecia que se passaram anos.
— O que estou pensando? — falei sozinha, não percebendo
que Natalie entrou na minha sala.
— O que especificamente ou quem? — perguntou minha
amiga curiosa e sugestiva, ela e Laura passaram os dias comigo
após a viagem e contei tudo.
— Não é nada, só me lembrei que temos de escolher a
imagem capa do próximo mês, como estamos no verão seria bom
focar nas fotos que trazem a estação.
— Ok, vou buscar o que me pediu, no digital já posso te
enviar, a equipe de design já nos enviou no e-mail as opções do
digital e chegaram as provas da física.
— Traga para mim, por favor, vou dar uma olhada.
— Pode deixar, mas vim entregar esse convite que chegou
agora mesmo dos Hotéis Roux.
— Meu Deus, seria mais uma viagem?
— Não sei, quem sabe — Natalie deu de ombros e pediu
licença para ir buscar as provas da capa física. Abri o convite e vi
que era para uma comemoração especial pelos novos hotéis em
Paris e Santorini e apresentação de um projeto em Miami. Lembrei
que Ethan havia comentado comigo em Santorini sobre isso. A festa
iria ser no próximo sábado e eles mandaram três convites, extensivo
às minhas amigas. Natalie voltou com as provas nas mãos.
— É um convite para comemoração das novas unidades dos
hotéis Roux e apresentação de um projeto em Miami.
— Meu Deus, que luxo, que dia? — minha amiga perguntou.
— No próximo sábado, têm convites para vocês, vamos
comigo?
— Comigo você pode contar e não vejo a hora de ver como
será seu encontro com o CEO galã.
— Ah, pare com isso Natalie, chama Laura para irmos
almoçar juntas hoje, deixe-me ver essas provas físicas, gostei da
segunda opção do digital e consequentemente vai ser para revista
impressa.
— Ok, vou marcar uma reunião com a equipe de design e
marketing.
— Isso, coloque na agenda também um horário separado
para minha terapia, preciso ir ainda essa semana. Passei quinze
dias fora, marque também um horário no salão para o sábado. Ligue
para Anthony e agende com ele, preciso da ajuda do grande estilista
para um look para a festa.
— Tudo anotado e mais tarde te confirmo esses horários
certinhos — ela falou terminando de anotar todos meus pedidos no
seu tablet — hoje recebemos os designs da semifinal do concurso e
alguns sapatos, os que foram escolhidos pela equipe.
— Excelente, estou ansiosa por isso, preciso ver o que
Valentim Griffin preparou e por favor, ligue para Bennett.
— Deseja mais alguma coisa? — Natalie perguntou.
— Não, por enquanto é só isso — me sentei na minha mesa
e fiquei olhando para a tela do computador, tentando me concentrar.
Abri os e-mails para ver se conseguia responder todos, pensei em
Ethan e quando peguei o celular para enviar uma mensagem, ele
apitou e vibrou com seu nome na tela.
Sinto sua falta.
Só isso que ele enviou, nada mais, aquelas palavras tinham
grande poder, minhas mãos suaram e meu corpo inteiro entrou em
um frenesi louco. Não queria, só que também sentia sua falta,
principalmente da sua boca, aquele petulante de merda é um
verdadeiro gostoso e acabou com minha sanidade. Fiquei pensando
se responderia ou não, quando o celular vibrou de novo se
acendendo.
Você está bem?
Teria que responder agora que ele me enviou outra, quem
diria que Ethan Roux fosse me enviar uma mensagem. Não sei por
que, mas depois que nos despedimos no aeroporto, após
desembarcar senti que não iria me procurar mais. Ao que parece
estava enganada, pois o homem me mandou duas mensagens e em
uma delas dizia sentir minha falta. Não sou mais nenhuma
adolescente, mas aquilo mexeu com algo dentro de mim. Respondi,
digitando rapidamente ansiosa.
Estou muito bem e sinto saudades dos nossos
momentos, como você está? Aliás gostaria de agradecer, recebi
seu convite. Te vejo no sábado à noite. Beijos.
— Meu Deus! — soltei colocando a mão na boca e depois
voltei ao meu trabalho, me senti melhor e não sabia se tinha algo a
ver com o fato de ter recebido uma mensagem do petulante de
merda.
Naquele dia, parei somente para almoçar, fui conferir o ensaio
de moda da próxima edição, dei minhas opiniões e me reuni com a
equipe da redação. Rayra conseguiu sair bem enquanto estava fora,
pelo que percebi tudo que deixei para ela fazer foi entregue sem
problemas. Cada dia que passo gosto mais de trabalhar com a
moça, é uma estagiária maravilhosa e se continuar vai ser uma
grande editora-chefe e escritora.
— Quero escrever o editorial em agradecimento pelo sucesso
dos 50 anos da revista.
— Nossa, mal posso esperar para ler — Rayra falou como um
elogio.
— Faz algum tempo que não escrevo e quero fazer isso,
aliás, preciso te passar indicações de uma série maravilhosa de
romances de época que terminei de ler esses dias — falei animada
a contagiando.
— Pode me passar os detalhes por e-mail? Até vou adquirir,
se é indicação sua, com toda certeza é maravilhoso.
— Sim, pode ler que você vai amar, quero te agradecer pelo
trabalho muito bem-feito que fez nesses dias e parabenizar,
continue assim que vai longe — trocamos apertos de mãos e depois
ela pediu licença e saiu da sala, fiquei analisando os relatórios e
esperando Bennett chegar. Natalie conseguiu localizá-lo com
facilidade, disse que ele chegou há dois dias em Nova Iorque.
Depois do expediente tinha reunião com o grupo de acionistas, era
um balanço das grandes campanhas de marketing que fazemos de
forma mensal.
Bennett chegou e já começamos a discutir sobre a reunião,
ele me explicou alguns contratos e disse que essa parte ele falaria
aos sócios da Brown. Entramos na reunião às 6h da tarde e saímos
quase 7h30 da noite, Luke ficou perguntando mais como de
costume. Ele adorava me provocar, fazia de propósito em toda
reunião, não conseguiu aceitar que estou acima dele. Sai da La
Femme louca para chegar no meu apartamento, que dia
estressante.
James me recebeu de forma simpática, entramos no carro e
ele acelerou pelo trânsito intenso de Manhattan. Abri o vidro para
ver a agitação das ruas, foi gostoso viajar e conhecer outros
lugares, mas voltar para Nova Iorque era ainda melhor. Apesar de
toda a rotina louca, a agenda cheia e correria em chefiar o editorial
de uma das revistas femininas mais influentes do mundo, amo
morar aqui e o meu trabalho.
Recebi uma ligação de Anthony me perguntando sobre uma
possível assistente, já que a sua pediu demissão enquanto estava
fora. Ele queria minha ajuda, conheço muito bem o que busca em
suas assistentes.
— Não se preocupe Thony, vamos encontrar alguém, amanhã
marcamos algumas entrevistas.
— Obrigado, Vic. Olha, amanhã vamos ver sua roupa para o
evento do final de semana.
— Ah, vai me ajudar muito, aliás amei aqueles acessórios da
atriz famosa de Hollywood na capa, combinaram com o look verão.
— Ficou lindo mesmo e sexy, estamos com uma nova
coleção de acessórios, é uma marca nova comandada por várias
designers femininas.
— Nossa, preciso visitar o closet da moda e ficar por dentro,
amanhã com certeza vou separar um tempo, lembro que me falou
desses acessórios, antes. Trabalho belíssimo.
— Feliz que gostou, eu amei muito, as câmeras adoram
quando bem selecionados com uma roupa maravilhosa. Vou indo,
não quero atrapalhar seu descanso, até amanhã — me despedi dele
e chegamos no meu prédio, dispensei James e agradeci o seu
trabalho. Assim que entrei me sentei no sofá e joguei a bolsa na
poltrona ao lado, fechei os olhos depois de juntar meu cabelo em
um coque alto. Fiquei pensando em Ethan e em como seria bom
sentir suas mãos massageando meu corpo depois desse dia cheio.
Resolvi parar de pensar e ir tomar um banho para me deitar,
amanhã seria outro dia. Antes de cair na cama, vi a mensagem de
Ethan dizendo que estava bem, mas também ansioso para me ver
no sábado, desejou boa-noite e mandou beijos. Suspirei alto e
abracei meu travesseiro de pernas, apaguei em pouco tempo de tão
cansada que estava.
Quando ouvi meu despertador tocar, me levantei depois de
fazer uns minutinhos deitada. Já fui direto tomar um banho, gosto de
ir para o chuveiro logo cedo, para espantar a preguiça e desânimo,
renova qualquer um, é bom demais. Coloquei meu roupão depois de
secar um pouco meu cabelo na toalha, fui para cozinha e Aurora já
havia chegado.
— Victoria, bom dia.
— Bom dia, Aurora! Vou tomar meu café e depois me
arrumar, queria te pedir, por favor para fazer aquele prato especial
que Isabella ama e a torta que Peter gosta, eles vão vir jantar
comigo hoje.
— Pode deixar que vou caprichar.
— Sei disso, você é sempre maravilhosa em tudo que faz,
Aurora — a elogiei porque ela é muito boa mesmo, gosto de tê-la
comigo. Comi os ovos que ela preparou e tomei meu descafeinado,
enquanto via as colunas sociais no tablet. Foi então que uma foto
me chamou a atenção, pois aquela silhueta era minha, de costas
sendo beijada por Ethan Roux. Mas o que é isso?
Novo Affair de Victoria Fiore é o CEO dos Hotéis Roux, eles
foram flagrados em Paris e Santorini bem íntimos e à vontade em
passeios e nos restaurantes mais badalados dos lugares. Será um
relacionamento sério?
Que absurdo, como alguém podia ter tirado essas fotos?
Nunca vi ninguém nos seguindo durante nossa viagem, era só o que
me faltava. Totalmente nervosa com aquilo, saí da cozinha
determinada e fui para meu quarto, peguei o celular e liguei para
Ethan. Chamou mais de cinco vezes e quando iria desligar, ele
atendeu com a voz rouca.
— Alô! — escutei-o bocejar — Quem está falando?
— Ethan, acorde e abra agora a coluna social de News NY,
estamos estampados nela, fotos e mais fotos de nós dois juntos,
como isso pôde ter acontecido?
— O quê? Victoria, sabe que horas são? — Ele não estava
entendendo.
— Sei que horas são seu petulante de merda, mas estou te
dizendo para abrir a coluna e ver o que estou falando agora, depois
me encontre na La Femme dentro de uma hora e nada mais que
isso — não consegui conter minha raiva, fiquei irritada demais,
minha vida privada sendo exposta naquela coluna que só traz
fofocas sem nenhum fundo verdadeiro.
Voltei à cozinha e me desculpei com Aurora, pois sai sem
agradecer a ela pelo café maravilhoso que preparou. Sei que era
obrigação dela, só que gostava de conversar com ela todos os dias
enquanto tomava meu café e hoje não pude fazer isso. Tomei um
copo cheio de água e voltei para o meu quarto, já entrei indo direto
para o closet.
Peguei a roupa que deixei separada na segunda como
sempre fazia e me vesti. Uma saia midi no tom creme claro e uma
blusa na mesma cor com recorte redondo, blazer e sapatos nude
com detalhes em brilhantes. Sequei o cabelo com mais pressa que
o normal, não iria dar tempo de fazer ondas. Fiz a maquiagem mais
leve, só um corretivo, pó para selar, blush, iluminador de leve,
máscara de cílios e um batom vermelho.
Escolhi uma bolsa enquanto ligava para Natalie, que
estranhou minha ligação tão cedo, queria reunir Bennett e mandei
uma mensagem para Ethan avisando que já estava saindo do meu
apartamento. Peguei a chave do meu outro carro, não o que ficava
com James. Usava mais esse nos finais de semana, gostava de
dirigir sem a pressão de horário certo para chegar nos lugares, raras
vezes usava esse carro durante a semana. Mas como era para uma
urgência, iria dirigir, aquela coluna da News NY era de uma
jornalista de fofoca famosa por aqui e ela adorava jogar as
novidades no mundo sem ao menos consultar.
Respeitava o trabalho dela, mas me irritava saber que minha
vida pessoal foi invadida dessa forma. Uma coisa é nos fotografar
aqui em Nova Iorque, mas fora daqui? Isso significava que ela
colocou alguém para nos seguir, a viagem e parceria com os Hotéis
Roux foi totalmente sigilosa e ainda iria ser anunciada. Me despedi
rapidamente de Aurora e pedi que se tivesse qualquer dúvida do
jantar poderia me ligar, mas sei que ela nem iria precisar disso.
Desci pelo elevador de serviço, assim que cheguei na
garagem, já destravei o carro, um Audi e-tron GT que comprei só
para mim, James nunca o dirigiu. Mas cuidava de toda a
manutenção dele, ele era ótimo e estava sempre atento nesses
detalhes.
Como ainda estava cedo, o trânsito era mais tranquilo, sabia
que daqui há alguns minutos iria estar um caos. É incrível como
dirigir é como andar de bicicleta, a gente nunca esquece. Em
poucos minutos cheguei a La Femme, mais cedo do que de
costume, vi o carro de Ethan na porta. Entrei e o encontrei na
escada rolante.
— Bom dia, Srta. Fiore! Sabia que estava com saudades,
mas não tanta assim, para me ligar tão cedo numa quarta-feira.
— Ethan, bom dia. Por favor, só fiz isso porque é urgente.
— Eu sei, você sabe que essa jornalista é perigosa, ela
quando começa a perseguir não para.
— Gosta de caçar — falei quando entramos no elevador
juntos, já fazia dias que não nos víamos e parecia que era uma
eternidade, sentir seu perfume fez minhas pernas ficarem moles e
todo meu corpo já esquentou e arrepiou.
— Ah, Victoria, senti sua falta! — ele ficou de frente para mim,
não sei se para minha sorte ou azar estávamos sozinhos naquele
elevador — Posso te tocar? Quero tanto sentir sua pele… — disse
com a voz rouca que me deixava ainda mais amolecida. Que saco!
O filho de uma mãe sabia mexer comigo como nenhum outro
homem.
— Ethan, como consegue pensar nisso?
— Só de vê-la assim, baby! — Vivia uma relação de ódio e
amor por aquele apelido ridículo — está tão linda com esse seu
conjunto creme, destaca a cor de sua pele, principalmente o
bronzeado que ganhou em Santorini. Me faz lembrar de você de
biquíni na piscina, na jacuzzi e andando nua naquela suíte —
Aquelas lembranças eram demais para mim, fechei os olhos,
respirei fundo e soltei o ar. Não queria que esse homem me
afetasse tanto, mas ele mexia comigo, me fazia sentir o corpo
quente e louco por um toque seu.
— Ethan… — o elevador apitou anunciando nossa chegada
ao andar da La Femme e me tirando daquele torpor de luxúria, ele
engoliu em seco e passou a mão pela barba enquanto deu
passagem para que passasse assim que as portas se abriram. A
redação estava vazia e só a equipe de limpeza já estava
trabalhando, Ethan me seguiu até minha sala. Apesar de ter avisado
Natalie, ela deixou claro que não conseguiria chegar antes de mim.
— Sua sala combina tanto com você, elegante e fashion
como a dona. Mas agora vamos falar dessa invasão de privacidade
da Leona Green, com aquelas fotos todas com certeza ela colocou
alguém na nossa cola.
— Disso não tenho dúvidas, além disso vão surgir
especulações sobre nós dois…
— Apesar de não gostar dessa exposição toda e concordar
com você sobre estar na mira de uma das jornalistas mais cruéis da
sociedade, não me importo de que meu nome esteja associado ao
seu.
— Não é essa a questão, mas não gosto nadinha de estar na
boca do povo, como dizem além disso, vocês ainda nem revelaram
os novos hotéis.
— Isso era algo sigiloso e pelo restante da nota dela, dá a
entender que são neles. Meu Deus, isso é um saco — ele se sentou
no sofá se dando conta de repente da proporção que aquilo podia
tomar. Ofereci a ele algo para beber, aceitou o café e ficamos
aguardando Bennett e Natalie chegarem junto com Laura, ele
acabou ligando para seu amigo e advogado Neo e seu irmão. Não
sei o que iríamos fazer, mas tínhamos que tomar alguma decisão,
isso era tudo que não precisava que acontecesse agora.
Não sabia o quanto eu preciso de você
Odeio quando tenho que te deixar
Tenho tirado fotos mentais
Para quando eu sinto sua falta no inverno
Ficando acordado até o nascer do sol
Rezar para que não seja a última vez
Summer Of Love | Shawn Mendes
Não podia acreditar que estávamos reunidos para tomar
alguma atitude em relação as fotos e nota publicada no News NY
escrito por Leone Green, uma das jornalistas de fofoca mais
sórdidas que existia por aqui, mas que ninguém conhece o rosto.
Victoria estava uma pilha de nervos, tentei acalmá-la diversas
vezes durante nossa reunião e nada da mulher relaxar nem um
pouco. A verdade era que queria tocá-la, minhas mãos formigavam
de desejo para sentir sua pele na minha. Foi torturante ter que ficar
no mesmo ambiente que ela e não poder tocá-la. Inferno! Será que
só eu me envolvi tanto com a mulher que agora não conseguia me
conter?
— Podemos mover um processo contra ela, já que essa
viagem era algo sigiloso. Tem ideia de alguém que possa ter
contado a Leona? — o advogado de Victoria perguntou me fitando.
— Não tenho ideia, teria que reunir minha equipe e questionálos sobre um possível vazamento de informações que até então
eram sigilosas.
— Olha, uma outra boa ideia é vocês dois ignorarem — Neo
falou com calma, assenti e ele continuou — Deixe que ela especule,
as fotos não mostram os rostos e sim vocês abraçados e se
beijando em cartões postais.
— É uma excelente sugestão, Neo. Eles podem ficar calados
e deixarem mesmo, agora se realmente vocês têm algo, vão
precisar ter mais cuidado. Podemos ver alguns seguranças, mas
nada que chame a atenção — Bennett propôs ao concordar com
Neo.
— Isso mesmo, vamos seguir nossa vida e até sábado vou
pensar em algo para fazermos na sua festa, Ethan — Victoria
concordou o que me aliviou mais, do jeito que ela estava pensei que
iria querer dar um grande show com essa Leona e seria muito pior.
— Concordo com tudo, gostei da proposta e vamos seguir em
diante, sábado temos a comemoração e a revelação dos projetos.
Mas, vou conversar melhor com Neo e ver sobre o processo,
averiguar como essa informação vazou.
— Perfeito! — Victoria se levantou agitada, andando de um
lado para o outro e acompanhei seus movimentos, quer dizer, seu
rebolado gostoso — Desculpe minha apreensão e nervosismo, mas
essas coisas me tiram do sério e não tenho boas experiências com
exposições.
— Fica tranquila, conseguimos compreender. Leona gosta de
despertar o pior das pessoas, mas um dia isso vai se voltar contra
ela mesma — Neo respondeu primeiro e se despediu — Vou indo,
nos vemos no sábado, aliás os vídeos ficaram maravilhosos.
— Obrigada Neo, até mais — ela despediu e se virou para
Bennett, aquele seu advogado parecia bem íntimo dela, precisava
procurar saber quem é ele e se tem algum passado com Victoria. Vi
a forma como a encarava, tinha um interesse a mais, não sabia o
que era, mas me incomodou. Apertamos as mãos e ele saiu da sala
de reuniões nos deixando sozinhos. Victoria estava andando de um
lado para o outro, o barulho dos seus saltos parecia mais um alerta.
Ignorei aquilo, me aproximei dela e ao sentir sua respiração
ofegante e sua pele arrepiada só com a minha proximidade já me
senti ainda mais atraído por ela.
— Não vou fazer nada que você não queira, sei que o
combinado era somente em Paris e Santorini, mas não consigo ficar
longe de você, baby. Só que vou respeitar sua decisão, por mais
que me deixe louco — coloquei seu cabelo de lado e beijei seu
pescoço sentindo seu perfume gostoso. Que loucura estava
fazendo? Me dei conta de que aquilo só me deixaria ainda mais
excitado, por isso me afastei — Tenha um ótimo dia de trabalho, até
mais — ignorei tudo que meu corpo desejava e tratei de sair da sala,
mas sua voz melodiosa me interrompeu quando iria à porta.
— Ethan… — ofegou e senti seu corpo se colar ao meu, me
virei de frente para ela e fitei seus olhos, a boca vermelha que fez
crescer ainda mais a vontade de manchar aquele seu batom e foi o
que a danada fez me surpreendendo. Tomou minha boca na sua
puxando meu cabelo, me deixando completamente extasiado e
louco por mais, minhas mãos viajaram para sua cintura apertando-a
e descendo para sua bunda que ficou ainda mais gostosa sob o
tecido daquela saia creme. Tudo que queria desde que a vi na
escada rolante, o mundo poderia acabar agora que não ligaria,
porque tinha minha língua na boca da mulher que desejava.
Victoria mordeu meu lábio inferior e limpou minha boca com
seus dedos, seu batom devia ter deixado tudo manchado. Sorri sob
seu olhar atento e tomado de fogo, mas sabia que ela não faria mais
nada.
— Você me surpreendeu — falei ainda ofegante por aquele
beijo gostoso.
— Gosto disso, agora vá trabalhar, tenho um dia cheio e
depois nos falamos ou melhor, nos vemos no sábado — com isso,
selei seus lábios sorrindo igual bobo e saí da sala de reuniões ainda
limpando minha boca. Tinha ganhado o dia afinal, me encontrei com
John na recepção, mandei mensagem durante a reunião pedindo
que ele ficasse de olho em qualquer pessoa suspeita na porta do
prédio da La Femme.
— Bom dia, John! E então, tudo limpo?
— Bom dia, está tranquilo Sr. Roux, mas vamos sair do outro
lado, vamos em outro carro e depois busco o seu aqui.
— Excelente — respondi, me despedi das meninas da
recepção e fomos embora. O dia seria longo, já que começamos
mais cedo e ainda resolvendo problemas. Pelo menos, aquilo serviu
de alguma coisa, consegui matar as saudades da minha diaba.
Poderia ser muita loucura, mas nem eu sabia ainda o que estava
começando a sentir por essa mulher que antes só conseguia ter
antipatia. Sempre disse que era impossível rolar qualquer coisa que
fosse entre nós, mas quando estávamos juntos saíam faíscas para
todos os lados. Faíscas boas, digo uma atração sem tamanho.
Assim que cheguei no escritório, já enviei os designs para
Joshua, liguei para ele e falei a que horas poderia passar no
sapateiro para pegar os modelos prontos. Tinha enviado para ele
quando ainda estava em Paris, depois disso fui verificar os relatórios
que a Sra. Fidelis deixou na minha mesa, estava distraído quando
ouvi um burburinho e agitação. Entendi tudo quando a porta da
minha sala foi aberta rapidamente e adentraram minha mãe e a Sra.
Fidelis totalmente sem jeito com a situação.
— Me deixa, sou a mãe dele e uma das donas desse lugar,
entro a hora que bem entender, pode nos dar licença? — Elizabeth
falou fitando a Sra. Fidelis duramente.
— Sr. Roux, tentei fazê-la esperar para entrar, mas a senhora
entrou nervosa, não consegui contê-la.
— Sem problemas, pode nos deixar a sós, por favor. Resolvo
aqui com ela, fique tranquila — a pedi e ela saiu nos deixando
sozinhos na sala, o olhar duro da minha mãe só podia dizer uma
coisa, ela viu a notícia no News NY.
— Pode me explicar isso? — jogou seu celular na minha
mesa com a coluna aberta.
— Mãe, a senhora ainda acredita nas fofocas que a Leona
solta nessa coluna cheia de especulações? Pelo amor de Deus!
— Ethan, não sou boba, ainda sou muito esperta e sei que é
você nessas fotos com a Victoria Fiore, aquela editorazinha da La
Femme — seu tom de voz não me passou despercebido e senti
antipatia e raiva.
— Olha mãe, sei que não gosta da Victoria, mas tenho trinta
anos, na minha vida íntima e pessoal a senhora não vai se meter,
não acha demais ficar se metendo com quem me relaciono?
— Sabe o que acho demais? — indagou nervosa — Você se
envolver com uma mulher como ela — tive que interrompê-la ou
perderia a cabeça com minha própria mãe.
— Poderosa como ela, independente, honesta e que tem um
papel importante na vida das mulheres? — Não iria deixar que
falasse mal de Victoria, Elizabeth nunca gostou de Victoria pelo
simples fato dela ter vindo do Brooklyn.
— Eu não acredito nisso — me deu as costas e jogou sua
bolsa na cadeira a seu lado — Ethan, você está apaixonado por
aquela mulher? — Como ela poderia saber? Meu Deus! Nem eu
mesmo sabia o que estava sentindo, quer dizer não sabia definir. A
única coisa que tinha certeza era que não conseguia ficar longe
dela. Tentaria disfarçar ou minha mãe faria da minha vida um inferno
e não estava pronto para ter que enfrentar Elizabeth Roux e toda
sua fúria.
— Claro que não, só admiro a mulher que Victoria é, aonde
chegou e o que representa. Por favor, mãe não venha querer me
cobrar nada e você sabe que Leona publica especulações. Nas
fotos não aparece os rostos das pessoas, só as costas e ainda
estão abraçados. Poderiam ser outras pessoas, mas isso não vem
ao caso.
— Ethan, só vou deixar uma coisa bem clara — ela se
inclinou sobre a minha mesa, jogou seu cabelo branco elegante de
lado e estendeu o dedo na minha direção — não quero ver nosso
sobrenome nessas colunas de fofocas com nenhuma foto
especulativa, você me entendeu?
— Obviamente que entendi, tudo é questão de sobrenome
para você, as aparências valem mais que qualquer outra coisa.
Agora se puder me dar licença e me deixar trabalhar, por favor.
Tenha um dia excelente.
— Eu vou, mas vou ficar de olho em você e na Victoria—
finalizou seu show e saiu da minha sala batendo com força a porta,
algo totalmente deselegante para a Sra. Roux. Isso realmente a
tirou do sério. Caralho! Bufei e passei a mão no cabelo totalmente
estressado, podia sentir as pontadas na minha cabeça. Como podia
uma coisa dessas? A pergunta que ela me fez, assustou até a mim,
pois me dei conta de que estava completamente envolvido por
Victoria. E isso me lembrou que a diaba ainda parecia estar
brigando com seus sentimentos e querendo me evitar. Porra! No
que fui me meter?
O que eu faço com todo esse amor?
Como faço para me mover sem o seu toque
Eu continuo reproduzindo todos os seus rostos
Você é um anjo ou uma droga?
O que eu faço com todo esse amor?
Todo esse amor em que estou preso
All This Love | Ruby Amanfu
Os dias passaram rápido, me dediquei aos detalhes da festa
em comemoração aos nossos novos hotéis e na apresentação dos
novos projetos. O dia da festa chegou e com ele a ansiedade por
tudo que envolvia aquela comemoração. Além disso, me sentia
apreensivo para ver Victoria, pois não nos falávamos desde o
fatídico dia que nos vimos na La Femme.
Estaria mentindo se negasse que pensei nela a cada segundo
dos meus malditos dias e que também estava ansioso para saber se
iria para a final do concurso de designer de sapatos. Joshua havia
enviado tudo para o escritório da revista e queria ser uma
mosquinha para ver a expressão da Victoria ao ver os sapatos.
Estava terminando de arrumar o smoking quando Luz entrou
no meu quarto toda animada.
— Padrinho, como você está lindo, até parece um príncipe! —
Sorri da forma que ela falou, tão encantadora.
— Ah, obrigado, minha pequena, mas agora venha aqui dar
um beijo no seu padrinho — me agachei e ela se aproximou
colocando seus bracinhos ao redor do meu pescoço.
— E está cheiroso também, viu? — Tive que sorrir pela forma
que ela falou, nada passava aos olhos da Luz.
— Você é muito observadora, minha pequena, quero que
fique bem aqui, não vou te levar porque é uma dessas festas de
adulto muito chatas.
— Então, por que você está indo se é chato? — indagou, não
tinha como fugir da sinceridade de uma criança e não é que a
pequena tinha razão?
— O seu padrinho aqui tem que comparecer, ele é o
responsável pela chatice, mas são ossos do ofício.
— Que isso, padrinho? — indagou com a sobrancelha
franzida.
— Já que sou o chefe, tenho de comparecer, é isso, meu
amor. Amanhã o seu padrinho vai ser todo seu, minha pequena —
falei enquanto acariciei seu cabelo e ela sorriu, como um anjo —
Agora vá para seu quarto, já está na hora de você dormir! Te amo,
meu amor!
— Amo você mais! Boa festa, padrinho! — deu um beijo por
cima da barba e reclamou que a arranhou, depois saiu me deixando
sorrindo como o padrinho babão que era. A amava tanto e se
pudesse realmente ficaria com ela, não gostava desses eventos,
principalmente quando envolvia os Hotéis Roux, ficava uma pilha de
nervos.
Assim que cheguei na festa tudo estava como planejado,
poucos fotógrafos da imprensa. Infelizmente, Neo não conseguiu
descartar o que trabalhava para Leona Green. Posei para todas as
fotos, aguentando aqueles flashs exagerados na minha direção,
meu irmão e eu posamos juntos. Depois com nossa mãe que estava
respondendo a algumas perguntas de um daqueles abutres. É a
profissão deles, mas a maioria não a exerce com respeito, éramos
todos humanos e tudo que eles falavam nos afetavam direta ou
indiretamente.
Depois de conversar com Neo, naquele dia que foi publicada
a nota no News NY, ele me contou que Victoria ficou nervosa,
porque já viveu algo parecido. Não lembrava direito do que
aconteceu na época, pois já fazia alguns anos, mas ela foi apontada
como amante do Sr. Brown o CEO fundador da Brown Enterprises.
Na verdade, ele só vendeu para ela as suas ações majoritárias e a
nomeou como editora-chefe, no meio do furacão a esposa dele veio
a falecer, estava doente e Victoria enfrentou muitas especulações e
ela viveu o inferno. Entendi o motivo de sua preocupação, ela não
queria passar por tudo aquilo de novo.
— Você já viu Victoria por aí? — Theo me indagou.
— Ainda não, acho que nem chegou.
— Ah sim, temos que fazer fotos juntos com ela, antes do
anúncio e depois, se vê-la antes de mim, a lembre disso, por favor
— Theo falou enquanto pegava uma taça de espumante.
— Tudo bem, vou avisá-la sobre isso! — Logo depois ele foi
cumprimentar os convidados, fiz o mesmo. Deixamos a decoração
por conta da empresa que estava responsável pela festa, só ficou
claro que não queríamos nada exagerado. Theo os ajudou
mostrando algumas fotos dos novos hotéis e eles fizeram um
belíssimo trabalho ao mesclar as cores e alguns artefatos de
decoração do hotel em Paris e resort em Santorini.
Estava distraído cumprimentando os convidados quando a vi
entrando com suas amigas. As três eram lindas, formavam o trio
que chegava em qualquer lugar chamando a atenção de todos como
naquele momento. Os flashs pipocaram na direção delas, mas a que
tirou totalmente minha concentração foi Victoria.
Meus olhos não conseguiram desviar dela, a pele ainda
estava com um lindo bronzeado pelos dias de sol em Santorini. Ela
estava com um vestido colado branco midi elegante, o decote
chamava a atenção assim como suas pernas e o sapato, fiquei
impressionado.
Não errei quando desenhei aquele modelo imaginando o
quanto ficaria perfeito nos pés de Victoria. Foi um adendo aos que
produzi, um presente especial. Um scarpin branco com um detalhe
de serpente com cristais que percorriam parte da panturrilha. Para
completar, Victoria estava usando uma gargantilha de serpente de
brilhantes. Quando ela se virou de costas tive que conter o gemido,
meus olhos percorreram suas costas nuas, um decote redondo que
marcou sua cintura pouco abaixo e seu quadril perfeito. O vestido
destacou o que tinha de mais lindo em Victoria, aquela sua bunda
perfeita e atrevida.
Levei a taça à boca, pois ela ficou seca só de olhar para
aquela mulher. O cabelo estava preso em um coque elegante que
deixava seu lindo pescoço fino à vista. Sem pensar me aproximei
dela e das amigas, simplesmente não conseguia me conter, queria
ser eu o homem a colocar a mão na pele exposta por aquele decote
nas costas. Me lembrei do fato dela estar usando um dos sapatos
do Valentim que na verdade sou eu.
— Boa noite, sejam bem-vindas! — falei tentando conter a
voz rouca de excitação por Victoria.
— Boa noite, Ethan — as amigas dela, Laura e Natalie
sorriram ao me cumprimentar, trocamos um abraço rápido e me
aproximei de Victoria.
— Olá, Ethan, a festa está linda, decoração impecável,
parabéns — me felicitou sorrindo sensualmente, realmente aquela
noite seria uma tortura. Minha vontade era de tomá-la em meus
braços e beijar sua boca demoradamente. Mas tinha de me segurar,
já que tínhamos uma parte da imprensa nova-iorquina no evento.
— Obrigado, mas não é mérito meu, Theo e Kevin cuidaram
disso junto da equipe e concordo com você, está impecável. Espero
que aproveitem bem a festa, não esqueça que precisamos de sua
presença em algumas fotos comigo, Theo e a equipe do hotel.
— Ok, vou me atentar a isso, qualquer coisa é só me chamar,
estarei à disposição, agora se nos der licença.
— Claro, fique à vontade, aproveitem a festa — ela assentiu e
saiu pelo salão, fiquei a observando de longe.
Victoria era uma mulher linda e sexy como o inferno. Ela
sabia disso e cada dia que passava ficava ainda mais louco para
sentir sua pele em meus lábios novamente. Seus olhos
protuberantes e sorriso aberto naquela sua boca macia me faziam
sorrir de lado e levantar a taça de espumante em sua direção. Ela
viu que a estava seguindo com os olhos, a danada se virou e saiu
rebolando aquela sua bunda provocante. Porra! Precisava ir ao
banheiro me acalmar, pois Victoria me deixava com o caralho
enorme dentro das calças. E ela sabia bem o tesão que despertava
em meu corpo, sentia que enlouqueceria a qualquer momento.
— Mais uma festa que o vejo Sr. Roux — aquela mulher, não
sou de esquecer uma fisionomia. Nunca. Por isso sei que já trombei
com essa ruiva antes. Só não me lembrava onde ainda. Sorri de
lado, pois ela me surpreendeu e quase esbarrou em mim quando
me virei rápido demais.
— Você não me é estranha, desculpe se caso… — ela não
me deixou terminar.
— Ninguém aqui sabe meu nome mesmo, sou uma pessoa
que trabalha para a sociedade, mas não me conhecem. Apesar
disso, sei nome e sobrenome de todos que frequentam esse tipo de
festa — arregalei meus olhos já ficando em alerta, seu tom era de
quem me mandava uma indireta e temi naquele momento que
soubesse sobre meu outro trabalho, mas disfarcei com um sorriso,
sendo simpático, como sempre — Parabéns pelo seu excelente
trabalho, mesmo não sendo o que você quer, o faz muito bem! —
disse sorrindo de forma maldosa e misteriosa, fechei os olhos,
apertando-os. Quando os abri, ela não estava mais lá, só deixou o
rastro de seu perfume adocicado. Porra!
Procurei por Neo, Theo e Kevin que estavam conversando
justamente com Victoria e suas amigas. Tentei não dar bandeira,
sabia que Victoria poderia ficar nervosa e tentar tirar satisfações
com aquela mulher. Além disso, ainda tinha minha mãe que vi
ignorando a Victoria que estava sendo totalmente educada com ela.
Meu Deus, não sabia o que fazer, mas aquela mulher é Leona
Green, tenho certeza, depois de tudo que me disse, não restava
dúvidas. No entanto, ela evaporou da festa, passei a descrição da
mulher para John e pedi para verificar as imagens das câmeras e
procurar por ela.
— Ethan, o que aconteceu? Você parece aflito demais!
— Eu a vi, Leona Green, ela falou comigo, mas sumiu, estava
aqui e parece que sabe de tudo da minha vida — Neo me levou
para o outro lado e entramos no corredor que dava acesso para a
área de piscina do hotel.
— Fala devagar, respira fundo, Ethan. Quem você viu? —
Neo perguntou tentando me acalmar.
— Leona Green, claro que a mulher não falou seu nome, mas
tudo que ela falou para mim dá indicações que sabe algo a meu
respeito.
— Como ela é? — indagou.
— É ruiva, pele branca, olhos verdes, alta e esguia, muito
bonita por sinal e o perfume dela era adocicado demais, estava com
um vestido verde e cabelo estilo Chanel.
— Não vi nenhuma mulher com essa descrição, o que ela te
falou?
— Primeiro ela me parabenizou pelo excelente trabalho,
mesmo não sendo o que quero, falou que faço muito bem.
— Caralho! O que mais? — Ele estranhou assim como eu.
— Falou ainda que ninguém aqui sabe o nome dela, mas que
é uma pessoa que trabalha para a sociedade, mas que não a
conhecem. Porém ela disse saber o nome e sobrenome de todos
que frequentam esse tipo de festa.
— Meu Deus, só pode ser ela mesmo, temos que tentar
encontrá-la.
— Já procurei por todos os lados, pedi a John para verificar
nas câmeras de segurança.
— Então, vamos lá ver se ele achou algo sobre essa mulher
— saímos indo na direção da segurança do hotel, quando
chegamos John estava com os dois que ficavam na sala
observando toda a movimentação.
— Conseguiu encontrar?
— Achamos duas mulheres ruivas na festa — eles colocaram
na tela e deram zoom, mas neguei, não era nenhuma das duas.
— Ela deve ter ido embora, não iria ficar depois de ter falado
comigo, mas quero que fiquem atentos e verifiquem os vídeos das
outras câmeras, do lado de fora, olhem tudo — eles assentiram,
agradecemos e saímos da sala.
Voltamos para a festa que estava linda e ninguém fazia ideia
do que se passou, fomos completamente discretos. Pedi a Neo que
na próxima semana teríamos que reunir todos e começar a
investigar, com toda certeza alguém estava soltando a língua.
Fizemos as apresentações de vídeo e anunciei os novos hotéis em
Paris e Santorini.
Os vídeos ficaram incríveis, passamos somente dois com
Victoria, os outros iriam ficar para a campanha de publicidade como
combinamos. No fim, deu tudo certo, apesar da imprensa cair em
cima de mim e de Victoria que conseguiu se sair muito bem com
todas as perguntas. Principalmente as que se referiam a sermos
affair um do outro, ignoramos todos que perguntavam sobre o
assunto.
Antes de ir embora, procurei por Victoria em todos os lugares
do salão, até nos banheiros, mas não a encontrei, nem mesmo suas
amigas. No carro iria ligar para a danada que sumiu. Estava
passando pela recepção, quando encontrei com Natalie, uma das
amigas de Victoria.
— Sr. Roux, minha amiga está te esperando na suíte de luxo.
— A essa hora? O que Victoria está fazendo na suíte? — Não
entendi o que ela poderia estar aprontando.
— Vai rápido, sabe como ela é. — Natalie deu de ombros.
— Muito obrigado. É melhor eu ir lá ver o que essa
provocadora pretende com licença — saí e fui em direção aos
elevadores, a suíte ficava no último andar, era especial com vista
privilegiada de Nova Iorque. Quando cheguei depois de alguns
segundos, a porta estava entreaberta, chamei, mas ninguém
respondeu, então entrei devagar.
Estava tudo meio escuro, quer dizer, somente as luzes
amarelas das luminárias estavam acesas, passei pela sala de estar
e adentrei a suíte. Meus pensamentos evaporaram assim que
cheguei no quarto, Victoria estava somente de calcinha, deitada de
bruços com a sua bunda gostosa pra cima. Tinha duas taças de
espumante em suas mãos. Caralho! Meus olhos percorreram suas
pernas até chegar no sapato que calçava seus pés, não sei por que,
mas tinha um fetiche enorme em vê-la de salto. Sem saber, ela
estava me atingindo e excitando ainda mais, senti o sangue correr
rápido para a região do meu corpo que não se controlava quando
desejava a safada. Ouvi alguém saindo e fiquei curioso, claro que
Victoria contou com a ajuda de suas amigas. Ela virou o pescoço e
me fitou com seus olhos protuberantes, provocativos e quentes
como o inferno.
— Victoria… — chamei seu nome com a voz tão rouca e
grossa totalmente excitado em vê-la ali toda sexy e linda.
— Parabéns, cretino! — sua voz aveludada misturava
escárnio e admiração. Será que só seríamos assim? Nem gostava
de pensar em quando ela descobrisse a verdade. — Não fique aí
parado me comendo com os olhos, faça isso com o corpo,
colocando seu pau na minha boceta, do jeito que me faz virar os
olhos de prazer, Ethan!
— Você é surpreendente e tão provocante, muito cretina
também, fiquei te procurando na festa e estava aqui aprontando?
Claramente Laura estava aqui, ouvi alguém saindo — perguntei
curioso demais para saber como ela aprontou aquilo.
— E você, Ethan Roux, adora ser provocado por mim. Agora,
respondendo a sua pergunta, Natalie e Laura me ajudaram, elas
ficaram rindo da cena, porém gostaram de me ajudar. Mas depois te
explico mais sobre isso, venha logo! — Não contive o sorriso, a
mulher é pura impaciência, com Victoria nada era calmo, ela tinha
pressa. Mas eu a entendia, porque também tinha, nada com a gente
era tranquilo e isso desde o primeiro dia que a vi na sala de
reuniões da La Femme.
— Vou tirar esse seu batom vermelho — Peguei uma taça e
brindamos nos encarando, seus olhos castanhos escuros estavam
nebulosos de desejo.
— Eu só quero que você me coma, forte e duro como só você
sabe fazer.
— Porra! — coloquei as taças de espumante quase vazias
em cima da mesa lateral e a puxei com força, queria sentir seu
corpo grudado ao meu, sua pele se arrepiar com meu toque. Victoria
me deixava tão louco, gostava de me surpreender e me deixar
totalmente de quatro por ela e não é que eu estava mesmo?
Não conseguia mais esconder isso, beijei sua boca ávido
para sentir seu sabor misturado ao do espumante, suas mãos
arrancando minha roupa desesperada. Em poucos minutos me vi nu
deitado na cama enquanto ela estava em cima, como gostava
rebolando e quicando no meu pau nos fazendo gemer em meio aos
beijos e chupões que dava nos seus seios.
Ficava louco quando ela fazia isso, amava ver Victoria no
controle, no comando, é tão excitante. Tão rápido como
começamos, gozamos olhando um nos olhos do outro, formando
uma conexão tão grande que fez meu coração quase saltar do peito.
Eu estava completamente apaixonado por ela, tive que evitar falar
alguma coisa, sabia que se revelasse aquilo a faria se afastar e não
queria que fizesse isso comigo, conosco.
Mundos estão girando e nós estamos apenas pendurados
Enfrentando nossos medos, permanecendo ali sozinhos
Ah, uma saudade, e é real para mim
Deve haver alguém que está sentindo de mim
Tru Love James |Vincent McMorrow
Não pensava que aquele petulante pudesse me fazer sorrir,
estava literalmente mordendo minha língua, e era tudo culpa dele,
por ser tão irresistível e bem-humorado. Nunca imaginei isso de
Ethan, na verdade achava que ele era um filhinho da mamãe,
mimado e que tinha tudo a seus pés. No entanto, depois de tudo
que conversamos na viagem, aquilo caiu por terra e estava
literalmente fascinada. E olha que não era disso, depois de tudo que
passei com meu ex-noivo, tomava todo cuidado com meu coração,
comigo mesma. Não gostava de me deixar envolver e nem ficar
deslumbrada por sentimentos. Sabia que isso era bobagem e que
como minha psicóloga mesma falava, precisava superar e seguir em
frente.
Quem sabe essa fosse a chance de realmente me deixar
levar pelo que andava sentindo e me negando a ter mais que só
sexo com Ethan. Era até engraçado, pois a gente não se suportava
antes, sempre estávamos nos alfinetando. Apesar disso, era bom
implicar com o petulante de merda. Sorri depois de sair do banho, o
que esse homem estava fazendo comigo? Fazia tempo que não
vivia isso, mas achava que podia dar uma oportunidade ao destino
de me provar que agora deveria me deixar apaixonar.
Mais um dia iria começar e depois da última noite com Ethan
estava mais relaxada, até mesmo esqueci um pouco daquela nota
no News NY. Não conhecíamos a colunista, Leona Green, digo
pessoalmente, qual o rosto por trás da mulher que sabia de tudo da
sociedade nova-iorquina. Ela era um mistério, assim como Valentim
Griffin era para mim, por isso iria começar a semana procurando
saber quem era esse designer. Precisava disso, não sabia o motivo
de tanta curiosidade, seria por que ele era um artista capaz de
expressar feminilidade, conforto e sensualidade com seus designs?
Não sabia, mas queria conhecer o homem por trás dos desenhos.
Me arrumei, tomei café rapidamente, agradeci a Aurora e saí
com minhas duas bolsas, essa semana não iria negligenciar a
academia. Quando cheguei na garagem, James já estava a postos
com seu terno preto. Apesar de não ficar reparando muito, era
impossível vê-lo e não lembrar de Natalie, minha amiga estava
investindo e o paquerando. Enquanto Laura mudou de ideia e me
contou estar saindo com Kevin, falei com ela para ficar à vontade. O
que tive com ele nem chegou a ser um caso, foi somente sexo e não
passou de algumas noites, nem sequer dormimos juntos.
— Bom dia, Victoria! Como vai? — James me cumprimentou
com sua voz grave e sorriso contido.
— Bom dia, James! Vou muito bem e você? — respondi e
entramos no carro.
— Bem também, vamos direto para La Femme? —
perguntou.
— Sim, direto, por favor! — ele assentiu e deu partida, peguei
o celular e verifiquei a agenda que Natalie já havia deixado pronta.
Foi aí que recebi uma mensagem de Ethan.
Bom dia, baby! Espero que tenha tido uma excelente noite e
desejo que seu dia seja incrível e produtivo. Estou com saudades.
PS: não consigo tirar da mente você somente de lingerie, toda sexy
me esperando com aquelas taças. Você é completamente única,
sem igual. Beijos na sua boca gostosa.
Sorri feito boba, Ethan não sabia como me deixava quando
falava essas coisas, meu Deus, nem sabia o que responder ao
CEO. Não contive a ânsia por enviar uma resposta e já estava
digitando.
Bom dia, petulante! Também te desejo um dia produtivo.
A ideia era realmente essa, que você não conseguisse esquecer
além de te excitar. Os beijos podem ser no corpo todo?
Enviei sorrindo, parecia que tinha voltado no tempo e estava
vivendo a adolescência de novo. Agora pensando bem, uma mulher
feita como eu, sorrindo por trocar mensagens com um homem.
Minha nossa, estava mesmo envolvida com ele, só não queria dar o
braço a torcer. Porém, quem sabe agora não conseguia realmente
viver tudo com Ethan.
Sabe que pode ser onde você quiser, sabe que amo seu
corpo inteiro.
Sorri ao ler sua resposta e, em poucos minutos chegamos a
La Femme, entrei pelas portas giratórias e encontrei minhas amigas
no saguão. Fomos para as escadas rolantes.
— Bom dia, Victoria, que sorriso é esse, minha amiga? —
Laura perguntou enquanto Natalie me fitava do cabelo aos pés.
— Um excelente dia para começar a semana, acordei
animada — tirei os óculos escuros e guardei na bolsa.
— Você arrasou no look de hoje, todo vermelho — Natalie
elogiou.
— Nada como um bom vermelho para animar o início da
semana — olhei para trás, prestando atenção se havia alguém
suspeito me seguindo. Aquela colunista poderia ainda estar de olho
em mim e Ethan.
— Sei, acho mesmo que foi todo aquele sexo que fez com o
CEO dos Hotéis Roux que a deixou assim, toda alegrinha e com
essa pele exalando vivacidade.
— Não vou mentir para vocês, foi ele e todo o sexo delicioso
que fizemos, na verdade, estamos muito bem. Pela primeira vez
depois de tudo, quero me envolver com um homem — falei depois
que entramos no elevador, Natalie estava passando seu batom e
ajeitando o cabelo e me fitou pelo espelho surpresa.
— Finalmente vai se dar uma chance! — Laura falou.
— Graças a Deus, já estava passando da hora, minha amiga
— Natalie completou sorrindo, não escondia nada delas, eram as
únicas pessoas que torciam de verdade por mim, que estavam
comigo em todos os momentos da minha vida. Eram minhas irmãs
do coração, como elas desejavam a felicidade para mim, almejava
para elas também. Era totalmente recíproco e sincero, claro que às
vezes discutimos, nem sempre concordamos em tudo. O que era
normal em grandes amizades, mas nos respeitamos, além de tudo.
Chegamos no andar da La Femme, finalmente, saímos do
elevador e entramos na redação. Cumprimentei a todos como
sempre fazia, Natalie parou na recepção para pegar algum recado e
depois seguiu direto para minha sala. Após guardar minha bolsa, me
sentei e liguei o computador, em poucos minutos Natalie chegou
trazendo seu tablet e algumas amostras de páginas da revista que
já estavam prontas. Logo após passar a agenda do dia e da semana
fomos para a sala de reuniões.
Falamos sobre a final do concurso de Designers de Sapatos,
Valentim era o nosso preferido a vencedor. A última fase era o
desfile com os modelos que cada um tinha de fazer para uma
coleção. Aquela que iria consolidar tudo, apesar de saber que nessa
final o tal Valentim teria que comparecer, queria descobrir antes sua
identidade. Estava bem interessada e algo me diz que por trás
desse mistério tinha mais que imaginava.
— Natalie, quero que você por favor contacte Bennett, preciso
que ele investigue mais sobre esse Valentim.
— Ok, vou ligar agora mesmo — ela respondeu e voltamos
para minha sala onde ela ligou para Ben, li alguns e-mails e fui dar
uma olhada nos modelos de roupas selecionados para o editorial de
moda da próxima edição.
Quando voltei a minha sala, Natalie voltou com uma resposta
para mim, parecia que Bennett verificou na hora sobre o Valentim.
— O que ele falou? — perguntei ansiosa.
— Pelo que passei da ficha do designer, o responsável é
Joshua Miller e não tem outros dados, ele deve representar o
Valentim, já que esse é pseudônimo. Bennett enviou no seu e-mail
os dados do Joshua, ele mora aqui em Nova Iorque mesmo.
— Ele não é um daqueles amigos do Ethan?
— Ah é mesmo, marido da Chloe Miller, percebi que o nome e
sobrenome não me eram estranhos, ela é ex-modelo famosa e
agora tem uma marca de roupas — Natalie reafirmou.
— Ah me lembrei, vamos seguir as pistas com eles, odeio ter
que ficar atrás das pessoas, mas antes de levantar suspeitas
chamando-o para uma conversa informal, vamos olhar por nós
mesmas. Nossa, se o Joshua conhece o Valentim, será que Ethan
sabe quem é?
— Nossa é mesmo, eles são amigos há anos, devem
conhecer, ligue para o CEO para sondar.
— Será que ele vai falar algo? Duvido muito deve ser algum
amigo ou amiga dele, Valentim pode ser uma mulher também. Mas
esse pseudônimo masculino, não sei, tenho para mim que é um
homem. Será qual o motivo desse mistério todo com a identidade
dele?
— Olha não sei, pode ser algum motivo familiar, se ele se
esconde por um pseudônimo, alguma coisa a mais tem por trás.
— Vamos seguir o Joshua, passe para James os endereços
que Bennett nos enviou, quero saber onde ele vai estar após o
horário de expediente.
— Pode deixar, se quiser posso pedir a ele para vir aqui —
sorri da sua vontade de ver o motorista musculoso. Mesmo estando
envolvida com Ethan que tem um corpo espetacular e gostoso, não
era cega, James era um colírio para os olhos.
— Nem precisa, pode só ligar, vai fazê-lo subir à toa, coitado.
Deixe o homem em paz.
— Você está com Ethan, Laura com Kevin e só eu estou
sobrando, não quero ficar sozinha e James me deixa louca.
— Tudo bem, faça como quiser, só não esqueça de pedir a
ele isso, por favor. Agora pode voltar para sua mesa, vou escrever e
revisar alguns textos da próxima edição. Obrigada e bom trabalho.
— Ok, como quiser e não tem de que, sabe que adoro o que
faço — ela falou sorrindo e saiu com seu tablet na mão toda
animada. Esperava que James correspondesse a minha amiga, ela
ficava com as expectativas lá em cima por causa do homem.
Voltei ao trabalho e enquanto escrevia comecei a pensar em
Ethan e depois no Valentim. Será que o CEO sabe de tudo do
designer e nunca me falou nada por lealdade? Pois na festa do
Roux, usei o sapato exclusivo do Valentim, ele fez no tamanho certo
para meus pés e parece que desenhou especialmente para mim.
Será que não era paranoia minha? Não poderia ser, tinha uma
intuição afiada e sempre dava ouvidos a ela, poucas foram as vezes
em que errei com isso.
Depois do almoço voltei com tudo ao trabalho, foram duas
reuniões longas com a equipe de redação onde fizemos mais uma
leitura de alguns trechos dos textos. Sugeri algumas alterações e
mudamos alguns deles completamente. Era um trabalho mais
detalhista, apesar de que em uma revista feminina, cada
minuciosidade era importante e não gostávamos de deixar passar
nada. Todas as informações que eram colocadas em uma matéria
eram relidas mais de dez vezes por nossos revisores e pelos
profissionais da área que estava interligada.
Quando fechei o dia, James me deixou na academia, só fui
porque meu instrutor iria mudar o treino, a série de exercícios ficaria
diferente. Encontrei com Ethan, mas ele estava saindo já, tomamos
cuidado para ninguém notar nossa interação. Por isso, só trocamos
um beijo dentro do vestiário, sem ninguém por perto, esperei ele sair
primeiro e fui receber a orientação do meu instrutor.
Não encontrei mais com Ethan naquela semana, estava tão
cheia de compromissos no trabalho. Ainda tinha que soltar a
atualização do concurso e fizemos isso na sexta, Valentim deve ter
recebido a notícia que estava na final. Por isso, James ficou no
rastro de Joshua e segundo ele, o marido de Chloe nem desconfiou
de que estava sendo seguido. E naquela noite, minhas amigas
ficaram de olho e me avisaram assim que o viram chegando com a
esposa em um bar. Daquela noite não passava, iria descobrir quem
na verdade é Valentim Griffin ou não me chamava Victoria Fiore.
Quando colocava algo na minha cabeça dificilmente tirava, só
depois de conseguir chegar aonde queria.
Com o coração acelerado, cheguei na rua em frente ao bar
que elas me enviaram, ambas tinham compromisso. Laura e eu
estranhamos que Kevin não estava junto da turminha, estava
esperando aquele momento passar para perguntar Ethan sobre
esse mistério.
Quando me aproximei mais do vidro eles estavam brindando
com o copo na mão sorrindo e fiquei completamente confusa. Qual
deles seria o Valentim? Foi então que vi o homem com quem estou
me envolvendo, rindo de orelha a orelha enquanto bebia
tranquilamente o que mais parecia ser uma cerveja. Ele deveria
saber, não tinha como, mas na mesa havia Joshua, Chloe, Theo,
Ethan, Neo, uma mulher loira que achava ser a ex do petulante.
Será que ela era o Valentim? Minha cabeça iria explodir, além dela
tinha outro homem que não conhecia, nunca o vi no círculo de
amigos deles. Precisava descobrir logo isso para conseguir ficar em
paz, mas aquilo estava bem estranho, pois não imaginava nenhum
deles como designer de sapatos. Que coisa!
Faz muito tempo para me deixar sozinha
Eu preciso ouvir o doce som dos seus gemidos
Venha dar uma volta, baby, me dê suas coxas
Eu prefiro garotas que não têm medo de chorar
I Want | Rosenfeld
Saímos para comemorar que Valentim foi classificado para a
final do concurso, estava me sentindo tão feliz e orgulhoso. Me
inscrever foi um grande passo que dei para começar a investir na
minha carreira de designer. Apesar de ter todos os recursos, não
queria começar de cima e sim de baixo, sem usar do sobrenome da
minha família para realizar meu grande sonho. Enfim, gostaria
mesmo que fosse difícil não revelar quem estava por trás do
pseudônimo, sei que se fizesse isso, tudo poderia desabar.
Joshua me falou que recebeu uma ligação da Victoria no dia
que saiu o resultado, perguntando a ele se podia marcar uma
reunião particular. Ele respondeu dizendo que não tinha brechas em
sua agenda, mas pelo visto, ela estava desconfiada e buscando
respostas para descobrir. Apesar da felicidade por ter ido tão longe,
fiquei apreensivo, nervoso com o que poderia acontecer caso
descobrisse que sou o Valentim. Na verdade, estou arriscando tudo
que tenho com Victoria.
Essa semana não nos vimos, ela estava muito cheia de
trabalhos, a agenda lotada, nem mesmo consegui ficar com ela a
noite. Tive que dar atenção à Luz que estava com algumas dúvidas
em um trabalho da escola. Meu pai fez isso por mim incontáveis
vezes, ele era tão atencioso com a gente. Lembro claramente da
paciência e segurança com que lidava com nossas dúvidas e
questionamentos.
Minha mãe não era assim, ela gostava de mandar a gente se
virar, não me lembro de ter me ajudado com nada. Ao invés disso,
ela mandava Abigail nos ensinar, por isso tinha tanta consideração
por nossa governanta, que era mais da família que tudo. Ajudava na
faculdade de seu filho e no que podia com o que ela precisava,
sempre foi mais minha mãe que a própria Elizabeth Roux.
Por isso, senti muito quando meu pai se foi, aquela doença
terrível que o levou de nós, foi tão rápido. Não tivemos muito tempo
depois que foi descoberto também já era tarde demais, não havia
muito o que se fazer. Mas sabia que onde ele estivesse, estaria
orgulhoso do seu filho, sempre dizia que para vencer era preciso se
arriscar, dar grandes passos, mas tomando cuidado, equilíbrio é
tudo.
Além da falta que sinto do meu pai, como se não bastasse,
minha irmã também faleceu, saiu para uma pequena viagem com
meu cunhado e sofreu um acidente que os matou na hora. Nem
gosto de me lembrar do telefonema que recebi de madrugada, são
lembranças dolorosas, mas sei que Olívia estava feliz por mim onde
estivesse.
— Ethan, o que foi? — Joshua perguntou com um tom
preocupado.
— Só estava lembrando do meu pai e da minha irmã, eles
estariam orgulhosos por mim.
— Pode ter certeza de que estão, meu amigo. Sabia que você
iria conseguir, tem um talento sem igual. Só me preocupa o fato de
querer ficar no anonimato, tendo todos os olhos voltados para você
nesse momento.
— Obrigado, sem você nem sei o que faria. Mas essa
questão aí é o que realmente me deixa apreensivo, Victoria parece
estar muito curiosa em relação a Valentim e aquela Leona Green
não sei realmente o que ela sabe.
— Vamos ficar atentos. — Brindamos mais um copo e tomei
enquanto conversamos mais um pouco, ainda bem que eles
mudaram de assunto. Estava ficando tenso quando meu celular
tocou chamando minha atenção, o tirei do bolso para verificar, o
nome de Victoria piscou na tela. Parecia até que ela sabia que
estávamos falando a seu respeito há pouco tempo.
— Victoria, a que devo a honra da sua ligação?
— Ethan, já que hoje é sexta queria te fazer um convite — a
voz sedutora não me passou despercebido.
— Pode dizer, sabe que topo tudo com você, baby! — Já me
sentia extasiado, era incrível que só o fato de a ouvir já me deixava
assim, louco por ela.
— Onde você está?
— Estou em um bar com alguns amigos bebendo um pouco
para relaxar, a semana foi tensa, como não sabia se você estava
ocupada nem a convidei — ela bufou do outro lado.
— Da próxima vez é só me enviar uma mensagem, estou livre
essa noite para nós dois, que tal você vir aqui para meu
apartamento?
— Vou agora mesmo, baby. Em poucos minutos chego aí,
não estou tão longe.
— Ok, te aguardo ansiosa, beijos — sussurrou roucamente
mandando aquele beijo, depois se despediu e fiquei louco, Neo
percebeu toda minha agitação.
— É ela? — Meu amigo já sabia, então só assenti e depois
chamei a atenção de todos.
— Meus amigos, quero agradecê-los por terem vindo
comemorar comigo, por me apoiarem tanto e essa vitória é nossa,
não só minha. Só que vou precisar ir embora, tenho um
compromisso de última hora — recebi olhares curiosos,
principalmente de Chloe e Emily, mas minha ex-namorada e amiga
se virou para seu novo parceiro.
— Você está muito diferente, desde que chegou de viagem e
misterioso também — Chloe que era muito observadora já notou.
— Espero que em breve possa revelar tudo, é algo muito bom
que está acontecendo comigo. Surpreendente, aliás, mordi minha
língua, mas está valendo a pena cada minuto.
— Sei do que se trata, Ethan, mas vou respeitar seu
momento e ficar torcendo para que isso não dê muito ruim quando a
dita cuja descobrir a verdade — Chloe falou seriamente.
— Ethan, Ethan… você está aprontando — Emily falou
sorrindo.
— Um pouco, agora vou indo, obrigado por terem vindo e
pelo apoio.
— Vai logo, dá para ver nos seus olhos a ansiedade — rimos,
abracei meus amigos, deixei minha parte paga no caixa do bar e
saí, John estava me esperando. Como estava bebendo não iria
dirigir, pedi a ele para me deixar no endereço de Victoria. No
caminho fiquei pensando na possibilidade dela me perguntar sobre
Valentim.
Assim que John parou na porta do prédio, me lembrei da
última vez que vim deixar a Erin e vi Victoria com outro homem.
Fiquei incomodado na época e agora só a vaga lembrança me
deixava louco. Não queria outro homem a tocando e hoje iria
esclarecer isso, era bom falarmos abertamente o que realmente
queremos um do outro. Agradeci a John e desci do carro, o porteiro
interfonou para o apartamento e liberou minha entrada.
O andar dela era o último e quanto mais o elevador subia
mais ansioso me sentia para vê-la. Realmente senti falta da diaba
mais linda, perigosa e gostosa que já conheci em toda minha vida.
Quando vi as luzes indicarem que chegamos no último andar, meu
coração já começou a acelerar.
Assim que as portas se abriram, Victoria estava encostada no
batente da porta me esperando com uma camisola indecente e
transparente. Os cabelos soltos e mais cheios, sem nenhuma
maquiagem no seu rosto o que a deixou ainda mais linda, mas
aquela sua boca parecia ter sido desenhada e pintada. O tom de
seus lábios carnudos eram uma mistura de vermelho e roxo, lindo e
completamente apetitoso. Para completar a safada, mordeu o lábio
inferior, como se soubesse o que estava pensando naquele
momento.
— Victoria, você é uma tentação, baby! — falei me
aproximando dela, até estar a menos de um palmo de distância,
fiquei alguns segundos a encarando, devorando cada pedacinho de
seu corpo, gravando na minha memória para nunca mais esquecer.
Ela não me respondeu, só sorriu mordendo ainda mais o lábio e foi
minha deixa, a puxei para meus braços, colando seu corpo no meu
enquanto minhas mãos puxaram seu cabelo na minha direção.
Mordi seu lábio inferior como ela estava fazendo, era uma indicação
de que queria que eu o fizesse. Depois minha língua tomou toda sua
boca em um beijo faminto, selvagem e que atiçou todo meu corpo.
Minhas mãos agarraram sua cintura e depois sua bunda atrevida e
gostosa.
— Ah Ethan, que saudade… — ela estava me dizendo que
sentiu minha falta? Por Deus, aquilo era demais para mim.
— Não sabe o quanto esperei ouvir isso de você, baby! —
Trilhei beijos por seu pescoço completamente enfeitiçado por seu
perfume gostoso e pele macia — Porra! Quero te fazer todinha
minha!
— Então faça Ethan e você é todinho meu — me beijou com
paixão, conosco não havia nada pela metade, a nossa pele clamava
por mais, na verdade, sabia bem o que desejava naquele momento.
Entramos e fechamos a porta com uma força até mesmo exagerada,
Victoria foi afrouxando minha gravata enquanto beijava sua boca.
Conseguiu arrancá-la para longe junto com o paletó, depois a ajudei
com os botões da camisa e colete que tiramos rapidamente.
O desespero por sentirmos pele com pele era tão grande que
caímos em uma poltrona bem grande que tinha na sua sala. Não
tive muito tempo de reparar na decoração, mas sabia que era de
bom gosto, já que aquela mulher era pura elegância. Minha
prioridade e desejo era fazê-la minha como imaginei a cada minuto
dessa semana que foi uma tortura sem poder vê-la.
A poltrona era confortável com um estofado macio, nos
deitamos sem conseguir afastar nossas bocas uma da outra, sua
camisola subiu e sorri entre o beijo ao sentir o tecido fino da renda
se sua calcinha minúscula. Tive que ver e então deixei sua boca e
me concentrei em chupá-la com ela, afastei um pouco deixando
parte nas dobras de sua boceta pronta para mim.
Victoria estava meladinha só com meu beijo e pegada, porra
era assim que eu gostava. Primeiro massageei seu clítoris e depois
de sentir tudo bem quente e molhado que enfiei três dedos de uma
vez fazendo-a se arquear. Quando começou a gemer
deliciosamente meu nome, a penetrei com minha língua e não
demorou muito para que Victoria se contorcesse em um orgasmo.
Amava vê-la assim entregue e totalmente perdida depois do
orgasmo, a expressão tão relaxada, satisfeita.
— Só estamos começando, baby! — falei e ela concordou e
virou o jogo, me fez deitar e se agachou tirando minha boxer.
— Agora é minha vez — mordeu e beijou cada uma das
minhas coxas e já começou a acariciar minhas bolas, em alguns
minutos a mulher me enlouqueceu com sua boca maravilhosa e
carnuda, ela não deixou de lado a atenção as minhas bolas e aquilo
foi um diferencial, me fez gozar ainda mais rápido. Os jatos foram na
sua boca e seios, ela pegou um pouco com dedo e chupou me
dando uma das visões mais inesquecíveis.
Fizemos sexo em sua sala, depois no terraço, ela apagou as
luzes para não chamar a atenção de qualquer curioso, mas não
conseguimos evitar os gemidos e o barulho dos nossos corpos se
movendo. A tomei de quatro e depois com a perna levantada
pressionada na parede, quando caímos ofegantes e totalmente
perdidos de tanto gozar, Victoria me convidou para tomar um banho.
Pelo menos debaixo do chuveiro só trocamos carícias e ela disse
que tinha uma pizza para terminar no forno.
Abri o vinho que ela havia escolhido, enquanto terminava de
partir a pizza que estava com um cheiro incrível. Comemos juntos,
enquanto Victoria me contava da sua semana e então voltou o
assunto para mim até chegar no tópico Valentim.
— Ethan, você conhece algum Valentim Griffin? — Quase me
engasguei com o vinho, mas consegui me conter.
— Não conheço, por quê? — Tentei disfarçar toda minha
apreensão.
— É porque seu amigo Joshua o representa no concurso de
design de sapatos, já que Valentim é um pseudônimo, ele é muito
talentoso e vem nos surpreendendo desde o início. Fiquei bem
intrigada e gostaria de descobrir quem está por trás.
— Normal você ficar curiosa já que ele é tão talentoso como
disse, não é? — Engoli em seco sabendo que não estava sabendo
nem omitir — Mas não conheço nenhuma pessoa com esse nome
ou pseudônimo — A danada era esperta e sabia que estava
mentindo, na verdade, omitindo a verdade. Não pensei ainda em
como falar isso, queria muito poder me abrir e revelar a Victoria toda
a verdade. Odiava ter de ficar omitindo, estava apaixonado por essa
mulher e não podia contar sobre algo que amava fazer. Precisava
ver uma forma de contar o mais rápido possível.
— Então tá, mudando de assunto aceita assistir um filme
comigo antes de irmos para a cama?
— Óbvio que sim, não perderia nunca a sua companhia —
falei colocando uma mecha do seu cabelo atrás da orelha.
— Nossa, quem diria que estaríamos assim? — dei de
ombros, pois nem eu imaginava, mas agora não tinha volta.
— Victoria, antes de começarmos a ver o filme, queria acertar
algo com você, só para saber se estamos na mesma sintonia, quer
dizer, de acordo.
— Pode falar, já imagino o que seja — era muito sabichona
essa mulher, era mais velha que eu e sabia bem onde estava
pisando, ainda assim era convencida.
— O que é então? — indaguei curioso para ouvir o que já
sabia.
— Que você quer mais que só sexo comigo… — a interrompi
apertando sua cintura e ela começou a rir, obviamente sentindo
cócegas.
— Depois diz que sou o petulante de merda…
— Onde você ouviu isso?
— Esqueceu como nos tratávamos antes? E sei que às vezes
ainda me xinga mentalmente assim — caímos no sofá da sala de TV
enorme do seu apartamento que aliás mais parecia uma casa nos
Hamptons, quando comentei, ela disse que a ideia era justamente
essa, dela se sentir lá, pois amava o lugar.
— Ah Ethan, diz logo o que você quer! — Sua voz soou
impaciente.
— Quero mais mesmo, você acertou e desejo que seja
exclusivamente minha.
— Mas, homem de Deus! Ninguém é de ninguém!
— Sei disso, mas desejo que sejamos…
— Namorados?
— Isso, quero que seja minha namorada, nunca desejei outra
mulher com a mesma intensidade que a quero. Seja minha?
— Serei sua namorada, mas saiba que não é meu dono.
— Victoria, te conheço, não nos dávamos bem antes, mas sei
que é uma mulher dona de si, independente e poderosa. Vai
continuar sendo, não se preocupe com isso e nem com seu
coração, não quero quebrá-lo e serei fiel, até mesmo porque não
tenho olhos para nenhuma outra.
— Ah meu Deus, Ethan — vi seus olhos marejados acariciei
seu rosto com carinho — Não sei o que dizer, só que estou me
dando a chance de confiar novamente em um homem para viver um
relacionamento. Espero que entenda, apesar de ser mais velha,
tenho minhas vulnerabilidades e problemas que hoje lido da melhor
forma que consigo.
— Não se preocupe com isso, de agora em diante vamos
confiar totalmente um no outro e não ficar longe também. Quero
você sempre perto.
— Espero que sim, mas tem uma coisa, sua mãe nunca
gostou de mim, o que vamos fazer em relação a ela?
— Ela não tem direito de julgar a mulher que escolhi para ser
minha namorada, ainda mais você, que só sinto orgulho e muita
vontade de encher de beijos toda hora.
— Então vamos enfrentar tudo e todos? — ela me perguntou
apreensiva.
— Se você realmente me disser sim, vamos — respondi com
segurança. Victoria ficou alguns minutos calada, parecia estar
pensando, dava para ouvir todos os questionamentos que ainda
fervilhavam dentro de sua mente. Pensei que ela me diria não, mas
me surpreendeu.
— Ok, aceito ser sua namorada! — Meu coração estava
acelerado, comecei até a suar de ansiedade para ouvir sua resposta
e quando ela saiu quase caí para trás. Mas ao invés disso tomei sua
boca na minha com paixão completamente entregue por aquela
mulher maravilhosa que virou minha vida de cabeça para baixo. Não
pensava que fosse me sentir assim alguma vez na minha vida,
então, me lembrei de que dei a ela minha palavra de ser sincero.
Precisava contar sobre Valentim antes que descobrisse por si só e
isso estragaria tudo e a faria sofrer e era a última coisa que
desejava para a minha diaba.
Não há nada mais onde ele costumava
se deitar, minha conversa tem corrido seca
Isto é o que está acontecendo, nada está bem,
eu estou ferida, eu estou totalmente sem fé,
assim é como me sinto
Torn | Natalie Imbruglia
Tive uma noite incrível com Ethan e fiquei surpresa por seu
pedido de namoro, isso era raridade no mundo em que vivíamos.
Aceitei ser sua namorada porque queria dar uma chance a nós dois
e a mim mesma. Além disso, não podia negar que Ethan me
surpreendeu muito e depois que o conheci melhor vi que não era
nada do que pensava. Ele mexia comigo, fazia meu coração
acelerar e minhas pernas ficarem bambas, não me sentia assim há
muito tempo. Na verdade, nem lembrava se já senti isso por
qualquer outro, nem mesmo por Andrew, meu ex-noivo.
Acordei e me dei conta de que estava sozinha na cama,
então me levantei, fui ao banheiro, lavei o rosto e escovei os dentes.
Ajeitei o cabelo em um coque alto e saí do quarto à procura do meu
novo namorado. Ouvi alguém mexendo na cozinha e só podia ser
ele, já que nos finais de semana Aurora não trabalhava.
Ele não me ouviu chegar e fiquei ali o observando preparar
ovos mexidos todo sexy somente de cueca boxer. Tão lindo e
completamente meu. Quem diria que um dia estaria apaixonada por
Ethan Roux? Ninguém, mas cá estávamos juntos e totalmente
envolvidos.
Me aproximei devagar e enlacei sua cintura, sentindo o
abdômen rígido e cheio de gomos bem-marcados, sou uma mulher
sortuda, passei minhas mãos por baixo da camisa para sentir sua
pele quente que amo. O ouvi gemer meu nome com a respiração
entrecortada.
— Bom dia, baby! — falei de forma irônica, como ele gostava
de me chamar.
— Um dia maravilhoso, depois de uma noite incrível com
você, meu amor!
— Vai me chamar agora de meu amor? O baby ficou lá em
Paris e Santorini? — Virou-se de frente para mim depois de desligar
o fogão, sorrindo de orelha a orelha. Os olhos estavam ainda mais
azuis se era possível, tornando-o ainda mais lindo.
— Às vezes posso voltar a chamá-la de baby, mas agora e
sempre vou chamar de meu amor, esse você aprova?
— Claro que sim, e de repente passei a gostar mais. —
Sorrimos e ele selou nossos lábios e me beijou com paixão.
— Dormiu bem? — ele perguntou depois de me beijar, senti
suas mãos acariciando minhas costas deliciosamente e fechei os
olhos.
— Como não dormia há muito tempo, foi uma noite deliciosa,
não vou me esquecer jamais.
— Fico feliz demais em saber disso, não prometo que todas
sejam assim, perfeitas, mas vou tentar sempre te fazer bem.
— Espero que sim e digo o mesmo a você, sabe que não sou
nada mansa, na verdade sou um furacão em pessoa.
— Já me acostumei com seu jeito e não se preocupe com
nada, só quero que se sente à mesa que vou servi-la, depois vamos
conversar algo importante.
— Ah, meu Deus! — Soltei surpresa por vê-lo sendo tão
cavalheiro comigo, fiquei ansiosa ao saber que tínhamos que falar
sobre algo importante. Ethan me serviu com o expresso
descafeinado, os ovos prontos e frutas picadas em um potinho e
notei que ele ficou atento durante nossos cafés da manhã em Paris
e Santorini. Sabia que não gostava de ingerir pães pela manhã, só
ovos, café e frutas, raras vezes tomava iogurte também.
Ele se sentou de frente para mim e falamos da decoração do
meu apartamento que ele amou. Ficou encantado com o quanto a
arquitetura aproveitou da luz natural, disse que era o que mais me
encantava nas casas dos Hamptons e pedi para eles tentarem
reproduzir, pois me deixaria muito feliz. E eles me surpreenderam
quando vi o projeto, fiquei encantada, além de ser uma realização
enorme para mim, meu apartamento que consegui com o suor do
meu trabalho árduo.
Quando terminamos de comer, Ethan me fitou com seriedade
e sabia que ele iria me revelar algo importante. Senti a mudança até
em sua postura sentado na cadeira, ficou mais ereto, mas seu olhar
transmitia sinceridade.
— Falei que gostaria de conversar com você sobre algo
importante — assenti — então, ontem fiz um pedido que nos levou
para outro nível, um que sequer podíamos imaginar antes. No início,
a gente não se aturava, se odiava, na verdade.
— Sentia muita antipatia de você e o achava metido a filhinho
da mamãe mimado e convencido — falei em tom de brincadeira,
mas com sinceridade.
— Obrigado por ser tão clara, mas pensava quase o mesmo
de você, mas não vem ao caso agora, depois de várias
provocações, durante a viagem tudo mudou. Sempre teve a troca de
farpas e confesso que já me sentia atraído por você, afinal é uma
mulher linda, maravilhosa e são tantos adjetivos que poderia ficar
falando aqui pelo resto do dia — sorri sem graça por ouvi-lo me
elogiar — não vai ficar acanhada, nem é do seu feitio, mas
continuando. Quando conversamos mais, vimos que temos tantas
coisas em comum, nos abrimos um pouco também, lembra de
quando me falou que sentia que não gosto de ser CEO?
— Claro e você me disse que tem um outro sonho — não sei
por que, mas comecei a sentir minhas mãos suarem, fiquei nervosa
e apreensiva para saber o que ele iria me revelar.
— Isso mesmo, chegamos no ponto principal dessa conversa
e gostaria muito de ser totalmente sincero com você. É difícil falar
sobre esse meu outro sonho porque sempre foi assim em relação a
ele, complicado demais. Quero que saiba antes de tudo que não
queria esconder mais nada de você, na verdade, enquanto estudava
administração também fiz um curso de design. Desde pequeno amo
desenhar e meu pai me colocou em aulas de desenho, criei uma
conexão enorme com o lápis e papel. Rascunhava nas aulas da
administração e depois ia para as de design, fiz uma especialização
em design de sapatos. — Meu queixo caiu quando comecei a ligar
todos os pontos, se ele sempre amou desenhar e fez cursos, Ethan
só poderia ser o…
— Ethan, ontem te perguntei sobre isso e você me disse
que… — ele me interrompeu nervoso, mas já me sentia mal.
— Sei o que respondi, mas quero que me ouça até o final —
assenti tentando me manter calada e deixá-lo terminar — Esse outro
sonho é em ser um designer de sapatos, ter minha marca e viver
disso e não ser CEO dos hotéis Roux, mas minha mãe nunca
aceitou menos. Ela acha que devo manter o nome da família, o
legado, para Elizabeth Roux isso é mais importante do que ver seu
filho fazendo o que realmente ama. Por isso criei com a ajuda dos
meus amigos e meu irmão, o pseudônimo Valentim Griffin e me
inscrevi no concurso da La Femme, vi nele uma grande
oportunidade. Eu sou o designer de sapatos que você tanto procura.
Saiba que não fiz isso para te provocar, não foi nada pessoal, me
manter no anonimato faz parte da vontade que sempre tive de
começar de baixo e ser reconhecido não por ser um Roux e sim
pelo meu talento em criar sapatos femininos lindos e únicos. Sei
também que deveria ter feito diferente, mas não tive coragem de
peitar minha mãe depois de ter perdido minha irmã — ele parou e
soltou o ar, parecia estar sendo difícil me dizer tudo aquilo.
— Ethan… — me levantei, pois não conseguia mais ficar ali
sentada, tinha que me movimentar, ele me escondeu algo esse
tempo todo.
— Não podia continuar omitindo isso, principalmente agora
que somos namorados, sou apaixonado por você e não quero
perdê-la e nem a magoar.
— Mas você me escondeu, te perguntei ontem e você mentiu
olhando nos meus olhos.
— Vic, sei que errei, assumo isso, ontem mesmo deveria ter
te contado, mas aquela sua pergunta me pegou de surpresa e só
depois que consegui pensar em tudo — ele se levantou e me puxou
fazendo encará-lo, vi em seus olhos que estava chateado, mas
aliviado também por ter me contado.
— Preciso de um tempo para pensar, não posso… — não
conseguia terminar de falar, estava me sentindo perdida no meio
daquelas informações que ele me jogou. Na verdade, não imaginava
que ele, Ethan Roux fosse o Valentim e que nunca desconfiei de
nada. Ele conseguiu mesmo manter o segredo.
— Tudo bem, vou te dar esse tempo que precisa, mas quero
que saiba que já te amo e não vivo mais sem você. Não vou desistir
de nós dois, do que sentimos um pelo outro e peço para que reflita
com cuidado e amor — ele estava dizendo que me amava e aquilo
me deixou ainda mais louca, fitei seus olhos e não consegui
respondê-lo. Precisava pensar com calma.
— Não consigo dizer o que se passa na minha cabeça agora,
só que preciso ficar sozinha. Será que você pode ir embora?
— Me doí ter que deixá-la sozinha, mas a respeito muito e
vou embora — falou com a voz embargada e saiu da cozinha, fui
para sala, me sentei no sofá pensativa. Depois de alguns minutos
ele voltou totalmente vestido, se abaixou e me fitou com pesar —
Quero que pense bem e considere que já a amo muito, Victoria! —
beijou o topo da minha cabeça e saiu me deixando no silêncio mais
ensurdecedor.
Não sei por quanto tempo fiquei sentada ali encolhida, o dia
estava lindo lá fora e me sentia totalmente perdida, um pouco
decepcionada até. Só que não conseguia sentir raiva de Ethan, tudo
que ele me contou fez total sentido para mim. Mas o fato de ter
mentido na noite passada que ficou martelando na minha cabeça.
Decidi ligar para minhas amigas, pedi a Natalie que viesse me
ver à tarde. Ela ficou preocupada pelo meu tom de voz, mas
consegui acalmá-la. Em seguida liguei para Laura que também ficou
apreensiva, mas consegui tranquilizá-la. Após finalizar a chamada
com Laura, segui para meu quarto, me deitei na minha cama e fiquei
olhando para fora e pensando em tudo que Ethan me contou e na
noite que tivemos. Toda aquela declaração que fez, de que já estava
apaixonado por mim, assim como estava por ele. Sei que podia ser
dura às vezes, era o meu jeito, já até melhorei muito, conseguia me
abrir mais e algum tempo atrás não teria aceitado o pedido do CEO
que, na verdade, era o Valentim. Meu Deus, que loucura!
Acabei adormecendo cansada de tanto pensar, acordei
ouvindo o interfone tocar, eram as minhas amigas. Dormi tanto que
já estava no final da tarde, liberei a entrada delas e fiquei esperando
no batente da porta, onde aguardei por Ethan a noite passada. Uma
noite bastou para encher minha mente e coração de lembranças
com aquele homem. Ainda não sabia o que fazer, mas ele me deu
um tempo e iria usá-lo para decidir.
— Victoria! — Laura foi a primeira a me abraçar e me senti
um pouco melhor, sempre podia contar com minhas amigas.
— Desculpe tirar o descanso de domingo de vocês, mas não
sabia o que fazer.
— Meu Deus, amiga, o que houve? — Natalie perguntou ao
me abraçar.
— Vamos entrar que coloco vocês a par de tudo — elas
entraram e fechei a porta, nos sentamos na sala e contei nos
mínimos detalhes o que tinha acontecido, Laura e Natalie ficaram de
queixo caído com a história de Ethan ser o Valentim Griffin.
— Não estou acreditando que ele é o talentoso e misterioso
designer de sapatos — Natalie falou.
— Se ele não estivesse me contando tão seriamente, não
acreditaria, quer dizer tudo bateu sabe? O fato de Joshua ser amigo
dele e o estar representando, também a questão do anonimato.
— Mas o que vai fazer agora que sabe de tudo? — Laura me
questionou.
— Não sei, sabe, ainda estou completamente perdida para
tomar uma decisão.
— Victoria, ele foi sincero com você, antes de sequer fazer
um dia que assumiram compromisso um com o outro ele já te
contou, além de tudo disse que te ama — Laura explanou.
— Sim, quero perdoá-lo, mas vou precisar de um tempo.
— Não demore muito minha amiga, você já sofreu bastante e
não vale a pena ficar dando mole logo agora que encontrou um
homem que a ama e foi totalmente sincero dentro das condições
dele — Natalie era sempre mais direta, ela dizia o que pensava sem
rodeios.
— Vocês têm toda razão, vou pensar no que falar com ele,
levar alguns dias para amadurecer tudo melhor na minha cabeça.
— Agora, conta aqui para gente, você está apaixonada como
ele está por você? — não precisava pensar para responder à
pergunta de Laura, não depois de tudo que vivemos juntos e
principalmente essa última noite. Estava completa e perdidamente
apaixonada por aquele homem, mas se tratando do meu coração
sempre gostava de protegê-lo de tudo, por isso ficava tão travada.
— Eu o amo e depois do pedido que ele me fez ontem e de
ouvi-lo dizer que não vive mais sem mim…
— Ah então amiga, se joga, você é merecedora desse amor
— Natalie respondeu e veio me abraçar, logo Laura também e
depois fomos preparar um lanche na cozinha. Fiz um suco enquanto
a loira preparava algo para comermos, um sanduíche que segundo
ela era saudável. Me senti melhor tendo a companhia delas, a noite
ainda teria que ir jantar na casa da minha mãe. Ultimamente vinha
deixando meus irmãos à vontade, eles já estavam grandinhos
demais para que eu ficasse no pé deles. Ajudei muito quando eram
pequenos, agora era bom para que aprendessem a se virarem
sozinhos.
Daria mais um dia e depois iria procurar Ethan para
conversarmos e acertarmos tudo. Apesar de ainda estar um pouco
magoada por ele ter me escondido algo, sei que não tínhamos nada
antes e que as coisas começaram a mudar mesmo quando viajamos
juntos.
Se ele não me contasse nada, aí sim não o perdoaria,
estando comigo e omitindo sobre algo assim. Mas ele até fez certo
em me contar, nem sei como conseguia manter esse segredo da
sua mãe. Agora pensando melhor, sabendo que ele era Valentim,
achava interessante manter o anonimato até o fim do concurso, mas
queria deixar claro para o petulante que não daria tratamento
especial para ele, iríamos julgar sua coleção como qualquer outra.
Mas do jeito que seus designs eram lindos e diferentes, duvidava
muito que ele não conseguiria ser o grande vencedor.
Estou pensando em como
As pessoas se apaixonam de maneiras misteriosas
Talvez apenas o toque de uma mão
Eu, me apaixono por você a cada dia
Thinking out Loud | Ed Sheeran
Saí do apartamento de Victoria aquela manhã com o coração
na mão, fiquei andando pelo Upper East Side a pé, queria pensar
um pouco. Assim como ela, também precisava de um tempo. Sabia
que aquilo a qualquer momento teria que vir à tona, era difícil ter
que ficar se escondendo. Fingindo ser alguém que, na verdade, não
era, pelo menos no profissional queria fazer o que gostava. Nem
conseguia imaginar minha vida sem Victoria e por causa desse
segredo poderia perdê-la para sempre. A única mulher que me tirou
do sério e que tomou meu coração para si de um jeito irreparável.
Andei mais um pouco até ligar para Neo, precisava conversar
com alguém e ele era perfeito para isso. Poderia ter ligado para
Theo, mas ele não acordava tão cedo em um domingo. Meu irmão e
eu tínhamos uma boa relação, mas por incrível que pareça ele se
afastou quando decidiu estudar marketing fora da cidade. Apesar de
termos muitas coisas em comum, ele sempre se manteve um pouco
afastado. Agora, com Olívia era diferente, éramos mais próximos e
amigos, contávamos um com o outro. Por isso, sentia tanta a falta
dela.
Fiquei esperando Neo em uma esquina, após alguns minutos
ele chegou. Entrei no carro e fomos para seu apartamento, não
ficava muito longe dali também.
— Ethan, o que aconteceu? Você ainda está com a roupa da
festa — falou enquanto parava no sinal.
— Vou te contar tudo, mas a noite não foi ruim, não se
preocupe. Pelo contrário, foi a melhor da minha vida.
— Então, agora de manhã não deve ter sido muito bom.
— Pode ter certeza, mas era necessário — concordei e
depois o silêncio reinou dentro do carro, meu amigo sabia que
estava mal. Quando chegamos em seu apartamento, contei tudo
nos mínimos detalhes, enquanto ele se manteve calado até eu
terminar. — É isso, estou com medo de perdê-la, dela não querer
mais me ver, só de pensar nessa possibilidade fico louco.
— Ethan, uma coisa é certa, têm grandes chances de ela te
perdoar, já que você cumpriu com o que prometeu. Disse que seria
sincero e honesto com ela, foi isso que fez, não teria outro momento
para contar. Antes do seu pedido vocês ainda estavam só tendo um
bom sexo, mas como acabaram se envolvendo.
— Você acha que ela vai me perdoar? É Victoria, cara. Nunca
sei o que cogitar, a mulher sempre consegue me surpreender.
— Acho que pode perdoar sim, dê o tempo a ela para pensar
direitinho em tudo, vai chegar a alguma conclusão. Mas aqui, você
se declarou para Victoria?
— Me declarei sim, falei com todas as letras que a amo e que
não consigo viver mais sem tê-la na minha vida.
— Caralho, você realmente está arriado por essa mulher,
consigo te compreender completamente — Neo falou sorrindo
sarcasticamente.
— Para com isso, mais respeito aí, cara! — Arregalou os
olhos surpresos.
— Sabia que vocês estavam se pegando, mas não fazia ideia
de que já estava nesse nível. Que ciúmes é esse?
— Para você ver que ela dominou tudo aqui — apontei o
dedo para meu coração — Tem ideia de que faz anos que não me
apaixono por nenhuma mulher? Me sinto às vezes como um
adolescente perdido nos sentimentos novos que surgiram — passei
a mão pelo cabelo, bagunçando-o.
— O jeito agora é esperar com calma ela te procurar, mas
pelo amor de Deus, não fique atrás. Deixa a mulher pensar
tranquilamente, além disso, vamos ver se ela realmente estava
envolvida com você. Se ela não perdoar ou te deixar, é um sinal de
que não estava sentindo o mesmo que você.
— Isso é verdade, então vou aguardar, por mais que seja
uma espera tortuosa.
— Fica tranquilo, vai dar certo e vocês serão felizes para
sempre — Neo tinha um humor meio sarcástico, sorri sem graça
para ele que me ofereceu um drinque. Ainda estava cedo para
beber e queria voltar para casa e passar o resto do dia com Luz.
Recusei e ele me deu um suco, ele ficou me caçoando dizendo que
sabia que sentia algo por Victoria, não pude negar e depois disso
conversamos sobre Leona Green que não conseguiram localizar
nas câmeras. Mas ele já convocou uma reunião de urgência para
segunda-feira e vamos começar a investigar quem pode ter soltado
a língua.
Alguns minutos depois, Theo me pegou e fomos para casa
juntos. Conversamos sobre a noite da festa, o sucesso que foi. Meu
irmão me perguntou se estava bem e disse a ele que sim, depois o
contaria sobre toda minha história com Victoria. Cheguei em casa e
tomei um banho que acabou me renovando, me animei e fui brincar
com minha afilhada linda. Nada melhor que algumas horas com Luz
para me sentir bem, aquela pequena não fazia ideia do quanto era
especial.
Almoçamos juntos, por algum milagre minha mãe estava
presente, não tinha nenhum almoço com as suas amigas da alta
sociedade nova-iorquina. Me lembrei que meu pai não gostava
desses compromissos no domingo, ele parecia ter apreço de passar
o dia conosco, seus filhos. Era o melhor de toda a minha semana,
me recordei claramente do quanto nos divertíamos juntos. Apesar
de trabalhar muito, ele ainda tirava tempo para nós e isso nos
aproximava mais, enquanto minha mãe só se distanciava da gente.
Infelizmente, sentia muito a falta de cuidado e carinho dela, não só
eu, como meus irmãos também. Mas ela se mantinha dura, fria e
impenetrável como uma casca-grossa.
Enfim, hoje a respeitava, mas esperava que entendesse
claramente que não era mais aquele menino acuado e que iria
tomar coragem para fazer o que bem entendesse da minha vida.
Não sei por qual motivo, mas contar tudo para Victoria acabou no
final me fazendo bem, pois foi libertador, me senti forte e corajoso
para enfrentar qualquer obstáculo que surgisse no meu caminho. Só
esperava que ela me perdoasse e que pudéssemos continuar de
onde paramos.
— Padrinho, você está meio triste, não é? — Luz se
aproximou quando notou minha distração.
— Um pouco, mas só porque estou longe da mulher que amo.
— Você encontrou sua princesa encantada? — Sorri dela,
crianças eram tão inocentes, mas ao mesmo tempo espertas
demais. Não fique assim, ela vai voltar e vocês serão felizes para
sempre. Mas posso saber quem é a sua princesa? — perguntou
acariciando meu rosto, tão fofa e carinhosa, minha Luz.
— Você já a conheceu, ela até tomou sorvete com a gente
uma vez.
— Ah, eu sabia que era aquela mulher. Padrinho ela é linda,
quando crescer quero ser como ela.
— Você será ainda mais linda e poderosa, que tal? — Seus
olhinhos azuis se expandiram e ela sorriu de orelha a orelha.
— Vou ser poderosa, vou ser poderosa… — Ficou pulando e
falando repetidamente, depois a peguei e enchi de cócegas
enquanto ela gritava pedindo para parar, mas rindo alto. Depois
assistimos a um filme enquanto ela devorava a pipoca. Nada melhor
que estar com a minha pequena que sempre vou amar, proteger e
cuidar como prometi à sua mãe.
Na segunda de manhã, estavam todos os funcionários do
Hotel Roux presentes na sala de reunião como Neo havia me
falado. Comuniquei sobre o ocorrido e pedi a colaboração de todos,
para nos contarem tudo sobre o que soubessem. A gerente de
recursos humanos nos avisou que na semana passada duas
funcionárias da recepção pediram demissão. Elas eram bem
suspeitas, mas iríamos investigar com calma para não acusar
ninguém injustamente.
Liguei para Natalie e a questionei sobre o fato de alguém da
La Femme ter vazado a informação, mas me falou que somente ela
e Laura sabiam o real motivo da viagem de Victoria. A assistente e
amiga de Victoria me perguntou se eu não iria querer falar com ela,
mas disse que estava respeitando o tempo que me pediu. Depois
disso me concentrei no trabalho, fiz uma videochamada com Kevin
que viajou para Miami e depois iria para Cancún para supervisionar
as obras dos novos hotéis.
A semana passou voando, chegamos na quinta-feira e já me
sentia ainda mais angustiado, ansioso demais para saber o que
Victoria decidiu. Mas ela ainda não havia me procurado, por isso
mergulhei no trabalho. Pois era a única coisa que me distraía
totalmente, o único momento que não pensava nela. Fiquei de casa
para o hotel, me reuni com Joshua, Chloe e Neo no final do
expediente, apresentei a eles a coleção que desenhei para a final do
concurso.
A esposa do meu amigo disse que eram lindos e únicos. Ela
nunca tinha visto nada igual ainda, também pesquisei muito todas
as tendências e lançamentos de calçados femininos. Seguro de que
não faltava mais nada, só enviar os designs para o sapateiro. A
coleção foi feita pensando em beleza, conforto e elegância, tudo o
que uma mulher precisava no seu dia a dia corrido.
Quando finalizamos nossa reunião, eles me chamaram para
jantar, mas neguei, na verdade parei no bar do hotel e me sentei no
balcão elegante e pedi um Dry Martíni, precisava relaxar um pouco.
Se passaram dias e nada dela me procurar, nem uma mensagem
sequer me enviou. Tentei não ficar indo a lugares que sei que
frequentava para não nos esbarrarmos, na verdade, não queria
forçar a barra em nada. Mas sentia a falta dela, do seu cheiro, a
pele, o sorriso, enfim seu corpo inteiro.
Quando cheguei no segundo copo do drinque, já comecei a
me lembrar de todos os momentos que passei com Victoria, todas
aquelas lembranças despertavam uma saudade tão grande. Senti
seu perfume, pensei que estava ficando louco, que a saudade era
tanta que imaginei coisas. Mas não era isso, me virei para o lado e
ela estava sentada ali e me fitou com um olhar indecifrável.
— Quero um Cosmopolitan, por favor! — pediu ao barman e
fiquei totalmente mudo, mas meus olhos percorreram seu rosto,
corpo, tudo. A vontade de tocá-la logo me dominou fortemente, era
inevitável. De repente meus batimentos aumentaram, podia sentir o
coração batendo rápido no peito. Era isso que ela me fazia sentir, só
de estar na sua presença.
— Victoria… — sussurrei ofegante totalmente afetado por têla ali diante de mim.
— Ethan, te procurei na sua casa e avisaram que estava aqui.
— Tinha que tomar uma bebida para relaxar — desviei o
olhar do dela, e fiquei passando o dedo na borda do copo. Não sei
por que me senti nervoso de repente, minhas mãos começaram a
suar, pois se ela me procurou era para me dizer o que decidiu. Me
senti ainda mais apreensivo e totalmente louco para ouvir de sua
boca que ela iria me perdoar, mas não sabia o que poderia ser. Só
podia torcer com todas as forças e amor que tenho no meu coração
para que ela ainda me quisesse como a desejava.
Mas eu vou querer você de volta, então vou aceitar você de volta
E iremos brigar um pouco mais, como eu sabia que iríamos
É um ciclo, cara, não há salvação, quando estamos crescendo
separados de maneiras diferentes
Sorry | Lauren Jauregui
Encontrei Ethan sentado no balcão do bar do hotel Roux, ele
parecia estar esgotado. Foram dias difíceis para nós dois afinal, mas
quis dar esse tempo para pensar mesmo com calma e tomar a
melhor decisão. Senti muita falta dele, não fazia ideia que seria tão
forte assim. Como podia um sentimento nos dominar tão rápido?
Era como um fogo se alastrando rapidamente e com intensidade.
Ele fazia isso comigo, me incendiava, no melhor sentido da palavra.
Esses dias que passamos afastados um do outro, pensei em
tudo que ele me contou, cada detalhe e apesar de ter ficado com
raiva por ter me escondido aquilo, cheguei à conclusão que não
tinha direito de cobrá-lo nada antes de termos assumido um
compromisso. Ethan me contou tudo assim que me prometeu ser
sempre sincero, ele começou da melhor forma, afinal. Não era justo
com ele, com a gente nos privar de viver nossa história por qualquer
coisa que tenha passado antes.
Conversando com a minha psicóloga, ela me fez pensar nisso
melhor ainda. Ao longo do tempo, depois da traição que sofri,
comecei a me privar e generalizar. Eu mesma me sabotava, me
negando a viver um amor porque construí um muro ao meu redor.
Ela me explicou que era normal fazermos isso depois de passar
pelo que sofri, era a nossa forma de nos proteger. Ethan não me
traiu, ele apenas omitiu uma informação e não foi durante um
relacionamento. Nos envolvemos na viagem, mas não era um
compromisso e não prometemos nada um ao outro.
Ao me contar tudo, ele demonstrou confiança em mim, sei o
que vi em seus olhos além do medo, estava nervoso e precisou de
coragem para revelar que era o Valentim. Consegui entender que
ele foi obrigado a ser o CEO dos hotéis Roux e que as
responsabilidades recaíram em seus ombros. Por isso, o procurei
hoje, pensei muito bem em tudo e queria ser mais que só sua
namorada, desejava ser a pessoa que ele confiava e podia contar
sempre, seria sua parceira e o apoiaria em tudo, no que fosse.
Bebemos nossos drinques em silêncio, mas sem deixar o
olhar um do outro e quando terminei, tirei o copo da sua mão e o
coloquei no balcão, depois a tomei na minha e fitei seus olhos com
amor.
— Estou aqui para dizer que pensei em tudo — falei
pausadamente, devagar para que ele entendesse — não tenho que
te perdoar por nada, você me contou assim que nosso
relacionamento começou, foi honesto e se abriu comigo, confiou em
mim seu maior segredo e não deve ter sido fácil. Saiba que fiquei
mais apaixonada por você e quero dar uma chance a nós dois de
sermos felizes juntos — não consegui evitar a voz embargada e as
lágrimas caírem pelo meu rosto, estava emocionada.
— Meu Deus, Victoria! — Seus olhos estavam marejados,
tomados de emoção e alívio — Tive tanto medo de te perder — me
puxou e começou a beijar todo meu rosto.
— Eu sei, também tive medo de fazer a maior burrada da
minha vida e afastá-lo, é difícil para mim confiar em um homem, não
é um problema com você, é antigo e luto para vencer todo o trauma
que ficou depois de um dos meus piores relacionamentos. Mas não
quero de forma alguma que isso comande a minha vida, sabe o
motivo?
— Qual, Victoria? — Seu olhar de interesse em saber me
deixou ainda mais certa do que estava fazendo.
— Porque quero estar com você em tudo que quiser fazer,
não me importa o que seja, estarei ao seu lado, darei todo meu
apoio, carinho e amor. Ninguém vai ficar no nosso caminho ou
pairando sobre nós, eu te amo e te quero até quando Deus quiser
na minha vida, serei seu porto seguro e quero que seja o meu, você
aceita?
— É claro que aceito, se precisar dizer mil vezes, eu digo,
meu amor! — Ficamos em pé e nos abraçamos, estar nos seus
braços me trazia tanto alívio, meu coração estava em paz e pronto
para amar e ser amada na mesma proporção. Nos beijamos e me
dei conta de que os lábios dele era meu vício mais louco, como vivi
aqueles dias sem poder senti-lo? Não sei como consegui ficar longe,
mas aquele tempo nos fez enxergar o quanto estávamos
apaixonados e não importava o que aconteceria, sempre estaríamos
juntos.
Aquela noite dormimos, não nos desgrudamos e nos amamos
como nunca havíamos feito antes. Já tivemos muitos momentos
intensos. Mas encontrei minha morada, poderia passar o resto da
vida com Ethan dentro de mim, me amando selvagemente ou
devagar como fizemos aquela noite. Deixando o amor fluir por
nossos corpos e olhares, fazendo nossos corações pulsarem fortes
um pelo outro.
Um mês depois…
Ethan me convidou para um jantar na sua casa, passamos
todo mês juntos, trabalhamos muito também. Ele no hotel e com a
coleção para o final do concurso, o homem se manteve misterioso
em relação aos seus desenhos. Na verdade, não podia mesmo ver,
já que coordenava e era jurada do concurso, não queria e nem
podia me comprometer. Não gostava de ser injusta com ninguém,
Ethan tinha meu apoio, mas como ele mesmo me falou, nada de
tratamentos especiais. Ouvi-lo dizer aquilo me encheu de orgulho
por saber que tinha um homem tão íntegro ao meu lado.
Assim que cheguei à mansão Roux fiquei perplexa com o
tamanho daquela casa, meu namorado me falou que cresceu ali e
me falou sobre a falta de carinho e presença da sua mãe. Era nítido
até mesmo em cada uma daquelas paredes bem decoradas a frieza,
as cores predominantes eram escuras demais, diria que traz um
peso ao ambiente.
Fomos recebidos por sua mãe que me fitou com hostilidade,
ela não gostava de mim, cada gesto e expressão sua deixava nítido.
Nunca fiz nada a Elizabeth, pelo contrário, sempre procurava ser
educada com a mulher. Já ouvi dizer que tem um pouco de
preconceito com as pessoas que moraram ou são do Brooklyn. O
que para mim nem fazia sentido, pois já tinha muito tempo que o
bairro deixou de ser considerado ruim, atualmente ele era até
mesmo uma outra cidade dentro de Nova Iorque. Mas essa falta de
simpatia da mãe de Ethan tinha alguma coisa a mais, não sabia o
que de verdade, mas quando minha intuição gritava, era porque
tinha algo.
— Princesa Victoria, seja bem-vinda! — Ouvi a voz fina da
afilhada de Ethan me cumprimentar, quando me virei, ela me
abraçou.
— Obrigada, pequena Luz!
— Ah, vai me chamar de pequena igual o meu padrinho? —
não pude conter a risada, a menina era tão engraçadinha e cheia de
personalidade.
— Você não gosta?
— Prefiro só Luz mesmo, sabe, já estou bem grande para que
fiquem me chamando de pequena — falou fitando seu padrinho que
sorriu.
— Pode crescer até mais que vai continuar sendo a minha
pequena — ela bufou ao ouvir Ethan responder e depois a pegar no
colo em um abraço. A menina soltou gritinhos e riu alto quando ele
brincou com ela, fazendo cócegas.
— Então, o jantar já está pronto e a postos, queiram me
acompanhar? — Ouvi a voz dura de Elizabeth nos convidar para
sentar à mesa e a seguimos. Me sentei ao lado de Ethan e de frente
para a Luz que ficou sorrindo, logo depois Theo chegou se
desculpando pelo atraso e se sentou ao lado da sua sobrinha. A
mesa era enorme e luxuosa, com doze cadeiras almofadadas de
vermelho.
— Srta. Fiore, tem visto o Sr. Brown? Soube que ele esteve
na Inglaterra, não sei se já voltou.
— Não o vejo desde que começou a viajar, lembro que ele me
disse que queria conhecer o mundo todo.
— Ah, sim, imagino que deva sentir muita falta da Sra. Brown,
eles formavam um casal lindo e foram destaque em muitas revistas.
— Com toda certeza — só concordei, sei que ela devia
pensar que eu estraguei o casamento deles, quando não tive nada a
ver com a doença da Sra. Brown. Enfim, nem gostava de ficar
lembrando daquele tempo, foi difícil para mim ter que lidar com as
notas mentirosas que saíram. Nem sei de onde tiravam tanta
história, as pessoas não tinham noção do quanto isso poderia
machucar e traumatizar os outros. Falta de empatia e respeito total.
Comemos em silêncio depois da pergunta sem inconveniente
da mãe de Ethan, coitado, devia sofrer ainda com essa mulher
horrível. Não sabia por que, mas toda aquela postura rígida dela,
nariz empinado e elegância fria me enojavam. Nem gostava de
pensar no quanto seus filhos devem ter sofrido
— Agora que já acabei de comer, posso falar — Luz disse,
depois de limpar sua boca com o guardanapo.
— Já comeu tudo? — indaguei com os olhos arregalados,
demonstrando a ela que estava impressionada.
— Sim, minha avó fala que a gente não pode conversar
enquanto come, por isso fico mais calada e depois posso falar o que
quiser.
— Ah sim — assenti e continuei comendo sob o olhar de um
Ethan a ponto de explodir em uma risada, mas ele se conteve.
— Sabia que você é a princesa do meu padrinho? Há um
tempo, estava todo tristinho pelos cantos com saudades.
— Não sabia disso, Luz — respondi ao terminar também de
comer, optei pela salada e carne com molho que estava muito
gostosa. Me virei para Ethan que sorriu enquanto limpava a boca
com o guardanapo, vi o exato momento que a Sra. Roux bufou
impaciente, estava nitidamente incomodada com aquela conversa.
Após todos terminarem, uma senhora muito simpática,
baixinha e de cabelos grisalhos entrou para retirar a mesa junto de
uma outra que parecia bastante com ela. Serviram a sobremesa,
mousse de chocolate com ninho, a preferida da Luz. O jantar só não
foi totalmente sem graça por causa da afilhada de Ethan, ela
manteve as coisas um pouco menos tensas. Senti Theo mais na
dele, diferente do homem que conheci em Paris e Santorini, mais
solto e de bem com a vida.
Ethan também parecia tenso quando o questionei sobre ter
entregado o convite para a final do concurso de sapatos já que teria
um desfile das coleções feitas pelos dois finalistas no Empire State
Building[8]
. Convidamos sua mãe para ir justamente porque
tínhamos planos para revelação do Valentim Griffin.
Depois de conversarmos muito sobre isso ele mesmo chegou
à conclusão que não queria mais viver a sombra daquele segredo.
Dei meu apoio, mas deixei que resolvesse tudo com seu irmão, não
era justo só ele tomar todas as responsabilidades. O CEO me
contou que era sonho de sua irmã estar à frente dos hotéis Roux e
deixá-lo fazer sua carreira de designer de sapatos. Só que depois
do falecimento dela, tudo mudou e ele se viu obrigado a continuar.
Já comigo era diferente, minha mãe não falava muito sobre
minhas escolhas profissionais, ela só me julgava e não me achava
capaz de ser a profissional que era atualmente. Aquela noite, meu
namorado ficaria com a afilhada, combinamos dele trazê-la um final
de semana para passar com a gente no meu apartamento. Ela ficou
logicamente muito animada.
Ethan me beijou com desejo e intensamente antes de voltar
para sua casa e me senti sem ar assim que nossas bocas se
descolaram.
— Vou sentir sua falta na minha cama hoje — falei com a voz
melodiosa.
— E sentirei falta de acordar com você ao meu lado, seu
corpo grudado ao meu.
— Não diz isso — beijei o canto da sua boca enquanto
acariciava suas costas, com minhas mãos por baixo de sua camisa
social que na verdade eu queria arrancar para beijar cada
pedacinho daquela sua pele.
— Digo mais, é torturante ficar longe de você, nunca imaginei
que estaria te dizendo algo assim.
— Nem eu que ouviria Ethan Roux, falar que sente minha
falta — ele estendeu seus lábios de lado, num meio sorriso que
particularmente amo, é o seu charme.
— De cada pedacinho de você, meu amor. Mas, agora
preciso ir, a Luz pode estar cansada e acaba dormindo antes de
poder contar uma história para ela.
— Te avisei que James podia me buscar, mas você insistiu —
falei e o escutei bufar enquanto beijava meu pescoço, então apertou
minha bunda.
— Vá agora mesmo levar essa sua bunda atrevida e gostosa
para cama — me beijou rapidamente e me virou de costas para ele,
deu um tapa leve em minha bunda e fechou a porta. Só assim para
nos separarmos, entrei sorrindo como boba e fui me arrumar para
dormir.
Baby, este amor, eu nunca vou deixar morrer
Não pode ser tocado por ninguém
eu gostaria de vê-los tentar
Eu sou um homem louco por seu toque
Menina, eu perdi o controle
Infinity | James Young
Minha mãe vinha me ignorando desde que anunciei meu
namoro com Victoria, aliás agora todos sabiam que estávamos
juntos. Não era mais segredo e acabamos com os boatos e toda
aquela perseguição da Leona Green. Aliás, falando nessa mulher,
não conseguimos descobrir nada, se as informações foram vazadas
por alguém do staff do hotel. As duas pessoas que pediram
demissão não foram encontradas, mas tinha a intuição de que uma
delas havia soltado a língua.
Enfim, depois de tudo isso foi anunciado pelas redes sociais
da La Femme alguns dos designs dos concorrentes do concurso.
Victoria estava me mostrando o tanto de retweets que tinham nos
posts com os desenhos e fotos dos sapatos do Valentim, quer dizer
meus designs. Todos queriam saber quem era aquele designer
talentoso e totalmente desconhecido. Aliás a hashtag #Valentim
estava entre os assuntos mais comentados no Twitter. A emoção
que sentia em relação àquilo que estava vivendo era diferente de
quando conquistava algo no hotel Roux, era incrível como podia
perceber nitidamente naquele momento que estava vivendo, onde
tudo era totalmente novo para mim, ainda assim percebi que
trabalhar com o que se ama dá mais satisfação do que tudo.
Por isso, no dia do desfile, estava mais apreensivo que o
normal, nunca vivi nada do tipo na minha vida. Chegamos ao
Empire State Building na quinta avenida horas antes do desfile, os
dias que se antecederam foram uma loucura total. Me reuni com
Joshua e o sapateiro para conferir os últimos ajustes dos sapatos da
coleção. Depois fizemos um ensaio com as modelos, onde
experimentaram os sapatos e desfilaram, um teste necessário.
Ainda bem que deu tudo certo e elas até manifestaram querer leválos para casa.
O tema é “Seus Pés nas Alturas para Arrasar” Victoria falou
que não tinha outro lugar mais perfeito para fazer aquele desfile.
Com toda certeza, o Empire State era imponente e uma das marcas
da cidade, ele foi por muito tempo o prédio mais alto do mundo,
cento e dois andares, de arquitetura ArtDeco[9] e foi construído em
1931. Além disso, atraía milhões de turistas de todas as partes do
mundo. E naquele momento, estavam todos nomes importantes da
moda e beleza presentes no desfile.
— Você está pronto para começar? — Victoria me perguntou
parecia nervosa também, acho que a responsabilidade de um
desfile no Empire State era grande.
— Por mais que me sinta ansioso, estou pronto para ver os
sapatos que desenhei desfilarem na final desse concurso e diante
de tantas pessoas importantes.
— Boa sorte, meu petulante lindo, apesar de que já sei que
será o vencedor, você simplesmente brilhou nos designs.
— Obrigado, meu amor — nos beijamos rapidamente e fui
para o fundo, seguindo nosso plano. Meus amigos passaram para
me desejar boa sorte e foram se sentar. Quando escutei a batida da
música Empire State Of Mid de Alicia Keys feat Jay-Z tocando e
todos aplaudindo, meu coração parecia que iria sair pela boca,
estava emocionado como nunca havia me sentido antes. Era uma
mistura de emoções, nervosismo com empolgação e, por fim,
orgulho.
Fiquei observando as luzes seguindo as modelos desfilando
na pista acima da cidade de Nova Iorque no deck de observação do
Empire State Building. As modelos escolhidas pela equipe de
Victoria não eram padrão, o que tornou o desfile único e muito real.
Modelos altas, baixas, magras, gordas, loiras, ruivas, brancas e
negras, enfim o que a La Femme trazia em suas revistas a cada
edição. Era uma pena que a minha namorada não pôde participar
do desfile, alguns dos sapatos que incluíam sandálias foram
inspirados em seus pés lindos e panturrilha atraente.
Me senti enfim orgulhoso, vi minha mãe na primeira fila
aplaudindo junto da plateia, ela não imaginava quem havia
desenhado toda aquela coleção. Foram dez designs esboçados,
que atendem todos os públicos de forma elegante, confortável e
sexy. A ideia de estar nas alturas era a de se sentir confortável com
todos eles, até mesmo estando de salto alto. Os estilos dos sapatos
tinham opções para todas as ocasiões, alguns mais discretos e
outros mais ousados.
Quando a música terminou, foi anunciado o início do desfile
do meu concorrente, vi seus desenhos nas redes sociais da La
Femme e gostei bastante também. Outra música começou a tocar e
assisti as modelos desfilando com sapatos que estavam lindos e
diversificados. Fiquei meio inseguro, achava que o concorrente
Lutero também tinha potencial.
Após os desfiles, foi o momento de entrar para fechar e era
naquela hora que iria entrar e mostrar a todos quem afinal era
Valentim Griffin. Vesti meu paletó azul-marinho e coloquei o chapéu
de lado seguindo a sugestão de Anthony, o gerente da equipe de
Moda da La Femme me aconselhou e entrei na fila, sendo o último.
Quando todos começaram a aplaudir e as modelos começaram a
entrar fiquei ainda mais nervoso, sentindo um friozinho no
estômago, algo que sentia só pela Victoria. Então, chegou a minha
vez e finalmente consegui sorrir, a expressão de surpresa nos rostos
de todos era geral.
Quando olhei para o lado, na primeira fila minha mãe parou
de bater palmas assim que me viu agradecendo a todos ao me
curvar. As modelos me abraçaram e me parabenizaram mais uma
vez naquele dia, achei que meu coração fosse saltar do peito, podia
senti-lo bater freneticamente, as mãos suando. Mas só agradeci e
acenei para todos, assim que voltei para o camarim, antes que
pudesse tomar um ar e ficar calmo, minha mãe chegou.
— O que você pensa estar fazendo, Ethan? — Rolei os olhos,
cansado de suas cobranças desnecessárias, afinal não era mais um
adolescente.
— Estou realizando um dos meus sonhos com desenhos
únicos e exclusivos que me darão muitas conquistas. Sou o
designer que assinou aquela coleção linda que a vi aplaudindo e
comentando com aquelas pessoas famosas. Devia se orgulhar por
seu filho, mas não, já veio cobrar explicações.
— É claro que vim cobrar, você é o CEO dos hotéis Roux e
não pode pegar mais responsabilidades que já tem — naquele
momento Theo chegou perto de nós dois.
— Quero anunciar a senhora minha demissão do cargo e
passei para Theo, além dele conhecer bem todo o trabalho é
excelente para ser o CEO. Você sabia que ele sempre esteve
disposto a comandar o legado da família?
— Como assim? — Ela estava completamente atordoada e
surpresa, podia notar em sua expressão de contrariada.
— É isso mesmo que ouviu, mãe, serei o novo CEO dos
hotéis Roux, nunca me perguntou sobre, mas a partir de agora, já
estou no comando — Theo respondeu, dei de ombros e troquei um
abraço com meu irmão que me parabenizou pelo belíssimo trabalho
com a coleção apresentada e disse que estava orgulhoso por mim.
Agradeci e fomos interrompidos por uma Natalie eufórica me
chamando para ouvir o resultado já que Victoria nos chamaria para
seu lado, então acenei e pedi licença a minha mãe e Ethan e me
aproximei ansioso da pista.
— Boa noite, primeiramente gostaria de agradecer a todos
que vieram prestigiar nosso primeiro concurso e aos patrocinadores,
equipe da La Femme, backstage, sem vocês não teríamos
conseguido fazer o desfile acontecer neste lugar icônico com uma
das vistas mais maravilhosas da nossa cidade. Agora, convido os
designers finalistas da primeira edição, Lutero e Valentim Griffin —
nos direcionamos para seu lado e ela sorriu abertamente — O
grande vencedor de forma unânime foi o designer — fez um pouco
de suspense ficando em silêncio e então a ouvi dizer — Valentim
Griffin, o grande mistério e destaque com um talento sem igual!
Parabéns pela ousadia, coragem e criatividade!
Me senti completamente emocionado, minha garganta e
meus olhos queimaram, mas naquele momento o choro era livre,
pois a felicidade e sensação de conquista eram enormes dentro de
mim. Não imaginava que iria conseguir chegar tão longe, deixei que
as lágrimas caíssem em meio a um sorriso gostoso. Depois de
parabenizar também meu concorrente, senti os braços de Victoria
me agarrarem em um abraço.
— Você merece, meu lindo, meu amor. O designer de sapatos
mais talentoso que tive a honra de conhecer! — ela me deixava tão
feliz e emocionado por dizer tudo aquilo.
— Obrigado, minha linda, sabe que sem você nem teria
conseguido estar aqui, minhas pernas estão tremendo.
— Não vai cair agora, pelo amor de Deus! Você venceu tudo
aqui hoje.
— É não foi só o concurso, consegui derrotar um dos meus
maiores medos, eu venci — gritei e senti uma multidão ao nosso
redor, meus amigos, a equipe da La Femme, recebi todo aquele
apoio e carinho que nunca imaginei sentir antes. O sentimento de
gratidão cresceu dentro de mim e não conseguia parar de sorrir em
meio às lágrimas, tomado por uma emoção única e especial que
com certeza nunca vou esquecer.
Aquela noite depois de dar atenção ao público e aos
paparazzis que me rodearam, uma colunista em especial veio me
parabenizar. A reconheci de imediato, a ruiva da festa do hotel,
Leona Green.
— Parabéns, já sabia que seria o campeão! — não me
surpreendi, ela já sabia, como imaginei na festa de comemoração,
alguns meses atrás.
— Então, quer dizer que já havia descoberto que eu era o
Valentim — ela assentiu sorrindo. — Como soube disso?
— Tenho meus métodos, desejo muito sucesso para você
Roux! — falou apertando minha mão e saiu no meio da multidão.
Não pude ir atrás e nem nada, só queria saber quem estava
soltando as informações para ela. Mas acabei esquecendo naquele
momento quando comecei a responder outro jornalista.
Se não fosse Laura e Theo não teria conseguido sair de lá, foi
difícil, mas ainda fiz fotos com as modelos e equipe de jurados da
La Femme e Victoria. Passada toda aquela loucura, fomos a um
restaurante no SoHo, um dos bairros mais charmosos de Nova
Iorque, Neo reservou uma grande mesa para gente no Balthazar,
um dos mais conhecidos restaurantes da cidade. Ele estava sempre
cheio, o movimento reunia não só turistas, mas também pessoas de
diversos lugares da cidade. Jantamos e brindamos a minha vitória e
ao início de uma vida profissional completamente nova e cheia de
possibilidades.
Victoria me provocou o resto da nossa estadia naquele
restaurante, ela não parou com seus joguinhos de sedução só
porque agora somos namorados. Não mesmo, ela continuava me
desafiando, discutíamos e depois nos fartávamos um do outro com
um bom e suado sexo. Depois de nos despedirmos de nossos
amigos, fomos para seu apartamento que já desfrutamos de cada
cantinho dele e ainda nem nos cansamos.
— Senti tanto orgulho por você hoje, sua primeira vitória e o
sucesso da sua coleção, seu talento sendo visto e apreciado.
— Obrigado por tudo que fez por mim. Tem ideia de que você
é demais, meu amor?
— Eu sei que sou tudo isso e muito mais — falou abrindo
minha camisa e me jogando na sua cama.
— Meu Deus, como é prepotente essa minha mulher, além de
ser a mais provocadora — decidi deixá-la comandar aquela noite.
Victoria montou em cima de mim depois de tirar seu vestido sexy e
ficar somente de salto alto, o que desenhei especialmente para seus
pés lindos. Sabendo que gostava de fodê-la com eles, ficou
somente de lingerie e saltos. Confesso que fiquei tentado a rasgar
seu vestido durante todo o desfile. Cada passo que dava mostrava
aquelas pernas deliciosas e lindas para os outros. Sim, morria de
ciúmes da minha mulher.
— Pare de pensar bobagens, mas o petulante aqui é você,
hein? Agora se concentre — me beijou de forma selvagem e depois
tirou o sutiã e me ofereceu seus seios para chupar.
— Caralho, amor! — gemi alto enquanto mamava em um
deles sentindo meu pau endurecer cada vez mais dentro da calça.
— Eu sei, meu lindo — respondeu atrevida, então se afastou,
tirou minha calça e cueca junto com minha ajuda e jogou longe. Meu
membro saltou ereto e babando por ela, louco para estar dentro da
sua boceta gostosa. A safada se inclinou e passou a língua em toda
a extensão do meu pau me fazendo gemer seu nome repetidas
vezes — Já que foi o vencedor, merece um boquete a altura de seu
talento, baby!
— Porra, sim, meu amor — respondi sem poder conter a voz
rouca e gutural, o desejo de estocar naquela sua boca macia,
atrevida e gostosa. A noite só estava começando e ela não estava
para brincadeira, depois de me fazer gozar em sua boca e seios, a
limpei e viramos o jogo, chupei sua boceta até ouvi-la gritar meu
nome. Amo escutar sua voz perdida, sumindo enquanto a levava ao
sétimo céu com minha boca e depois com meu pau. Eu queria tudo
com Victoria e sentia que ela também queria o mesmo comigo.
— Eu amo tudo isso, amo você, Ethan! — falou me
surpreendo enquanto gozava olhando em meus olhos e me fazendo
ir ao limite e explodir também chegando ao êxtase.
— Te amo mais, meu amor! — Ouvindo somente nossas
respirações ainda ofegantes, caímos um de cada lado na cama
totalmente esgotados e felizes. O que começou com ódio, estava
acabando em amor. Um dos clichês mais previsíveis da vida e que
bom, não mudaria nenhuma parte da nossa história. Era perfeita
com todas as imperfeições, nossos erros, acertos e surpresas. Era
completamente dela assim como ela era minha, a melhor coisa que
poderia me acontecer. Queria e tinha de fazê-la oficialmente minha
mulher.
Me ame como uma rosa do deserto
Me segure como se você não pudesse soltar
Mantenha-me segura quando voltar para casa
Me ame como uma rosa do deserto
Desert Rose | Lolo Zouaï
Não lembro de ter me sentido tão feliz em toda minha vida, às
vezes batia até um medo louco de que estivesse sonhando. Mas
então acordava e encontrava Ethan ao meu lado ou me enchendo
de beijos. As noites que não dormíamos juntos eram vazias e frias
demais, sentia falta da sua presença. O som da sua risada, da voz,
o perfume amadeirado que exalava da sua pele misturado com meu
sabonete e aquela sua boca e olhos azuis me encarando. Quem
diria, meu Deus! Não conseguia me imaginar suportando o petulante
antes, mas agora, não só o suportava como amava.
Fiquei tão orgulhosa dele naquele desfile, teve a coragem de
se revelar para todos como o designer de sapatos talentoso que,
além de mostrar à sua mãe o que sempre amou fazer. Apesar disso,
ela não deu o braço a torcer e fez a pior coisa que uma mãe poderia
fazer ao seu filho: o expulsou de sua casa e não deixou que ele
levasse Luz, sua afilhada. O homem chegou totalmente devastado
no meu apartamento como nunca o tinha visto antes. Ele me disse
que a afilhada era tudo na vida, a extensão de sua irmã e que jurou
cuidar e amar a menina à mãe. Me partiu o coração vê-lo sofrendo
daquele jeito.
— Calma, Ethan, vamos ligar para o Neo e ver se ele
consegue algum advogado de família para ajudar.
— Claro que vamos, não vou deixar que ela fique com minha
Luz, ela não merece crescer em uma casa tão fria e sem amor —
ele estava bufando de raiva da mãe.
— Não consigo acreditar no que ela faz com o próprio filho,
na verdade, que bobagem a minha. Não só acredito como sei o que
está sentindo.
— Sua mãe também nunca acreditou em você, não é? — ele
passou a mão no cabelo impaciente.
— Não, você sabe de tudo, já te contei o que aconteceu
comigo há anos. E uns dias antes do desfile quando fui convidá-la
para jantar com a gente e meus irmãos, ela se negou e disse que
sou louca de pensar que você iria ficar realmente comigo.
— Mas por qual motivo? — Ele também ficou com a mesma
dúvida que eu quando a ouvi dizer aquilo.
— Não sei, ela não falou, no entanto, sempre achei minha
mãe muito estranha com relação a sua família, alguma coisa tem
por trás disso.
— Não estranharia se nossas mães se conhecessem e a
minha a tratou mal de alguma forma, porque não consigo imaginar
outra coisa.
— Pensando bem, também não consigo pensar diferente,
mas agora venha tomar um banho e vamos nos deitar, amanhã
acordamos cedo.
— Posso ficar aqui mesmo, não vou te incomodar? — Tive
que rir dele.
— Você é um petulante, mas sabe que o amo muito e não
vou deixar que fique sozinho.
— Sabe que tenho um apartamento?
— Sei disso, já me contou, mas você veio para cá e não
quero que fique lá sofrendo e solitário.
— Mas que dramática você, meu amor! — Ethan me puxou
para seus braços, fazendo-me cair em seu colo. Ele jogou meu
cabelo para trás e começou a beijar meu pescoço e então quando
chegou em minha boca, sorriu — Uma dramática linda e todinha
minha!
— Sou todinha sua, mas como já te disse, sou minha
também.
— Sei disso e amo que seja assim, na verdade, amo tudo em
você!
— Ah, Ethan! — Gemi antes dele morder meu lábio inferior,
enfiar suas mãos em meu cabelo e emaranhar seus dedos nos fios
para me beijar com paixão e lascívia. Entre nós era assim, nada de
só beijos e carinho, logo a coisa esquentava no mais alto nível e já
estávamos entrelaçados um no corpo do outro.
Ele me carregou para o quarto deixando sua mala na sala e
fomos direto para o chuveiro. Ainda bem que no meu apartamento
tudo era grande, entramos para dentro do box e Ethan me ensaboou
com carinho e me provocou acariciando e apertando nos lugares
certos. Fiz o mesmo com ele, quando terminamos ele passou a
toalha pelo meu corpo e secou meu cabelo.
Saímos de roupão, o petulante teve a coragem de vestir o
meu outro que quase não coube naquele seu corpo alto e
musculoso. Rimos e depois, fui secar meu cabelo, como Aurora
agora não dorme mais no meu apartamento, ficamos
completamente à vontade.
Dormimos juntinhos depois de um sexo maravilhoso, nunca
me imaginei morando com alguém. Na verdade, tinha tirado essa
ideia da minha cabeça desde os acontecimentos do meu passado.
Só que agora, com Ethan sentia vontade de tê-lo ali como nunca
senti antes. Era incrível como um sentimento pode mudar tudo, mas
se não tivesse apostado na chance de viver esse romance, não
estaria tão feliz como estava hoje. Apesar de demonstrar ser uma
mulher forte, trabalhadora, independente e dona de si, tinha minhas
dores, traumas que regeram uma parte da minha vida. Ainda bem
que tudo passava.
Dormir nos braços de Ethan era a perfeição, sentir seu calor e
carinho era tão gostoso. Quando acordamos com o despertador
tocando, ele me prendeu na cama alguns minutos, fiquei sem graça
e tentei me afastar, não iria beijá-lo sem escovar os dentes.
— Bom dia para a mais linda provocadora! — falou sorrindo
de lado e fechando os olhos, ainda parecia estar com sono.
— Ótimo dia, petulante! Vamos nos levantar logo, antes que
perca a coragem de sair para trabalhar para ficar aqui nessa cama
com você, algo que nunca fiz, hein?
— Para tudo tem uma primeira vez, meu amor!
— Sei disso, mas hoje não será ainda essa primeira vez,
vamos deixar para outro dia — consegui afastá-lo depois de fazer
cócegas em seu abdômen durinho e me levantei rapidamente. Fui
para o banheiro, entrei para o box e tomei meu banho, quando
estava secando o cabelo escutei o barulho do zíper da mala dele se
abrindo.
— Tenho uma reunião hoje com minha nova equipe, pelo
menos uma parte dela, não posso me atrasar.
— Ainda bem que tenho juízo e nos tirei da tentação.
— Muito boa você, meu amor. Mas amanhã vamos acordar
alguns minutos mais cedo para que possamos aproveitar antes de
sair para luta.
— Você que sabe, baby! — falei toda debochada, ele sorriu e
me deu um beijinho rápido, quando me virei deu um tapinha na
minha bunda. Eu poderia me acostumar muito bem com isso, afinal.
Cheguei na La Femme e tinha reunião para a nova edição,
iríamos abordar o tema maternidade, tudo sobre esse assunto que
ainda tinha muitos tabus. Obviamente que já tratamos esse tema
anteriormente, ainda assim achava importante voltar a falar sempre
que tivesse oportunidade.
— Quero uma visão real sobre a maternidade, nunca passei
por isso, não sei como é, mas já conversei com algumas mulheres
que me disseram diferentes visões sobre o que enfrentam nesse
momento — fui enfática com a minha equipe de redação.
— Vamos incluir pós-parto? — Rayra indagou.
— Logicamente que sim, quero tudo, vamos buscar mães que
estejam vivendo a gestação, que vão passar pelo parto, os pós e o
que vem com ele. Além de também colocar aquelas que querem ser
mãe e não podem por algum motivo.
— Acho que abre tópico para questão da fertilidade e idade
para ter filhos — Rayra comentou e apontei para seu caderno.
— Sim, anote também isso, é importante trazer informações
sobre, podemos fazer uma coisa. É muito assunto para uma edição,
vamos dividir, montar uma série sobre o tema. Fracionamos o
conteúdo para o digital e físico.
— Já anotei tudo aqui.
— Excelente, pesquisem primeiro e depois nos sentamos de
novo para me apresentarem as propostas.
— Vamos abordar o polêmico aborto? — Gostava de como
Rayra não esquecia de nenhum tópico importante.
— Sim, quero que procurem ginecologistas e obstetras que já
trabalharam conosco para abordarmos o assunto com
responsabilidade e segurança.
— Fechamos aqui? — todos assentiram — Ok, vamos
retornar ao trabalho, confio em vocês e qualquer dúvida estou à
disposição.
— Victoria, preciso muito falar com você — Rayra estava
meio nervosa, percebi pelo tom de voz.
— Claro, vamos para minha sala, por favor — ela me seguiu
e quando nos sentamos, esperei que ela começasse.
— Então, gostaria que soubesse por mim — ela me fitou
depois de apertar suas mãos uma na outra, assenti e sorri para que
ficasse mais tranquila — estou me envolvendo com Theo Roux, já
faz algum tempo, na verdade desde a festa da La Femme e agora
ele é o CEO dos hotéis Roux.
— Ah minha querida, não se preocupe, é sua vida pessoal,
desde que se atente a não a misturar com a sua profissional está
tudo certo. Fico feliz em saber disso, conheço pouco o Theo, mas
passamos a nos falar mais depois que comecei a namorar Ethan —
ela soltou o ar que estava prendendo.
— Obrigada, estamos juntos, ainda não sei como vamos
rotular o que temos, mas não queria que descobrisse de surpresa.
— Ah, fico agradecida por sua confiança em me contar, você
vai longe garota, além de ser uma estagiária maravilhosa, é uma
moça que merece o melhor. Desejo que vocês sejam muito felizes
— apertei sua mão sorrindo e então ela me agradeceu, pediu
licença e saiu da sala. Fiquei surpresa com aquela novidade, será
que Ethan sabia disso? Bom, depois iria questioná-lo, então voltei
ao trabalho.
Fui ao closet da moda com Natalie e Laura, falamos com
Anthony sobre os designs para a próxima edição, decidimos os
vídeos e vimos alguns acessórios também. Montamos as páginas
de amostra na sala de reuniões e depois o gerente da equipe de
moda, antes de sair, veio me parabenizar.
— Victoria, você e o boy Roux formaram afinal um lindo casal,
vi a forma como ele te encara, está completamente de quatro, falta
beijar o chão que você pisa, mulher! Arrasou!
— Ah, Thony, obrigada — me senti lisonjeada e com o ego
inflado ao ouvi-lo dizer aquilo.
— Mas não pense que é só ele que está cadelinha, você
também, minha amiga, nunca a vi assim por nenhum homem antes.
Quero que sejam muito felizes juntos, ele já fez o pedido?
— Que pedido? — indaguei sem saber o que ele queria dizer.
— De casamento, meu amor, se ele não fez pode apostar que
ainda vai te surpreender — ele comentou animado.
Depois do almoço com Laura e Natalie voltei para a La
Femme e trabalhei muito, nem vi a hora passando. Só percebi que
já tinha que ir embora quando recebi uma mensagem de Ethan
dizendo para encontrá-lo e que James já sabia onde. Fui embora
ansiosa para saber o que aquele petulante estava aprontando.
James me recebeu com um sorriso enigmático que me deixou ainda
mais curiosa. Entrei no carro e percebi que ainda era cedo,
costumava sair mais tarde do escritório, depois do anoitecer.
Notei que James tomou a direção do Rio Hudson, chegamos
no porto que era perto do Museu Intrepid Sea, Air & Space e fomos
para o píer 83 onde me encontrei com Ethan. Não podia acreditar
que no meio da semana ele estava me levando para passear no
Harbor Lights Cruise. O abracei sorrindo pela sua gracinha, era
mesmo um petulante romântico.
— Sabia que você estava aprontando algo, mas não um
passeio desse a dois?
— Acha que iria sozinho? — ele me perguntou sorrindo.
— Claro que não, te encheria de porrada se fizesse isso!
— Ah, como você é carinhosa, amor. — Sorriu de lado e
selou nossos lábios, depois apertou minha bochecha. Franzi a testa
e por fim devolvi o sorriso.
— Para de brincadeira, você me surpreende sendo tão
atencioso e romântico.
— Podemos entrar?
— Claro, estou ansiosa para esse passeio, sabe que moro
aqui a vida toda e nunca andei no Harbor Lights Cruise.
— Então temos uma série de primeiras vezes aqui, amo
saber que estamos vivendo esses momentos juntos.
— Eu também, meu petulante lindo! — dessa vez eu o beijei
rapidamente.
Entramos e nunca imaginei que o passeio fosse tão lindo, ele
era feito antes do cair da noite, a partir dos rios Hudson e East.
Como o barco seguiu rumo ao Sul de Manhattan, nos proporcionou
vistas lindas e deslumbrantes de Nova Jersey e dos principais
arranha-céus da cidade, como o Empire State Bulding e o One
Trade Center. Quando chegou na ponta da ilha, foi possível ver o
Battery Park, a Ellis Island, a Estátua da Liberdade e a Governors
Island com o sol se pondo e as primeiras luzes de Nova Iorque se
acendendo. Uma visão incrível e linda, não sei como ainda não tinha
vindo a esse passeio antes.
— É lindo, não é? — Ethan me perguntou próximo do meu
ouvido, estava atrás de mim segurando minha cintura.
— Demais, estou completamente apaixonada.
— Assim como estou por você? — sua pergunta me fez virar
de frente para ele e quando fitei seus olhos azuis senti ali uma
ansiedade fluir de seu corpo. Então se ajoelhou na minha frente,
pegou uma caixinha preta e abriu. Ali estava um anel belíssimo com
um diamante em lapidação oval, claro que ele escolheria o mais
lindo.
— Ethan…
— Victoria Fiore, aceita ser minha mulher e me permitir te
amar pelo resto de nossas vidas? — Meu Deus! Não estava
preparada para aquele pedido, diante de nossa cidade linda se
acendendo, ele realmente conseguiu me deixar sem palavras e
totalmente emocionada. — Meu amor, estou esperando, não está no
momento de me provocar, só quero ouvir uma resposta…
— Sim! — respondi interrompendo-o, pois vi em seus olhos o
sentimento mais verdadeiro que já vivi com alguém estampado não
tinha como ser diferente, com lágrimas nos olhos completei —
Aceito ser sua mulher e te provocar o resto da nossa vida — ele
sorriu emocionado por minha resposta e colocou o anel em meu
dedo, depois se levantou, nos agarramos e beijamos ali diante de
uma das vistas mais belas de Nova Iorque, ouvindo as pessoas
desconhecidas aplaudindo ao nosso redor.
Por isso eu te amo tanto que não sei como explicar
O que sinto, eu te amo, porque sua dor, é a
minha dor e não há dúvidas, eu te amo
com a alma e com o coração te venero hoje
e sempre, eu te agradeço meu amor por existir
Para tu amor | Juanes
Quando contei aos meus amigos onde e como fiz o pedido de
casamento a Victoria eles ficaram surpresos. Nem eu mesmo me
imaginava fazendo algo tão romântico e especial. Consegui fazê-la
chorar de emoção, pensei que ela me pediria um tempo para
pensar, sempre foi tão razão a Victoria. Mas estava mostrando seu
lado mais coração comigo e ficava feliz em podermos vivermos isso
juntos.
— Ethan, não imaginava que fosse se casar tão rápido —
Neo foi sincero, como sempre.
— Se você me dissesse há algum tempo que estaria fazendo
isso, riria da sua cara, mas esse sentimento louco e intenso que
tomou conta de mim a deseja mais entende?
— Consigo compreender, mas como nunca vivi algo tão forte
assim com ninguém, nem posso julgá-lo. Só desejar que sejam
muito felizes — brindamos e vimos Theo chegar junto com Kevin.
Ele voltou de viagem só para comemorarmos juntos, achei um
milagre meu irmão comparecer, já que ele estava tendo um caso
com a estagiária da La Femme. Parecia estar bem envolvido com a
moça que aliás era linda, Victoria rasgava elogios para a garota.
— Parabéns, meu irmão! — Ele veio me abraçar — Espero
de coração que vocês sejam muito felizes.
— Obrigado, amanhã você pode trazer Luz para que eu
possa contar a ela a novidade e dizer também que em breve ela vai
estar morando comigo?
— Claro, ela está ansiosa para te ver e, a Sra. Roux não
gosta que toquem no seu nome. Como vai ser isso?
— Theo, sinto muito por nossa mãe não respeitar nossas
escolhas. Infelizmente, não quis participar da minha vida, só falava
comigo enquanto seguia suas regras e fui conveniente a suas
vontades.
— Sei como é, ela nunca se importou de verdade conosco,
não sei também o motivo de tanto rancor e frieza com os próprios
filhos.
— O pior é que não sei se tem possibilidade de melhorar, a
essa altura da vida.
— Também não sei, viu. Victoria vai aceitar viver com Luz,
quer dizer, vocês acertaram isso, não é?
— Óbvio que sim, foi a primeira coisa que conversamos
depois que fiz o pedido, ela me disse que adora a nossa pequena e
vai dar todo amor e carinho.
— Fico feliz por isso, apesar de saber que você não iria
deixá-la.
— Nunca, prometi à Olívia quando aceitei ser padrinho e
nunca falharia com minha irmã e nem com a Luz. — Brindamos
mais uma vez naquela noite e não muito distante dali Victoria
também estava com suas amigas comemorando depois de jantar
com seus irmãos. Decidimos contar a todos do pedido, somente
dias depois.
Primeiro conversamos muito sobre tudo, iriamos nos casar
em setembro, segundo as pesquisas que fez era a melhor época,
devido ao clima. Decidimos ficar morando no seu apartamento
mesmo, pois ele era enorme, ocupava um andar inteiro e tinha
muitos quartos. Kevin indicou uma arquiteta e designer de interiores
para decorarmos um dos quartos para Luz.
Dias depois da nossa comemoração, nos reunimos todos,
uma turma enorme, Kevin estava com Laura, Theo com Rayra,
Joshua com Chloe e Neo com sua nova namorada, Camille. Ela era
francesa e se mudou há pouco tempo para Nova Iorque, veio a
trabalho. Natalie nos surpreendeu ao chegar com James que
parecia todo sem jeito. Victoria o pediu para se soltar, ela sabia que
os dois estavam juntos há algum tempo que não sei ao certo, minha
noiva não comentou nada mais. Claro que não fiquei insistindo, são
detalhes da vida de sua amiga, respeitei isso. Os irmãos de Victoria
também compareceram, mas sua mãe não foi e fiquei sabendo que
a Sra. Fiore chamou a filha para conversar sobre o casamento.
Ficamos totalmente cismados com a forma que sua mãe e a minha
odiavam a ideia de ficarmos juntos. A Sra. Amelia disse à filha que
eu a deixaria, que não iria ficar com ela, por causa de nossas
diferenças, óbvio que nunca faria isso. Pois, amo Victoria e não a
abandonaria.
Foi um jantar incrível, os irmãos de Victoria me tratavam bem,
Peter era mais na dele, não ficou muito tempo. Mas Isabella e eu
conversamos bastante, soube que ela, na verdade, gosta de se
relacionar com mulheres e isso preocupava a minha noiva, não pelo
fato da irmã ser homossexual e sim pela mãe delas, quando
descobrir não será fácil aceitar. A Sra. Amelia era muito
conservadora e tinha uma personalidade parecida com a minha
mãe, fria e distante e por tudo que ela já falou sobre Victoria e eu,
sentia que ela e minha mãe já se conheciam. Alguma coisa tinha do
passado que as duas não falavam, mas vamos descobrir.
Após alguns dias, Neo havia conseguido um advogado e
reavemos o testamento de Olívia que deixou a tutela da menina
para mim. Então ela ficaria comigo, minha mãe querendo ou não,
claro que a levaria para visitar a avó, mas seriam somente visitas e
se ela quisesse poderia passar o final de semana. Não seria fácil ter
que conviver com minha mãe, ainda bem que ela não ficava
colocando ideias ruins na cabeça da minha afilhada.
Como tinha saído do comando dos hotéis Roux, passei a
trabalhar somente como designer de sapatos. Com minha equipe
formada, um belo espaço escolhido para abrirmos uma loja e
escritório de criação me sentia cada vez mais ansioso para ver tudo
pronto e funcionando. Com o sucesso da coleção lançada no
concurso, tivemos que dobrar a produção. Cheguei à conclusão que
não queria mudar o nome da marca, assinaria como Valentim Griffin
by Ethan Roux. Estava me sentindo feliz demais por estar vivendo
aquele sonho, agradeci tanto a Neo, ele foi o primeiro que se
lembrou de mim assim que soube do concurso. Era grato a todos
que me apoiaram, principalmente Victoria, depois de tudo ela me
entendeu e escolheu ficar ao meu lado.
Meses depois… o momento mais especial
Era o dia do meu casamento, me sentia nervosa e ansiosa
para viver aquele momento que Ethan e eu tanto esperamos. Havia
o fato da minha mãe não querer que eu me casasse, ela teve a
capacidade de me procurar enquanto estava me arrumando para a
cerimônia.
— Victoria, ainda dá tempo de você evitar entrar nessa família
— a fitei sem paciência, estava cansada de ouvir aquilo.
— Mãe, o que aconteceu para vir falar uma coisa dessas? —
ela baixou os olhos e soltou o ar com força.
— Só não quero que você sofra como eu sofri nas mãos de
um Roux.
— O quê? Como assim? — indaguei completamente confusa.
— Já trabalhei na casa da família Roux, conheço bem a
Elizabeth, ela me tratava muito mal e ainda se fazia de boa na frente
do Sr. Donald, pai do Ethan. Além disso, os filhos dela foram criados
mais pela governanta do que pela própria mãe, é para essa família
que deseja entrar?
— Está me dizendo que você trabalhou na casa deles e
nunca me contou nada disso? Mas isso não foi há anos?
— Não iria contar a você que sofria humilhações no meu
trabalho, você era pequena, não fazia sentido, mas agora, quando
soube que você e o Ethan estavam namorando e depois que iriam
se casar, fiquei pensando em você, no que poderia passar nas mãos
da Elizabeth, ela é uma mulher tão fria e preconceituosa.
— Mãe, sinto muito pelo que passou, mas Ethan não é como
a mãe dele e além disso sei da forma como ela sempre tratou os
filhos, meu noivo me contou tudo, ele está passando por cima da
mãe para viver seu sonho e ficar com a mulher que ama.
— Me desculpe por ter vindo aqui, na verdade, vim num ato
de loucura minha, mas tinha que contar isso logo, sou uma péssima
mãe. Descontei minha frustração de ter que passar por
humilhações esses anos todos em você e seus irmãos, até mesmo
no seu pai. Vincenzo era um homem muito bom e ele me amava de
verdade, mas não conseguia sentir o mesmo por ele. Fiz tudo
errado com vocês, não deveria ter sido assim — não imaginava que
minha mãe se sentia daquela forma e aquela história então. Por fim
a abracei, deixando as lágrimas caírem pelo meu rosto e borrando
um pouco da minha maquiagem. Esperava que ela pudesse abrir
sua mente e coração para me conhecer de verdade, sem
julgamentos e sentimentos ruins.
— Desculpe, minha filha, só errei com você — pediu
enquanto chorava sem parar, parecia arrependida.
— Está tudo bem, vamos superar tudo isso, vai levar um
tempo ainda, mas que tal começarmos agora? Por que não fica para
meu casamento, gostaria que entrasse comigo na cerimônia.
— Nossa, será que mereço entrar com você? — a senti
emocionada, por aquele meu pedido. Na verdade, até poderia
guardar rancor por tantos anos sem ter sua atenção, mas não tive
coragem de fazer isso vendo sua expressão desesperada e
arrependida como nunca tinha visto antes.
— Estou te convidando, iria entrar sozinha, mas depois de
tudo que você me contou, quero recomeçar e esse é o momento
certo, o que acha? — nos abraçamos de novo e depois pedi a
Anthony para ver uma roupa para minha mãe, um vestido longo. Ele
saiu correndo para arrumar tudo, ela se arrumou comigo, Natalie,
Laura e a Bella, minha irmã que ficou feliz em vê-la ali conosco.
Poucos minutos antes de sairmos da suíte, minhas pernas
estavam tremendo e me sentia cada vez mais apreensiva. O frio no
estômago, o coração acelerado, toda aquela emoção intensa que
antecedia um dos momentos mais especiais da minha vida.
Não me imaginava casando, quer dizer, tudo era possível
nessa vida, mas depois do que passei, não pensava que o destino
iria me surpreender daquele jeito. Um homem que eu odiava, um
petulante que me irritava, a gente sempre estava se esbarrando e
se provocando. Que coisa mais louca, meu Deus. Um clichê
daqueles bem escritos de romances de livros, nunca cogitei viver
algo igual.
Por isso quando chegamos no salão da cobertura do hotel
Roux me surpreendi ao ver toda a decoração pronta que escolhi
junto com meu noivo. Escolhemos flores brancas, especialmente
hortênsias e fios de luz amarelas, bem romântico, mas ao mesmo
tempo minimalista. Meu vestido também foi mais simples, somente
de renda, com decote redondo na frente e nas costas. No cabelo
fizemos um coque bonito e elegante que tinha uma coroa de
brilhantes ao redor e com o véu de tule. No rosto maquiagem nos
tons de marrom-claro e com iluminador dourado lindo, na boca
batom rosa malva cremoso. Agora, meu sapato foi desenhado pelo
meu lindo e talentoso noivo, ele fez um lindo scarpin branco, com
detalhes de brilhantes que vão até o tornozelo e panturrilha,
simplesmente perfeito.
Minha irmã me entregou o buquê de hortênsias que estavam
decorando o local da cerimônia e a festa. Enquanto isso, Natalie e
Laura ajeitavam a calda do vestido. Logo minhas amigas me
desejaram felicidades mandando beijos no ar e foram entrar, já que
eram madrinhas com os amigos de Ethan e seu irmão.
Antes de entrar, uma emoção sem igual me tomou, meus
olhos queimaram, tive que segurar para deixar as lágrimas caírem e
borrar a maquiagem. Quando escutei o toque suave de Para tu
amor que escolhemos no piano, minha mãe se virou para mim e
falou algo que me tocou.
— Você está lindíssima, minha filha. Desejo toda felicidade do
mundo de coração! — ela limpou as lágrimas que caíram com o
dorso da sua mão e as cortinas se abriram, revelando meu noivo
lindo naquele smoking com gravata borboleta. Nossos olhos se
cruzaram naquele instante e me contive para não chorar mais, que
emoção era essa, meu Deus? Não pensei que ao me casar iria virar
uma manteiga derretida.
Entramos devagar, sorri em meio as lágrimas que teimavam
em cair, afinal não tinha como segurar mais. Vi todos nossos amigos
ali presentes para testemunhar aquele momento único e especial da
nossa vida. Assim que chegamos próximo do altar, Ethan veio me
buscar, ele também estava com seus olhos azuis tomados por
lágrimas. Minha mãe o entregou minha mão e ele assentiu ao ouvila dizer para que cuidasse bem de sua filha. Não estava pronta para
isso, acho que todos estavam emocionados, pois sabiam de como
minha relação com ela sempre foi complicada.
Uma das moças do cerimonial pegou o buquê e a celebração
deu início, o celebrante começou a falar lindamente sobre o amor,
paciência, sabedoria, respeito, parceria e fidelidade que regem um
relacionamento como o que estávamos ali nos comprometendo.
Ethan e eu trocamos olhares, sorrisos, apertos de mãos e
lágrimas até que chegou o momento da entrada das alianças, nossa
daminha não poderia deixar de ser a pequena Luz que estava linda
feito um anjo com o vestido rosa bebê bem clarinho, o cabelo loiro
com cachos perfeitos. As alianças estavam em buquê de hortênsias
preparado especialmente para levá-las. Ela sorriu ao entregar a
Laura que pegou e ficou ali esperando.
— Agora vamos deixar que os noivos façam seus votos, o
noivo pode começar — o celebrante falou, Ethan pegou a aliança e
nos viramos de frente um para o outro.
— Victoria, receba essa aliança em sinal do meu amor,
carinho e fidelidade. Nossa história começou de uma forma tão
imprevisível, na verdade, primeiro não nos suportávamos, agora
veja só aonde chegamos. Me sinto emocionado por ter a honra e
felicidade de fazê-la minha mulher. Obrigado por ser minha força,
meu apoio, minha grande luz e a provocadora mais linda que me
apresentou o amor tão intenso e sincero — sorri, chorei e sorri de
novo enquanto ele fazia seus votos, me sentia apreensiva para falar
os meus, ele colocou a aliança em meu dedo e se inclinou para
beijar minha mão.
— Ethan, receba essa aliança em sinal do meu amor, carinho
e fidelidade. Não sei como explicar o quanto você me surpreendeu
desde que resolvemos ficar juntos. Como você mesmo disse, nós
não nos aturávamos e hoje não vivemos mais um sem o outro. Não
consigo me ver longe de você nem por um minuto, com você pude
conhecer o amor de verdade e ver que posso realmente ser feliz
com o homem que o destino colocou em meu caminho. Vou contar
com você sempre, meu petulante lindo — sorrimos juntos em meio
às lágrimas e coloquei a aliança em seu dedo, beijei sua mão e nos
beijamos depois que o celebrante assentiu concordando.
Fomos ovacionados pelas palmas e assobios dos nossos
amigos e familiares que não eram muitos, na verdade. Saímos
sorrindo e acenando ao som de I Don’t Wanna Miss a Thing, de
Aerosmith e fomos receber todos do outro lado do salão. Por algum
motivo a mãe de Ethan foi a primeira a nos abraçar, a achei meio
falsa comigo, mas relevei, não queria confusão no meu próprio
casamento. Pelo visto, teria de aturar a minha sogra chata que não
me aceitava de forma alguma, pelo menos agora já sabia o real
motivo daquilo.
Mas nada e nem ninguém iria nos abalar naquele dia, depois
de abraçar nossos amigos que ficaram por último, fomos juntos
aproveitar a festa que estava linda. Após algumas fotos, abracei Luz
que estava encantada com seu vestido que segundo ela era de
princesa. Cada dia que passava, gostava mais da nossa pequena,
falava isso porque ela era uma menina doce, esperta e muito
inteligente e engraçada. Seremos agora uma família que vai sempre
prezar pelo amor, não queremos que ela cresça num lar frio e
indiferente. Ethan desceu a Luz do seu colo e a deixar com Theo,
depois de dar um beijo nela e se aproximou.
— Está pronta para dançar com seu marido?
— Meu marido petulante lindo, e só meu!
— Inteiramente e para sempre seu! — Sorri e soprei em seu
ouvido que o amava muito, enquanto ele nos levou para a pista,
onde todos já esperavam pela dança dos noivos. Dançamos ao som
de Querer Mejor, de Juanes feat Alessia Clara e não me lembrava
de ter me sentido tão feliz, Ethan aquele homem que eu tinha total
antipatia deu lugar ao homem da minha vida e queria viver com ele
assim coladinho sentindo sua respiração ofegante no meu pescoço
e seu corpo quente para sempre.
// LIVRO

O CEO Mistérioso
Ethan Roux é o CEO da rede de hotéis mais famosa de Nova
Iorque, mesmo contrariado ele administra o negócio da família para
manter o sobrenome e tudo que ele traz. No entanto, por trás do
homem engravatado, sério e imponente vive também um sonho que
ele deseja mais que tudo realizar.
Victoria Fiore é editora-chefe da revista feminina mais
vendida de Nova Iorque e no mundo, uma mulher poderosa,
independente e que teve de provar a todos, além dela mesma, que
conseguiria chegar ao topo e conseguiu. Apesar de tudo, é uma
mulher solteira e que ama aproveitar a vida com as amigas. Depois
de passar por tantos percalços, ama sua liberdade.
Quando o destino une Victoria e Ethan eles não se dão bem e
juntos vão protagonizar cenas de discussões e provocações. Ele a
acha arrogante e convencida. Ela o acha prepotente e mimado. No
entanto, por trás disso há uma atração irrefreável que vai os levar a
um caminho sem volta.
Será Ethan capaz de revelar toda a verdade e deixar seu
coração falar mais alto, abdicando de todas as responsabilidades
impostas na sua vida?