A traição
LILY
O verão antes do meu último ano no Ensino Médio foi um dos melhores da minha vida.
Passei muitos dias longos e quentes no lago com meus melhores amigos: Ava, Leah e
Harry e, claro, com o cara que eu namoro há dois anos, o Oliver.
À noite, íamos a festas diferentes, bebíamos e dançávamos até o sol raiar, e repetíamos
tudo de novo no dia seguinte.
Até hoje.
Hoje é o meu segundo aniversário de namoro com o Oliver.
Planejamos fazer um piquenique em um lugar “secreto” que ele escolheu, depois
voltaremos para a minha casa para passar a noite juntos. Tudo parece perfeito.
“Uau, você tá tão gostosa, amiga!” a Ava exclama, me olhando de cima a baixo.
Estou usando um vestido azul e branco, com as costas abertas, que vai até o meio da
coxa e tem um belo decote.
“Você acha que ele vai gostar?,” pergunto, dando uma voltinha.
“Vai adorar!” ela grita.
“Tenho que ir,” digo, pegando o meu telefone e as chaves e jogando-os em uma bolsinha.
“Até amanhã, sua gostosa.” Ava pisca, dando um tapa na minha bunda enquanto passo
por ela.
Enquanto dirijo até a casa do Oliver, sinto um frio terrível na barriga.
Estaciono em frente à casa dele e checo a minha maquiagem no espelho antes de sair do
carro e ajeitar o meu vestido.
Eu caminho lentamente até a porta da frente, tentando acalmar os nervos antes de
bater. Espero cerca de um minuto, e então bato mais uma vez.
Franzo a testa para mim mesma quando ele não abre a porta. Talvez ele esteja no banho.
Estou prestes a girar a maçaneta quando a porta se abre e Oliver aparece, totalmente
desgrenhado.
Ao vê-lo parado na minha frente, só de cueca boxer e com os cabelos loiros bagunçados,
deixo a raiva tomar conta de mim.
“Seu filho da puta!,” eu grito. Chutando a porta para abri-la, entro correndo para
descobrir com quem ele está me traindo.
“Amor, calma. Não é o que parece!,” ele grita freneticamente.
Eu o ignoro, abro a porta do quarto dele e dou de cara com a Leah, só de sutiã e
calcinha.
“Lily.” Ela suspira ao me ver.
“Isso é sério?,” grito para os dois. “Há quanto tempo tá rolando?,” pergunto, apertando a
ponta do meu nariz para me acalmar.
“Essa foi a primeira vez…”
“Seis meses.”
O Oliver e a Leah respondem ao mesmo tempo.
“Seis meses.” Eu rio alto, balançando a cabeça.
“Lily, deixa eu explicar,” o Oliver implora, agarrando o meu pulso.
“Não encosta em mim, porra!,” eu grito, me libertando e correndo para fora, em direção
ao meu carro.
Como ele foi capaz? Me fez perder dois anos inteiros! E a Leah! Ela é uma das minhas
melhores amigas! Nunca pensei que ela faria uma coisa dessas comigo.
Dirijo no piloto automático para um dos meus lugares favoritos da cidade. Uma trilha
que dá a volta num parque bem tranquilo e que não fica muito longe da minha casa.
Estaciono, saio do carro e começo a andar, sem dar a mínima para o fato de eu estar de
vestido e sandália.
Enquanto começo a andar, finalmente me permito chorar. Minha vida inteira parece
uma mentira agora. Estou soluçando quando alguém dá um tapinha no meu ombro, me
fazendo gritar.
“Nossa, calma princesa,” diz um garoto da minha idade, levantando as mãos.
“Você me assustou,” eu fungo, enxugando os olhos.
“Você tá bem?” ele pergunta gentilmente.
“Sim,” respondo.
“Não parece,” ele afirma, indo se sentar em uma grande pedra. “Eu sou ótimo em
escutar,” ele diz, dando um tapinha na pedra para que eu me sente.
“Acabei de pegar o meu namorado me traindo com uma das minhas melhores amigas,”
deixo escapar.
“Que merda.” Ele diz.
“Eles estão transando há seis meses!,” exclamo e começo a andar de um lado para o
outro na frente dele.
“Nós passamos o verão inteiro juntos!” Eu grito, chutando uma pedra, me arrependendo
instantaneamente quando a dor atinge o meu dedão do pé.
“Eu simplesmente não entendo. Tipo, não é como se eu não fosse uma boa namorada!”
Eu balanço a cabeça.
“E a minha amiga…,” sussurro, sentando ao lado do cara estranho. “Você não vai me
matar, vai?” pergunto, pensativa.
“Eu não vou te matar.” Ele ri.
“O último ano do Ensino Médio vai ser uma droga,” resmungo, puxando os joelhos até o
peito.
“Você tem outros amigos?” ele pergunta.
“Sim. Mas o Harry tá no mesmo time do Olly e provavelmente vai parar de falar comigo.
A Ava deve continuar sendo minha amiga.” Eu suspiro.
“Você não tá falando do Oliver Kingsley, né?”
“Você o conhece?” pergunto, virando para olhar para o estranho e fico surpresa com a
beleza de seus olhos verdes.
“Somos meio que inimigos mortais.” Ele estremece.
“Você é o Mason Cooper?” Eu franzo a testa, olhando-o de cima a baixo.
Oliver e Mason são rivais desde o primeiro ano. Ambos são quarterbacks dos times de
futebol americano das escolas da cidade e se odeiam profundamente.
Somos rivais em tudo. Em todos os esportes, eventos acadêmicos, números de
formandos, quantas gravidezes na adolescência acontecem. As duas escolas nasceram
para competir.
Ninguém sabe como essa rivalidade começou; só sabemos que nos odiamos, e a coisa
segue assim há pelo menos cinquenta anos.
“Você provavelmente não quer saber,” murmuro, olhando para os meus pés.
“Eu meio que adoro saber o quanto ele se ferrou.” O Mason ri.
“Eu estudo na Ridgewood,” acrescento, olhando para ele.
“E eu na Greendale,” ele responde em um tom de “dããããããã”.
“Provavelmente não deveríamos estar conversando,” afirmo.
“Provavelmente não. Mas você precisa conversar com alguém, e eu preciso me distrair.”
Ele dá de ombros, indiferentemente.
“Se distrair do quê?,” pergunto, sem conseguir me conter.
“Da vida.” Ele suspira. “Você é líder de torcida, né?” ele pergunta, mudando de assunto.
“Sou.” Suspiro, pensando se devo simplesmente sair do time quando as aulas
começarem.
“Eu odeio… Só entrei na equipe porque a minha mãe tinha sido líder de torcida e queria
que eu seguisse a linhagem. Mas ela nem vai me assistir,” sussurro.
“Meu Deus, e estar na mesma equipe que a Leah… eu não vou conseguir lidar. Eu vou
querer dar um soco na cara dela a cada 5 minutos,” eu resmungo e o Mason ri. “Não é
engraçado,” eu digo.
“Não mesmo,” ele concorda rapidamente. “Tô rindo porque pensei que você fosse
quietinha.”
Franzo os lábios e viro a cabeça para o lado.
“Eu já vi você nos jogos… Você nunca conversa com as outras pessoas,” ele explica.
“Porque todas as pessoas são toscas!,” exclamo, ele ri novamente e concorda.
“Quer desabafar mais alguma coisa, princesa?”
“Acho que tô de boa.” Balanço a cabeça. “E você? Quer revelar algum segredo ou ter um
colapso emocional na minha frente pra eu me sentir melhor?,” pergunto.
“Talvez da próxima vez.” Ele pisca.
“Da próxima vez?” Minhas sobrancelhas se erguem, com surpresa.
“Eu tenho que ir. Mas você pode me mandar mensagem se quiser conversar,” ele afirma,
me entregando um iPhone preto.
Olho para o telefone e depois para ele. Ele tá falando sério?
“Salva o seu contato aí,” ele diz lentamente, e eu reviro os olhos, digitando o meu
número. “Quer que eu te acompanhe até o seu carro?,” ele pergunta, colocando o
telefone no short de basquete.
Estou prestes a dizer a ele que não precisa, mas quando olho em volta e percebo que o
sol está se pondo, concordo rapidamente.
Odeio ficar na rua à noite, sozinha. Já assisti a muitos documentários sobre crimes reais.
“Por quanto tempo ficamos conversando?,” pergunto, acompanhando os passos dele.
“Uns vinte minutos,” ele responde.
“Obrigada por me ouvir,” eu sussurro.
“Quando quiser, princesa.” Ele sorri tristemente, chutando uma pedra.
“Se você quiser conversar, também sou uma boa ouvinte,” ofereço, sentindo que algo o
está incomodando.
“Pois é… Quem sabe na próxima vez.” Ele balança a cabeça enquanto chegamos aos
nossos carros.
“Obrigada, Mason.” Eu sorrio, abrindo a minha porta. “Ah, o meu nome é Lily, a
propósito,” eu digo, me virando.
“Eu sei.” Ele balança a cabeça, abrindo a porta.
Sinto as minhas bochechas ficando vermelhas, então entro no carro e saio dirigindo.
Quando chego em casa, tiro os sapatos e me jogo no sofá. Eu deveria ligar para a Ava.
Pego meu telefone na bolsa para ligar para ela, mas, em vez disso, acabo ligando para a
minha mãe.
Toca duas vezes antes de cair na caixa postal.
Ótimo. Nem a minha própria mãe quer falar comigo.
Eu me olho no reflexo da tela quando ela se ilumina com uma mensagem.
Mãe
Tô jantando.
Suspiro para mim mesma enquanto leio a mensagem dela. O papai sempre viajou muito
a trabalho, e a mamãe costumava ficar em casa comigo, mas assim que fiz dezesseis
anos, ela começou a viajar com ele.
Parece que eles estão mais fora de casa do que dentro, ultimamente.
Não sei quando adormeci, mas sou acordada por uma vibração na minha cabeça.
Demoro um momento para perceber que é meu telefone tocando.
“Alô?,” respondo, com a voz pesada de sono.
“Te acordei?” Uma voz masculina soa.
Abro um olho e viro o meu telefone para ver que a chamada é de um número
desconhecido. “Quem é?,” pergunto, sentando no sofá.
“O Mason.”
“Ah. Ei,” eu digo, olhando para o relógio.
Meia-noite
“Desculpa,” ele murmura antes que a linha fique muda.
Franzo a testa, imaginando o que aconteceu. Mordo o lábio enquanto penso em ligar de
volta.
Afinal, ele me deixou desabafar por uma hora hoje. É o mínimo que eu poderia fazer,
certo?
Para nem dar tempo de mudar de ideia, ligo de volta para ele.
“Olha, me desculpa. Volta a dormir,” a voz dele é suave, mas tensa.
“Já dormi por três horas,” digo, levantando e indo até a cozinha para pegar alguma
comida.
“Nossa, é só meia-noite,” ele ri.
“Caso você tenha esquecido, tive um dia muito intenso,” respondo, pegando uma pizza
congelada e colocando-a no forno.
“Justo.”
“Quer vir aqui e comer pizza?,” ofereço, sentando no balcão. Há uma pausa, e verifico o
celular para ter certeza de que ele não desligou novamente.
“De qual sabor?” ele finalmente responde.
“Pepperoni.”
“Me manda uma mensagem com o endereço.”
Rapidamente tiro o telefone do ouvido e mando uma mensagem para ele.
“Chego rapidinho, princesa,” ele diz quase imediatamente depois que clico em enviar.
“Até daqui a pouco,” sussurro.
Puta merda. ~O que eu tô fazendo? Por que tô convidando o Mason Cooper para vir na
minha casa? Se o Harry ou qualquer pessoa da escola descobrir, minha vida vai virar um
inferno.~
Meu surto interno não dura muito tempo, pois o Mason manda uma mensagem dizendo
que está aqui fora.
Por que ele não bateu na porta, como uma pessoa normal?
Abro a porta da frente e o vejo parado na varanda, com um moletom preto e shorts de
basquete. “Cadê o seu carro?,” pergunto, espiando por cima do ombro dele.
“Eu moro há duas quadras daqui.” Ele dá um meio sorriso quando abro mais a porta
para ele entrar.
“Entããão…,” eu digo lentamente enquanto nos sentamos um ao lado do outro no balcão,
com a pizza no meio de nós.
“Você tá se sentindo melhor?,” ele pergunta, pegando uma fatia.
“Sim,” respondo honestamente. Chorar e dormir ajudou. “Tô mais brava do que triste
agora,” acrescento, dando uma mordida na pizza.
“Eu acho que você tava bem brava antes.” Ele sorri para mim. “Então, você vai ser uma
líder de torcida bem estereotipada e planejar uma vingança?” Ele limpa a garganta, e eu
franzo as sobrancelhas.
“Vingança? Não, isso me tiraria muitas horas de sono.”
“Então, nada de vingança?,” ele pergunta, erguendo as sobrancelhas.
“Não. Vou simplesmente esquecer que aconteceu.” Suspiro, sabendo que é mais fácil
falar do que fazer. “Então, quer falar alguma coisa?,” pergunto, terminando a última
fatia da minha pizza.
“Só quero espairecer.” Ele suspira, e noto olheiras sob seus olhos verdes.
“Quer nadar?,” pergunto, me levantando.
“No lago?” ele questiona, com um sorriso divertido.
“Tem piscina aqui.”
“Eu não trouxe sunga e acho que você não quer me ver pelado.”
“Eu nunca nadei pelada,” digo, mordendo o lábio nervosamente.
“Sério?” Ele me olha boquiaberto.
“Todos os meus amigos já nadaram pelados, mas o Olly sempre dizia que isso me faria
parecer uma vagabunda,” murmuro, corando.
“Ele é um idiota.” o Mason bufa, revirando os olhos.
“Então todos os seus amigos foram nadar pelados enquanto você tava no meio deles de
biquíni?” ele pergunta.
“Não entrei no lago com eles né, fiquei na areia,” murmuro, desejando nunca ter tocado
no assunto.
“Bom, vamos nessa então, princesa.” O Mason sorri, levantando.
“Você tá falando sério? Eu não vou ficar pelada na sua frente!” Eu suspiro, olhando para
ele com os olhos arregalados.
“Não vou olhar.” Ele revira os olhos, e por algum motivo eu me sinto um pouco
magoada. “Vamos viver!” ele acrescenta, apertando os lábios. “A menos que você seja
covarde.” Ele sorri.
“Eu não sou covarde,” afirmo confiante, levantando.
“Só acredito vendo,” ele diz.
“Vamos,” decido, caminhando em direção à porta da cozinha.
“É melhor pegar umas toalhas! A menos que você goste de correr pelada e molhada pela
casa!” ele grita atrás de mim.
Eu me viro e passo por ele, sem dizer nada, pego duas toalhas antes de colocá-las em
seus braços e sair pisando duro.
Quando chego do lado de fora, fico em pé na beira da piscina e não me sinto tão
confiante quanto antes. “Você promete que não vai olhar?,” pergunto baixinho enquanto
sinto o Mason ficar ao meu lado.
“Eu prometo.”
“E não vai contar pra ninguém, vai?,” acrescento, virando a cabeça para olhar para ele.
“Se eu contasse, estaria admitindo que passei um tempo com uma pessoa da escola
Ridgewood. Seria suicídio social, e eu realmente quero aproveitar o meu último ano…”
Respiro fundo, fechando os olhos enquanto procuro o zíper nas costas do meu vestido.
Eu me esforço para alcançá-lo e bufo.
Estou prestes a tirar o vestido pela cabeça mesmo, mas, em vez disso, sinto os dedos do
Mason roçando suavemente a minha pele nua, arrepios percorrem o meu corpo e então
ele lentamente abre o zíper do meu vestido.
Deixo cair no chão e formar uma pequena pilha aos meus pés. As mãos do Mason tocam
o meio das minhas costas, me dando um pequeno susto, então percebo que ele está
abrindo o meu sutiã tomara-que-caia.
Assim que o sutiã se junta ao meu vestido no chão, respiro fundo outra vez e tiro a
calcinha. Olho para a minha esquerda e dou de cara com o Mason.
Seus olhos estão focados na piscina à frente. “Pronta, princesa?,” ele pergunta, virando o
rosto para olhar para mim.
Fiel à sua palavra, seus olhos não desgrudam do meu rosto.
“Pronta,” digo e agarro na mão dele.
“Três, dois, um,” ele conta em voz baixa antes de pularmos na água fria.
A torre da caixa d’água
LILY
“O que mais você nunca fez?” o Mason me pergunta enquanto nos sentamos nas
cadeiras ao lado da piscina, completamente vestidos novamente.
“Como assim?,” pergunto.
“O que mais você queria fazer que o Kingsley não deixou?”
“É estúpido, mas eu sempre quis escalar a torre da caixa d’água da cidade,” digo com
uma risadinha.
“Você nunca escalou a torre da caixa d’água?” ele pergunta, e eu balanço a cabeça. “Qual
foi a desculpa dele pra não deixar?” ele questiona.
“Que é uma coisa imatura e sem sentido.”
“Quanto mais você fala dele, mais estúpido eu acho que ele é,” ele diz.
“Sabe o que eu acho?,” ele pergunta, e eu balanço a cabeça. “Ainda temos um mês de
verão. Você e eu faremos tudo o que ele não te deixou fazer,” ele afirma confiantemente.
“Quase tudo,” corrijo.
“Por que não tudo?” Ele franze a testa.
“Tem coisas que simplesmente não seríamos capazes de fazer,” digo vagamente.
O Mason franze a testa para mim por um momento antes de um sorriso surgir em seu
rosto. “Você quer dizer coisas sexuais.” Ele ri.
“Cala a boca!” Eu coro, cobrindo o meu rosto com as mãos.
“Estou curioso. Quais coisas? Sexo anal?”
“Meu Deus, não!” Eu grito, corando mais. “Só umas coisas básicas.” Eu aceno.
“Tipo…?” Ele fala lentamente.
“Tipo beijar em público, me deixar ficar por cima ou fazer sexo oral em mim,” murmuro,
esperando que se eu contar, ele pare de perguntar mais.
“Ele nunca fez sexo oral em você?” o Mason suspira, olhando para mim como se eu
tivesse acabado de dizer que tenho uma gêmea malvada.
Balanço a cabeça e olho para baixo.
“E nem deixou você ficar por cima? Esse cara é fodido da cabeça.”
“Enfim…” eu digo, batendo palmas. “Tem alguma coisa que você quer fazer?” eu
pergunto, olhando para ele.
“Eu sempre quis pular daquela cachoeira que fica perto da entrada da cidade.” Suas
bochechas ficam levemente vermelhas.
“Eu vou com você,” ofereço, embora não tenha ideia do que ele está falando.
“Eu provavelmente deveria ir pra casa,” Mason diz enquanto se levanta e se espreguiça.
“Obrigado por me distrair, princesa.” Ele sorri antes de andar pela lateral da casa e
desaparecer.
***
Dois dias depois que o Mason veio aqui, acordo com batidas na porta da frente.
Desço as escadas, sonolenta, e abro a porta, dando de cara com o Harry e a Ava com
olhares irritados.
Meu corpo é imediatamente tomado pela ansiedade. Eles descobriram que eu andei com
o Mason Cooper.
“Por que você não contou pra gente que terminou com o Olly?” a Ava pergunta,
passando por mim para entrar.
“Eu terminei com o Olly,” digo, relaxando os ombros.
“E por que diabos só descobrimos hoje de manhã? E por ele, ainda por cima?” ela bufa
enquanto Harry envolve os braços em volta dos meus ombros.
“Você tá bem, gata?,” ele pergunta, olhando para mim.
“Tô bem,” murmuro, sentando no sofá.
“O que aconteceu?” Ava pergunta novamente.
“Nós brigamos e terminamos,” minto. Não quero que todos saibam que ele me traiu.
Serei motivo de chacota na escola, e se eu contar para a Ava, todo mundo vai ficar
sabendo.
Eu a amo, mas ela não consegue guardar um segredo nem para salvar a própria vida.
“Por que vocês brigaram? Ele não quis contar.” Ela faz beicinho. “A Leah disse que ele
contou pra ela e ela ficou do lado dele,” ela acrescenta, me enviando um olhar
desafiador.
“Não é da conta de ninguém,” eu estalo. “Nós brigamos. Eu terminei com ele. Ponto
final,” eu afirmo, me levantando e voltando para o andar de cima.
Coloco um short de academia e uma regata antes de calçar meus tênis de corrida.
“Lily, nós nos importamos com você,” a Ava diz, da porta do meu quarto.
“Eu sei. Só não quero falar sobre isso.” Suspiro, esperando que eles simplesmente
deixem o assunto de lado. “Falar vai ajudar,” ela diz gentilmente enquanto entra e toca
no meu ombro.
“Só deixa pra lá, Ava,” o Harry afirma. “Nós não fizemos você falar sobre o divórcio dos
seus pais. Não faça ela falar sobre o término,” ele diz sério, o que é estranho. Ele nunca é
sério.
“Tudo bem. Mas eu tô aqui se você precisar de mim,” ela bufa, revirando os olhos. “Você
vai correr?,” ela pergunta, franzindo o nariz.
“Vou,” confirmo. Eu não estava planejando correr hoje, mas quero me afastar dessa
conversa.
“Quer companhia?” o Harry pergunta com um sorriso triste.
“Não, obrigada. Só quero passar um tempo sozinha.” Eu recuso, pegando o meu
telefone, chaves e fones de ouvido.
“Ok, te mando mensagem depois,” ele diz, me puxando para um abraço de urso. “Só me
avisa se quiser conversar,” ele sussurra no meu ouvido.
“Obrigada, Harry,” sussurro de volta.
“Eu vou dar uma passadinha aqui hoje à noite.” A Ava sorri, me puxando para os seus
braços.
Dou um sorriso forçado e os sigo para fora.
Observo-os entrando no carro do Harry enquanto eu entro no meu, então dirijo a curta
distância até a trilha.
Há alguns carros no estacionamento e espero que as pessoas já estejam terminando seus
treinos, assim não terei que ver ninguém.
Caminho lentamente até o início da trilha enquanto me atrapalho com os meus fones de
ouvido e coloco uma música alta.
Eu forço as minhas pernas e começo a correr.
No começo do verão, estabeleci como meta conseguir correr a trilha inteira sem parar,
mas isso ainda não rolou. Talvez até o fim do último ano eu consiga.
Mais ou menos na metade do caminho, desacelero o passo para uma caminhada e tento
acalmar a minha respiração. Eu deveria ter trazido uma garrafa de água. Está tão quente
que meus pulmões estão queimando, e minha boca está super seca.
Quando estou prestes a começar a correr novamente, uma mão me dá um tapinha no
ombro, quase me fazendo pular.
Tiro meus fones de ouvido e me viro, dando de cara com o Mason, que me olha com uma
cara de quem está se divertindo.
“Que legal te encontrar aqui, princesa.” Ele sorri. Seu cabelo está pingando suor e ele
está só de shorts.
“Você tá me perseguindo?,” pergunto e começo a andar novamente.
“Talvez.” Ele ri, caminhando ao meu lado.
“Eu tava pensando que poderíamos escalar a torre da caixa d’água hoje à noite,” ele diz
casualmente.
“É?,” pergunto, sentindo um sorriso tomar conta do meu rosto.
“E podemos anotar tudo o que você quer fazer.” Ele sorri, e eu o pego olhando para as
minhas pernas.
“Você vem aqui sempre?,” pergunto enquanto passamos por uma família.
“Todos os dias.” Ele suspira, triste. “E você?,” ele pergunta, estendendo a mão para me
ajudar a me firmar enquanto contornamos uma garotinha segurando uma Barbie.
“A cada dois dias. Eu tava tentando correr a trilha toda de uma vez até o começo das
aulas,” eu digo antes de conseguir me conter.
“Ainda dá tempo,” ele diz, soltando a minha mão.
“Não, não tem mais como.” Eu rio.
“Venha às 6 horas, não tem ninguém aqui.”
“6 da manhã? Nas férias de verão?” Eu bufo.
“Não é tão ruim assim.” Ele ri enquanto fazemos a última curva da trilha. “Quem chegar
por último é a mulher do padre!,” ele grita antes de sair correndo.
“Não é justo!,” eu grito de volta e começo a correr. Eu dou o meu máximo para
alcançá-lo, mas ele entra no estacionamento a alguns metros de distância antes de mim.
“Você roubou,” eu ofego, tentando recuperar o fôlego.
“Você é rápida,” ele diz, respirando fundo e rápido. “Eu ia pegar leve com você, mas
merda, princesa…” Ele balança a cabeça.
***
Às nove da noite do mesmo dia, estou olhando pela janela da minha sala de estar e
esperando o Mason chegar. No segundo em que vejo o farol do carro dele, corro para
fora e vou direto para o banco do passageiro.
“Ei!” exclamo alegremente.
“Alguém tá animada,” ele ri enquanto coloco o cinto de segurança.
“Tô mesmo,” sorrio amplamente.
“Pra onde você disse pros seus pais que iria?,” ele pergunta, limpando a garganta.
“Pra lugar nenhum. O meu pai viaja muito a trabalho e a mamãe vai com ele,” explico.
“Deve ser uma droga,” ele comenta e finalmente começa a dar marcha ré para sair da
garagem.
“Sim,” suspiro. “Mas eu consigo dar festas sempre que me dá na telha,” acrescento com
um sorriso. “Onde você disse aos seus pais que iria?”
“Só disse que eu tava saindo,” ele murmura antes de cairmos em um silêncio
confortável.
“Isso é ilegal?,” pergunto enquanto o Mason para no campo ao redor da torre.
“Tipo, tecnicamente, sim,” ele diz enquanto saímos do carro. “Você não vai ficar com
medo, vai?,” ele pergunta quando eu paro, olhando para a escada.
“Não,” eu digo, mordendo o meu lábio.
“Vamos lá então,” ele encoraja.
Eu agarro o degrau inferior e começo a me puxar para cima. Quando chego ao topo, olho
para baixo para ver o quão longe o Mason está e fico surpresa quando o vejo bem atrás
de mim.
“Uau,” eu digo, olhando a vista. Dá para ver a cidade inteira daqui de cima.
“Loucura, né?” o Mason diz, sentando e deslizando as pernas pelo corrimão. “É tão
quieto aqui em cima,” eu sussurro. Não consigo ouvir nenhum carro ou pessoas. Só
consigo ouvir a nossa respiração e os grilos.
“Então, me diga, princesa, o que mais o seu ex-namorado maluco não deixou você
fazer?” ele pergunta, segurando o telefone nas mãos. Ele parece querer dizer mais
alguma coisa, mas fica quieto.
“Fumar maconha,” eu digo abruptamente e então coro.
“Fumar maconha,” ele repete enquanto digita no aplicativo de notas do seu telefone.
“Próximo,” ele diz, olhando para mim.
“Fazer um piercing no nariz.”
“Eu não vou fazer um piercing no nariz!,” seus olhos se arregalam.
“Você não precisa fazer,” eu rio, imaginando-o com um piercing.
“Mas eu vou com você,” ele diz, acrescentando o item à lista.
“Eu sempre quis experimentar aquele bife de 2 quilos que vende no centro da cidade,”
murmuro.
“Comer um bife gigante,” ele sorri.
“Beber uma garrafa inteira de vinho direto da garrafa.”
“Beber vinho da garrafa,” ele repete.
“Sair da equipe de líderes de torcida,” eu sussurro, e ele levanta uma sobrancelha
questionadora, mas não diz nada enquanto digita.
“É isso,” eu digo, olhando por cima do ombro dele para as anotações. “Adiciona a coisa
da cachoeira também,” eu digo a ele, que obedece. “Por que você tá fazendo isso por
mim?” Eu não posso deixar de perguntar.
“Pra me distrair,” ele responde, olhando para as luzes da cidade.
“De quê?” eu sussurro.
Um olhar de dor cruza seu rosto enquanto ele fecha os olhos. “Meu irmão morreu no
mês passado,” ele sussurra.
“Eu sinto muito,” eu sussurro.
“Não é sua culpa,” ele murmura, abrindo os olhos. Mesmo que esteja escuro, posso ver
lágrimas brotando em seus olhos.
“Fico feliz em ser a sua distração,” digo, colocando a minha cabeça em seu ombro.
“Obrigado, princesa,” ele sussurra de volta, colocando a cabeça dele em cima da minha.
“Você realmente vai sair da equipe de líderes de torcida?” ele pergunta, limpando a
garganta.
“Tá na lista, então eu tenho que fazer,” brinco. “Mas sim, eu odeio.” Suspiro.
“Você teve notícias do Kingsley?” o Mason pergunta, levantando a cabeça.
“Ele mandou mensagem algumas vezes querendo se explicar,” eu respondo, levantando
a minha cabeça também. “Eu tô ignorando,” acrescento, observando as luzes.
“Você tá nervosa pra volta às aulas?” ele pergunta calmamente.
“Mais ou menos. E você?” Eu suspiro. As pessoas vão fofocar sobre mim e o Olly, e se eu
sair da equipe de líderes de torcida, vai ser pior.”
“Sim. Vi algumas pessoas por aí e elas me deram um olhar de, sei lá, pena. O que me
deixa puto. E pessoas com quem nunca falei vieram dizer que sentem muito pelo meu
irmão.”
Ele franze a testa. “Não acho que tenho paciência pra lidar com esse povo,” ele
acrescenta, balançando a cabeça.
“E seus amigos?,” pergunto. Não consigo nem imaginar o que ele está passando.
“Eles estão tentando me tratar do jeito de sempre, mas é como se estivessem com muito
medo de fazer piadas perto de mim.”
“E você lá tem senso de humor?,” eu suspiro, colocando a minha mão no peito.
“Muito engraçado, princesa,” ele diz, sem expressão, antes de um sorriso divertido
surgir em seu rosto.
Dois por um
LILY
“Por que estamos indo até Stokes Junction?,” pergunto ao Mason enquanto ele dirige
seu carro até a cidade menor, uma hora depois de me fazer correr novamente.
“Imaginei que você não gostaria de ser vista no shopping comigo,” ele murmura,
segurando o volante com força.
“Certo. Inimigos,” murmuro, cutucando a bainha do meu vestido.
“Então, de que lado você vai fazer?,” ele pergunta, mudando de assunto.
“Estou pensando no lado direito,” respondo, abaixando o para-sol e olhando para o meu
nariz no espelho. “Ainda acho que você deveria fazer um também,” provoco, colocando o
para-sol de volta no lugar.
“Claro que não.” Ele balança a cabeça.
“Vai fazer você parecer durão.” Eu rio enquanto ele franze o rosto.
“Vai me fazer parecer um otário. Eu não ficaria bem com um piercing.” Ele ri.
“Hmm, acho que você tá certo.” Eu rio.
“Você tá pronta?” o Mason pergunta enquanto andamos pelo shopping.
“Demais!” exclamo animada ao avistar o estúdio que estávamos procurando.
Ao entrarmos, tento diminuir o meu entusiasmo, mas quando vejo uma pequena placa
no balcão, ele volta com tudo. Cutuco o Mason e aponto para a placa.
“Piercings: dois por um”
“Nem a pau.” Ele ri, balançando a cabeça.
“O que posso fazer por vocês?” Um homem grande, careca, com muitas tatuagens e
piercings pergunta, de trás do balcão.
“Posso, por favor, fazer um piercing no meu nariz?,” pergunto. “E outro no mamilo,”
acrescento. Pelo canto do olho, vejo a cabeça do Mason se virar para mim.
“Claro. Preencha isso aqui.” O homem sorri, olhando entre nós.
Eu preencho rapidamente o papel e o devolvo ao homem, que o examina e acena.
“Tudo bem, vamos, Lily.” Ele sorri, gesticulando para o fundo da loja.
“Ele pode vir junto, por favor? Pra segurar a minha mão?,” pergunto, apontando para o
Mason.
“Com certeza,” ele concorda, ainda sorrindo.
Sento em uma maca enquanto o homem limpa o meu nariz e faz um ponto com
marcador. “Esse lugar tá bom?,” ele pergunta, me passando um espelhinho.
“Adorei,” confirmo.
“Você quer argola ou só a pedrinha?,” ele pergunta, apontando para a mesa ao lado.
“Hum,” eu digo, sem ter certeza. Eu achava que tinha que ser uma pedrinha na primeira
vez, mas sempre gostei mais da aparência das argolas. “O que você acha?,” pergunto ao
Mason, mordendo meu lábio.
“Você que sabe. O nariz é seu,” ele sorri, parecendo nervoso.
“Argola,” digo, tomando uma decisão.
Enquanto o homem se posiciona, o Mason fica ao meu lado.
“Respira fundo,” diz ele, e eu agarro a mão do Mason e a aperto enquanto a agulha
atravessa minha pele.
Meu nariz está ardendo e meu olho direito começa a lacrimejar.
“Pronto.” O homem sorri, recuando e me entregando o espelho novamente.
“Eu amei!,” eu suspiro, espantada como um pedaço de metal prateado fino mudou tanto
o meu rosto.
“Ficou ótimo, princesa,” o Mason sorri para mim.
“Você tem certeza?,” pergunta o homem, segurando outro pacote de agulhas.
“Sim,” eu concordo.
“Ok, de que lado?” ele pergunta.
“Esquerdo,” eu respondo. Depois que ele prepara todas as coisas e troca as luvas, eu
puxo meu vestido e sutiã para baixo, expondo meu seio esquerdo.
Olho para o Mason, que está olhando para a parede à nossa frente. “Mason,” sussurro.
Seus olhos vão rapidamente para os meus antes de descerem para o meu peito e
voltarem para o meu rosto. Estendo a minha mão para ele e ele a agarra, dando um
pequeno aperto.
Enquanto a agulha perfura a minha pele, curvo os dedos dos pés e aperto a sua mão.
“Pronto,” diz o homem, e eu olho para baixo.
“Que fofo,” sorrio. “O que você achou?,” pergunto ao Mason, olhando para ele. Ele mais
uma vez está olhando para a parede. “Você já me viu pelada — pode olhar pro meu
peito.” Rio.
“Ficou bom,” ele suspira, olhando para baixo apenas por um momento.
Olho para baixo mais uma vez, admirando meu novo piercing antes de colocar o sutiã e
o vestido de volta no lugar.
Nós três voltamos para a área principal, onde pago o homem.
“Sabe, a maioria dos namorados passa o tempo todo me olhando de cara feia quando eu
furo os mamilos das namoradas deles,” o homem me diz baixinho. “Ele só fez cara feia
uma vez…” Ele ri, entregando o recibo.
“Obrigada,” eu sorrio.
“Peguem leve nas próximas semanas!,” ele grita atrás de nós, e nós dois coramos.
“Você tá com fome?” o Mason pergunta enquanto saímos da loja.
“Morrendo,” concordo, esfregando a minha barriga.
“McDonald’s?,” ele pergunta, apontando para a praça de alimentação.
“Sim!” Eu concordo. Não consigo lembrar da última vez que comi no McDonald’s. Todos
os meus amigos odeiam.
O Mason insiste em pagar pelo nosso almoço, que comemos sentados em uma das
mesas.
“Você quer vir pra minha casa?” ele pergunta, do nada.
“Sua casa?,” pergunto, e ele assente.
“Sabe, já que a sua amiga tá planejando uma intervenção.” Ele ri, mas fica vermelho.
“Se você não se importar…,” digo, mordendo meu lábio.
“De jeito nenhum.” Ele sorri.
Mason e eu decidimos dar uma volta no shopping antes de voltar.
“Por que no mamilo?,” ele pergunta enquanto caminhamos lado a lado, com nossos
ombros batendo de vez em quando.
“Bom, eu já tenho um no umbigo, na língua parece que vai doer muito, então só me
sobrou o mamilo,” explico enquanto esbarro nele novamente.
“Deve ter doído muito.” Ele estremece.
“Não foi tão ruim assim.” Eu digo, agarrando a sua mão e entrelaçando nossos dedos.
“Obrigada por vir comigo.” Eu aperto sua mão pela terceira vez hoje.
Eu tinha planejado soltar, mas não solto. Gosto da sensação da mão dele na minha.
“Sempre que quiser, Lily,” ele responde, apertando a minha mão e não a soltando
também.
Andamos um pouco mais antes de voltar para o carro dele.
“As coisas vão mudar quando voltarmos pras nossas escolas?,” pergunto quando
estamos na metade do caminho para casa.
“Nós nunca mais vamos conversar quando o verão acabar?” Continuo quando ele não
responde.
“Não sei, princesa.” Ele suspira.
“Eu gosto de sair com você,” eu deixo escapar. “Eu me diverti muito nesses últimos três
dias,” eu explico.
“Eu também,” ele concorda, calmamente. “Nós vamos ter que esperar pra ver, eu acho,”
ele murmura, não me dando a resposta que eu queria ouvir.
Quando paramos em frente à casa dele, Mason desliga o motor e nenhum de nós se
move. Olho para a casa dele, que é bem parecida com a minha. Os pais dele também
devem ser ricos.
“Pronta pra riscar mais uma coisa da sua lista?,” ele pergunta, soltando o cinto de
segurança.
“Qual delas?,” pergunto, soltando o meu cinto também.
“Beber uma garrafa de vinho.” Ele sorri, saindo do carro.
“Minha mãe tem um monte de vinhos e não vai notar se algumas garrafas sumirem,” ele
diz enquanto empurra a porta da frente. “Você prefere branco ou tinto?,” ele pergunta,
entrando na cozinha.
“Branco.”
Ele abre a geladeira e pega duas garrafas antes de fechá-la. “Meu quarto é lá em cima,”
ele diz, acenando para o corredor de onde acabamos de sair.
O quarto do Mason é bem o que eu esperava. Cama desarrumada, uma escrivaninha
bagunçada, uma TV na parede com um Xbox embaixo, roupas espalhadas.
É praticamente a minha versão masculina.
“Saúde, princesa.” Ele sorri, batendo a sua garrafa contra a minha.
“Saúde.” Sorrio antes de tomar o primeiro gole. “Esse é um vinho caro!,” suspiro,
olhando para a garrafa.
“Todos têm gosto de merda,” ele diz com uma cara de desgosto.
“Você não gosta de vinho?” pergunto, sentando na cama dele.
“Odeio,” ele diz, sentando ao meu lado e pegando seu controle do Xbox.
Observo enquanto ele aperta os botões e abre o YouTube, colocando uma música.
“Vamos jogar um jogo,” ele diz, encostando na cabeceira da cama.
“Que tipo de jogo?,” pergunto, virando para sentar em frente a ele e cruzando as pernas.
“Vinte perguntas? Só que você tem que beber toda vez que fizer ou responder uma
pergunta,” ele sugere, e eu rio. “Então, nós só fazemos perguntas e bebemos.”
“Basicamente. Todo mundo sai ganhando.” Ele sorri.
“Você começa,” eu concordo.
“Quando você começou a namorar o Kingsley?” ele pergunta e toma um gole.
“No verão, entre o primeiro e o segundo ano,” respondo antes de beber.
“Você tem namorada?,” pergunto.
“Não.” Ele bufa, revirando os olhos.
“Por que não?,” pergunto.
“Não é a sua vez.” Ele sorri. “Se você pudesse ir a qualquer lugar do mundo, pra onde
iria?”
“Roma,” respondo instantaneamente.
“Por que você não tem namorada?,” pergunto.
“Porque eu ainda não conheci uma garota com quem eu queira estar…” Ele dá de
ombros. “Emocionalmente,” ele acrescenta.
Trocamos perguntas mais básicas, chegando à metade das garrafas antes que as coisas
fiquem sérias.
“Você amava ele?,” ele pergunta, me encarando.
“Eu nunca disse que amava. Houve um ponto em que pensei que sim…” eu sussurro.
“Ele realmente nunca te beijou em público?,” ele pergunta, colocando a sua garrafa na
mesa de cabeceira.
“Nunca.” Eu balanço a minha cabeça.
“E nunca chupou você?,” ele pergunta gentilmente, tirando a garrafa das minhas mãos.
“Não,” eu exalo.
“Nunca deixou você ficar por cima?” ele pergunta.
“Não,” sussurro enquanto Mason se inclina um pouco para a frente.
“Se você fosse a minha namorada, eu te beijaria em todas as oportunidades que tivesse,”
ele suspira.
“Eu te chuparia sempre que você quisesse, e deixaria você fazer o que quisesse,” ele
sussurra, se aproximando.
“Mason,” digo sem fôlego, fechando os olhos.
“Me pede pra parar, princesa, e eu paro,” ele sussurra, com a sua respiração batendo no
meu rosto.
“Não quero que você pare,” sussurro, sentindo a sua mão tocar na minha bochecha
suavemente.
“Lily,” ele sussurra, roçando no meu nariz. “Eu provavelmente não vou conseguir ficar
só no beijo.”
Nossos lábios roçam.
“Então, segue em frente,” digo, abrindo os olhos para olhá-lo.
O Mason se afasta um pouco, fixando nossos olhos por um momento antes de seus
lábios tocarem os meus.
Seus lábios macios se movem suavemente contra os meus no começo, mas quando
enrosco minhas mãos em seus cabelos, o beijo se torna mais desesperado.
Suas mãos se movem para os meus quadris, me puxando para sentar em seu colo, meus
quadris automaticamente esfregam no pau dele.
“Porra,” ele geme contra os meus lábios.
Eu esfrego meus quadris novamente enquanto suas mãos começam a explorar o meu
corpo, descendo para a minha bunda, depois subindo pelas minhas costas e cintura e até
meus seios.
“Ei, Mason, a mamãe quer… Ahh!” uma voz feminina diz e então grita.
Os braços do Mason envolvem o meu corpo, me puxando para ele, e eu enterro a minha
cabeça em seu ombro.
“O quê?” ele pergunta bruscamente.
“Meu Deus,” sussurra a garota.
“Vai se foder, Tayla,” ele resmunga.
“Ok, vou dizer pra mamãe que você não tá com fome,” ela diz e a porta se fecha.
“Meu Deus,” eu gemo, saindo do seu colo e sentando ao lado dele. “Por favor, me diga
que não era uma das suas irmãs.” Eu posso sentir o meu rosto inteiro queimando.
“Era,” ele suspira, jogando a cabeça para trás. “Não era pra ninguém estar em casa hoje
à noite,” ele murmura.
“Pelo menos ainda estávamos vestidos,” eu rio, pegando a minha garrafa de vinho.
“É. Que sorte…” ele murmura, revirando os olhos antes de se inclinar sobre mim e pegar
a outra garrafa. “Bebe,” ele diz, batendo as nossas garrafas novamente.
Acordo na manhã seguinte com dor de cabeça e a boca seca. Estou aninhada no peito de
Mason, com a perna jogada sobre seus quadris, seu braço está frouxamente pendurado
sobre os meus ombros.
“Bom dia, princesa.” Sua voz ressoa debaixo de mim.
“Bom dia,” murmuro, rolando de costas.
“Nossa, que ressaca,” Mason geme.
“Nem me fale,” concordo. Por que pensei que beber uma garrafa inteira de vinho seria
uma boa ideia? “Temos que correr hoje?,” resmungo enquanto ele sai da cama.
“Hoje não.” Ele balança a cabeça, pegando algumas roupas. “Mas nós vamos correr
amanhã,” ele acrescenta com um sorriso antes de sair do quarto.
Doces roubados
LILY
Eu pensei que esse verão seria o melhor verão da minha vida… até que peguei o Olly me
traindo. Foi tão absurdo que nem parecia real.
Então, conheci o Mason.
Essas últimas três semanas, sim, foram o melhor verão da minha vida. Toda manhã, o
Mason vem aqui, me acorda e saímos para correr.
Durante o dia, ficamos na minha casa nadando na piscina. À noite, ele geralmente vai
para a casa dele depois do jantar para ver as suas irmãs.
É quando tento fazer com que o Harry ou a Ava venham me ver. O Harry já veio algumas
vezes, mas ele tem passado muito tempo com o Jonah, e não vejo a Ava desde aquele dia
em que fomos tomar sorvete.
Aparentemente, ela conheceu um carinha que estuda na Christ’s College, numa loja de
skate, e está tentando fazer com que ele se apaixone por ela.
Hoje é o primeiro dia em que estou de pé e pronta, esperando o Mason chegar. E hoje é
o dia em que finalmente vou correr a trilha inteira sem parar.
Exatamente às 5:45 da manhã, Mason chega e corre escada acima. Espero até que ele
esteja prestes a bater na porta antes de abri-la, dando um susto nele.
“Caraca, me assustar assim não é legal, princesa,” ele finge me repreender, com a mão
no peito.
“Quem disse que eu sou legal?” Eu rio.
“Verdade.” Ele ri enquanto seguimos para o carro dele. “Por que você acordou tão
cedo?” O Mason pergunta assim que começa a nossa curta viagem.
“Porque hoje eu não vou parar,” afirmo confiante.
“Você já aguentaria ir direto há duas semanas,” ele responde, e eu lanço um olhar
furioso.
Toda vez que eu parava, ele dizia: “Você não precisava parar, princesa,” ou “Vamos lá,
você consegue,” ou a frase favorita dele: “Eu não acho que você realmente queira parar,
princesa”.
“Não, eu teria morrido.” Suspiro dramaticamente enquanto ele entra no
estacionamento.
“Claro, continua dizendo isso pra você mesma.” Ele ri.
“Só fica observando,” eu digo.
Mason e eu corremos juntos em silêncio até chegarmos à parte em que eu normalmente
começo a reclamar e paro. Para ser justa, eu quero parar, mas não vou.
“Tem certeza?” Ele sorri, acelerando um pouco o ritmo.
“Eu consigo.” Eu bufo, forçando o meu corpo a continuar.
Conforme nos aproximamos do fim, olho para o Mason, que também está começando a
parecer cansado. “Quem chegar por último é a mulher do padre!” Eu sorrio antes de sair
correndo, como ele faz comigo todos os dias.
“O quê?” Eu o ouço gritar atrás de mim.
Quando estou prestes a acabar a trilha, braços envolvem o meu estômago, me
levantando do chão e me girando.
“Me coloca no chão.” Eu rio enquanto ele continua me girando.
“Você roubou.” O Mason bufa enquanto me coloca de pé novamente. No segundo em
que seus braços soltam o meu corpo, eu imediatamente sinto falta deles e os quero de
volta.
“Você roubou todos os dias no último mês,” eu retruco.
“Eu nunca faria isso,” ele suspira, olhando para mim ofendido, me fazendo rir ainda
mais.
“Você já fez quase tudo da sua lista,” ele diz enquanto caminhamos lentamente de volta
para o carro.
“Quase,” sorrio orgulhosamente. Nunca em um milhão de anos pensei que estaria
completando uma lista de desejos com o Mason Cooper, e pior, adorando.
“Minhas irmãs vão ficar fora de casa o dia todo e à noite também,” ele comenta
casualmente enquanto nos leva de volta para a minha casa.
“Você tá me convidando pra uma festa do pijama?” Eu suspiro, fazendo-o revirar os
olhos.
“Meu Deus, por favor, vem dormir comigo,” ele diz com sua melhor voz de adolescente,
até mesmo piscando os cílios.
“Tudo bem, você me convenceu,” eu rio.
“Você quer que eu venha te buscar depois que eu deixar as minhas irmãs?” o Mason
pergunta enquanto ele entra na minha garagem.
“Só me manda uma mensagem. Eu posso ir a pé,” digo.
“Você que sabe…” ele diz lentamente.
“Claro,” eu rio, revirando os olhos antes de sair do carro e subir correndo as escadas.
Vou direto para o chuveiro e troco de roupa antes de descer para fazer uma torrada.
Assim que termino de comer, meu telefone toca.
O rosto da minha mãe aparece na tela.
“Ei, mãe!” Eu sorrio, sentando no balcão da cozinha.
“Oi, Lily,” ela cumprimenta. “Estamos indo embora agora.”
“Vocês vão chegar em casa hoje?,” pergunto, me sentindo triste por não poder passar o
dia com Mason.
“Não. Só vamos chegar no domingo. Provavelmente na hora do almoço, se o trânsito não
estiver muito ruim,” ela diz, e eu fico aliviada.
Não me entenda mal, estou ansiosa para ver os meus pais, mas quero passar os últimos
dois dias do verão com o Mason.
“Ah, ok,” eu respondo, tentando parecer triste.
“Vou indo…. Nos vemos no domingo.”
“Tchau, mãe, eu te amo,” eu digo, esperando que ela diga “eu te amo” de volta, mas ela
não diz. Ela simplesmente desliga.
Antes que eu perceba, estou chorando muito, sentada sozinha no balcão da cozinha.
Choro mais um pouco antes de decidir que já era o suficiente e que eu preciso parar de
agir como uma criança que quer que sua mãe diga “eu te amo”.
Pulo do balcão e volto para o banheiro, para limpar o meu rosto. Meus olhos estão
vermelhos e molhados. O resto do meu rosto ficou com um tom rosa esquisito.
Depois de ter certeza de que estou com uma aparência semi-decente, verifico o meu
telefone e vejo que o Mason enviou uma mensagem.
M
Estou deixando as minhas irmãs… tem certeza que não quer uma carona?
Sorrio e reviro os olhos enquanto leio a mensagem.
Eu
Tudo bem, você pode vir me pegar 😜
Subo rapidamente as escadas para o meu quarto, pego uma pequena bolsa e jogo meu
telefone, carteira e chaves lá dentro antes de sentar na varanda, esperando pela minha
carona.
No segundo em que vejo seu carro preto virar a esquina, desço correndo os quatro
degraus até a garagem e, quando ele entra, abro a porta do passageiro e entro direto.
“Alguém tá ansiosa,” o Mason ri enquanto coloco o meu cinto.
“O que posso dizer? Tô animada pra festa do pijama,” sorrio.
Secretamente, espero que se repita o que aconteceu da última vez que fiquei lá, só que
sem interrupções.
Nenhum de nós mencionou o beijo, por mais que eu tenha adorado. Mas com o passar
do tempo, eu me senti muito estranha e envergonhada também.
“Roubei o estoque de doces da Tayla,” o Mason sorri enquanto entra na garagem.
“Você é malvado,” eu rio.
“Ah, ela vai superar,” ele ignora, destrancando a porta da frente.
“O que vamos fazer hoje?,” pergunto.
“Vou te mostrar,” ele diz, apontando para as escadas.
Sigo o Mason escada acima até seu quarto, onde jogo a minha bolsa na mesa de
cabeceira e sento na cama enquanto ele vasculha o seu armário.
“Pronto,” ele sorri, revelando um bong azul entre as suas mãos.
“Vamos ficar chapados?,” pergunto com as sobrancelhas levantadas.
“Sim. E vamos comer todos os doces da Tayla,” ele sorri, sentando na cama ao meu lado
e abrindo a gaveta da mesa de cabeceira.
“Você quer tragar primeiro?,” ele pergunta enquanto coloca a erva no pequeno círculo
prateado.
“Pode começar,” balanço a cabeça, querendo ver como ele faz.
Ele pega uma garrafa de água da mesa de cabeceira e enche o fundo do bong até a
metade. Então o Mason levanta da cama e fica de pé perto da janela aberta.
Observo atentamente enquanto ele acende o isqueiro e queima a erva enquanto traga a
fumaça.
Depois de soprar a fumaça pela janela, ele me oferece o bong.
Eu lentamente vou até ele, esperando não me envergonhar. Repito exatamente o que ele
fez e acabo tossindo um pouco — não tanto quanto eu tossi com o baseado.
“Quer assistir Aladdin?” o Mason pergunta, pegando o bong de volta e colocando-o no
parapeito da janela.
“Acho que você tem um amor secreto pelos filmes da Disney,” eu rio, me jogando de
volta na cama.
“A Disney é o máximo,” ele ri, sentando ao meu lado e abrindo a gaveta novamente.
Eu observo com a boca aberta enquanto ele tira vários pacotes de doces. Deve haver pelo
menos vinte tipos diferentes entre nós.
“Não tem como comermos tudo isso!,” exclamo, pegando um pacote de Sneakers.
“Temos que comer tudo,” ele afirma, e eu dou um olhar questionador. “É questão de
vingança,” ele meio que explica.
“Você vai explicar?,” pergunto, abrindo o pacote do chocolate.
“Não.” O Mason sorri largamente. “Você tem irmãos?,” ele pergunta, encostando na
cabeceira da cama.
“Sou filha única.” Balanço a cabeça.
Quando era criança, eu sempre quis ter um irmão ou irmã mais novo. Agora estou feliz
por não ter. Com a mamãe e o papai viajando, eu provavelmente ficaria presa, cuidando
deles.
“É estranho porque eu amo minhas irmãs, mas ao mesmo tempo odeio.” Ele ri,
assistindo à TV.
O Mason e eu assistimos filmes o dia todo e até tarde da noite, quando pedimos pizza e
acabamos com o estoque de doces da irmã dele com bastante facilidade.
Acabamos de assistir a um filme de terror quando ele se vira para ficar de frente para
mim.
“Ei, Lily?” ele murmura enquanto os créditos do filme começam a passar.
“Sim?” Eu sussurro, virando de lado para olhar para ele.
“Eu acho você muito bonita,” ele sussurra, fixando nossos olhos o máximo possível,
através do quarto escuro.
“Eu também acho você muito bonito,” sussurro de volta, feliz por estar escuro e ele não
poder me ver corando.
“Lindo,” ele corrige dando uma risada. “Se eu te beijasse agora, você me rejeitaria?” ele
pergunta humildemente.
“Não,” eu sussurro, movendo o meu corpo um pouco mais perto do dele.
“Eu gosto mesmo de você,” o Mason sussurra tão baixo que quase não o ouço antes que
seus lábios sejam suavemente pressionados contra os meus.
Eu o beijo gentilmente de volta, envolvendo os meus dedos ao redor dos cabelos da
parte inferior do seu pescoço.
Seu braço envolve os meus quadris, me puxando contra seu corpo. A língua de Mason
traça gentilmente o meu lábio inferior, e eu imediatamente abro a minha boca.
Nossas línguas roçam uma na outra lentamente, sem que nenhum de nós acelere o
processo.
Lentamente, deslizo as pontas dos meus dedos pelo pescoço do Mason até a gola da
camisa, fazendo todo o seu corpo tremer e se afastar de mim.
“Vamos dormir,” ele murmura, rolando de costas.
“Ok. Boa noite,” eu sussurro, rolando de costas também.
Franzo a testa levemente, olhando para o teto, me perguntando por que ele se afastou de
mim. Será que eu beijo mal? Foi por isso que o Oliver me traiu?
A cachoeira e o bife
LILY
“Meus pais vão voltar amanhã,” digo ao Mason enquanto estamos deitados juntos em
sua cama, na manhã seguinte.
“Esse é o nosso último dia juntos, então,” ele murmura, levantando.
“Acho que sim.” Suspiro, desejando que o verão tivesse mais duas semanas. “O que
vamos fazer hoje?,” pergunto.
“Pensei que poderíamos ir até a cachoeira e depois comer aquele bife. Sabe, marcar as
duas últimas coisas da lista,” ele diz, tirando a camisa e colocando outra limpa.
“Ok,” concordo, observando-o trocar de bermuda.
“Vamos passar na sua casa antes de ir, pra você se trocar,” ele murmura, sem olhar para
mim.
“Você tá bem?,” pergunto, levantando e caminhando até ele.
“Só tô cansado.” Ele suspira, olhando para mim. “Desculpa por ontem à noite. Deve ter
sido a erva,” ele murmura, coçando a parte de trás da cabeça.
“Ah,” murmuro, me sentindo meio triste. “Entendi,” digo, dando a ele um pequeno
sorriso falso.
“Você tá com fome?,” ele pergunta, se afastando de mim e abrindo a porta do quarto.
“Não. Tô bem,” eu sussurro, pegando a minha bolsa. “Vou a pé pra casa e me troco,” eu
digo enquanto saímos do quarto dele.
“Tem certeza?,” ele pergunta, franzindo a testa para mim.
“Sim, você pode tomar café da manhã com calma. Até mais tarde,” eu digo, indo em
direção à porta da frente. “Me manda uma mensagem,” eu digo, engolindo em seco
antes de sair.
Durante todo o caminho para casa, luto contra as lágrimas. Quão idiota eu pude ser?
Pensar que o Mason Cooper poderia realmente se sentir atraído por mim. Por que ele se
sentiria?
Porra, o meu namorado me traiu com a minha melhor amiga; meus pais nunca querem
ficar perto de mim… Deve haver algo de errado comigo, mas não sei o quê.
Assim que entro, bato a porta e subo as escadas pisando forte. Arranco as minhas
roupas e abro a minha gaveta bruscamente, procurando um biquíni.
Por que isso importa? Não é como se o Mason fosse olhar para mim. Eu poderia estar
pelada na frente dele e ele não ligaria.
Coloco um biquíni preto simples e pego uma regata e shorts de academia para usar por
cima. Continuo pisando forte pelo meu quarto, pensando no que mais preciso levar, mas
não tenho ideia.
Bufo e me jogo na cama, pegando o meu telefone.
A Ava mandou umas cinquenta mensagens perguntando onde eu estava, o que eu estava
fazendo, quando eu voltaria para casa, porque o cara da Christ College tem um amigo
que quer me conhecer.
O Harry me mandou mensagem dizendo que tinha outro encontro hoje à noite, então
respondi dizendo que queria todos os detalhes.
Fico olhando para o meu telefone esperando a mamãe ou o Mason enviarem uma
mensagem, mas nenhum deles envia.
Quando alguém bate na porta, meu estômago começa a dar voltas nervosas.
“Ei, princesa.” O Mason sorri para mim. “Você tá pronta?” ele pergunta, e eu aceno,
trancando a porta atrás de mim.
“Você tá bem?,” ele pergunta enquanto entramos no carro.
“Sim… Só tô cansada,” eu respondo brevemente, repetindo as palavras dele.
Mason dirige por vinte minutos, ficamos em silêncio, e então ele para em um
estacionamento na floresta. “É uma caminhadinha…,” ele explica enquanto saímos do
carro e ele pega uma mochila.
Concordo com a cabeça e começamos a andar, ainda sem dizer nada.
“Como você encontrou esse lugar?,” pergunto depois de caminharmos por vinte
minutos, finalmente quebrando o silêncio.
“Meu irmão me trouxe aqui uma vez,” ele responde calmamente.
Levamos mais uma hora até chegarmos à cachoeira.
É absolutamente linda. Árvores nos rodeiam, uma grande cachoeira está bem na nossa
fronte, cercada por enormes rochas cinza-escuras.
“Que lindo,” sussurro, olhando ao redor.
“É,” o Mason concorda, tirando a mochila do corpo e jogando-a no chão.
“Como chegamos lá em cima?,” pergunto, olhando para o topo da cachoeira.
“Tem uma trilha ali. É só mais 500 metros,” ele responde, puxando a camisa sobre a
cabeça para revelar o seu corpo perfeitamente tonificado e musculoso.
“Você tá de biquíni?,” ele pergunta, tirando os sapatos.
“Sim.” Eu expiro, balançando a cabeça enquanto me repreendo mentalmente.
Ele não gosta de você, Lily! Para de encarar o corpo dele!
Tiro rapidamente os meus sapatos e roupas, deixando-os ao lado dos dele.
Quando chegamos no topo da cachoeira, olho para baixo e dou uma leve surtada.
Estamos tão alto!
“Acho que tenho medo de altura.” Engulo em seco.
“Você pode voltar, se quiser,” o Mason diz, e eu balanço a cabeça.
Eu agarro a sua mão e aperto. “Só não solta, ok? Se eu morrer, você também morre,” eu
digo, e ele estremece.
“Não vamos morrer tão cedo, princesa,” ele murmura, apertando a minha mão de volta.
“Três, dois, um.” Ele faz a contagem regressiva antes de voarmos pelo ar.
Parece que estou caindo por dez minutos, mas na realidade são provavelmente apenas
dez segundos. No segundo em que meu corpo atinge a água fria, solto a mão do Mason.
Eu nado até a superfície e vejo o Mason já de pé, com um sorriso enorme no rosto.
“Foi incrível!” exclamo, nadando até ele.
“Foi mesmo,” ele concorda, olhando para o topo de onde acabamos de pular. “Quer ir de
novo?,” ele pergunta com um sorriso de menino sapeca estampado no rosto.
“Sim!” Eu grito, nadando até a beirada do rio.
Pulamos mais duas vezes antes do Mason sugerir que devemos comer alguma coisa.
Seguimos até as pedras perto das nossas coisas, e ele tira quatro sanduíches da mochila.
“Você que fez?,” pergunto, dando uma mordida no sanduíche de presunto e queijo.
“Eu pedi pra Tayla fazer ontem.” Ele sorri.
“Quantos anos ela tem?,” pergunto.
“Quinze. A Gemma tem treze anos e é super esquisita.” Ele ri.
“E o seu irmão? Qual era o nome dele?,” pergunto cautelosamente.
“Callum,” ele responde calmamente. “Ele tinha acabado de fazer vinte e um anos antes
de morrer,” ele acrescenta, balançando a cabeça. “Ele era viciado em drogas…. Tava
injetando heroína, mas nem tentava esconder.”
A voz do Mason treme. “Ele ameaçou se matar algumas vezes. Ele saía do quarto com
uma agulha pendurada no braço, ameaçando injetar ar nas veias.”
“Eu tinha que brigar com ele e arrancar a seringa pra fora. A mamãe simplesmente
parou de se importar um dia. Ela simplesmente ia trabalhar, voltava pra casa e bebia. O
ex-marido dela se cansou e foi embora.”
Lágrimas se acumulam nos olhos do Mason, e eu me aproximo para segurar a sua mão.
“Ela trazia pra casa homens diferentes toda semana que gritavam comigo e com o
Callum. Então, uma noite, ele e a mamãe tiveram uma briga feia e ele saiu. Eu fui pra
cama.”
Sua voz falha e as lágrimas escorrem pelo seu rosto. “Eu levantei na manhã seguinte e
fui até o quarto dele e ele tinha se enforcado.”
Envolvo os meus braços em volta do Mason, puxando-o para mim, deixando-o soluçar
no meu ombro. “E ela tá agindo como se tivesse sido a melhor mãe do mundo, como se
tivesse feito de tudo pra ajudá-lo,” ele diz contra a minha pele.
“Sinto muito que você tenha passado por isso,” digo, acariciando a nuca dele enquanto
ele se agarra a mim.
“Não falo uma palavra com ela há duas semanas porque, se eu falar, vou chamá-la de
prostituta egoísta e bêbada,” ele murmura enquanto as suas lágrimas começam a parar.
“Eu não te culparia,” sussurro, enrolando a ponta do seu cabelo em volta do meu dedo.
“Ele me trouxe aqui um dia depois de uma briga feia com um dos namorados da mamãe.
Disse que era seu lugar favorito e que sempre quis pular do topo, mas não tinha
coragem,” ele diz, se afastando de mim.
“Dois dias depois, ele morreu,” ele murmura, olhando para a cachoeira.
“Mason,” eu sussurro, enxugando as minhas próprias lágrimas. “Eu não sei o que dizer,”
eu murmuro, desejando que eu soubesse. Eu queria poder tirar a dor dele.
“Você não precisa dizer nada, princesa,” ele sussurra.
***
“Não tem como comer tudo isso,” o Mason me diz, olhando para os dois bifes gigantes
que acabaram de ser colocados na nossa frente.
“Eu sei. Mas eu quero tentar,” eu digo, pegando a faca e o garfo.
“Aposto que consigo terminar o meu.” Ele sorri, sem nenhum traço do que aconteceu na
cachoeira em seu rosto.
“Eu só acredito vendo.” Eu rio.
Acontece que depois de tanto exercício — e choro — estamos morrendo de fome. Nós
dois estamos quase terminando os bifes. O Mason tem uma mordida restante, e eu
tenho talvez três.
“Estou tão cheia,” resmungo, encostando no assento e dando tapinhas na minha barriga
inchada.
“Você consegue, princesa.” O Mason suspira, encarando a sua última mordida. “Eu não
consigo mais. Vou explodir.”
Eu balanço a minha cabeça.
“Você tá quase lá…,” ele rebate. “Você consegue.”
Dou duas mordidas, deixando o último pedaço no garfo.
“Muito bem, princesa.” O Mason sorri, batendo seu pedaço de bife contra o meu antes
de mastigarmos e engolirmos.
“Puta merda, nós conseguimos!” exclamo alegremente.
“Que porra é essa?,” o garçom suspira, olhando para nossos pratos vazios. “Quer dizer,
bom trabalho.” Ele se corrige, balançando a cabeça. “Eu não tava esperando…” Ele ri,
levantando uma câmera.
“Digam xis!,” ele diz antes de tirar uma foto nossa. “Vai pra parede.” Ele acena atrás de
nós, mostrando uma centena de fotos em preto e branco enfileiradas de pessoas
sorrindo em frente a um prato vazio.
“Tenham uma boa noite.” Ele sorri enquanto se afasta.
“Não consigo me mexer.” Eu gemo, segurando o meu estômago. “Você tem que me
carregar até o carro,” eu brinco, mas quando o Mason se levanta, eu rapidamente pulo
da cadeira também.
“Preciso tirar um cochilo.” Ele suspira enquanto caminhamos para fora, sinto o ar fresco
me atingindo.
“Eu também,” concordo.
“Você quer ficar comigo hoje à noite?” o Mason pergunta, meio nervoso.
Eu deveria dizer não, mas antes que meu cérebro possa processar qualquer coisa, minha
boca diz: “Ok”.
O Mason começa a dirigir de volta para a cidade, em silêncio. Depois de dez minutos,
uma de suas mãos sai do volante e agarra a minha.
“Obrigado por hoje, Lily. Eu me diverti,” ele diz gentilmente.
“Eu também.” Eu sorrio. “Esse mês inteiro foi o melhor mês da minha vida,” eu digo a
ele.
“Tirando quando eu te beijei. Duas vezes,” ele murmura, mais para si mesmo do que
para mim.
“Não, eu também gostei,” eu sussurro. “Eu não quero parar de ser sua amiga,” eu
acrescento, apertando a dele mão enquanto ele entra na garagem.
“Eu também não.” Ele suspira, soltando a minha mão.
“Mas temos que parar, né?,” sussurro, sentindo lágrimas se acumularem nos meus
olhos.
“Provavelmente sim,” ele suspira.
“Só mais uma noite então,” eu sorrio, não deixando as lágrimas caírem.
“Mais uma noite,” ele sorri tristemente.
O Mason segura a minha mão firmemente enquanto entramos na casa dele e subimos as
escadas para o seu quarto. O tempo todo estou segurando o mais forte que posso,
desejando que ele nunca me solte.
“O que você quer fazer?” ele pergunta baixinho, soltando lentamente a minha mão.
“Vamos assistir a um filme?,” pergunto, tirando os sapatos.
“Sim,” ele concorda, subindo na cama e ligando o Netflix na TV.
“Mason,” sussurro antes de deixar as minhas lágrimas caírem.
“Vem aqui, princesa,” ele diz, estendendo os braços.
“Vou sentir saudade,” soluço em seu peito.
“Eu também,” ele concorda, beijando o topo da minha cabeça, o que me causa um frio
na minha barriga.
“Você tava falando sério naquela noite?” Eu fungo, me afastando para olhar para o rosto
dele, decidindo que preciso saber e não me importo se ele acha que sou uma idiota por
trazer isso à tona semanas depois.
“Que se eu fosse a sua namorada, você me chuparia sempre que tivesse a chance? Que
você…”
Os lábios do Mason pressionam rudemente os meus, me interrompendo. Eu o beijo de
volta com a mesma rapidez, envolvendo meus braços em volta de sua cabeça e o
puxando para mais perto.
Suas mãos agarram a minha bunda, me fazendo roçar em seu pau duro.
Seus lábios diminuem o ritmo, e ele segura as minhas bochechas enquanto lentamente
se afasta. “Você não tem ideia do que eu faria por você, Lily,” ele diz contra os meus
lábios antes de me beijar suavemente novamente.
“Me conta,” sussurro, fechando os olhos enquanto seus lábios começam a beijar o meu
pescoço.
“Lily,” ele geme no meu pescoço. “Se eu pudesse, eu te daria o mundo. O que você
quisesse, eu faria.” Suas mãos viajam pelas minhas coxas e voltam para a minha bunda.
“Eu faria amor com você todos os dias. Eu te beijaria na frente de todo mundo pra que
as pessoas soubessem que eu sou seu.” As mãos dele puxam a minha blusa para cima.
“Eu faria você gozar tão forte que você esqueceria que alguém já tocou em você antes,”
ele murmura, beijando o topo dos meus seios, me fazendo gemer e jogar a cabeça para
trás.
“Mason,” eu gemo seu nome e tiro a minha blusa e a parte de cima do biquíni.
“Eu não acho que você sabe quão linda você é, Lily.” Seus olhos escurecem de luxúria
antes de morder o meu mamilo. Ele levanta a cabeça para ir até o outro, mas em vez de
morder ele apenas beija ao redor.
Puxo a sua camisa, querendo tirá-la, e ele a arranca antes de colar os lábios aos meus.
O Mason agarra os meus quadris enquanto começo a movê-los contra ele e me joga na
cama, me pegando de surpresa.
Ele beija o meu corpo, parando apenas quando chega ao cós do meu shorts. Eu levanto
meus quadris, e ele os puxa junto com a parte de baixo do meu biquíni.
Quando ele começa a beijar a parte interna das minhas coxas, eu solto uma mistura de
suspiro e gemido. Meus quadris involuntariamente se movem em direção à boca dele,
quando ela começa a chupar o meu clitóris.
“Meu Deus,” eu gemo, prendendo meus dedos em seu cabelo enquanto ele começa a me
lamber e chupar. “Mason…,” eu gemo enquanto ele desliza um dedo dentro de mim.
Uma pressão desconhecida se acumula no meu estômago e, antes que eu perceba o que
está acontecendo, meu corpo inteiro está tremendo de euforia.
Enquanto o meu corpo para de tremer lentamente, o Mason beija meu corpo
novamente, parando nos meus lábios.
“Isso foi tão gostoso,” ele rosna enquanto eu respiro pesadamente embaixo dele.
Puxo seu rosto de volta para mim, atacando seus lábios com os meus enquanto minhas
mãos empurram a sua cintura, ele coloca o pau pra fora e nossos lábios nunca se
separam.
“Camisinha,” eu suspiro enquanto o sinto esfregando o pau contra a minha entradinha.
O Mason beija os meus lábios mais uma vez antes de se ajoelhar, abrir a mesa de
cabeceira e pegar um pacote de camisinha.
“Posso?,” pergunto, mordendo o lábio, nervosa.
“O que você quiser, princesa.” Ele sorri, colocando o pacote amassado na minha mão.
“Eu nunca fiz isso antes.” Eu coro enquanto me atrapalho levemente. Enquanto rolo a
camisinha pelo comprimento do pau dele, seus olhos se fecham e sua cabeça rola para
trás.
“Acho que não vou aguentar muito,” ele geme.
“Eu não me importo,” digo, enganchando as minhas pernas em volta dele e me
empurrando para mais perto.
Enquanto ele desliza o pau dentro de mim, nós dois soltamos gemidos. Ele é tão gostoso.
O Mason encosta a testa na minha enquanto começa a se mover lentamente para dentro
e para fora.
“Mason,” eu gemo, arranhando as suas costas.
Nossos lábios se encontram novamente, engolindo os gemidos um do outro enquanto
ele faz amor comigo.
“Eu vou gozar, Lily.” Ele respira fundo contra os meus lábios.
“Goza pra mim,” eu gemo, cravando os meus calcanhares em suas costas.
O corpo do Mason cai ao meu lado, e ele rapidamente tira a camisinha antes de me
puxar de volta para os seus braços, onde adormeço instantaneamente.
Escola
LILY
Acordo cedo na manhã seguinte, ainda nos braços do Mason. De alguma forma, consigo
me libertar sem acordá-lo e rapidamente encontro as minhas roupas.
Antes de sair, olho para ele uma última vez, sem saber quando o verei novamente. Dou
um beijo gentil em sua bochecha antes de sair do quarto e da casa dele — possivelmente,
da vida dele também.
Quando chego em casa, tomo um banho, troco de roupa e faço uma arrumação rápida
antes que a mamãe e o papai cheguem.
Espero o dia todo, mas eles nunca chegam. Às 22h, decido desistir e ir para a cama
quando ouço a porta da frente se abrir e a mamãe chamando o meu nome.
“Mãe!,” grito, correndo escada abaixo e me jogando em seus braços. “Eu não achei que
você fosse chegar,” digo, apertando-a com força.
“Eu não poderia perder o último primeiro dia de aula do meu bebê, poderia?” Ela ri, me
abraçando de volta.
“Senti saudades,” digo, querendo chorar e contar a ela tudo o que aconteceu nesse verão.
“Eu também senti, querida. Mas eu preciso de um banho, e você precisa dormir,” ela
ordena, me empurrando para longe.
“Oh. Bom, boa noite. Eu te amo.” Eu suspiro, mordendo o meu lábio, achando difícil
conter as lágrimas. “O pai não veio?” Eu pergunto, percebendo que ele não está aqui.
“Não. Ele não vai voltar tão cedo.” Ela suspira. “Eu ia te contar amanhã, mas é melhor
eu arrancar o Band-Aid de uma vez. Só vou ficar aqui por duas noites,” ela afirma, e
meus ombros caem.
“Ok, mãe. Boa noite,” murmuro, sem fazer mais perguntas porque provavelmente vou
ficar mais chateada.
Vou para a cama e choro o mais baixinho que posso debaixo das cobertas até adormecer.
Acordo com o cheiro de bacon e sorrio porque a mamãe voltou, mas logo lembro que ela
vai embora amanhã.
Eu me visto e verifico o meu telefone — nada do Mason. Suspiro e passo a mão pelo
cabelo antes de descer as escadas.
“Bom dia, querida.” A mamãe sorri gentilmente.
“Bom dia.” Eu sorrio falsamente de volta.
“Não acredito que meu bebezinho tá no último ano!,” ela exclama, me servindo um
prato de bacon e ovos. “Nessa época, ano que vem, você vai estar indo pra faculdade.”
Ela suspira, beijando o topo da minha cabeça.
“Que loucura, né?,” digo, me empanturrando de comida.
“Como vão as coisas na casa?,” ela pergunta, abrindo os armários até encontrar uma
caneca.
“Tudo bem.” Franzo a testa, imaginando se ela vai perguntar como eu estou.
“Ótimo. Você vai me mandar um e-mail se alguma coisa quebrar, não vai?” ela pergunta,
ligando a máquina de café.
“Sim, mãe.” Eu suspiro. “Tenho que ir,” eu murmuro, pegando meu almoço da geladeira
e as chaves do meu carro.
“Tenha um ótimo dia, querida,” a mamãe sorri, beijando o topo da minha cabeça. “Te
vejo depois da escola.” Ela me beija novamente antes de me soltar.
Durante todo o caminho para a escola, meu estômago está borbulhando de ansiedade.
Só espero que a volta às aulas não seja tão ruim.
“Lily!” a Ava grita enquanto eu caminho pelo corredor em direção à minha sala de aula.
“Ei!” Eu sorrio para ela antes que seu corpo seja jogado contra o meu.
“Parece que não te vejo há um mês,” ela reclama, me apertando com força.
“Pois é!” Eu concordo.
“Espero que tenhamos algumas matérias optativas juntas,” ela suspira enquanto
começamos a subir as escadas. “Além de ficar na mesma sala,” ela acrescenta.
“Eu também,” concordo com ela novamente.
Na nossa sala de aula habitual, a Ava vai para os nossos lugares de sempre no fundo,
mas eu paro no meio e sento perto da janela.
“Por que estamos sentando aqui?,” ela pergunta, sentando no assento à minha frente.
“Não quero ficar perto do Oliver e não sou mais líder de torcida,” dou de ombros como
se isso não fosse grande coisa.
“O quê?!” ela exclama alto, ganhando a atenção dos poucos alunos que já estão aqui.
“Você vai sair da equipe? Mas você ia ser a capitã!”
“Eu odeio. Só entrei pela minha mãe,” digo a ela, honestamente.
“Sério? Você é uma das melhores líderes de torcida da escola!” ela continua, batendo o
punho na minha mesa.
“Vou sair fora,” afirmo, esperando que ela pare de falar.
“Olha, só porque você e o Olly terminaram não significa que você deva se deprimir…,”
diz a Ava suavemente, mas em voz alta.
Ouço os outros alunos começarem a sussurrar sobre o que ela acabou de dizer, me
fazendo gemer interiormente. Eu vou ser o foco principal das fofocas logo no primeiro
dia.
“Estou só saindo do time de torcida. Não vou abandonar o atletismo e nem o vôlei de
praia,” reviro os olhos.
“Mas você não deveria ter que deixar de lado a alegria da sua vida por causa dele,” ela
rebate.
“Não estou deixando alegria nenhuma de lado por causa dele,” afirmo, pegando meus
fones de ouvido e encerrando a conversa.
Quero muito mandar uma mensagem para o Mason, para saber como está indo o
primeiro dia dele. Mas sei que não posso.
Pego os meus fones de ouvido quando vejo o Sr. Garcia entrar, segurando uma pilha de
papéis.
“Bom dia!” Ele sorri largamente, deixando-os cair sobre a mesa. “Não acredito que
vocês, bebezinhos, agora são veteranos,” ele brinca, olhando ao redor.
“Vou distribuir os novos horários, depois vocês podem fofocar,” ele afirma, sentando em
seu assento.
Um por um, ele nos chama. Assim que a Ava recebe a sua agenda, ela se vira para mim.
“Por favor, me diga que você tem inglês na primeira aula,” ela diz, agindo como se a
nossa conversa nunca tivesse acontecido.
“Sim.” Eu concordo, e é com o Sr. Garcia, nessa sala.
“Ah, graças a Deus.” Ela suspira, pegando meu papel e olhando para ele. “O quê? Nós só
temos uma matéria juntas.” Ela tira uma foto dos nossos horários.
“Estou enviando pro Harry,” ela diz quando eu dou um olhar questionador. “Você faz
técnico de biologia?” Ela suspira, olhando de volta para mim.
“Sim.” Concordo, imaginando como ela não sabe disso, já que faço desde o primeiro ano.
“Você é secretamente uma nerd?” Ela ri, olhando para o telefone. “Que sacanagem. Você
e o Harry têm metade das aulas juntos.” Ela bufa, empurrando o telefone para as
minhas mãos.
Na verdade, estamos em todas as matérias juntos, exceto as de segunda. Ele faz
culinária, e eu faço história.
Quando o sinal toca, todos os alunos saem, menos eu, a Ava e outras três pessoas com
quem nunca falei, mas que já vi por aí.
“Monas!” A voz do Harry enche a sala antes que eu o veja. “Por que estamos sentados
aqui?” ele pergunta, deslizando para o assento ao meu lado.
“A Lily tá desistindo do time de torcida,” anuncia Ava.
“Ah, é?,” ele pergunta, olhando para mim com uma pequena carranca.
“Aparentemente, ela odeia e só faz isso pela mãe dela,” ela responde por mim.
“Justo, então.” O Harry concorda, estendendo o punho. “Espera aí! Você também vai
sair do atletismo e do vôlei de praia?” ele pergunta, abaixando a mão até a mesa.
“Não.” Eu balanço a minha cabeça.
“Então, não vejo problema!” ele pergunta, erguendo as sobrancelhas.
“Eu também não,” concordo, e a Ava apenas revira os olhos.
Felizmente, as minhas aulas matinais passam bem rápido.
Mas em todas as aulas pelo menos cinco pessoas diferentes me perguntam se eu
realmente vou sair do time de torcida e se eu e o Olly realmente terminamos.
Na hora do almoço, sinto que vou surtar se outra pessoa me fizer as mesmas perguntas.
Harry e eu caminhamos juntos até o refeitório e, como esperado, ele vai direto para a
mesa cheia dos jogadores de futebol e líderes de torcida de sempre.
Sento em uma mesa para duas pessoas, torcendo pra caralho que a Ava se sente ao meu
lado. Pego o meu almoço e telefone para mandar uma mensagem, mas vejo que já tenho
uma mensagem dela dizendo que está a caminho.
“Ainda não consigo acreditar que a Leah ficou do lado dele.” A Ava franze a testa,
olhando para a mesa principal enquanto se senta na minha frente.
“Não existe isso de um lado pra escolher, Ava. Você pode ir sentar com eles se quiser.”
Eu suspiro, olhando e vendo a Leah rindo de algo que o Olly acabou de dizer.
“Você sabe que estou aqui com você. Se você precisar de um ombro pra chorar,” a Ava
oferece, apertando a minha mão.
“Obrigada. Mas na verdade, tô me sentindo bem.” Eu sorrio falsamente.
“O que aconteceu, Lily?,” ela pergunta, me olhando com seus olhos perfeitos de
cachorrinho.
“Simplesmente não tava dando certo” Balanço a cabeça, querendo contar a ela sobre o
Mason.
“Você vai me contar um dia?” Ela suspira, mexendo na comida.
“Um dia,” concordo, sabendo que provavelmente nunca contarei.
Minhas aulas da tarde são praticamente iguais às da manhã até chegar ao último
período.
Educação Física.
A treinadora Lindsey me vê e me encurrala no momento em que saio dos vestiários.
“Você vai sair da equipe?,” ela praticamente grita.
“Eu simplesmente não quero mais ser líder de torcida,” digo a ela.
“Isso é ridículo, Lily. Você deveria ser a capitã.” Ela aperta a ponta do nariz.
“Bota a Anastasia de capitã.” Dou de ombros. Ela provavelmente é a melhor do time e
merece muito.
“Você não vai desistir por causa daquele garoto, vai?,” ela pergunta com uma carranca.
“Claro que não.” Eu bufo e reviro os olhos.
“Isso é um grande erro, Lily,” ela me avisa.
“Lindsey, deixa a garota em paz,” o treinador Burns, meu professor de educação física e
treinador de futebol, retruca. “Vai pra aula,” ele ordena, e eu saio rapidamente.
“Você tá bem, querida?,” o Harry pergunta, colocando o braço sobre meu ombro.
“A Lindsey tava me dizendo que tô cometendo um grande erro.” Reviro os olhos.
“Foda-se ela.” Ele dá de ombros.
“O Olly tá puto, cara.” Jock — sim, esse é o nome dele — assobia baixinho.
“Quem se importa?,” eu digo, abruptamente.
“O que foi?” o Harry pergunta, me ignorando.
“Aparentemente, o Mason ficou super malhado nesse verão,” o Jock responde, olhando
para mim como se estivesse surpreso em me ver. “Ei, pirralha. Há quanto tempo você tá
aí?” Ele sorri.
“Não me chama assim,” eu retruco, querendo que eles continuem falando sobre o
Mason.
“Quem disse? Não consigo imaginar uma coisa dessas. Ele nem leva os jogos a sério.” O
Harry balança a cabeça.
“Não?” pergunto, surpresa.
“Não. Ele tá sempre zoando — até o time dele fica irritado,” Harry responde.
“Aparentemente, a Maci o viu no lago ontem,” o Jock diz enquanto o treinador Burns
entra furioso.
“Comecem a correr!” ele grita, fazendo todo mundo gemer, exceto eu e o Harry.
“Quer apostar uma corrida?” Ele sorri.
“O perdedor compra um sorvete?,” sugiro antes de franzir a testa. “Mas tem que ser na
quarta-feira. A mamãe tá em casa hoje,” digo, percebendo quanta liberdade eu
realmente tenho quando os meus pais não estão por perto.
“Combinado.” Ele sorri, balançando as sobrancelhas.
“Três, dois, um, vai!” Eu digo e saio.
Corro duas voltas, com o Harry me ultrapassando várias vezes antes que eu o
ultrapassasse.
“Uau, amiga, você ficou rápida.” Ele ofega enquanto termina, logo depois de mim.
“Você que ficou lento,” eu digo, mostrando a língua para ele.
“Você furou o nariz?” Ele suspira, agarrando as minhas bochechas, apertando o meu
rosto entre suas mãos. “Ficou ótimo,” ele diz, movendo meu rosto de um lado para o
outro enquanto o inspeciona.
“Obrigada.” Eu sorrio, imaginando como ele só viu agora.
“Francis! Deixa a garota em paz!” O treinador Burns grita, fazendo-o me soltar.
Depois da aula de educação física, vou direto para casa, sabendo que posso tomar banho
lá, em vez de usar os chuveiros ruins da escola.
“Mãe! Cheguei!,” grito, jogando as minhas chaves na mesa lateral e largando a minha
bolsa.
“Mãe!,” grito de novo, indo para a cozinha. Quando percebo que ela não está lá, olho
para fora, mas não há nem sinal dela.
Subo as escadas correndo, chamando-a e até mesmo verificando em seu quarto, mas ele
parece exatamente igual, quase como se ela nunca tivesse passado por ali.
Se não fosse pelo leve cheiro do perfume no ar, eu pensaria que sonhei com ela aqui
ontem.
Volto lá para baixo e ligo para ela.
“Lily,” ela diz.
“Ei, mãe, onde você tá?,” pergunto, abrindo a geladeira e olhando para dentro.
“Eu te enviei um e-mail, querida. Eu tive que vir encontrar o papai,” ela diz, sem parecer
arrependida.
“Ah. Tudo bem,” eu respondo, limpando a garganta. “Quando você volta?” eu pergunto.
“Não sei. Te aviso quando souber,” ela diz antes de desligar sem nem mesmo dizer
adeus.
O Jogo
LILY
Já faz três semanas e cinco dias desde a última vez que falei com o Mason. Já faz três
semanas e três dias desde a última vez que vi a minha mãe. Nem sei quanto tempo faz
desde a última vez que vi meu pai.
Sinto falta de todos eles.
Mas eu sinto mais falta do Mason. Houve tantas vezes em que peguei o meu telefone
para ligar ou mandar mensagem para ele, mas sempre me contenho.
Hoje à noite, a Ridgewood enfrenta a Greendale na primeira partida da temporada.
“Você tá bem?,” o Harry me pergunta enquanto caminhamos juntos para o refeitório.
“Tô.” Eu dou um sorriso falso. No último mês, eu fiquei boa nisso. “Você continua
dizendo que tá bem, mas eu não acredito em você,” ele diz, parando e se apoiando em
um armário.
“É por causa do Olly?” ele pergunta, e eu reviro os olhos.
“Eu conheci um cara.” Eu suspiro, me inclinando para perto dele. “Eu me apaixonei por
ele, mas acabou,” eu sussurro, pensando no sorriso do Mason, na risada, no corpo dele.
“Amiga.” O Harry suspira, me puxando para seus braços. “Quer que vá falar com ele? Eu
até bato nele se for ajudar,” ele oferece, me apertando.
“Não vai ajudar,” murmuro, abraçando-o de volta, desejando que ajudasse. “Vou pra
casa,” fungo, lutando contra as lágrimas.
“Você vai ver o jogo, certo? O Jonah vem.” Ele cora levemente.
“Eu não perderia por nada.” Dou um meio sorriso.
“Vou te mandar uma mensagem,” ele grita enquanto caminho pelo corredor em direção
à porta principal.
Quando chego em casa, entro direto no chuveiro, ligo a água bem quente e sento no
chão, envolvendo as pernas com os braços.
“Lily,” ouço uma voz antes que a água seja desligada.
Levanto a cabeça e vejo a Ava agachada na minha frente, com a mais pura preocupação
estampada no rosto.
“Vamos,” ela diz gentilmente enquanto enrola uma toalha em volta dos meus ombros.
Deixo que ela me levante e me leve para meu quarto.
Sento na ponta da cama enquanto ela seca meu cabelo para mim. “Obrigada,” eu
resmungo.
“Lily, você não pode deixar o Olly te afetar assim.” Ela suspira, sentando ao meu lado.
“Não é o Olly.” Suspiro.
“É a sua mãe?,” ela pergunta, levantando e vasculhando o meu guarda-roupa.
“Sim,” minto.
“Você pode ficar comigo quando quiser,” ela oferece, pegando uma calça jeans preta,
uma blusa branca de manga comprida e meu suéter vermelho.
“Posso te contar um segredo?,” ela pergunta, colocando as roupas no meu colo.
“Claro,” concordo, puxando a blusa sobre a cabeça, sem me preocupar em colocar um
sutiã.
“Você furou o mamilo?,” ela suspira, olhando para o meu peito.
“Sim,” murmuro, pensando na cara do Mason naquele dia. “Qual é o seu segredo?,”
pergunto, mudando de assunto, enrolando a toalha na cintura e pegando uma calcinha.
“Acho que a Leah tá dormindo com ele,” ela sussurra.
“É? Por que você diz isso?” Eu pergunto, vestindo o meu jeans.
“Tenho quase certeza de que vi os dois se agarrando depois da aula,” ela diz enquanto
me sento ao seu lado novamente.
“Ah, bom, essas coisas acontecem.” Dou de ombros.
“Você tá pronta pra ir? O Jonah vai nos encontrar lá.” A Ava muda de assunto com um
revirar de olhos.
“Quase,” eu digo, calçando os meus sapatos e pegando a tinta facial com as cores da
nossa escola. Eu rapidamente pinto duas linhas nas minhas bochechas, depois nas da
Ava.
“Agora estamos prontas.” Ela sorri.
Quando a Ava estaciona o carro no estacionamento, imediatamente vejo o carro do
Mason do outro lado.
“O Jonah tá perto das arquibancadas,” a Ava anuncia, digitando em seu telefone.
“Vai encontrar um lugar pra nós. Vou fazer xixi,” digo a ela antes de ir para o banheiro.
Quando estou saindo do banheiro, meu telefone começa a tocar no meu bolso. “M” pisca
na tela, fazendo o meu coração disparar e minhas mãos suarem.
“Mason?” Eu sussurro, atendendo a chamada.
“Desculpa te desapontar, princesa,” responde uma voz desconhecida.
“Quem é?,” pergunto, indo para trás do pequeno prédio de tijolos, de frente para o
vestiário dos visitantes.
“Liam, eu sou amigo do Mason,” ele diz.
“Por que você tá me ligando?,” pergunto, roendo as unhas.
“Eu roubei o telefone dele e li as suas mensagens,” ele responde friamente.
“E?” Eu falo lentamente.
“Ele passou o verão com você?,” ele pergunta curiosamente.
“Um pouco,” respondo, chutando uma pedra solta.
“Então, por que você parou de falar com ele?” o Liam pergunta casualmente, e eu mordo
meu lábio.
“É complicado.” Dou de ombros, embora ele não possa me ver.
“Tenho certeza de que não é nada complicado,” ele afirma, com naturalidade.
“É sim,” murmuro, querendo chorar. Por que as coisas tinham que ser assim? Queria
que não tivéssemos que parar de conversar. Queria que pudéssemos ter ficado como
éramos nas férias.
“Você tá chorando?,” ele pergunta enquanto eu enxugo uma lágrima perdida.
“Talvez,” murmuro, apoiando a cabeça na parede e olhando para o céu escuro.
“O quanto você sabe sobre o Mason?” ele pergunta humildemente.
“O que você quer dizer?,” pergunto, limpando a garganta.
“Sobre o Callum…” ele afirma, e meu corpo inteiro congela. “A julgar pela sua reação, ele
te contou.”
Franzo a testa, olhando ao redor. Vejo um jogador do Greendale com o número
cinquenta e cinco no peito me encarando do outro lado do estacionamento. “Que
reação?,” respondo, tentando soar o mais casual possível.
“Tenho quase certeza de que tô olhando diretamente pra você,” afirma Liam.
“Não. Eu tô em casa,” minto, torcendo pra que ele acredite em mim.
“Olha, vou ser honesto com você,” ele diz, se afastando da parede, e eu entro em pânico
por um momento, pensando que ele vai vir aqui.
“O Mason… Merda,” ele sibila, olhando para uma porta que se abre e o Mason sai
furioso.
“O que diabos você tá fazendo?” Ouço a voz do Mason pelo telefone enquanto o vejo ir
até seu amigo.
“Nós deveríamos estar no campo,” ele diz bruscamente antes que a linha fique muda,
interrompendo a chamada.
Observo os dois conversando enquanto lentamente coloco o meu telefone de volta no
bolso. Eles trocam algumas palavras antes do Liam começar a andar de volta para o
vestiário, com o Mason seguindo logo atrás.
Eu quero gritar com ele desesperadamente.
Assim que os dois estão lá dentro, vou até as arquibancadas.
Quando chego às arquibancadas, elas estão cheias. Felizmente, a Ava e o Jonah
reservaram um assento no final de uma fileira.
“Por que você demorou tanto?” a Ava pergunta, inclinando-se sobre o Jonah para olhar
para mim.
“Fila longa no banheiro,” minto, olhando para os jogadores da Ridgewood se aquecendo,
sem nenhum sinal dos jogadoras da Greendale no campo.
“Por que a Greendale ainda não apareceu?” o Jonah pergunta, olhando entre nós.
“Não faço ideia. Talvez eles estejam com muito medo de vir jogar.” a Ava ri.
“Provavelmente.” Ele se junta à risada dela, olhando para o campo.
“Olha lá,” eu digo, apontando para o número sessenta e oito na camisa do Harry. Ele
queria o número sessenta e nove pela piada, mas a escola não deixou, então ele se
contentou com o sessenta e oito.
“Finalmente!,” bufa o homem sentado na minha frente quando os jogadores da
Greendale saem de baixo das arquibancadas.
Meus olhos encontram instantaneamente o número doze. Ele está falando com o
cinquenta e cinco, o Liam.
“Aquele ali é o Mason, o quarterback, e o cara do lado dele é o Liam. Eles são os
melhores jogadores do time e simplesmente ~uns cuzões,” ouço a Ava explicando para o
Jonah.
“Então nós odiamos mais esses dois?” ele pergunta, parecendo confuso.
“Sim.” Ela concorda enquanto os jogadores começam seus aquecimentos. “Ouvi dizer
que o irmão dele morreu e ele tá mentalmente ferrado agora, então eles provavelmente
vão perder,” ela acrescenta, me fazendo franzir a testa.
“Como ele morreu?,” pergunta o Jonah, e eu quero gritar para os dois cuidarem da
própria vida.
“Já ouvi três boatos diferentes: afogamento, overdose e acidente de carro, então escolha
a sua opção preferida.” Ela ri, e preciso de toda a minha força de vontade para não me
levantar e dar um soco na cara dela.
“Que triste,” o Jonah responde bruscamente.
“Ah, ele vai superar.” Ela tenta ignorar.
“Qual é o seu problema?,” ele pergunta incrédulo. “Você acha que isso é engraçado
também?,” ele retruca, olhando para mim.
“Na verdade, acho o contrário,” digo, lançando um olhar de “você está falando sério?”
para a Ava.
Acontece que o Jonah entende menos de futebol americano do que eu.
Ele me pergunta quais são as regras e o que está acontecendo durante o jogo, mas tudo o
que posso dizer é quando alguém marca um touchdown ou ganha alguns pontos.
Preciso de toda a minha força para não levantar e começar a comemorar quando o
Mason marca três touchdowns. Na verdade, nunca tinha percebido o quão bom jogador
ele é.
Depois do último, o Jonah olha para mim com uma cara triste.
“Não vamos ganhar, né?,” ele pergunta, e eu balanço a cabeça. Não tem como a
Ridgewood voltar. A Greendale nos esmagou.
Quando o apito final soa, alguns jogadores da Ridgewood jogam seus capacetes no chão,
incluindo o Harry, enquanto os jogadores da Greendale comemoram.
“Eu achei que o Mason seria uma droga. Tipo, ouvi dizer que ele ficou mal, mas com a
coisa do irmão dele eu pensei que ele estaria acabado,” a Ava balbucia enquanto
seguimos em direção ao carro dela.
“Você pode calar a boca?!” o Jonah exclama.
O rosto da Ava se contorce como se ela tivesse levado um tapa, e eu mordo o meu lábio
para não rir.
“Você sabe que somos os melhores amigos do Harry, certo? Podemos fazer com que ele
te largue num piscar de olhos,” ela cospe, estalando os dedos.
“Tenta, baranga,” ele afirma, sem se importar com a ameaça dela.
“Aff, foda-se.” Ela revira os olhos. “Lily, quer uma carona?” ela grita.
“O Harry disse que iria me levar,” minto.
Sem dizer mais nada, a Ava sai pisando duro em direção ao carro.
“Eu não suporto essa mona,” o Jonah resmunga enquanto seguimos em direção ao carro
do Harry.
“Ela tem boas intenções,” eu digo. “Às vezes…” eu acrescento, franzindo os meus lábios.
O Jonah e eu conversamos um pouco mais, encostados no carro do Harry enquanto
esperamos por ele. Meus olhos continuam olhando para os vestiários de visitantes,
esperando ter outro vislumbre do Mason.
“Amiga? O que você tá fazendo aqui?,” a voz do Harry pergunta, me fazendo desviar os
olhos da porta para ele.
“A Ava tava sendo uma escrota,” explico, fazendo-o revirar os olhos.
“Típico.” Ele bufa, destrancando o carro e jogando a sua mochila no banco de trás. “O
Cooper tava pegando fogo hoje à noite,” ele comenta, balançando a cabeça para onde eu
estava olhando.
O Mason e o Liam estão saindo pela porta.
“Ele nem tava fazendo as piadas ruins de sempre,” diz o Harry enquanto eu
inconscientemente dou um passo para mais perto do Mason.
“Qual era o número dele?,” ouço o Jonah perguntar, mas não ouço a resposta do Harry
porque o Mason virou a cabeça e está olhando diretamente para mim.
Ele para de andar, e preciso de toda a minha força para não correr até ele e me jogar em
seus braços.
“Ei, Cooper!,” a voz do Harry grita, me tirando do transe. “Bom jogo! Nós vamos acabar
com vocês na próxima!,” ele grita, levantando o polegar.
O Mason acena com a cabeça uma vez para o Harry antes do Liam dizer algo, fazendo
sua cabeça se virar.
“Eu me sinto mal por ele.” Harry suspira enquanto vejo o Mason entrar no carro e o
Liam senta no banco do passageiro.
“Quer ir pra festa pós-jogo?” O Harry pergunta enquanto entramos em seu carro.
“Claro,” concordo, querendo ficar bêbada para tirar o Mason da cabeça.
“O Olly vai…,” ele diz, olhando para mim pelo espelho retrovisor.
“Eu não me importo.” Eu balanço a cabeça. Eu não dou a mínima pro Oliver.
Raiva e entorpecimento
LILY
Álcool é ótimo!
Me faz esquecer dos meus pais idiotas, mas o mais importante é que me ajuda a
esquecer do Mason.
“Lily, vem brincar comigo!” o Jock balbucia, apontando para a mesa improvisada de
beer pong no meio da sala de jantar.
“Claro,” eu digo, pulando para o lado dele.
“Temos que ganhar.” Ele soluça, apontando para o Harry e o Jonah.
“Vamos!” Eu aceno, cheia de confiança.
Mas acontece que tanto o Jock quanto eu somos péssimos em beer pong. Tipo, somos
péssimos mesmo. Nós só acertamos três bolas.
“Você fez a gente perder.” Ele faz beicinho, parecendo uma criança, e eu rio.
“Eu acertei duas bolas,” eu digo, enfiando meus dedos em seu rosto enquanto a Leah e o
Olly caminham até a mesa, de mãos dadas.
“Quem ganhou? Queremos jogar!,” grita a estúpida Leah.
Aff. Como não percebi o quão irritante ela era?
“Eles ganharam.” Jock continua fazendo beicinho, apontando para o Harry e o Jonah,
que ainda estão comemorando a vitória. “Eles roubam,” o Jock avisa enquanto
caminhamos juntos até o balcão da cozinha.
“Então, como vai a vida?,” ele pergunta, pegando duas cervejas na geladeira.
“Você tá querendo ter uma conversa profunda comigo?” Eu rio, pegando a cerveja de
sua mão.
“Só quero dizer que você tá muito diferente esse ano.” Ele ri.
“Tô só tentando ser eu mesma.” Dou de ombros, inclinando ao lado dele.
Jock e eu bebemos nossas cervejas em silêncio, observando o Harry e o Jonah
derrotarem o Oliver e a Leah, até que ela finalmente acerta uma bola e grita de
felicidade, jogando os braços em volta do pescoço do Olly.
Observo enquanto ele sorri para ela antes de beijá-la, e minha mente imediatamente
volta para o Mason.
“Eu te beijaria na frente de todos, pra que as pessoas soubessem que eu sou seu.”
Por que meu cérebro idiota não entende que não quero mais pensar nele?
“Vou ao banheiro,” digo ao Jock, entregando a minha cerveja pela metade antes de sair
da sala.
Mas eu não vou ao banheiro. Em vez disso, vou para fora, onde imediatamente começo a
chorar e resolvo andar para a minha casa, para poder chorar em paz.
O Oliver nunca me beijou na frente de ninguém. O Mason só me beijou no quarto dele.
Realmente deve haver algo de errado comigo.
Enquanto entro embaixo dos meus cobertores, pego o telefone. Quero muito ligar para
ele. Só para ouvir a sua voz, para ouvi-lo me chamar de princesa uma última vez.
Estou prestes a discar o número, mas desisto e decido dormir.
Quando acordo na manhã seguinte, tudo o que quero fazer é ficar encolhida na cama e
chorar mais um pouco. Então é exatamente isso que eu faço até as minhas lágrimas
secarem e eu começar a me sentir entorpecida.
Na terça-feira, ainda me sinto entorpecida. Literalmente não sinto nada.
“Você tá pronta pro jogo?” o Harry me pergunta enquanto caminhamos juntos para o
refeitório.
“Claro,” eu respondo. Hoje, depois da escola, vai rolar o meu primeiro jogo de vôlei de
praia do ano.
“Normalmente você fica pulando como um coelhinho,” ele comenta, olhando para mim.
“Só tô cansada.” Eu ignoro, fazendo-o franzir a testa.
“A Ava vem?” ele pergunta, abrindo a porta do refeitório.
“Não sei. Não a vejo desde sexta-feira,” respondo, indo para o meu novo assento normal,
para onde ele surpreendentemente me segue.
“Mandei mensagem pra ela algumas vezes pra saber se ela tava bem, mas ela não
respondeu,” digo, sentando.
“Bem, eu vou,” diz Harry incisivamente enquanto o Jonah se aproxima da nossa mesa.
“Aonde você vai?,” ele pergunta, puxando o banquinho à minha esquerda e sentando.
“No jogo de vôlei da Lily.” O Harry sorri.
“Contra quem vocês vão jogar?” o Jonah pergunta, dando atenção a mim.
“Contra a Greendale,” murmuro, pegando meu sanduíche.
“Elas nunca venceram a nossa Lily,” Harry diz com orgulho, estufando o peito.
“Não tem só eu na quadra,” murmuro, revirando os olhos.
Durante o resto do almoço e das aulas da tarde, Harry fala sem parar, tentando me fazer
rir, mas eu simplesmente não consigo.
Quando chegamos na aula de Educação Física, estou tentando colocar a minha cabeça
no lugar certo para focar no jogo.
“Ei, pirralha.” o Jock sorri largamente para mim, e eu dou a ele meu melhor sorriso
falso. “Estou gentilmente oferecendo os meus serviços pra ajudar você a praticar as suas
habilidades de vôlei,” ele diz com uma voz dramática.
“Tão gentil,” murmuro, pegando uma bola.
“Como você tá se sentindo?,” ele pergunta enquanto começamos a bater a bola entre
nós.
“Tudo bem,” afirmo.
“Se eu fosse você, não deixaria o Olly te afetar,” ele comenta casualmente, me fazendo
franzir a testa. Estou ficando realmente cansada das pessoas me dizendo isso.
“Por que ele estaria me afetando?,” pergunto enquanto ele rebate a bola para mim.
“Porque eles estão namorando?,” ele responde, mas faz soar como uma pergunta.
“Por que eu me importaria?” Eu estalo, batendo na bola com mais força do que preciso.
“Porque eles tavam se beijando na frente de todo mundo na sexta-feira, e daí você foi
embora e o Olly disse que você ficou mandando mensagens pra ele.”
“Que porra é essa?” Eu estalo, agarrando a bola enquanto a raiva preenche cada
centímetro do meu corpo.
“Eu não dou a mínima pra eles!,” eu digo bruscamente, me virando e avistando o Olly
rindo com alguns dos outros jogadores de futebol.
Eu jogo a bola no chão e vou até o pequeno grupo deles, parando bem na frente do
Oliver e cutucando-o no peito.
“Vai se foder,” eu sibilo, fazendo seus olhos azuis se arregalarem. “Eu não te mandei
mensagem nenhuma vez desde que eu ~terminei com você!” Eu grito, cutucando-o
novamente.
“Eu não me importo se você tá trepando com a Leah! Você literalmente não significa
nada pra mim!”
Continuo gritando e estou prestes a cutucá-lo novamente quando braços envolvem o
meu peito e sou levantada do chão e levada para longe daquele idiota.
“Agora canaliza essa raiva pro jogo,” o Harry ri atrás de mim.
“Ele é o maior babaca que já conheci!,” exclamo enquanto o Harry me coloca de pé
novamente na frente do Jock, que está com cara de chocado.
“Eu não falei com ele nenhuma vez desde que terminamos! Ele que ~me manda
mensagem!” Eu divago enquanto o Harry apenas sorri para mim e o Jock parece
assustado.
Quando a aula termina e o Harry leva eu e o Jonah para a Greendale, ainda estou com
raiva. Na verdade, provavelmente estou com mais raiva do que antes. Imagino quais
outras mentiras aquele babaca andou contando.
“Você parece estar feliz.” O treinador Lyall ri quando eu jogo a minha bolsa na
arquibancada, ao lado dele.
“Mais feliz, impossível!,” eu digo bruscamente, pegando as minhas joelheiras.
“Devo perguntar?,” ele pergunta ao Harry por cima da minha cabeça.
“Não,” ele responde, sentando ao lado da minha bolsa.
“Cadê a Sky?” pergunto, olhando ao redor em busca da minha parceira.
“Bem aqui,” ela grita alegremente, enfiando a cabeça no ombro do Lyall. “Ouvi algumas
garotas falando que a Brittany está ainda mais cuzona esse ano,” ela me diz, e eu reviro
os olhos.
“Nós vamos ganhar,” digo confiantemente.
“Sim, vamos mesmo!” Lyall grita, sentando.
“Quando as alunas do primeiro ano vão jogar?,” pergunto, vendo-as sentadas nas
arquibancadas.
“Elas já jogaram.” Ele suspira. “Estou fazendo elas ficarem pra assistir vocês, pra verem
como o trabalho em equipe é bom,” ele murmura.
“A Bagsy não quer jogar cara ou coroa!” a Sky deixa escapar rapidamente enquanto a
árbitra começa a andar na nossa direção.
Eu suspiro e me levanto.
Toda vez, ter que tirar cara ou coroa com a Greendale é uma merda. A Brittany sempre
faz isso e tenta falar merda e entrar na cabeça da árbitra. Não funciona, mas ainda assim
é irritante.
Vou até o outro lado da quadra e olho para as pessoas.
Há duas meninas mais novas sentadas na terceira fileira com sorrisos enormes nos
rostos, e logo atrás delas está o Liam. Eu franzo a testa, me perguntando por que ele está
aqui.
Acho que nunca o vi aqui antes, a menos que ele tenha começado a namorar a Brittany
ou a Natasha.
“Cara ou coroa,” resmunga a senhora mal-humorada.
“Cara,” murmuro, olhando para a Brittany, que está me encarando.
“Deu cara. O que você quer?” ela resmunga novamente.
“A posse de bola,” eu respondo antes que ela a entregue para mim.
“O Liam quer falar com você,” a Brittany diz baixinho, me fazendo virar para ela.
“Não quero,” digo franzindo a testa, virando para o meu lado da quadra.
“É sobre o Mason,” ela diz rapidamente.
“O que tem ele?,” pergunto, virando lentamente.
“Vem pro vestiário depois do jogo.” Ela balança a cabeça.
Eu caminho até o fundo da quadra e entrego a bola para a Sky. “O que ela disse?,” ela
pergunta, pegando-a.
“Só as baboseiras de sempre,” minto. Acho que o Liam contou à Brittany sobre mim e
ela só está dizendo isso para tentar entrar na minha cabeça.
Bem, hoje não.
A Sky e eu acabamos vencendo por 5 sets a zero. A Greendale pode ter nos esmagado no
futebol, mas não no vôlei de praia. Mas, para ser justa, devo dizer que a Brittany
melhorou muito desde o ano passado. Já a Natasha, nem tanto.
“Você jogou muito bem, amiga!” o Harry exclama, me puxando para um abraço de urso.
“Obrigada.” Eu sorrio, abraçando-o de volta.
“Pra comemorar, vou te levar pra tomar sorvete,” ele anuncia. “Sky, tá dentro?,” ele
pergunta, me soltando de seu aperto forte.
“Não posso. Tenho que estudar pra minha prova de geografia.” Ela suspira. “Já é
semana que vem,” ela acrescenta antes de ir embora.
“Vou só ao banheiro antes,” digo ao Harry e ao Jonah enquanto saímos da quadra.
“Nos vemos no carro.” O Harry assente e vai embora enquanto eu entro no banheiro.
A curiosidade vai me matar. Se a Brittany estava falando sério, então eu provavelmente
vou ouvir o Liam me dizendo para ficar longe do Mason e terei que dizer a ele que não
há problema. Se ela estava só jogando comigo, então nada vai acontecer.
“Você veio,” a Brittany diz, surpresa, quando eu abro a porta.
“E aí?,” pergunto, sem me importar se pareço uma escrota.
“O Liam e o Mason são melhores amigos…” ela começa a falar lentamente enquanto
uma das portas da baia se abre e o Liam sai.
“O que aconteceu entre vocês dois?” ele me pergunta com uma cara neutra.
“Pergunta pra ele,” suspiro. Não sei o que ele contou, e não quero que os amigos dele se
voltem contra ele.
“Eu tentei. Ele só me disse pra ficar na minha.” Ele suspira, com tristeza.
“Vou direto ao ponto,” a Brittany afirma. “Você obviamente sabe sobre o Callum,” ela diz
enquanto o Liam puxa a mão para baixo.
“Seja legal, Britt,” ele avisa, fazendo-a revirar os olhos.
“O Mason ficou um caco depois que ele morreu. Então, de repente, quando o víamos, ele
tava sorrindo e voltou a ser o velho Mason que nós amamos. Até o último dia de verão,”
ela diz, olhando para mim.
“Ele tá terrível. Ele mal fala, mal come. As irmãs dele estão preocupadas, nós estamos
preocupados,” ela diz, gesticulando entre ela e o Liam.
“Se você fizer ele feliz, nós apoiamos qualquer coisa estranha que esteja rolando entre
vocês,” ela finaliza, olhando para mim com olhos suplicantes.
“Ele não quer falar comigo,” sussurro, olhando para os meus pés.
“Você já tentou?” ela pergunta, gentilmente.
“Não, e nem ele.” Balanço a cabeça.
“Você pode tentar, por favor? Pelo Mason,” ela sussurra com a voz trêmula.
“Vou pensar,” murmuro. Não sei se consigo lidar com outra rejeição dele.
“Obrigada, Lily.” Ela suspira.
Eu aceno para ela antes de me virar para ir embora.
No carro, abro um sorriso falso enquanto ouço o Harry contar o passo a passo do meu
jogo, como se fosse a melhor coisa que ele já viu.
“Ouvi dizer que você era uma ótima jogadora, mas ver pessoalmente foi outra coisa.”
Jonah sorri, inclinando entre os dois bancos da frente.
“Ela é a melhor jogadora do estado!,” o Harry grita enquanto para em frente à
sorveteria.
“E a bunda dela nesses shorts?,” ele exclama enquanto entramos na sorveteria quase
vazia.
“Eu queria uma bunda dessas!” o Jonah concorda com a cabeça.
“Vocês dois são estranhos.” Reviro os olhos com uma risada antes de girar rápido
demais e esbarrar em alguém.
“Desculpa!,” exclamo, agarrando o braço da pessoa para me equilibrar.
“Cuidado, princesa.”
Meu corpo inteiro se arrepia ao ouvir a sua voz grossa.
“M-Mason,” gaguejo, levantando a cabeça para olhar para o seu rosto.
A Brittany e o Liam estavam certos. Ele tá um caco. Seus olhos verdes brilhantes de
sempre parecem opacos e têm olheiras por baixo.
“E-eu não vi você, desculpa,” eu digo abruptamente.
“Eu imaginei.” Ele sorri para mim.
Abro e fecho a boca, querendo despejar tudo o que estou sentindo, mas decido me
contentar com um simples “sinto sua falta”.
Mas quando estou prestes a falar, uma garota morena se aproxima de nós, olhando feio
para a minha mão, que ainda está no braço do Mason.
“Vamos?,” ela pergunta enquanto eu rapidamente afasto a minha mão, sentindo falta
dele instantaneamente.
“Sim. Vamos lá,” ele responde, mal olhando para mim enquanto ela pega na mão dele.
“Quem é?,” a garota pergunta, estreitando os olhos ligeiramente para mim, sem se
mover.
“Só uma garota que esbarrou em mim.” O Mason me ignora casualmente enquanto
gentilmente puxa a mão dela e os dois vão embora.
Então acho que depois de tudo isso, a Brittany estava errada.
O Mason não sente a minha falta.
A Festa
LILY
Na sexta-feira à noite, estou sentada ao lado do Jonah na escola Westmoreland High,
assistindo ao jogo de futebol.
A Ava decidiu não vir conosco. Ela disse que ainda estava tentando ficar com um cara da
Christ College e que iria ao jogo dele.
“Isso é um touchdown, certo?” o Jonah pergunta enquanto o Oliver pega a bola e todos
comemoram.
“Sim,” eu respondo, batendo palmas.
“Nós vamos ganhar!,” ele exclama, olhando para o placar. Faltam dez segundos e a
Ridgewood vai ganhar de lavada.
Quando o apito final soa, o Jonah e eu corremos para o carro dele para esperar pelo
Harry.
“Foi realmente muito emocionante!,” ele exclama enquanto nos sentamos no capô do
carro. “Eu fiquei animado.” Ele ri.
“Espera até o Harry chegar aqui.” Eu me junto a ele na risada, sabendo que o Harry vai
ficar como um coelho hiperativo.
“Vocês viram?” o Harry exclama, correndo até o carro e parando com o maior sorriso
estampado no rosto.
“Você jogou muito bem!” o Jonah exclama, abrindo os braços e abraçando o Harry.
“Vem aqui, querida!” Ele não me dá a chance de responder antes de me puxar para um
abraço, que é basicamente eu sendo espremida entre eles.
“Vamos. Temos uma festa pra ir!” o Harry grita, nos dando um último aperto antes de
soltar. “Onde é a festa?” o Jonah pergunta, subindo no assento do motorista.
“Um garoto rico do Christ College tá dando uma festona na casa dele e convidou todas as
escolas,” ele responde.
“Preciso do endereço.” o Jonah ri.
Depois que o Harry finalmente encontra o endereço, Jonah dirige até parar do lado de
fora de uma mansão. Sério, parece que um príncipe mora aqui.
“Temos instruções estritas de não mexer com as pessoas da Greendale, ou nunca mais
seremos convidados,” explica o Harry enquanto subimos a entrada.
“Vou me esforçar ao máximo pra me comportar,” provoco, olhando para todas as
pessoas.
“É pra você mesma que eu tô avisando.” Ele ri, jogando um braço em volta do meu
ombro e o outro em volta do ombro de Jonah. “Vamos enfiar o pé na jaca!,” ele grita,
aprofundando a sua voz.
E é exatamente isso que fazemos.
Não sei quanto tempo faz que cheguei ou quanto bebi, mas sei que quando entro na
cozinha, encontro um rosto familiar.
“Ava!” exclamo, envolvendo os meus braços em volta dela preguiçosamente.
“Lily!” ela exclama de volta, me abraçando. “Este é o Jack.” Ela me apresenta a um cara
alto com cabelo escuro.
“Você é alto.” Soluço, fazendo-o rir.
“Talvez você que seja baixinha,” ele responde. “Esse é o meu amigo, Killian,” ele diz,
cutucando o cara loiro ao lado dele.
“Você é mais bonita do que a Ava disse,” o Killian sorri para mim, me dando arrepios.
Do tipo ruim. Não iguais os arrepios do Mason.
“Amooooora!,” o Harry grita, me fazendo virar a cabeça para vê-lo caminhando — bem,
tropeçando — em nossa direção. “Desculpem, garotos, preciso da minha amiga de
volta,” ele balbucia, agarrando o meu pulso e me arrastando para longe.
“Aquele cara me deu arrepios,” digo enquanto ele me puxa para outra sala.
“O que ele fez?,” ele pergunta, parando e ficando tenso.
“Só disse que sou bonita, mas há algo de estranho nele,” explico.
Harry examina o meu rosto por um momento antes de concordar e continua a me
arrastar para algum lugar.
“O Jonah tá bêbado demais pra jogar, e eu preciso de uma dupla decente,” ele explica
como se eu soubesse do que diabos ele está falando. Mas quando vejo a mesa de beer
pong, eu entendo.
“Eu também sou péssima,” tento lembrá-lo.
“Na verdade, só preciso de uma garota,” ele cora, apontando para as pessoas do outro
lado da mesa.
Olho para o lado e vejo o Liam e a Brittany nos encarando. A Brittany me dá um sorriso
triste enquanto o Liam começa a virar a cabeça como se estivesse procurando alguém.
“Mase! Vem me substituir! Preciso fazer xixi,” ele grita, e meu corpo inteiro fica tenso.
Se o Mason vier jogar, a sua nova namorada provavelmente estará ao seu lado, e não sei
se consigo lidar emocionalmente com isso.
“Vai, anda logo.” Eu o ouço suspirar antes de caminhar até o lado do Liam, sozinho.
“Você tá pronto pra levar uma surra, Cooper?” o Harry provoca, e o Mason levanta os
olhos da mesa, e fica chocado quando me vê.
“Veremos, Sinclair.” Ele sorri, desviando os olhos de mim.
“Eu começo.” A Brittany sorri, jogando a bola em direção aos nossos copos, mas ela
quica na borda e erra.
“Sua vez, querida,” diz o Harry, colocando a bola na minha mão, e eu faço exatamente a
mesma coisa que a Brittany fez, fazendo o Harry gemer.
“Eu disse que sou péssima!,” eu digo.
“Eu tinha esquecido o quão ruim você era,” ele reclama enquanto o Mason afunda a bola
em um de nossos copos.
O Harry pega a bola antes de beber e jogá-la, e claro, acerta.
Logo temos só cinco copos sobrando, graças ao Mason e ao Harry, e então a Ava e seus
novos amigos vão até a mesa.
O braço do Harry imediatamente envolve os meus ombros, me puxando para seu lado
enquanto ele olha feio para o Killian.
“Quem tá ganhando?,” pergunta Ava.
“Tá empatado,” Harry responde bruscamente quando faço contato visual com o Mason
pela primeira vez esta noite.
Eu viro meus olhos em direção ao Killian, esperando que ele entenda que me faz sentir
desconfortável. Os olhos do Mason se movem lentamente para ele antes que ele
visivelmente fique tenso também.
“Tenho que ver como tá a minha linda menina,” o Killian ri, piscando para mim, e
aquela sensação desconfortável me preenche novamente.
“Ela não tá interessada em você,” o Harry retruca novamente, segurando a bola com
uma mão, ainda sem me soltar.
“Ah, não! Opa!” A Brittany interrompe, fazendo com que todos olhem para ela e depois
para os cinco copos derramados na frente dela. “Eu sou tão desastrada. Ah, bom, o jogo
acabou,” ela suspira dramaticamente, me fazendo rir.
“Sim, você é mesmo,” a Ava responde bruscamente.
“Eu disse que não podemos brigar hoje à noite, lembra?” o Jack suspira.
Essa é a casa dele?
“Vamos lá! Brincar de verdade ou desafio,” a Ava sorri, ainda olhando para a Brittany.
“A menos que vocês sejam medrosos?” ela provoca, e vejo os olhos azuis da Brittany se
contorcerem.
“Tudo bem. Vamos lá,” ela responde, agarrando o braço do Mason e arrastando-o com
ela.
“Ah, eu preciso ver isso,” Harry ri, levando o Jonah e eu com ele.
Acabamos no que parece ser um quarto de hóspedes, sentados em círculo no chão. Em
algum lugar no meio do caminho, o Liam e o Jock se juntaram ao nosso grupo também.
Há duas garrafas de vodca no meio do círculo.
“Eu vou primeiro,” a Ava anuncia, sentando com as costas retas. “Harry, verdade ou
desafio?” ela sorri.
“Desafio,” ele responde imediatamente.
“Eu desafio você a beijar a pessoa que você acha que é a mais gostosa desse quarto,” ela
continua sorrindo, e eu tenho que lutar contra o revirar de olhos.
“Ok,” ele dá de ombros antes de plantar seus lábios contra os do Jonah enquanto o rosto
do Killian se contrai em desgosto. Que babaca do caralho. “Liam, verdade ou desafio?”
ele pergunta assim que se afasta do Jonah.
“Verdade,” ele responde com as sobrancelhas levantadas, como se não esperasse ser
escolhido.
“Quem foi a última pessoa com quem você fez sexo?”
“A Brittany,” ele diz, compartilhando um sorriso com ela.
“Vocês estão juntos?” a Ava pergunta com uma carranca enquanto a porta do quarto se
abre.
“Ooh, vocês têm espaço pra mais dois?,” pergunta a voz irritante da Leah antes que ela e
o Oliver se espremam entre o Jock e o Jack.
“Mason,” o Liam diz, limpando a garganta. “Quando foi a última vez que você fez sexo?”
ele pergunta, sem tirar os olhos dele enquanto a Brittany olha para mim.
“No penúltimo dia de férias de verão,” ele responde casualmente, e as sobrancelhas da
Brittany se erguem.
Mordo o lábio, em parte porque estou feliz que ele não tenha dormido com mais
ninguém, e em parte porque lembro como aquela noite foi incrível.
“Você,” diz o Mason, apontando para o Jack, que rapidamente diz seu nome e escolhe
desafio.
“Faz um striptease pro Kingsley,” diz o Mason, lutando contra um sorriso.
“Eu não sou gay,” o Oliver diz rapidamente, fazendo o Harry grunhir.
“Você pode passar a vez,” diz o Mason, levantando as mãos antes de apontar para as
garrafas.
Os dois garotos rapidamente pegam uma garrafa cada e tomam um gole antes de
colocá-la de volta no meio.
“Killian, verdade ou desafio,” o Jack sorri.
“Desafio.”
“Eu desafio você a beijar a Lily.”
“Passo,” eu bufo, pegando uma garrafa.
“Vamos, linda, é o meu desafio,” ele diz, se inclinando pra mim.
“Eu sugiro que você não faça isso,” o Jock avisa, empurrando os ombros para trás. “Ela é
assustadora quando fica brava,” ele sussurra alto.
“Não sou,” eu retruco, tomando um grande gole do líquido.
“Eu tava lá quando você gritou com o Oliver,” ele rebate.
“Você gritou com ele de novo?” a Leah suspira, e eu reviro os olhos.
“Ele mereceu.” Dou de ombros.
“Ela cutucou o peito dele tantas vezes que pensei que ele fosse cair,” o Jock explica
dramaticamente, fazendo o Mason e o Liam rirem enquanto eu simplesmente reviro os
olhos novamente.
Eu desligo por um tempo, cansada dos desafios, que são basicamente “beijem” e das
verdades sobre sexo, então quando a Ava chama meu nome eu fico surpresa.
“Verdade,” digo antes de me arrepender instantaneamente.
“Por que você terminou com o Olly?” ela pergunta com um sorriso sinistro.
“Vocês não sabem?” o Olly franze a testa, olhando entre mim, a Ava e o Harry.
“Ela não contou nada.” A Ava balança a cabeça.
“Isso explica muita coisa,” ele murmura.
“O que aconteceu?” ela repete, olhando para mim.
“Passo,” murmuro, pegando a garrafa e engolindo a vodka.
“Espera, então você não contou pra ninguém?” o Oliver pergunta, se inclinando para
olhar para mim.
“Eu contei pra uma pessoa.” Dou de ombros.
“Foi pra aquele cara que eu tenho que bater?” Harry pergunta, e eu reviro os olhos.
“Jonah, verdade ou desafio?” pergunto, mudando de assunto.
“Que cara?” a Ava pergunta, com uma linha aparecendo entre suas sobrancelhas.
“Desafio,” diz o Jonah, e eu dou um sorriso agradecido.
“Desafio você a jogar o resto do jogo sem camisa,” murmuro, sem conseguir pensar em
mais nada.
“Já te disse o quanto te amo ultimamente?” o Harry suspira enquanto admira o físico
musculoso do Jonah, junto com as outras garotas.
Quando estou prestes a desistir, completamente cansada de jogar esse jogo idiota, a
porta se abre e alguém grita: “Polícia!”
Num piscar de olhos, todos ao meu redor estão de pé, correndo para a porta, enquanto
eu permaneço congelada, até que uma mão agarra o meu braço e me puxa para ficar de
pé.
“Temos que ir, princesa,” o Mason diz, me arrastando em direção à janela e a abrindo.
“Somos menores de idade.” Ele sai e estende a mão para mim.
Eu o sigo rapidamente, ele agarra a minha mão e nós dois corremos para a pequena área
arborizada atrás da casa.
“Você tá lenta.” Ele ri quando paramos para recuperar o fôlego.
“Você também,” eu retruco, sentando nas folhas mortas. “Cadê a sua namorada?” Eu
deixo escapar antes que eu possa me conter.
“Minha o quê?” Ele franze a testa enquanto se senta ao meu lado.
“Sua namorada,” repito, revirando os olhos.
“Eu não tenho namorada,” ele responde, me fazendo revirar os olhos novamente e
zombar.
“Você tá falando da Izzy?” o Mason suspira, estendendo a mão para pegar a minha, mas
eu rapidamente a afasto e envolvo os meus braços em volta dos meus joelhos,
puxando-os para o peito e descansando a cabeça sobre eles.
“A garota com quem você claramente teve um encontro na terça-feira,” murmuro,
fechando os olhos.
“Princesa.” Ele suspira tristemente.
“Não me chama assim,” eu estalo, abrindo meus olhos. Dói ouvi-lo me chamar de
princesa.
O rosto do Mason se mistura com confusão e mágoa. “Ela era minha namorada.”
Fecho os meus olhos ao ouvir as palavras.
“Nós namoramos por alguns meses no penúltimo ano,” ele explica como se isso
melhorasse as coisas. “Eu fui a um encontro com ela, tentando te esquecer,” ele sussurra
tristemente, fazendo meus olhos abrirem novamente.
“Mas daí, você apareceu.” Ele dá um meio sorriso para mim.
“Por quê?,” pergunto, limpando a garganta.
“Pelos meus amigos.” Ele suspira, olhando para os seus pés.
“A Brittany e o Liam?,” pergunto, e ele assente. “Eles falaram comigo na terça-feira,”
sussurro, fazendo a sua cabeça voltar rapidamente para mim.
“Sério?” ele pergunta, surpreso.
Concordo com a cabeça e conto a ele exatamente o que me disseram no banheiro.
“Eles estão sempre se intrometendo.” Ele balança a cabeça. “O Liam ligou pra você,” ele
comenta, e eu concordo novamente.
“Depois do jogo, quando vimos você e o Francis, ele disse que eu deveria ligar pra você,”
ele diz, olhando para trás, em direção à casa. “Eu contei pra ele quase tudo,” ele
acrescenta.
“Por que você não me ligou?,” pergunto.
“Eu queria,” ele murmura, olhando de volta para mim. “Mas eu não achei que você
queria falar comigo,” ele sussurra.
“Senti saudades de você,” sussurro de volta, com lágrimas brotando em meus olhos
novamente.
“Lily.” O Mason suspira antes de seus braços me envolverem e eu chorar em seu peito.
“Por que você não me acordou antes de sair?,” ele pergunta gentilmente, me embalando
em seus braços.
“Achei que seria mais fácil,” murmuro, envolvendo os meus braços em volta da cintura
dele. “Não foi,” acrescento. “Podemos ser amigos de novo?” Fungo, me afastando para
olhar em seus olhos.
“Não acho que posso ser apenas seu amigo,” o Mason recusa.
Meu coração aperta e tento me libertar, mas ele me puxa de volta para ele.
“Amigos não se beijam do jeito que eu quero te beijar toda vez que te vejo,” ele murmura
no meu ouvido.
“Por que não, então?,” pergunto, fixando os nossos olhos.
Mason roça seu nariz no meu, nossos lábios estão tão perto de se tocar. “Eu não acho
que deveria…,” ele sussurra.
“Como assim?,” sussurro de volta, levantando os meus braços para envolvê-los em volta
do seu pescoço.
“Acho que não consigo lidar com você indo embora de novo.” Ele suspira, fechando os
olhos.
“Não vou a lugar nenhum,” digo antes de diminuir a distância e pressionar os meus
lábios contra os dele.
Leva exatamente dois batimentos cardíacos para o Mason começar a me beijar de volta,
e quando ele faz eu suspiro em sua boca, dando a ele a oportunidade perfeita para
deslizar a língua na minha boca.
“Lily.” Ele suspira, se afastando de mim e eu faço beicinho. “O teu telefone não para de
tocar,” ele diz, batendo no meu bolso de trás, onde está o meu telefone.
“Simplesmente ignora,” eu digo, indo beijá-lo novamente, mas ele se esquiva.
“Tocou três vezes.” Ele balança a cabeça, e eu suspiro, tirando-o do bolso e vendo que o
Harry está ligando.
“Alô?” Atendo a ligação, revirando os olhos.
“Amiga, onde você tá? Conseguiu sair?” ele pergunta rapidamente.
“Tô com o Mason,” respondo.
“Por que diabos você tá com ele?” o Harry grita tão alto que eu me encolho e tenho que
afastar o telefone do ouvido.
“Ele me ajudou a fugir,” explico.
“Ah. Bom, você precisa de uma carona?” ele pergunta, um pouco mais calmo, mas ainda
parecendo irritado.
“Não. Vou chamar um Uber agora.” Eu minto.
“Ok, bom, até segunda,” o Harry diz antes de desligarmos.
“Ele vai me odiar quando eu contar,” suspiro para o Mason enquanto coloco meu
telefone de volta no bolso.
“Podemos manter em segredo por um tempo, se você quiser…,” ele sugere, esfregando
as mãos para cima e para baixo nas minhas costas.
“Só por um tempinho,” concordo.
Irmãs
LILY
Na terça-feira, o Harry, o Jonah e eu entramos no ginásio da escola Saint Mary, e eu juro
que é o ginásio mais frio do estado inteiro. Eu odeio jogar aqui.
“Estou com tanto frio,” resmungo, balançando as pernas para cima e para baixo,
tentando me aquecer.
“Eu odeio esse lugar,” a Sky concorda, esfregando as mãos.
“Vamos nos aquecer,” digo, grata por estarmos jogando na frente dos times do primeiro
ano hoje.
O Sky e eu vamos até o canto mais distante do ginásio e começamos a fazer alguns
alongamentos quando um grupo de quatro garotas vestidas com o uniforme da Saint
Mary’s se aproxima de nós.
“Vai lá falar com ela,” uma delas sussurra, empurrando outra para a frente.
“Oi.” A que foi empurrada para a frente cora, e eu imediatamente a reconheço como
uma das garotas sorridentes do jogo em Greendale, na semana passada.
“Olá.” Sorrio, educadamente.
“Você é a Lily Bennett, certo?” ela pergunta, nervosa.
“Sim.” Eu aceno.
“Meu Deus!” ela sussurra com os olhos arregalados, fazendo uma de suas amigas
empurrá-la novamente. “Só queríamos dizer que te amamos e que você é uma ótima
jogadora.” Ela cora novamente.
“Obrigada.” Eu sorrio para ela enquanto a Sky ri.
“Meu Deus, Tayla, é o seu irmão?” a garota ruiva grita, agarrando seu braço e apontando
para o outro lado do ginásio.
“O que diabos ele tá fazendo aqui?” ela resmunga, se libertando.
“Quem se importa!,” responde a outra garota. “O seu irmão é o Mason Cooper?,”
pergunta Sky, suas sobrancelhas se erguem, e meus olhos instantaneamente se fixam
nele caminhando em direção às arquibancadas.
“Infelizmente.” Ela revira os olhos. “Mas eu não sou igual a elas. Tipo, igual às pessoas
de Greendale,” ela divaga, girando para nos encarar novamente com os olhos
arregalados.
“É uma pena que ele estuda na Greendale. Ele é um gato.” o Sky suspira
sonhadoramente.
“Ele tem namorada,” diz a Tayla, fazendo com que todas as suas amigas fiquem de
queixo caído e olhem para ela.
“Eu peguei os dois na cama no verão, e foi tão estranho. E tenho certeza de que a ouvi
falando no quarto dele, no sábado,” ela explica, e eu tenho que lutar contra o rubor das
minhas bochechas.
“Tenho certeza de que conseguiria fazer ele esquecer essa menina.” A ruiva sorri,
levantando os seios, e a Tayla bufa.
“Boa sorte.” Ela revira os olhos verdes e eu começo a ver as semelhanças entre os dois.
“Sonhar não custa nada.” A Sky ri, fazendo as meninas se virarem para nós.
“É verdade que vocês nunca perderam pra Greendale?,” pergunta a menina menor.
“Nunca.” A Sky confirma com um sorriso orgulhoso.
“Nós deveríamos ir no próximo jogo!,” grita a ruiva, e o rosto da Tayla empalidece um
pouco.
“Eu teria que sentar do lado da nossa escola, né?,” ela murmura.
“Ah, não, diga ao seu irmão que você é livre. Você pode sentar do nosso lado.” Eu pisco.
“É, como se isso fosse funcionar…” Ela bufa antes de cobrir o nariz e a boca.
“Bota a culpa em mim. Eu não me importo.” Eu dou de ombros.
“Quer saber? Eu adoraria vê-lo perdendo a cabeça.” Ela ri, jogando a cabeça para trás.
“Bem, temos que terminar o aquecimento,” diz a Sky.
As quatro garotas acenam e vão embora.
“Eu me pergunto por que a irmã do Mason estuda aqui,” comenta a Sky enquanto
rebatemos uma bola entre nós.
“É um pouco estranho,” eu respondo, meus olhos vagam até onde o Mason está sentado
com uma senhora de aparência mais velha, talvez seja a sua mãe.
Depois de terminarmos o aquecimento, voltamos para as arquibancadas, onde o Harry
está fazendo beicinho.
“Qual é o problema?” Eu sorrio, divertida com a cara dele.
“O Mason Cooper tá aqui,” ele murmura.
“A irmã dele joga no time júnior,” diz a Sky, sentando.
“Oh,” ele comenta antes de franzir a testa. “Por que diabos ela estuda aqui?” ele
questiona.
“Minha irmã também estuda na Saint Mary’s,” o Jonah interrompe, confundindo ainda
mais o pobre Harry.
“Por quê?” ele pergunta.
“Ela gostou mais do programa de música deles.” Ele dá de ombros enquanto o Lyall
ordena que eu e a Sky entremos na quadra.
“A Bagsy não quer jogar cara ou coroa,” eu digo rapidamente, fazendo a Sky bufar.
O jogo contra a Saint Mary’s é um pouco mais disputado. Ganhamos por 5–2.
“Vocês, meninas, estão pegando fogo!,” o Lyall exclama enquanto saímos da quadra.
“Claro que sim!” o Harry exclama.
“Você não deveria estar no treino de futebol?,” o Lyall pergunta a ele, erguendo a
sobrancelha.
“Provavelmente.” Ele dá de ombros, me mandando uma piscadela. Desde o primeiro
ano, Harry mata o treino de terça para assistir aos meus jogos.
O técnico Burns ameaçou expulsá-lo do time algumas vezes, mas eventualmente
percebeu que não se importava e simplesmente deixou para lá. Ele só precisa treinar por
mais tempo amanhã.
Eu assisto as juniores jogando, principalmente observando a Tayla. Ela é boa. Mas a
dupla dela é fraca.
Com um pouco mais de treinamento, elas seriam uma dupla incrível.
“Essa é muito boa,” o Lyall diz baixinho para mim e a Sky, acenando para a Tayla.
“Você leu a minha mente,” eu rio.
“Acha que ela se transferiria pra cá?,” ele pergunta, olhando para mim e para a Sky.
“O irmão dela é o quarterback estrela da Greendale,” a Sky sussurra, e os ombros do
Lyall caem instantaneamente.
“Acho que não posso ser tão ganancioso assim, né?” Ele suspira, levantando novamente.
Elas acabam empatando em 2–2. Para grande irritação do Lyall. “Onde diabos estou
errando com elas?,” ele murmura para nós antes de caminhar até elas, sem dúvida
criticando o jogo.
“Ele tá certo. Elas realmente são péssimas,” o Harry afirma, levantando e se
espreguiçando.
“Elas não são tão ruins assim,” eu defendo.
“Eu poderia oferecer os meus serviços de treino de equipes pra ganhar créditos extras,”
o Harry ri enquanto começamos a sair da academia.
“Até mais tarde,” a Sky acena, saindo correndo, e vejo o Mason encostado na parede
olhando para o telefone.
“Só vou ao banheiro antes… Vejo vocês amanhã,” digo ao Harry e ao Jonah, grata por ter
vindo sozinha de carro esta noite.
Dou um abraço nos dois e me despeço, mas o Jonah sussurra algo no meu ouvido, me
fazendo congelar.
“O Mason ficou olhando pra sua bunda o jogo todo.”
Eu me afasto e levanto as sobrancelhas para ele, tentando descobrir o que ele sabe.
“Até amanhã,” ele pisca antes de sair com o Harry.
Observo seus corpos desaparecerem antes de ir até o Mason.
“Ei,” eu digo, fazendo-o pular e ele quase deixa o telefone cair.
“Ei, princesa,” ele sorri, colocando o telefone dentro da calça jeans.
“Então, você veio aqui pra assistir a sua irmã jogar ou por minha causa?,” pergunto com
um sorriso provocador.
“Ela falou com você, né?,” ele geme, enlaçando os meus quadris e me puxando contra
seu corpo.
“Sim,” eu rio, envolvendo os meus braços em volta do pescoço dele.
“Devíamos começar a correr de novo amanhã,” ele diz, roçando o nariz no meu.
“Mas eu gosto de dormir,” resmungo, ficando na ponta dos pés e beijando-o
gentilmente.
O Mason me beija de volta por alguns segundos antes de se afastar um pouco. “Ainda
assim, vamos correr.” Sua respiração atinge os meus lábios.
“Tudo bem,” eu bufo em concordância antes de diminuir a distância novamente.
“Mason?” A Tayla suspira, fazendo com que nos afastemos um do outro novamente.
“O quê?” ele geme, puxando meu rosto para seu peito.
“Primeiramente, ela é a Lily Bennett?” sua voz é atrevida, e eu me viro em seus braços
para encará-la com um pequeno sorriso.
“Olá.” Aceno enquanto seu rosto está congelado, em choque.
“Que porra é essa?” ela sussurra, balançando a cabeça.
“Precisa de alguma coisa?” O Mason suspira, tirando os braços de mim.
“A mamãe foi embora,” ela responde rapidamente e franze os lábios.
“O quê?” ele pergunta, olhando ao redor do estacionamento.
“Ela mandou uma mensagem dizendo que tinha um encontro e precisava ir,” a Tayla diz
tristemente, segurando o telefone, que o Mason pega imediatamente.
“Que vadia do caralho!” Ele grita entre os dentes. “Ela literalmente me disse que ia
esperar no carro,” ele acrescenta, jogando o telefone da Tayla nas mãos dela.
“Vou ligar pro Liam e ver se ele pode dar uma carona.” Ele suspira, tirando o telefone do
bolso, mas eu o paro.
“Posso levar vocês,” digo a ele, segurando as chaves do meu carro.
“Se você não se importar…” ele diz, parecendo inseguro.
“Não é como se vocês morassem longe de mim.” Reviro os olhos.
“Meu Deus! Vou pegar uma carona pra casa com a Lily Bennett!” a Tayla grita enquanto
o Mason a encara.
“Seus pais estão em casa?” o Mason pergunta baixinho enquanto entramos no meu
carro.
“Não. Eu nem tive notícias deles ultimamente.” Eu suspiro.
“Quer ficar com a gente?” ele pergunta, e eu aceno com entusiasmo.
“Então, há quanto tempo isso tá acontecendo?,” pergunta a Tayla, enfiando o rosto entre
os assentos.
“Não é da sua conta,” o Mason estala empurrando o rosto dela. “A Gemma vai surtar.”
Ela ri enquanto cai para trás.
“Como assim?,” pergunto curiosamente.
“Nós vimos você jogar quando era caloura e ficamos totalmente obcecadas desde então.
Na verdade, queríamos ir pra Ridgewood, mas o Callum e o Mason não deixaram,” ela
explica.
Eu seguro o riso.
“Eu disse que você pode ir pra lá quando eu me formar,” o Mason murmura.
“E eu planejo fazer isso,” ela diz.
“Você quer transferir de escola?,” pergunto, erguendo as sobrancelhas.
“No segundo em que ele se formar, eu vou pra lá,” ela confirma.
“Meu treinador perguntou hoje mesmo se eu achava que você poderia vir pra nossa
escola,” digo casualmente, fazendo o Mason virar a cabeça na minha direção.
“Espera, o quê?,” ela pergunta, colocando o rosto entre os assentos novamente enquanto
eu estaciono em frente à casa deles.
“Você é uma jogadora muito boa. O Lyall gosta de ter as melhores no time,” dou de
ombros, desligando o motor.
“Meu Deus!” a Tayla grita e começa a pular para cima e para baixo. “Esse é o melhor dia
da minha vida!” ela exclama antes de pular do carro e correr para dentro.
“Ela nunca vai parar de falar disso,” suspira Mason, tirando o cinto.
“Ela é fofa,” eu sorrio.
“Você é fofa,” Ele sorri, me fazendo cair na gargalhada. “Tá pronta pra conhecer a minha
outra irmã louca?” Ele suspira novamente, olhando para a casa.
“Sim,” eu respondo. Quer dizer, ela não pode ser tão ruim assim, certo?
O Mason e eu caminhamos lentamente até a porta da casa dele, e no segundo em que ela
se abre, uma versão mais jovem da Tayla está ali, parada com os braços cruzados.
“E o que diabos é isso?” ela pergunta bruscamente, me fazendo dar um passo mais perto
do Mason.
“O que você acha?” ele responde sem expressão.
“Você tá sendo hipócrita!,” ela diz, jogando a mão no ar.
“Gemma!” a Tayla repreende do sofá.
“É verdade!” ela responde bruscamente antes que seus olhos se fixem em mim. “Puta
merda. Eu realmente não acredito que te conheci.” Ela sorri largamente, e de repente
não está mais brava.
“Vai pedir o jantar,” o Mason ordena, agarrando a minha mão e me puxando em direção
às escadas.
“Eu já pedi. No restaurante do namorado da Tayla.” Ela sorri, fazendo o Mason congelar
antes de se virar lentamente.
“O quê?” ele pergunta, olhando para a Tayla.
“Ele não é meu namorado,” ela nega rapidamente, dando uma bronca na irmã
sorridente.
“Tudo bem, ela só tem uma queda enorme pelo entregador.” A Gemma ri enquanto a
Tayla cora.
“Acho que vamos esperar aqui,” o Mason diz lentamente, sentando no sofá enquanto eu
sento na poltrona.
Nós quatro assistimos TV por um tempo até a campainha tocar, e então o Mason e a
Tayla ficam de pé.
Ele dá um pequeno empurrão nela, fazendo-a cair de bunda no chão, antes de correr
para a porta.
“Isso é tão embaraçoso,” ela geme, cobrindo o rosto.
“Vingança,” a Gemma murmura. “Eu disse pra você não comer os meus doces!,” ela
retruca, e eu mordo meu lábio, querendo dizer a ela que na verdade fomos eu e o Mason
que comemos todos os seus doces.
Estou prestes a contar a ela quando a porta bate e o Mason volta segurando duas caixas
de pizza, parecendo nada impressionado.
“Você gosta daquele babaca?,” ele pergunta, colocando as caixas na mesa de centro.
“O que você disse?” ela geme.
“Nada,” Mason sorri, abrindo as caixas.
Depois de comer a pizza e assistir a um filme com a Tayla e a Gemma, Mason me mostra
onde fica o chuveiro para que eu possa tirar todo o suor do meu corpo antes de nos
aconchegarmos na cama dele.
“Você vai estar aqui quando eu acordar?,” ele pergunta baixinho, desenhando círculos
com os dedos na parte inferior das minhas costas.
“Vou,” eu confirmo.
“Quando você foi embora da última vez, eu fiquei muito puto,” ele murmura. “E triste,”
ele acrescenta baixinho.
“Mas eu provavelmente deveria ter implorado pra você ficar.” Ele limpa a garganta,
movendo a mão pelas minhas costas para me puxar para mais perto ainda.
“Se você tivesse implorado, talvez esse último mês não tivesse sido uma droga.” Eu
sorrio, desejando poder voltar no tempo.
“Talvez,” ele concorda, fechando os olhos.
Amigos
LILY
“Você vai fazer alguma coisa nesse fim de semana?” Mason me pergunta na quinta-feira
de manhã, enquanto corremos pela trilha.
“Nada.” Balanço a cabeça, querendo parar de correr, mas estamos prestes a dobrar a
esquina para a reta final.
“O Liam e a Brittany querem conhecer você,” ele diz casualmente, me fazendo parar.
“Sério?,” pergunto, respirando fundo.
“É. Eu meio que contei a eles sobre nós ontem.” Ele cora, coçando a parte de trás da
cabeça.
“O que eles disseram?,” pergunto, nervosa, enquanto começamos a andar na curva.
“Eles me encurralaram, perguntando por que eu tava agindo normalmente de repente.”
Ele revira os olhos. “Você não precisa falar com eles…” ele acrescenta quando eu não
digo nada.
“Eu vou conhecê-los,” eu decido. Eu realmente gosto do Mason, e se os amigos dele
quiserem me conhecer, então eu vou, por ele. Mesmo que eu tenha noventa e nove por
cento de certeza de que a Brittany me odeia.
“Quem chegar por último é a mulher do padre!” Ele pisca, decolando, e eu bufo. Ele
sempre trapaceia!
Eu forço as minhas pernas para correr o mais rápido que posso, mas não tem como
alcançar Mason e as suas pernas longas e estúpidas.
“Você é o maior ladrão que eu conheço,” bufo, me inclinando para recuperar o fôlego.
“Eu nunca te roubaria.” Ele suspira, fingindo estar magoado, antes de nós dois
começarmos a rir.
***
Na escola, eu fiquei sorrindo o dia todo. Na verdade, não me lembro da última vez que
me senti tão feliz.
“Por que você tá tão feliz assim, de repente?” a Ava me pergunta na hora do almoço.
“Eu simplesmente tô feliz, ué.” Eu dou de ombros.
“Você tá toda sorridente. É meio assustador,” ela afirma, cruzando os braços e apoiando
no assento.
“O que é assustador?,” pergunta o Harry, sentando ao lado dela enquanto o Jonah se
senta ao meu lado.
“A Lily tá toda feliz,” ela diz em um tom monótono antes de olhar feio para o Jonah e
pegar a sua bolsa e ir embora.
“Qual é o problema dela?,” pergunta Harry.
“Ela me odeia, lembra?” Jonah ri, tirando um sanduíche da mochila.
“Mas ela tá certa. Você tem estado muito feliz nos últimos dias,” diz o Harry, finalmente
encontrando seu almoço.
“E tem problema?,” pergunto, levantando uma sobrancelha.
“Não. Eu adoro. Eu fiquei realmente preocupado com você por um tempo.” Ele balança
a cabeça.
“Alguma coisa a ver com um certo garoto?” o Jonah pergunta com um pequeno sorriso.
Estudo seu rosto com os olhos semicerrados, tentando entendê-lo, mas não consigo.
“Sim,” confirmo, fazendo-o assentir para si mesmo.
“Quem?,” Harry pergunta, e eu desvio os meus olhos do Jonah para ele.
“O cara que conheci no verão.” Eu coro, mordendo meu lábio levemente.
“Oh, o M. ~” Harry concorda. “Então vocês resolveram o problema?” ele pergunta.
“Mais ou menos,” respondo, apertando os lábios.
“E quando vou conhecer esse garoto misterioso?”
“Em breve. Ainda não. Estamos mantendo as coisas em segredo por um tempo,” explico,
fazendo o Harry zombar e revirar os olhos.
“É porque ele é muito feio?” Ele sorri, me fazendo rir.
“O oposto. Não acho que você conseguiria lidar com o quão gato ele é.” Eu rio.
***
“Você parece nervosa.” O Mason ri enquanto eu sento ao lado dele no sofá de pernas
cruzadas, na tarde chuvosa de sábado.
“Estou nervosa,” digo a ele. Meu estômago está dando cambalhotas desde que acordei
hoje de manhã.
“Eles não são tão ruins assim,” ele me tranquiliza, batendo no meu joelho algumas
vezes.
“E se os seus amigos me odiarem?,” pergunto, mordendo a unha do polegar.
“Eles não vão te odiar.” Ele ri, dando um beijo suave na minha bochecha.
“Aff. Vocês me dão nojo,” a Gemma zomba enquanto passa por trás do sofá.
“Você deveria estar fora de casa!” Mason grita atrás dela.
“Já tô indo!” ela grita de volta, e ele revira os olhos.
Pouco mais de uma hora depois, a Gemma sai e os amigos do Mason chegam.
“Vai ficar tudo bem,” ele me diz uma última vez antes de abrir a porta.
Fico plantada no sofá, roendo as unhas, enquanto a Brittany entra na sala primeiro,
seguida pelo Liam e pelo Mason.
“Oi.” A Brittany sorri, sentando no lugar vazio ao meu lado.
“Olá.” Tento sorrir de volta.
“Não acredito!” Ela ri enquanto o Mason e o Liam se sentam nas poltronas.
“Que loucura,” o Liam concorda, dando um sorriso malicioso para o Mason, embora ele
apenas revire os olhos.
“E tudo graças a nós.” A Brittany sorri orgulhosamente, estufando o peito.
“Do que diabos você tá falando?” o Mason franze a testa, olhando para ela como se ela
tivesse perdido o juízo.
“Bom, veja bem, eu e o Liam, sendo os grandes amigos que somos, falamos com a Lily,”
ela explica com um leve rubor.
“Na verdade, não ajudou muito,” digo, corando.
“O quê? Por que não?” Ela suspira, olhando para mim.
“Logo depois da nossa conversa, eu o vi num encontro com outra garota,” murmuro,
olhando para o Mason, que está se encolhendo.
“Um encontro?” o Liam pergunta, erguendo as sobrancelhas.
“Com a Izzy,” o Mason murmura. De repente, vejo um flash de luz voando e uma
almofada acerta o Mason bem no rosto.
“Você é o maior idiota que eu já conheci!” a Brittany grita, lançando um olhar furioso.
“Eu tava…” o Mason começa a se explicar, mas a Brittany o interrompe, dizendo que não
quer ouvir.
“Vem, Lily. Vamos conversar no quarto dele,” ela declara, ficando em pé.
“Desculpa,” digo ao Mason sem emitir som enquanto sigo a Brittany escada acima.
“Ele é um idiota!” ela exclama, batendo a porta do quarto atrás de nós. “Ok, agora você
tem que me contar tudo!” ela grita, pulando na cama dele e se acomodando.
Ela dá um tapinha no lugar ao lado dela para que eu me sente, o que eu faço com
hesitação.
“Eu quero saber tudo ~,” ela enfatiza. “Como vocês se conheceram? Quando vocês se
beijaram pela primeira vez? Como vocês voltaram? A gente realmente não ajudou em
nada?” ela lista, sem parar para respirar.
Dou uma risadinha antes de contar praticamente tudo a ela, incluindo como nos
conhecemos e como o Oliver me traiu.
“Uau.” Ela suspira quando termino de falar. “Eu sempre odiei o Kingsley,” ela murmura.
“Achei que você também me odiasse,” murmuro, puxando um fio solto do cobertor.
As sobrancelhas pretas da Brittany se erguem em surpresa com as minhas palavras. “Te
admiro, sim. Sinto um tanto de inveja, também sim. Mas nunca te odiei.” Ela balança a
cabeça.
“Embora eu deva admitir que fiquei puta quando descobri que você saiu da equipe de
líderes de torcida.” Ela cora.
“Como assim?,” pergunto, juntando as sobrancelhas. “Porque eu finalmente ia te vencer
na competição no Ano Novo.” Ela responde em um tom de “dãããã,” nos fazendo rir.
“Vou ter que me contentar com o jogo de vôlei da semana que vem.” Ela suspira
dramaticamente.
“Vai sonhando.” Eu rio.
“Ok, qual é o segredo? Por que nunca conseguimos vencer vocês?” ela pergunta,
inclinando-se para trás.
“Por duas razões,” eu digo, levantando meus dedos e me inclinando para trás, ao lado
dela. “Número um, seu saque é uma droga,” eu digo, e ela concorda com a cabeça.
“Número dois, você precisa de uma nova dupla.”
A Brittany geme e se senta novamente. “A Natasha é péssima, né?” Ela bufa, caindo de
volta.
“Meu treinador quer que a Tayla seja transferida pra nossa escola,” digo a ela.
“Não é justo! Queremos vê-la em campo há tanto tempo,” ela geme enquanto a porta do
quarto se abre e o Liam e o Mason entram dançando.
“Do que vocês duas estão falando?” o Liam pergunta, sentando na cadeira perto da
mesa.
“Não é da sua conta,” a Brittany diz.
“Estamos entediados.” O Liam geme enquanto o Mason se aproxima da mesa de
cabeceira, pegando seu controle do Xbox antes de se sentar no pé da cama.
“Vai contar os seus problemas pra outra pessoa.” Ela o ignora.
“Vamos jogar um jogo,” ele afirma, pegando um controle e sacudindo-o.
“Aff.” Seu rosto se contorce de desgosto antes que um grande sorriso se abra em seu
rosto e ela lentamente se vira para olhar para mim.
“Finalmente tenho alguém pra me acompanhar nessa tortura.” Ela sorri, fazendo o
Mason rir.
“Você sabe quantas vezes eu tive que ficar sentada aqui por horas vendo eles jogarem
um jogo idiota, morrendo de tédio?” ela me pergunta.
“Ninguém disse que você tinha que ficar…,” o Liam canta, levantando para sentar ao
lado do Mason enquanto ele carrega um jogo.
“É, bem, vocês são meus únicos amigos, então eu tenho que ficar. A menos que eu queira
ficar presa em casa com a minha mãe e o namorado dela o dia todo.” Ela estremece.
Enquanto os dois garotos brincam de algum tipo de jogo de tiro, a Brittany e eu
continuamos falando sobre vôlei e a equipe de líderes de torcida até que ela pergunta
quando é o meu próximo jogo.
“No próximo fim de semana,” respondo, mordendo o lábio inferior.
“O meu também.” Ela suspira enquanto o Mason e o Liam trocam um olhar secreto.
“Espera, já que vocês estão juntos, isso significa que a pegadinha vai miar?” Ela
direciona a sua pergunta para o Mason.
“Ahh, acho que sim…” ele responde, coçando a nuca.
“Que pegadinha?,” pergunto, intrigado.
“Nós íamos fazer um monte de coisas inofensivas.” Ele ignora.
“Vocês deveriam seguir em frente.” Eu dou de ombros, não me importando mais com
essa guerra entre as escolas.
“Você tá realmente nos encorajando a pregar uma peça na sua escola?” o Liam ri
enquanto a TV fica preta.
“O que aconteceu?” ele pergunta, olhando entre o controle e a TV.
O Mason franze a testa enquanto se levanta e acende a luz algumas vezes, mas nada
acontece.
“Acabou a energia.” Ele suspira, indo até a janela e olhando para a rua. “A rua inteira tá
apagada, pelo visto,” ele acrescenta, fechando as cortinas e sentando novamente.
“Sua mãe vai voltar hoje à noite?” a Brittany pergunta com um sorriso maligno
estampado no rosto.
“Hoje é sábado. O que você acha?” Ele bufa.
“Vai buscar um pouco daquele vinho dela, muito caro e delicioso.” Ela sorri.
“Mas é tão nojento,” o Liam geme, jogando o corpo de volta na cama, e a Brittany
imediatamente coloca os pés no rosto dele.
“Vem me ajudar…,” ela diz enquanto Mason acena para mim em direção à porta.
Nós dois nos levantamos e descemos juntos em direção à cozinha.
“Foi tão ruim quanto você imaginava?,” ele pergunta, envolvendo seus braços em volta
dos meus ombros.
“Ela é muito legal.” Eu sorrio para ele e envolvo meus braços em volta de sua cintura.
“Eu disse que você não tinha que se preocupar.” Ele sorri antes de se inclinar e me
beijar.
“Você tava certo,” eu digo enquanto ele afasta seus lábios dos meus.
“Hm, eu gosto de ouvir isso.” Ele ri, abrindo a geladeira e pegando duas garrafas de
vinho e passando para mim antes de pegar outras duas.
“Quantas garrafas de vinho ela tem aí?,” pergunto, olhando ao redor dele e vendo que a
geladeira inteira está praticamente cheia de vinho.
“Muitas,” ele murmura, batendo a porta. “E ela guarda mais vinho tinto no armário de
bebidas, na sala de estar.” Ele suspira.
Nós quatro sentamos na cama do Mason bebendo o vinho. Bem, a Brittany e eu
bebemos com facilidade; o Liam e o Mason se encolhem toda vez que tomam um gole.
“Tô com fome,” o Liam faz beicinho.
“Pede uma pizza,” o Mason diz a ele, balançando a cabeça.
“Mas pede no Sal’s. A Tayla tem uma queda pelo entregador.” Ele bufa, revirando os
olhos.
“Quem é?” a Brittany pergunta com um sorriso largo.
“Não sei,” ele dá de ombros em resposta antes de tomar um grande gole de vinho.
Trinta minutos depois, alguém bate na porta, e o Mason e eu descemos juntos para
pegar a pizza.
Bom, ele vai pegar a pizza. Eu fico olhando pela janela para ver se reconheço o cara.
Quando vejo quem é o entregador, solto um suspiro e rapidamente me abaixo, só para o
caso de ele poder me ver pela janela. O Mason se vira ligeiramente e olha para mim com
um olhar divertido.
“Eu o conheço,” eu digo sem emitir nenhum som, fazendo suas sobrancelhas se
erguerem.
“Acabou a energia, né?” A voz do Jonah soa claramente.
“Sim,” ele responde, entregando uma gorjeta para ele.
“Minha amiga mora perto daqui,” ele comenta, fazendo o Mason olhar de volta para
mim. “Talvez eu tenha que passar lá, pra ter certeza que ela tá bem,” o Jonah continua.
“Faz isso, sim,” murmura Mason, olhando para o troco em sua mão com uma carranca.
“Talvez você conheça essa minha amiga, na verdade. A Lily Bennett,” o Jonah afirma,
dizendo meu nome mais alto e me fazendo estremecer.
“Nunca ouvi falar dela,” o Mason dá de ombros, dando a ele todo o troco como gorjeta.
“Cara, aí tem, tipo, trinta pilas!” o Jonah exclama, e o Mason dá de ombros em resposta
antes de pegar as pizzas e fechar a porta.
“Por favor, me diga que ele não é um canalha.” Ele geme enquanto voltamos para o seu
quarto.
“Bom, ele me disse que ama a minha bunda.” Eu sorrio, fazendo todo o seu corpo
congelar e ficar tenso.
“Ele disse o quê?” ele pergunta, humildemente.
“Mm-hmm. Ele queria ter uma bunda igual a minha.” Eu rio enquanto o corpo do
Mason relaxa. “Ele é o Jonah, o namorado do Harry,” eu explico enquanto entramos no
quarto.
“Bem, que alívio.” Ele suspira, colocando as pizzas no meio da cama.
Nós quatro ficamos sentados comendo pizza, jogando Snap and Go Fish e, claro,
bebendo o delicioso vinho até altas horas da manhã, só vamos dormir quando a TV volta
a ligar, às 2 da manhã.
O Liam e a Brittany estão dormindo no sofá lá embaixo enquanto o Mason fica de
conchinha comigo, na cama dele.
“Você acha que o Jonah me viu?,” sussurro, brincando com os dedos longos e finos do
Mason.
“Acho que não,” ele murmura no topo da minha cabeça.
Suas palavras aliviam um pouco a minha ansiedade, mas não completamente. Há algo
que não me pareceu certo na maneira como ele disse o meu nome.
Traidora
LILY
O Dia de Ação de Graças é na semana que vem, e minha mãe finalmente enviou um
e-mail hoje de manhã dizendo que ela e o papai voltarão na terça-feira!
Com o feriado se aproximando, todos na escola estão animados para o jogo de futebol
contra a Greendale hoje à noite.
O Mason me contou que eles não perderam nenhuma partida em toda a temporada e
não planejam perder tão cedo. Especialmente com os campeonatos estaduais chegando,
em algumas semanas.
O Harry disse que, como perdemos apenas um jogo, eles definitivamente serão
classificados.
“Você vai sentar com a gente no almoço?,” o Harry pergunta enquanto o sinal toca para
começarmos a ir para a segunda aula do dia.
“Não.” Eu balanço a minha cabeça, fazendo-o revirar os olhos.
“Minha melhor amiga não quer sentar comigo, meu namorado não quer sentar comigo.
Eu sou tão chato assim?” Ele suspira, dramaticamente.
“Eu te amo, mas os jogadores de futebol são péssimos.” Eu rio, empurrando seu ombro
antes de entrar na minha sala.
A segunda aula demora uma eternidade para passar. Quando o sinal toca, eu saio pela
porta num piscar de olhos, mas parece que todas as pessoas nos corredores param de
andar e começam a me encarar.
Balanço a cabeça e começo a andar para a terceira aula. Devo estar imaginando coisas.
“Traidora!,” alguém grita, e eu viro a cabeça para ver que todos estão de fato me
encarando — bom, na verdade, me fuzilando com os olhos.
“Puta,” alguém grita, e eu franzo a testa enquanto começo a andar novamente.
“Vagabunda,” alguém rosna antes de eu ver o Harry vindo na minha direção.
“Que porra é essa, Lily?,” ele grita, me dando o mesmo olhar que todo mundo, e meu
estômago embrulha, sabendo exatamente o que aconteceu.
“O Mason Cooper, porra?,” ele exclama enquanto uma pequena multidão se reúne ao
nosso redor.
“Deixa eu me explicar,” digo rapidamente, pronta para contar tudo a ele, incluindo como
o Oliver me traiu, sem me importar com mais nada.
“Ele é o cara das férias de verão, certo?” ele cospe, pegando o seu telefone e enfiando na
minha cara. “Qual é o seu problema, caralho?” ele berra, me mostrando a foto que
tiramos na churrascaria, no dia em que conseguimos comer os bifes gigantes.
“Eu o conheci no dia em que eu e o Olly terminamos. Eu tava chorando…” eu começo,
mas ele me interrompe.
“Deixa quieto.” Ele balança a cabeça antes de se virar e ir embora.
As pessoas que se reuniram para assistir estão começando a ir embora, mas não sem
antes me chamar de vadia, vagabunda, prostituta e, claro, traidora.
Meus olhos se enchem de lágrimas enquanto as pessoas me insultam, antes de eu me
virar e sair correndo para o meu carro.
Dirijo para casa, conseguindo ver através das lágrimas antes de mandar uma mensagem
para o Mason. Ele precisa saber antes que a fofoca se espalhe para a escola dele.
Eu
Alguém na escola viu a nossa foto naquela churrascaria
Mason
O quê?
Eu
A minha escola inteira já sabe da gente
Olho para o meu telefone, esperando os três pontinhos aparecerem, mas eles não
aparecem. Em vez disso, ele me liga.
“Ei.” Minha voz falha quando atendo à ligação.
“Você tá bem?” ele sussurra.
“Tô,” minto, limpando o nariz na mão.
“Onde você tá?” ele pergunta.
“Em casa,” sussurro enquanto mais lágrimas caem pelo meu rosto.
“Vai ficar tudo bem, princesa,” o Mason me acalma.
“Alguém na sua escola já descobriu?” Eu fungo, esperando que não.
“Ainda não. Mas pode deixar que vou lidar com isso,” ele me diz. “Vou falar com o
treinador e ver se posso sair do treino agora,” ele acrescenta rapidamente.
“Não precisa,” eu o tranquilizo.
“Precisa, sim. Mas se eu não puder, eu apareço aí antes do jogo, ok?” ele diz, parecendo
estressado.
“Tá tudo bem. Te vejo depois do jogo,” eu digo.
“Você ainda vem assistir?,” ele pergunta, parecendo surpreso.
“Claro,” afirmo confiantemente, embora eu esteja sentindo tudo, menos confiança.
“Até daqui a pouco, princesa,” o Mason diz, antes de desligar.
Me permito chorar mais um pouco antes de vestir o meu pijama, me enrolar no sofá e
assistir ao filme The Notebook. Nem dez minutos depois de começar, alguém bate na
porta da frente.
Murmuro baixinho enquanto enrolo o cobertor em volta dos meus ombros e espio pela
janela, surpresa ao ver a Brittany parada na minha porta usando o seu uniforme de líder
de torcida e segurando uma sacola de compras.
Abro a porta lentamente, me perguntando por que diabos ela está aqui. “Você tá
horrível,” ela afirma, passando direto por mim.
“Hum, o que você tá fazendo aqui?,” questiono, e vejo que ela senta no sofá enquanto
vasculha a sacola de compras.
“Você sabia que o Liam mora umas cinco casas pra lá, na sua rua?,” ela pergunta, sem
responder a minha pergunta, pegando um pote de sorvete Ben and Jerry’s.
“Não sabia, não…,” respondo lentamente.
“Vou pegar colheres,” ela diz, levantando e indo até a minha cozinha.
“Senta,” diz a Brittany, se jogando novamente no sofá e dando um tapinha no lugar ao
lado dela.
“O que você tá fazendo?,” pergunto cautelosamente enquanto me sento.
“Te dando apoio moral.” Ela dá de ombros, me entregando uma colher. “Foi muito
ruim?,” ela pergunta baixinho enquanto muda o filme para uma comédia.
“Eles ficaram me chamando de traidora, vadia, vagabunda, prostituta.” Eu suspiro. “E o
Harry gritou comigo,” eu acrescento, franzindo os meus lábios.
“Você não tinha contado pra ele?”
“Eu ia contar depois que a temporada de futebol americano acabasse.” Eu balanço a
minha cabeça.
“Você não vai ter problemas por faltar na escola?,” questiono, lembrando que é dia de
jogo e que os jogadores de futebol e as líderes de torcida devem ficar na escola o dia
todo.
“A minha mãe é a treinadora.” Ela sorri.
Nós comemos o sorvete juntas assistindo ao filme até que eu decido perguntar por que
ela está aqui. “Não me leve a mal, mas por que você veio ficar comigo?,” pergunto,
colocando meu pote vazio na mesa de centro.
“Eu e o Mason fazemos a mesma aula de química, então eu tava lá quando você mandou
mensagem pra ele, e ele saiu para te ligar e como sou uma piranha intrometida, fui atrás
dele.”
Ela coloca o pote dela perto do meu e dobra as pernas embaixo do corpo.
Eu divido o meu cobertor, percebendo que ela provavelmente está congelando. A
Brittany me dá um sorriso agradecido e puxa o cobertor até o queixo.
“Eu o segui até a salinha do treinador George, e o Mason disse que tinha que sair, mas
que voltaria pro jogo.
Daí o George disse que se ele saísse, ficaria no banco de reservas, e o Mason disse que
não se importava, nessa hora os dois começaram a gritar, então eu me ofereci pra vir
aqui. Porque, sabe, eu meio que acho você incrível.”
Ela diz tudo isso sem respirar.
“Contei pra minha mãe quando já tava aqui na sua porta, e ela ficou brava comigo por
não ter avisado antes,” ela acrescenta, com uma risadinha.
“Obrigada,” sussurro, dando um sorriso genuíno.
“Sem problemas.” Ela sorri, pegando a sacola de compras novamente e tirando um
grande saco de batatinhas fritas.
“Espero que ninguém trate ele mal,” sussurro, imaginando se a galera da Greendale já
descobriu e torcendo para que o Mason esteja bem.
“Ninguém vai dizer nada.” A Brittany balança a cabeça. “Bom, não na cara dele. Nem na
frente de qualquer um dos garotos,” ela acrescenta, franzindo os lábios.
Pego meu telefone para ver se o Mason mandou mensagem e vejo que tenho cinquenta
mensagens, todas, exceto duas, são de números não salvos: Leah e Ava.
Eu rolo a página, sem prestar muita atenção, mas a maioria delas está me chamando de
traidora nojenta.
Leah
Sempre soube que você era uma prostituta kkkkkk
Reviro os olhos para a mensagem dela e passo para as mensagens de Ava.
Ava
Sério, Lily??
Ava
Você é uma traidora maldita
Ava
Espero que você seja expulsa da escola
Ava
Na verdade, não. Vai se matar, ninguém se importa com você.
Enquanto leio a última mensagem dela, começo a chorar de novo. Como ela pode dizer
algo assim? Tipo, eu sei que ela pode ser uma cuzona quando quer, mas não pensei que
ela seria tão cruel.
“Aquela puta de merda!” a Brittany suspira, arrancando o telefone das minhas mãos.
“Eu nunca gostei dela,” ela diz, passando pelas outras mensagens.
“Essas pessoas estão realmente fodidas da cabeça,” ela murmura enquanto enfia o meu
telefone nas almofadas e pega o dela.
“Ah merda!” ela suspira novamente antes de se inclinar no meu ombro para me mostrar
as mensagens que o Liam enviou para ela.
Liam ~💞~
O Brock disse alguma coisa pro Mason e eles saíram no soco.
Liam ~💞~
Foi a coisa mais engraçada que já vi 🤣🤣
Liam ~💞~
O Mase tá bem, a propósito. Como a Lily tá?
“Ele saiu no soco com alguém?” Dessa vez eu suspiro.
“O Brock é um babaca. O Mason quer bater nele desde sempre,” ela explica. “A
quantidade de brigas em que esse garoto se mete…” Ela resmunga baixinho.
“Espera, como assim?,” pergunto, imaginando se ouvi mal.
“Você nunca ficou sabendo que o apelido do Mason é ‘o furioso’?”
“Não.”
“Oh. Hum.” A Brittany cantarola, evitando contato visual. “Eu provavelmente não
deveria te contar isso,” ela sussurra, inclinando para a frente.
“Ele sempre foi uma pessoa raivosa, e quando o Callum morreu, piorou, mas naquele
mês em que vocês dois não se falaram, ficou ainda pior,” ela começa a falar calmamente
enquanto estuda o meu rosto.
“É um milagre ele não ter sido expulso do time. Mas o George se recusa a perder.”
“Eu não sabia…,” sussurro de volta, tentando imaginar o Mason gentil e atencioso que
conheço todo raivoso.
“Ele se acalmou muito ~desde que começou a ficar com você.” Ela sorri, apertando a
minha mão.
A Brittany e eu sentamos em silêncio assistindo às comédias que ela escolhe e comendo
o monte de comida processada que ela trouxe.
“Você ainda vai no jogo?,” ela pergunta no meio do filme, quebrando o silêncio.
“Vou. Mas não queria ir.” Eu suspiro, dizendo a verdade.
“Se eu fosse você, não estaria ligando pra nada,” ela diz, apertando a minha mão. “Mas é
por isso que você é uma pessoa melhor do que eu.” Ela ri.
“Prometi pro Mason que iria. E não quero quebrar a minha promessa,” explico.
“Ele entenderia,” ela sussurra, apoiando a cabeça no meu ombro. “Mas já que você vai,
torce pra nós,” ela afirma, se aconchegando ao meu lado.
“Como assim?” Eu rio.
“Você vai sentar do nosso lado,” ela afirma, com naturalidade.
“Eu meio que tava planejando isso.” Eu rio.
“Ótimo. Alguma chance de eu te convencer a usar verde?” ela pergunta, levantando a
cabeça levemente.
“Aí você já tá forçando um pouco a barra.” Eu rio enquanto ela faz beicinho.
“Quem sabe no futuro.” Ela suspira.
Futebol e Briga
MASON
Se eu descobrir quem enviou aquela foto minha e da Lily para a escola dela e depois para
a minha, vou matar essa pessoa.
Não dou a mínima para o que os outros dizem para mim ou sobre mim; é com a Lily que
eu me importo.
Quando aquele babaca do Brock veio me encher quando eu estava saindo da sala do
treinador e disse que eu deveria ir transar com uma prostituta se eu estava tão
desesperado, não consegui evitar e dei um soco no meio da cara dele.
Na hora do almoço, as pessoas ficavam me olhando e sussurrando, mas ninguém disse
nada na minha cara até que a porra da Molly decidiu abrir o bico.
“Por que você tá namorando aquela piranha?,” ela me pergunta sem rodeios, me fazendo
jogar o meu sanduíche no chão e me levantar.
Estou prestes a dizer para ela ir se foder quando o Liam se levanta e grita, chamando a
atenção de todos.
“Alguém aqui tem algum problema com a vida amorosa do Mason?,” ele pergunta,
olhando ao redor. “Bom, se você é uma garotinha ciumenta, pode ficar de boca fechada,”
ele acrescenta, olhando diretamente nos olhos da Molly.
Ela sustenta o olhar dele por um momento antes de se virar.
“Eu tenho um problema, sim,” um cara do primeiro ano afirma, levantando. “Ele tá
namorando uma mina de Ridgewood? É a traição máxima,” ele afirma enquanto outros
caras ao redor dele concordam.
“Como?,” o Liam pergunta, empurrando meu ombro para me fazer sentar, como se
soubesse que eu quero dar um soco bem na cara idiota dele.
“Ela é da Ridgewood.” O garoto revira os olhos.
“Acho que isso não é um problema…,” diz o melhor amigo do Brock, balançando a
cabeça para o garoto.
“Ah, aprendeu com o que aconteceu com o Brock, né?” o Liam suspira, balançando a
cabeça levemente.
“Se vocês souberem de alguém que tenha um problema ou que fale qualquer coisa
~ruim sobre a Lily, essa pessoa vai ter o mesmo destino do Brock,” ele avisa, encarando
o garoto.
“O que aconteceu?,” pergunta um calouro antes de tapar a boca com a mão.
“Um único soco e ele desmaiou,” o Liam responde, dando um tapa no meu ombro. “Só
um,” ele repete, olhando ao redor.
“Agora, alguém tem algum problema?” ele pergunta novamente, e o moleque balança a
cabeça, sentando novamente.
“Problema resolvido.” O Liam sorri. “A Britt disse que as coisas estão tranquilas com a
Lily, mas ela recebeu algumas mensagens bem maldosas, então confiscou o telefone
dela,” o Liam me conta enquanto terminamos de comer.
“Que merda,” resmungo, desejando que o treinador não tivesse ameaçado me expulsar
do time.
Preciso jogar para conseguir uma bolsa de estudos e poder ir para a faculdade, bem
longe da minha mãe idiota.
“Eu sei.” O Liam suspira, se levantando segundos antes do sinal tocar. Ele tem esse sexto
sentido louco e sempre sabe quando vai tocar. Isso me dá um medo absurdo.
Depois da escola, corro direto para o meu carro, mas a minha mochila é agarrada por
alguém, me impedindo.
“Me solta,” eu resmungo, tentando me libertar.
“Pro ginásio agora, Cooper!,” o treinador George grita para mim.
“Volto em uma hora,” tento protestar, mas ele não aceita.
Arrasto os pés enquanto vou para o ginásio, pensando em dar uma escapada.
“Vou mandar uma mensagem pra Brittany,” o Liam sorri tristemente quando me vê
entrar.
“Obrigado,” murmuro, me sentindo cada vez mais irritado.
O treinador começa a passar as jogadas que quer executar para essa noite, e eu mal
presto atenção. “Cooper, você vai ficar no banco,” ele afirma, fazendo a minha cabeça
levantar rapidamente e todos os caras começarem a protestar.
“Ele tá namorando uma menina da Ridgewood!,” grita o treinador, antes de sair.
“Que se foda!”
O Ryder grita, ficando de pé. “Ele não pode te colocar no banco, porra,” ele diz,
balançando a cabeça.
“Ele deve estar bem irritadinho,” eu sorrio.
“Quem vazou a foto?” o Liam pergunta, virando-se para encarar o resto da equipe.
“Recebi da Hannah, que estuda na St. Mary’s, e apaguei,” diz Ricky, e alguns dos outros
meninos concordam.
“Hannah,” murmuro, odiando aquela garota mais do que nunca. A Hannah é a melhor
amiga da Izzy, a minha ex-namorada. Ela sempre foi uma ridícula intrometida.
Vou de carro com o Liam para Ridgewood, a Brittany está parada do lado de fora da
porta do vestiário com os braços cruzados, parecendo irritada.
“Cadê a Lily?” pergunto ao Liam, que apenas dá de ombros e olha ao redor.
Meu coração começa a bater forte no peito, pensando que ela não veio. Rapidamente
saio do meu carro e vou até a Brittany, que joga as mãos para o alto.
“Finalmente!” ela exclama.
“Cadê a Lily?” pergunto, olhando por cima do ombro dela.
“Ela está com as suas irmãs.” Ela acena com a mão, e eu me sinto aliviado e desapontado
ao mesmo tempo. “Você precisa ver isso,” ela diz, me entregando o telefone da Lily.
“Ela tá mega chateada porque o Harry não a deixa explicar,” ela diz antes de dar um
beijo na bochecha do Liam e ir embora.
Liam e eu seguimos para o vestiário, onde eu sento e começo a ler as mensagens da Lily.
Conforme leio cada uma, mais e mais raiva cresce dentro de mim.
Mas quando leio as mensagens da Ava, meu corpo inteiro começa a tremer.
Eu me levanto e saio correndo para encontrar o treinador.
“Me coloca pra jogar,” exijo, ainda tremendo.
“Do que diabos você tá falando, Cooper?” ele resmunga, mal olhando pra mim.
“E quero ficar na defesa. Vou derrubar cada um desses babacas,” eu afirmo.
“Você tá no banco.” Ele balança a cabeça e vai embora.
Quando todos nós já estamos trocados e parados na lateral do campo, ainda estou bravo.
Examino as arquibancadas à nossa frente, procurando pela Lily. Finalmente a encontro
sentada entre as minhas duas irmãs, bem na frente.
Ela está usando um moletom preto, que tenho certeza que é meu, e tem um sorriso
enorme no rosto enquanto olha para mim.
Ela levanta a mão e acena para mim, e minha raiva lentamente começa a desaparecer.
Aceno de volta e estou prestes a ir falar com ela, mas o treinador me puxa pelos ombros.
“Dá pra parar com isso?” Eu rosno, tentando me libertar.
“Cala a boca, Cooper,” ele rosna de volta. “Formação, de joelhos,” ele ordena, mas
nenhum de nós obedece. “Eu disse pra entrar em formação!” ele grita.
“Não até você tirar o Mason do banco,” o Ryder afirma.
“Qual é o problema de vocês?” ele murmura, apertando o nariz.
“Eu quero ficar na defesa,” afirmo novamente, querendo nocautear cada um deles.
“Tudo bem.” Ele finalmente concorda, e eu sorrio, pronto para extravasar um pouco
dessa raiva.
“Você não vai jogar na defesa.” Ele balança a cabeça, e eu começo a franzir a testa
novamente. “Vai de quarterback,” ele afirma antes de nos ordenar a começar o
aquecimento.
“Derrubem cada um desses cuzões o mais forte que puderem,” eu digo quando os
meninos estão todos reunidos, pouco antes do jogo começar.
“Entendido.” Ryder sorri, esfregando as mãos. Ele é provavelmente o único cara com
quem eu não entraria numa briga.
Enquanto nos alinhamos, estou bem na frente do Harry, e preciso de toda a minha força
de vontade para não atacá-lo ali mesmo.
“Ouvi dizer que você tá cansado das bucetas de Greendale.” O cara à esquerda dele sorri,
olhando diretamente para mim. “Eu entendo, cara — quem não gostaria de comer a
Lily?”
Fico parado, pronto para arrancar os dentes dele. “Que porra você disse?,” cuspo,
arrancando o meu capacete.
“Calma, cara,” o Liam avisa, empurrando meus ombros para trás. “Respira,” ele ordena,
me empurrando para onde ele estava e tomando o meu lugar.
Coloco o meu capacete de volta e me posiciono, olhando feio para o cara na minha
frente.
No segundo em que a bola entra em jogo, eu o empurro para o chão o mais forte que
posso e começo a correr. Eu derrubo mais alguns jogadores antes do apito soar.
Eu me viro e vejo o Ryder parado ao lado de alguém que está deitado de costas.
O árbitro se ajoelha e examina o sujeito enquanto eu me aproximo.
“O que aconteceu?,” pergunto, olhando para o cara que estava falando merda antes.
“Perdeu o fôlego.” Ele sorri. Tanto o árbitro quanto o jogador se levantam, mas ele sai
mancando para fora do campo segurando as costelas, antes de todos nós nos
posicionarmos novamente.
Depois de mais algumas jogadas, a Ridgewood ainda não pontuou. O Ricky consegue
uma interceptação, e eu corro feito louco, desviando de jogadores de todas as direções.
Quando cheguei no nosso campo, vejo o Harry correndo na minha direção a toda
velocidade, mas o Liam o derrubou no chão enquanto a bola voava pelo ar, e eu a peguei.
No intervalo, o placar está empatado em 19–19.
“O que diabos vocês estão fazendo aí?,” o treinador grita para nós no vestiário. “A defesa
tá incrível, mas cadê o maldito ataque?” Ele continua gritando.
“Tá jogando na defesa,” o Ricky murmura baixinho, compartilhando um sorriso
malicioso com o resto de nós.
“Botem a cabeça no lugar, caralho!,” o treinador grita mais uma vez antes de ir embora,
furioso.
“Vou pegar o Kingsley,” o Ryder declara confiantemente enquanto caminhamos de volta
para o campo. Nós compartilhamos um aceno antes de nos agacharmos um ao lado do
outro, bem na frente do Kingsley e do Harry.
“Como estão, mariquinhas?” o Kingsley sorri para mim.
“Muito bem, na verdade,” eu retruco, apertando o meu maxilar. “Só lembra que
qualquer coisa que você fizer com ela, eu já fiz.”
“Altamente improvável.” Eu bufo, revirando os olhos.
“Você nunca vai conseguir fazer com ela o que eu fazia.” Ele ri.
“Como assim?,” pergunto, inclinando a cabeça para o lado. “Ela me disse que você tem o
menor pau que ela já viu e não conseguiria satisfazer uma mulher nem se fosse pra
salvar a sua vida,” minto, sabendo que isso vai irritá-lo.
“O que você disse?,” pergunta o Kingsley, levantando e arrancando o capacete, e eu o
sigo.
“Você me ouviu,” eu respondo, praticamente implorando com os olhos para que ele me
dê um soco. Eu sei que não posso dar o primeiro soco ou serei expulso do jogo, mas com
certeza darei o último.
O Kingsley não responde; em vez disso, seu punho voa em direção ao meu rosto, me
atingindo bem no queixo. Muito obrigado. ~Eu levanto o meu punho e o soco de volta,
quase tão forte quanto soquei o Brock.
Logo, os capacetes de todos estão voando e os punhos estão em todas as direções. Eu
ouço um apito soando, mas estou muito ocupado socando a cara daquele idiota.
Sou agarrado pela gola da minha camisa e puxado para longe da luta pelo treinador.
“Que porra vocês estão fazendo?,” ele grita, agarrando a camisa do Ryder também e nos
arrastando para fora do campo.
“Puta merda, o que aconteceu?” a Brittany pergunta enquanto ele nos solta e volta para
o campo.
Eu a ignoro e me viro para onde a Lily estava sentada. Seu rosto está cheio de
preocupação e algo mais que não consigo decifrar. Ela nunca tinha me visto bravo. Ela
provavelmente está morrendo de medo de mim.
No segundo em que a vejo se levantar e começar a ir em direção às escadas, saio
correndo escada acima, abrindo caminho entre as pessoas na primeira fila até nos
encontrarmos no meio do caminho.
“Você tá bem?,” ela pergunta, agarrando o meu queixo e movendo o meu rosto.
“Tô.” Eu rio, deixando que ela inspecione meu rosto.
“Eu fiquei tão preocupada com você.” Ela suspira antes de morder o lábio e olhar para o
campo. “Mason, eu…” ela começa, mas eu a interrompo agarrando suas bochechas e
beijando-a.
O corpo da Lily se funde ao meu, suas mãos envolvem a parte de trás da minha cabeça
enquanto ela me beija de volta com a mesma força.
Eu disse a ela que se eu fosse o namorado dela eu a beijaria na frente de todo mundo
para que todos soubessem que eu sou dela, e eu estava falando sério. Eu quero que cada
pessoa viva nesse mundo inteiro saiba que eu sou dela.
EPISODE 15: Consequências
LILY
“Esse moletom é meu?” o Mason me pergunta enquanto caminhamos de mãos dadas em
direção ao carro dele.
“Não. É meu.” Eu sorrio, sabendo muito bem que é dele.
“Acho que é meu, princesa.” Ele ri, puxando a minha mão.
“Tem certeza de que não se machucou?,” pergunto, olhando novamente para o seu rosto,
esperando ver algum tipo de hematoma ou corte.
No momento em que pisei na escola essa noite, eu sabia que algo ruim iria acontecer.
Mas eu não esperava que o Oliver desse o primeiro soco.
Quando a briga começou, perdi o Mason de vista e fiquei em pânico, achando que ele
iria se machucar seriamente.
“Eu tô bem. Só fui atingido uma vez e ele soca muito mal,” ele me tranquiliza com um
sorriso tímido. “Você, hum, quer ir pra minha casa?,” ele pergunta, parecendo inseguro.
“Você quer que eu vá?,” eu retruco, parando na frente do carro dele.
“Sim.” Ele responde imediatamente, apertando a minha mão.
“Então, vamos.” Eu sorrio de volta.
“Preciso te contar uma coisa primeiro.” Ele suspira, soltando a minha mão e dando um
passo para trás.
“O quê?” Eu franzo a testa, querendo-o perto de mim.
“Eu disse uma coisa pro Kingsley. Eu falei que você tinha me falado que ele tem o pau
pequeno e não conseguiria satisfazer uma mulher nem se fosse pra salvar a própria
vida,” O Mason diz rapidamente, olhando para seus pés.
“Ah,” eu respondo antes de cair na gargalhada. “Pelo menos você não mentiu,” eu rio.
“Você não tá brava?,” ele pergunta, virando seu rosto.
“Claro que não.” Balanço a cabeça antes de envolver os meus braços em volta da cintura
dele.
“Obrigado, porra,” ele murmura, colocando os braços em volta dos meus ombros e
beijando o topo da minha cabeça.
“Uau, parem com isso, pombinhos.” a Brittany sorri, envolvendo seus braços em volta de
mim e me puxando para longe do Mason.
“Como se você e o Liam soubessem se comportar.” o Mason bufa, revirando os olhos.
“Vamos pra festa pós-jogo?” o Liam pergunta, e o Mason balança a cabeça.
“E por que não?” a Brittany pergunta, lançando um olhar furioso para nós.
“Sério, Britt?” o Mason grita, e ela cai na gargalhada.
“Estou brincando.” Ela ri, me dando uma piscadela.
“Ah! Posso pegar o meu telefone de volta agora, por favor?,” pergunto, percebendo que
ela ainda está com ele.
“Tá com o Mason.” Ela dá um meio sorriso, olhando para o Mason que agora está
carrancudo.
“Temos que ir,” ele murmura, acenando para a direita, em direção a alguns jogadores da
Ridgewood que estavam começando a sair do vestiário.
“Sim, por favor,” concordo rapidamente, querendo ficar o mais longe possível deles.
No caminho para a casa do Mason, damos as mãos e nenhum de nós diz uma palavra até
ele estacionar na garagem.
“Eu li as suas mensagens,” ele sussurra, apertando a minha mão com mais força.
“São bem ruins, né?” Suspiro.
“São horríveis.” Ele balança a cabeça.
“São só palavras.” Eu ignoro. Mesmo que doa, eu consigo lidar com pessoas falando
merda. Eu só queria que o Harry me deixasse explicar.
“Você não deveria ter que passar por isso. Muito menos, por minha causa,” o Mason
sussurra, tentando soltar a minha mão, mas eu não o deixo.
“Não me importa o que eles dizem ou pensam. Quero ficar com você,” digo a ele, quase
deixando escapar que o amo.
“Princesa, só tô dizendo que, se ficar pesado demais, eu entendo se você quiser
terminar.” Ele suspira tristemente, fechando os olhos.
“Você quer terminar?” Minha voz falha enquanto faço a pergunta.
“Não. Deus, não.” Os olhos de Mason se abrem enquanto ele balança a cabeça com força.
“Ótimo. Estamos na mesma, então.” Eu aceno, soltando a sua mão e me virando para
sair, mas sou parada por ele sussurrando, “Princesa,” para mim.
Eu me viro para encarar o Mason e, antes que eu possa piscar, seus lábios estão nos
meus, me beijando loucamente.
“Devíamos entrar,” ele murmura contra os meus lábios, afastando-se rápido demais
para o meu gosto.
Concordo com a cabeça e saio do carro. Espero o Mason pegar a sua mochila antes de
entrarmos na casa.
“Sua mãe está?,” pergunto baixinho quando chegamos ao quarto dele, onde
imediatamente entro debaixo dos cobertores e me aninho.
“Não. Ela nunca fica em casa nos sábados,” ele responde, tirando o moletom da escola e
a camiseta ao mesmo tempo.
“Ah,” eu sussurro, admirando seu peito e abdome.
“Ah?” Ele sorri, levantando uma sobrancelha enquanto rasteja para a cama.
“Mm-hmm,” eu cantarolo, agarrando seu rosto e esmagando meus lábios contra os dele,
tão ferozmente quanto ele fez comigo antes.
O Mason se afasta um pouco antes de me beijar suavemente, desacelerando a pegação.
Suas mãos me guiam para me deitar de costas enquanto ele sobe em mim.
Seus lábios lentamente se afastam dos meus e descem pelo meu pescoço, alcançando o
ponto logo acima da minha clavícula, me fazendo suspirar.
“Você é a pessoa mais linda que eu já vi,” o Mason sussurra contra a minha pele
enquanto uma mão lentamente levanta meu moletom e minha camisa.
“Eu falei sério naquela noite,” ele continua enquanto se move mais para baixo e começa
a beijar gentilmente a minha barriga. “A cada dia, você significa mais e mais pra mim.”
Sua voz sai baixa enquanto a sua língua roça meus ossos do quadril.
“Mason,” eu sussurro sem fôlego enquanto meu coração bate forte no meu peito.
“Quando tô com você, sou o cara mais feliz do mundo,” ele diz enquanto me olha mais
uma vez. “Ninguém nunca me fez sentir assim,” ele murmura contra os meus lábios
enquanto seus dedos lentamente abrem o zíper da minha calça jeans.
“Eu te amo, Lily,” o Mason diz claramente enquanto seus dedos deslizam para dentro da
minha calcinha e para dentro de mim.
“Mason…,” eu gemo, meus quadris balançam contra a sua mão. “Eu também te amo.”
Tento responder tão claramente quanto ele, mas com a maneira como seus dedos se
movem dentro de mim, ele faz a resposta sair ofegante e gemida.
***
Na segunda-feira de manhã, estou muito nervosa para ir à escola. Todo mundo sabe que
estou com o Mason, e se não sabem, saberão quando pisarem na escola.
Recebi mais de cem mensagens de texto me insultando no fim de semana, me chamando
de todos os tipos de xingamentos e me avisando para não ir à escola.
Tentei ligar para o Harry algumas vezes para tentar fazer com que ele me ouvisse, mas
depois da segunda vez, a ligação começou a cair direto na caixa postal.
Enquanto eu caminho pelos corredores, as pessoas gritam comigo, jogam papel
amassado e até um lápis.
Entro na minha aula de inglês e murmuro “bom dia” para o Sr. Garcia, que me dá um
sorriso simpático.
“Lily.” Ele suspira, balançando a cabeça enquanto eu sento na última carteira da
primeira fileira. “É verdade?” ele pergunta, sentando na cadeira dele.
“Sim,” respondo com toda a falsa confiança que consigo reunir.
“Você é a corajosa,” ele comenta, balançando a cabeça novamente.
A sala enche rapidamente e o Sr. Garcia começa a aula, felizmente falando a maior parte
do tempo, sem dar a ninguém a chance de dizer nada para mim.
Mas isso não impede que as bolas de papel caiam na minha mesa. Deixo que elas se
acumulem, tentando parecer despreocupada.
No segundo em que o sinal toca, corro atrás do Harry. Chamo o nome dele e o sigo até a
sala dele, mas ele me ignora.
“Volta pra sua sala, Srta. Bennett,” a Sra. Morgan grita comigo, ela é a professora de
economia doméstica.
Suspiro e relaxo os ombros antes de ir para a próxima aula.
Depois de cada aula nos dois dias seguintes, imploro ao Harry para apenas me ouvir,
mas ele sempre me ignora.
Na terça-feira à tarde, entro nervosa no ginásio da escola para o meu jogo de vôlei.
Coloco a minha bolsa silenciosamente ao lado do Lyall, que me deu um simples aceno de
cabeça e começou a andar de um lado para o outro na minha frente, enquanto todas as
calouras começaram a reclamar de mim, alto o suficiente para que soubessem que eu
podia ouvi-las.
“Ei, garota,” a Sky fala alegremente enquanto deixa a bolsa ao lado da minha.
“Ei.” Eu respondo baixinho, juntando as minhas sobrancelhas. Certamente ela já sabe.
“Então, o Mason Cooper, hein?” Ela sorri, balançando as sobrancelhas para cima e para
baixo.
“Você não tá brava comigo?” pergunto cautelosamente.
“Quer saber um segredo?,” ela pergunta enquanto sentamos para colocar as nossas
joelheiras. “Meu namorado também estuda na Greendale,” ela comenta casualmente,
me fazendo suspirar e o Lyall congela na nossa frente.
“Sério?” Eu suspiro, chocada.
“Mm-hmm. Ele também tá no time de futebol. Se chama Ryder. O grandão que brigou
do lado do Mason semana passada,” ela explica, me chocando ainda mais.
“Vocês duas ~estão namorando caras da Greendale?” o Lyall pergunta, olhando para
nós.
“Claro que sim. Ah, e olha, os jogadores de futebol vieram nos apoiar!” a Sky responde,
acenando para a porta, por onde, com certeza, quase metade do time de futebol da
Greendale está passando.
“Ah, merda,” o Lyall murmura antes de tirar o celular do bolso e caminhar em direção
ao árbitro.
“Nada do Harry hoje à noite?” a Sky pergunta, olhando para trás.
“Ele não tá falando comigo,” sussurro, lutando contra as lágrimas.
“Ele que se foda,” ela grita enquanto o Lyall caminha de volta.
“Vocês, meninas, vão jogar primeiro, depois saiam do ginásio sem causar. Estamos
entendidos?,” ele grita, de forma atípica.
“Uau, fica calmo.” A Sky ri nervosamente.
“Estamos entendidos?” ele repete, e nós duas concordamos silenciosamente.
“A Bagsy não vai querer jogar cara ou coroa,” a Sky deixa escapar, rapidamente.
“Na verdade, ela não é tão ruim assim,” digo, defendendo a Brittany.
“É o que o Ryder diz.” Ela suspira, revirando os olhos enquanto eu caminho em direção
ao lado das jogadoras da Greendale.
“Você parece estar finalmente pronta pra ser derrotada.” A Brittany sorri enquanto eu
caminho até ela.
“Vai sonhando.” Eu sorrio de volta.
“Estou trabalhando no meu saque,” ela afirma, empurrando os ombros para trás, com
confiança.
“Ah, a propósito, o Mason disse pra você não sumir depois do jogo.” Ela pisca antes de
se virar para o árbitro de aparência esfarrapada e dizer que quer coroa.
Eu examino a multidão procurando pelo Mason, mas vejo as suas duas irmãs sentadas
na frente, acenando para mim, animadas. Eu sorrio de volta e aceno para elas antes que
meus olhos pousem no Mason, sentado duas fileiras atrás.
Sinto meu sorriso aumentar enquanto ele sorri para mim, dizendo “boa sorte”.
A Brittany não estava mentindo quando disse que andou trabalhando no saque. No
intervalo, estamos empatadas em 1–1.
Quando estamos na metade do segundo tempo, o ginásio inteiro fica em silêncio e a
Nastsha erra a bola, deixando-a rolar para longe.
“Ah merda!” a Sky suspira baixinho, olhando para a porta por onde todo o time de
futebol de Ridgewood está entrando, vestido com seus uniformes de treino.
“Querem desistir?” A juíza dirige a pergunta para mim e para a Sky, que balança a
cabeça instantaneamente.
Nós quatro ficamos na quadra observando os jogadores de Ridgewood começarem a
encher as arquibancadas. Tento chamar a atenção do Harry, mas ele simplesmente
desvia o olhar.
A tensão enche o ar enquanto começamos a jogar novamente. Parece que a única que
consegue realmente se concentrar no jogo é a Natasha.
“Coloquem a cabeça no jogo!,” O Lyall grita para nós enquanto a Sky pula e enterra a
bola para baixo, nos dando outro ponto — felizmente, o ponto da vitória.
“Bom jogo.” A Sky dá um meio sorriso, me dando um abraço antes de irmos para o meio
da quadra para apertar as mãos da Brittany e da Natasha.
“Talvez eu te vença na faculdade.” A Brittany ri enquanto aperta a minha mão.
“Talvez.” Eu rio de volta.
A Sky e eu nos viramos e damos os braços para voltar para o Lyall, mas ele já está
correndo na nossa direção, colocando nossas duas mochilas nas nossas mãos.
“Saiam daqui agora,” ele diz, cutucando o meu braço em direção à porta.
“Algum problema?” a Sky pergunta, se inclinando.
“Obedeçam!,” ele diz.
“O que tá rolando com ele?,” pergunto enquanto começamos a sair do ginásio.
“Não faço ideia.” Ela dá de ombros com uma carranca no rosto.
“Lily!,” grita a voz do Mason, me fazendo parar e me virar para vê-lo correndo na nossa
direção junto com o Ryder.
“Ei.” Eu sorrio amplamente, envolvendo os meus braços em volta dele enquanto a Sky
faz o mesmo com o Ryder.
“Você jogou muito bem,” ele diz baixinho com um sorriso orgulhoso no rosto.
“Obrigada.” Eu sorrio para ele enquanto ele pega a minha mochila com uma mão e a
minha mão com a outra.
“Vamos jogar contra a Ridgewood na sexta-feira,” ele comenta enquanto caminhamos
em direção ao meu carro.
“No dia depois do Dia de Ação de Graças?,” questiono, pensando que ele errou os dias.
“É uma revanche pela semana passada. Circunstâncias especiais,” ele explica, olhando
para o Ryder que parece envergonhado e a Sky nos encara, carrancuda.
“Ela tá brava com ele por brigar,” o Mason sussurra para mim com um pequeno sorriso.
“Bom, você quer vir? No jogo?” ele pergunta, apertando a minha mão.
“Claro que sim,” respondo, apertando a sua mão de volta, sabendo que não importa
onde ou contra quem ele jogue, eu estarei lá torcendo por ele.
No dia seguinte, na escola, decido continuar a missão e imploro para que o Harry me
escute, mas ele continua me ignorando até a aula de educação física.
“Cala a boca, Lily!,” ele grita, se virando para mim e finalmente falando comigo, pela
primeira vez em quase uma semana.
Seu rosto está vermelho de raiva, a veia em seu pescoço está mais saliente do que nunca.
“Por favor, me deixa explicar,” imploro.
“Não. Não quero ouvir o que você tem a dizer. Eu te odeio,” ele afirma calmamente antes
de virar as costas para mim.
Ação de Graças
LILY
Acordo na quinta-feira de manhã com o cheiro de algo de dar água na boca cozinhando.
Confusa, desço as escadas e fico surpresa ao ver os meus pais na cozinha.
Quer dizer, eu sei que eles disseram que estariam em casa para o Dia de Ação de Graças,
mas como eles ainda não tinham aparecido às onze da noite de ontem, entendi que eles
não viriam mais.
“Mãe? Pai?” Eu sussurro, esfregando os meus olhos e me perguntando se ainda estou
dormindo.
“Lilyzinha!” Meu pai sorri largamente, abrindo os braços para mim.
Eu imediatamente envolvo os meus braços em volta do meu pai pela primeira vez desde
o Natal do ano passado. “Senti saudades,” eu sussurro, ouvindo a minha voz tremer.
“Eu também senti saudades,” o papai diz enquanto aperta o meu corpo firmemente
contra o dele. “Como vai a escola?,” ele pergunta, me soltando.
“Bom. Ainda estou tirando boas notas,” eu meio que minto. Quer dizer, as minhas notas
e trabalhos escolares ainda estão bons, só a minha vida social vai mal.
“O vôlei também tá indo bem. Vamos pro campeonato estadual,” acrescento, deslizando
para o banco ao lado do papai.
“Que incrível. Quando começa? Vou ver se consigo ir.” Ele sorri largamente para mim
enquanto a mamãe faz um barulho estranho que sai do fundo da garganta dela.
O papai e eu conversamos um pouco enquanto a mamãe anda pela cozinha abrindo
todos os armários e gavetas até encontrar o que procura e continuar cozinhando.
“Onde estão as malditas espátulas?” ela bufa, jogando os braços para o alto.
“No suporte, perto do forno,” respondo, apontando para trás dela.
“Por que você tá mudando as coisas de lugar?,” ela pergunta bruscamente, virando as
costas para mim.
“Nem vem,” retruco.
“Cuidado, mocinha,” ela avisa com um olhar severo que costumava me fazer tremer,
mas agora só quero revirar os olhos para ela.
“Como tá aquele seu namorado? O Olly?” Papai pergunta, mudando de assunto.
“Hum…,” eu cantarolo, sem saber se devo contar a verdade.
“Você deveria convidá-lo pra almoçar,” a mamãe interrompe com um sorriso largo.
“Nós terminamos,” murmuro, e a minha mãe imediatamente franze a testa.
“Na verdade, vou num jogo de futebol americano amanhã,” digo, olhando para o papai,
que adora futebol.
“A Ridgewood está jogando contra a Greendale. Rolou uma briga na semana passada e o
jogo foi cancelado,” explico, pensando no Oliver e no Mason brigando.
“Deveríamos ir juntos!” Papai sorri, esfregando as mãos.
“Vamos voar às nove da noite,” diz a mamãe, em um tom cortante.
“Certo.” O papai franze a testa, apertando os lábios.
“Vocês vão embora amanhã?,” pergunto, olhando entre eles.
“Hoje à noite,” diz a mamãe enquanto o papai suspira, me lançando um olhar triste.
“Vocês não pode ficar nem por vinte e quatro horas?” Eu bufo antes de conseguir me
conter.
“Lily…,” minha mãe avisa.
“Tá tudo bem, eu entendo. É difícil passar mais de um dia com a sua única filha,” eu
estalo antes de voltar pisando duro para o meu quarto.
Deito na minha cama olhando para o teto e me pergunto por que eles não podem ficar
mais de um dia em casa. Caramba, uma única noite inteira já seria legal.
Eu sou realmente tão horrível assim?
Suspiro enquanto me levanto para pegar o meu telefone. As mensagens abusivas
continuam chegando constantemente. Eu passo batido por elas até ver o nome do
Mason.
Mason
Feliz Dia de Ação de Graças Princesa xx
Lily
Feliz Dia de Ação de Graças 😘
Só de ler a mensagem dele eu sorrio e me sinto melhor. Assim que ele responde, alguém
bate na minha porta, mas antes que eu possa responder, o papai entra direto no meu
quarto.
“Você sabe que sinto a sua falta, garota,” ele diz, sentando na minha cama.
“Eu também sinto a sua falta,” eu sussurro.
“Gostaria que pudéssemos ficar mais tempo, mas tenho que chegar em Toronto pra
trabalhar na segunda-feira,” explica ele.
“Desde quando você vai ao Canadá a trabalho?,” pergunto, juntando as sobrancelhas.
“Há alguns anos. A mamãe não te contou?” ele questiona, me dando um olhar de
soslaio.
“Não.” Balanço a cabeça. Então, metade do tempo os meus pais nem estão no mesmo
país que eu. Legal. É bom saber disso.
“Sinto muito não poder ficar mais tempo. Mas voltaremos pro Natal, ok?” Papai diz
gentilmente antes de dar um beijo na minha testa.
“Não vou ficar esperando sentada,” murmuro, fazendo com que um olhar magoado
passe pelo rosto do meu pai.
“Você não gosta que a gente fique fora, né?” Ele suspira tristemente, olhando para as
suas mãos.
“Nem me lembro da última vez que te vi,” confirmo, balançando a cabeça.
“Vou falar com o Mike e ver se posso começar a trabalhar aqui no escritório da cidade,
novamente,” diz o papai, segurando a minha mão.
“Não faz sentido, pai. Vou pra faculdade no próximo verão. Eu consegui passar os
últimos dois anos sozinha. Mais alguns meses não vão me matar.”
“Lilyzinha…” Sua voz falha enquanto ele aperta a minha mão com força.
“Sinceramente, estou bem.” Tento tranquilizá-lo.
“Vou tentar fazer com que as minhas viagens sejam mais curtas até você ir pra
faculdade.” Ele dá um meio sorriso antes de dar um beijo na minha cabeça e sair do meu
quarto.
Duas horas depois, a mamãe abre a porta e me manda descer.
Eu e meus pais sentamos à mesa de jantar comendo o peru perfeitamente cozido e os
acompanhamentos em completo silêncio. Somente quando a mamãe coloca uma fatia de
torta de maçã na frente do papai é que ela fala.
“Que dia terminam as aulas?” ela pergunta, fazendo as minhas sobrancelhas franzirem
em confusão. “Pras férias de fim de ano,” ela esclarece.
“Dia vinte e um,” murmuro, pegando uma grande quantidade de purê de batatas com
meu garfo, que sei que não caberá totalmente na minha boca.
“Ah. Pensei que fosse até o dia 23.”
“Tudo bem,” murmuro novamente antes de tentar colocar toda a batata na boca.
“Podemos simplesmente mudar os voos,” afirma o meu pai, olhando para a minha mãe
como se estivesse tentando ter uma conversa secreta com ela.
“Não. Eu não me importo.” Eu balanço a minha cabeça antes de decidir que já estou de
saco cheio.
Por mais que eu deseje que meu pai comece a trabalhar de casa, sei que ele não fará isso.
Deixo o meu garfo cair no prato antes de me levantar. “Foi bom ver vocês,” digo
sarcasticamente antes de me virar e sair.
Fico no meu quarto até ouvir os saltos da mamãe batendo no piso de madeira e a porta
da frente batendo.
“Obrigada por dar tchau,” murmuro para mim mesma antes de descer para terminar de
comer e, claro, limpar a bagunça.
***
“Você quer ir numa festa hoje, depois do jogo?” A voz do Mason enche o meu quarto
pelo viva-voz do meu telefone, na noite seguinte.
“De quem?,” pergunto, vasculhando o meu armário em busca de algo para vestir.
“Do Liam,” ele diz.
“Diz que ela tem que ir!,” ouço a voz da Brittany gritar ao fundo.
“Acho que não tenho escolha.” Eu rio, jogando um suéter preto no chão. “Não tenho
roupas verdes,” eu resmungo, tirando um suéter de Natal e jogando-o em cima da pilha
crescente de roupas.
“Você ainda tá com o meu moletom da escola.” O Mason ri.
“Verdade!” Eu suspiro, me virando e pegando-o da cadeira da minha mesa de quando
ele o deixou aqui, na semana passada. “Ah, olha, é perfeito.” Eu sorrio, fechando o zíper.
“Vou precisar dele de volta logo. Já tá ficando frio,” ele diz, e eu franzo a testa.
“Você vai ter que fazer uma troca.” Eu rio, deitando na minha cama e pegando o meu
telefone.
“Com favores sexuais?”
Imagino seu rosto sorrindo enquanto ele diz isso. “Eu tava pensando naquele moletom
preto que você roubou de mim.” Eu sorrio.
“Que negociação difícil.” Ele ri. “Desculpa por não poder ir te buscar hoje.” Ele suspira.
“Tá tudo bem, não me importo de ir dirigindo.” Eu comento, olhando para fora pela
janela e noto a chuva. O técnico do Mason fez todo o time chegar cedo para começar a se
preparar para o jogo.
“Me dá o telefone!” a Brittany diz e ouço um barulho estranho.
“Eu tenho que ir,” o Mason suspira novamente. “A Brittany aparentemente quer falar
com você,” ele acrescenta antes de dizer para ela esperar.
“Até mais.” Eu sorrio.
“Até, princesa. Ah! Não esqueça do meu beijo de boa sorte.” Sua voz some como se o
telefone estivesse sendo puxado para longe dele.
“Ei, amiga!” A voz da Brittany soa. “Vou pegar o seu número aqui no celular do Mason e
vou te mandar uma mensagem, ok?” ela diz como se eu não tivesse escolha.
“E quando você chegar, me escreve, que eu vou pintar o seu rosto e te levar pra dentro,”
ela diz.
“Você não tem nada pra fazer?” Eu rio.
“As pessoas vão ficar bem sem mim por um tempo.” Ela ignora.
“E não usa esse moletom horrível da escola. Eu trouxe alguns dos meus pra você usar,”
ela balbucia.
“Você é a melhor.” Eu sorrio.
“Eu sei,” ela diz, arrogantemente, antes de rir. “Oops. É melhor eu ir, minha mãe tá
gritando comigo.” Ela ri. “Me manda mensagem, ok?,” ela diz antes de nos despedirmos
e desligarmos.
Eu sorrio para mim mesma pensando em quão incríveis a Brittany e o Liam são. Eles
simplesmente me aceitaram de braços abertos, sem perguntas, sem testes. Apenas
amizade.
E o Mason…
Ele é a pessoa mais doce e engraçada que já conheci. Ele nunca me julgou por querer
fazer algo, ou por chorar em um filme triste. Ele me faz feliz.
A única coisa que poderia tornar a minha vida melhor seria se o Harry não me odiasse
profundamente.
Enquanto eu estava dirigindo para a Greendale para o jogo, minha mãe me ligou.
“Oi, mãe!,” respondo nervosamente pelo Bluetooth do carro. Talvez ela esteja ligando
para pedir desculpas por não ter se despedido ontem à noite.
“Lily Jane Bennett, que porra é essa?” ela grita, e eu estremeço.
“O que foi?,” pergunto enquanto tudo o que fiz de errado na minha vida passa pela
minha mente.
“Acabei de receber uma ligação dizendo que você saiu da equipe de líderes de torcida!”
ela grita.
“Eu parei há meses,” digo, de mau-humor.
“Eu sei! E você não pensou em me contar?”
Acho que ela está certa. Eu poderia ter dito a ela ontem.
“Eu odeio ser líder de torcida, mãe. E você nunca tá em casa e nem atende às minhas
ligações,” eu retruco, ainda brava com ela.
“E daí? Eu ainda sou a sua mãe,” ela retruca.
“Por que a Lindsey ligou pra você agora?” Eu suspiro, não querendo entrar nessa
discussão, mas também grata por ela não ter contado antes.
“Ela pensou que você tava blefando e voltaria, mas já faz meses e você ainda não voltou,
então ela achou melhor me contar,” ela retruca.
“Eu te criei melhor do que isso, Lily! O papai trabalha tanto pra você ter uma vida boa, e
olha o que você faz! A única coisa que eu pedi, você não consegue fazer. Você é uma
decepção!”
Ela começa a gritar comigo enquanto as lágrimas rolam pelo meu rosto.
“Sinceramente… Agora você nem me responde!” ela continua enquanto meus olhos
ficam cada vez mais turvos. “Você vai largar o vôlei e o atletismo e entrar pra equipe de
líderes de torcida de novo,” ela afirma, um pouco mais calma.
“Eu não quero,” eu choramingo.
“Eu não tô nem aí!” ela grita no momento em que perco o controle do meu carro.
Antes que eu perceba o que está acontecendo, estou girando em círculos. Piso no freio,
mas nada acontece; continuo girando e girando.
Minha cabeça bate na janela e tudo fica escuro.
***
Quando abro os olhos, a dor percorre todo o meu corpo. Minha cabeça dói mais.
Sinto como se os antílopes do Rei Leão tivesse me atropelado.
“Mason,” eu gemo, estendendo a mão para ele. Ele vai fazer tudo ficar melhor. Eu só
preciso que ele segure a minha mão.
“Uma ambulância tá chegando,” diz uma voz, mas não é a voz do Mason.
“Mason,” repito, sentindo meus olhos se fecharem contra a minha vontade e uma mão
fria aperta firmemente a minha. “Minha mãe gritou comigo,” murmuro, sentindo
alguém empurrando algo para baixo do meu pescoço.
“Nossa, que mãe é essa?,” diz uma nova voz.
“Cadê o Mason? Eu preciso dele,” eu resmungo. “Eu preciso dele,” eu repito.
“O Mason tá chegando,” a pessoa diz baixinho, e sinto meu corpo começar a relaxar e a
dor que estou sentindo começa a desaparecer lentamente.
Hospital
MASON
Não me sentia tão feliz assim desde muito antes do Callum morrer. Adoro o fato da Lily
estar vindo ao nosso jogo e torcendo por mim.
Eu amo tudo nela. No segundo em que a vi, no primeiro ano, me apaixonei por ela.
Mas ela foi para a Ridgewood; eu fui para a Greendale.
As coisas só ficariam bem se ela mudasse pra Greendale. Ninguém na escola seria um
babaca com ela.
“Tudo bem, rapazes, vamos nessa!,” grita o treinador George, batendo em um armário.
Todos começam a sair do vestiário, mas eu fico um pouco para trás para verificar o meu
telefone e ver se a Lily mandou mensagem.
Franzo a testa, pois não vejo nenhuma mensagem.
“Você tá bem?” o Liam pergunta enquanto jogo o meu telefone de volta na bolsa.
“Não tive notícias da Lily.” Balanço a cabeça.
“Ela pode estar atrasada,” ele sugere, e eu aceno, embora meu instinto esteja me dizendo
que algo está errado.
A última vez que tive essa sensação, encontrei o corpo do Callum.
Enquanto corremos para o campo, examino a multidão procurando por ela, mas há
tantas pessoas que é impossível.
“Vocês sabem da Lily?” a Britt pergunta, se aproximando de mim e Liam.
“Não.” Balanço a cabeça, franzindo a testa.
“Vão se aquecer, eu ligo pra ela,” ela diz antes de sair correndo.
“Vamos lá, cara,” o Liam diz, empurrando uma bola nas minhas mãos.
Saímos para o campo e começamos a passar a bola para frente e para trás quando, pelo
canto do olho, vejo a Brittany falando ao telefone.
Mas quando vejo seu rosto desanimar, sei que algo está errado.
“Eu já volto,” o Liam diz, correndo em direção a ela. Vejo suas bocas se movendo, e a
Brittany enxuga os olhos.
O Liam se vira e corre até mim com aquele mesmo olhar de pena que ele tinha durante a
maior parte do verão.
“Mason.” Ele suspira tristemente. “Aconteceu um acidente.”
Suas palavras esfaqueiam o meu coração repetidamente e depois o arrancam do meu
peito e pisoteiam nele.
“Ela tá no hospital.”
Não espero que ele diga mais nada antes de sair correndo a toda velocidade em direção
ao vestiário, tirando o uniforme pelo caminho e jogando-o no chão, sem dar a mínima
para o que acontecerá com ele.
Procuro o meu telefone na bolsa, pego-o e ligo para a Lily enquanto tiro as minhas
roupas, mas a ligação cai na caixa postal.
“Porra!,” grito, jogando meu telefone contra os armários, observando-o quebrar antes de
começar a puxar o meu cabelo.
“Mason!,” grita a voz do Liam. “Põe uma roupa,” ele ordena, jogando meu uniforme no
chão e arrancando o dele.
“Depressa!,” ele grita, me fazendo colocar o moletom que a Lily me disse que queria há
menos de uma hora. Não penso em vestir uma camisa ou trocar de calça. Vou assim
mesmo.
“Vamos,” o Liam grita, abrindo a porta. Corremos para o carro dele, onde a Brittany está
soluçando e andando de um lado para o outro.
“Mason!” ela soluça, jogando os braços em volta de mim.
“Agora não, Britt,” diz o Liam, puxando-a de cima de mim.
“O que aconteceu?,” pergunto com a voz rouca enquanto o Liam dirige o carro, com a
Brittany sentada atrás, segurando a minha mão.
“Eu liguei várias vezes pra ela e ela não atendeu,” ela sussurra, apertando a minha mão,
que está fria e mole. “Alguém finalmente atendeu e disse que ela sofreu um acidente e
que deveríamos levar os pais dela pro hospital.”
“Eu disse que era irmã dela e que os nossos pais estavam viajando, e disseram que eu
precisava ligar pra eles e ir pra lá imediatamente,” ela continua antes de desabar
novamente.
Nessa hora, eu desabo também.
A Lily está morta.
Minha princesa se foi.
Sinto a Brittany envolver os seus braços em volta de mim e me permito soluçar nela.
Assim como a Lily fez por mim na cachoeira.
“Chegamos,” o Liam engasga, parando na frente do hospital. “Vocês dois entrem. Eu
estaciono o carro,” ele diz.
“Vamos lá.” A Britt funga, puxando a minha mão.
Deixei que ela me arrastasse para o pronto-socorro, sentindo a dormência tomar conta
do meu corpo.
“Lily Bennett. Eu sou irmã dela,” a Brittany diz para alguém atrás de uma mesa
enquanto eu fico ali, parado.
“Transferida…cirurgia…ala leste.”
“Vamos,” A Britt exige, puxando a minha mão novamente.
“Não posso.” Balanço a cabeça. “Britt, não consigo.” Engulo em seco. Não consigo ver
outra pessoa que amo morta.
“Mase, ela tá na cirurgia.” Ela suspira, me puxando novamente.
“Ela tá viva?” eu sussurro.
“Ela tá viva.” A Brittany confirma com um pequeno, mas triste sorriso. “Vamos, vamos,”
ela repete, me puxando mais uma vez, mas dessa vez eu vou com ela.
Corremos pelos corredores e chegamos a outra ala do hospital, onde a Brittany exige
saber imediatamente o que está acontecendo com a Lily.
“Só posso dar informações à família dela,” afirma a senhora atrás da mesa, mascando
seu chiclete.
“Eu sou a porra da irmã dela!” A Britt grita, batendo as mãos na mesa.
“A Srta. Bennett está em cirurgia pra remover um pedaço de vidro que está perto de uma
artéria e pra ajudar a aliviar um pouco o inchaço no cérebro,” a velha responde
imediatamente.
“O-o que aconteceu?” A Brittany pergunta com o lábio trêmulo.
“Acidente de carro. Aquaplanou na chuva,” afirma a mulher, pegando uma revista.
“Cadê o telefone dela?,” ela pergunta enquanto o Liam chega correndo.
“Aqui. Não para de tocar,” ela resmunga, deixando-o cair na nossa frente.
“Obrigada,” a Brittany responde bruscamente, pegando o telefone.
“Devo ligar pra mãe dela?,” ela pergunta quando nos sentamos nas desconfortáveis
cadeiras de plástico.
“Mason?” o Liam pergunta, agarrando o meu ombro e me sacudindo.
“Ela vai morrer?,” pergunto, franzindo a testa. A cirurgia parece perigosa.
“Não sei.” Ele suspira enquanto começo a chorar novamente.
Eu choro como uma criança nos braços do meu melhor amigo por Deus sabe quanto
tempo. Só paro quando ouço mais chuteiras correndo pelo corredor.
“Cadê ela?”
Levanto a cabeça e vejo o Harry gritando com a velha atrás do computador.
“Ela não tem irmã nenhuma!,” ele grita, batendo na mesa assim como a Brittany fez.
A mulher aponta para nós, fazendo-o girar. Seu rosto muda de uma mistura de raiva e
preocupação para apenas raiva.
“Por que você disse que é irmã dela? Vocês se odeiam!” ele grita, pisando forte na nossa
direção.
“Querido, calma,” diz o namorado dele, colocando a mão em seu ombro.
“Eles só dão informações pra família,” a Brittany explica, cansada. “Senta e eu explico
tudo.” Ela suspira, e o Harry e o namorado se acomodam nos assentos opostos a nós.
Me inclino para a frente, apoiando os cotovelos nos joelhos e tapando os ouvidos com os
dedos, pois não quero ouvir de novo.
Assim que tiro meus dedos dos ouvidos, a Brittany está dizendo ao Harry e ao namorado
que a mãe dela não atende às ligações. Levanto a minha cabeça novamente.
“Ela não atende?” Eu resmungo, e ela balança a cabeça.
“Eu também mandei mensagem, mas ela só disse ‘para de contar mentiras’.” Ela suspira,
segurando o telefone da Lily.
Nós cinco ficamos sentados em silêncio por uma hora, com o Harry nos lançando
olhares furiosos, até que eu finalmente falo.
“Por que você tá aqui?,” pergunto, principalmente me perguntando como ele sabia que a
Lily havia sofrido um acidente e se ele realmente a odeia, como ele alegou.
“Eu liguei pra ele,” a Brittany interrompe. “Eu pensei que a Lily iria querer ele aqui,” ela
acrescenta, olhando para o Harry enquanto eu aceno.
“Ela vai morrer, né?” o Harry finalmente sussurra.
“Não sabemos disso,” diz o Liam enquanto fecho os olhos.
“Ela vai morrer pensando que eu a odiava.” Ele continua falando antes de desmoronar,
assim como eu.
“Por que tá demorando tanto?,” pergunto, querendo chorar de novo também.
“Vou ver,” diz a Britt, apertando meu ombro.
“Quando você a conheceu?” o Harry pergunta, olhando para mim através das lágrimas.
“No dia em que ela pegou o Kingsley com a Leah,” murmuro, lembrando de quão brava,
triste e linda ela parecia naquele dia.
“Ela fez o quê?” Ele suspira.
“Ela não te contou?” Eu franzo a testa.
“Não, tudo o que ela disse foi que eles brigaram e ela terminou com ele.” Ele balança a
cabeça, parecendo irritado. Pelo menos não é comigo, dessa vez. Não tenho energia
suficiente para entrar numa briga.
“Vou matar aquele filho da puta,” ele afirma, levantando, mas é empurrado de volta para
baixo pelo namorado.
“Você vai fazer com que sejamos expulsos daqui,” ele murmura.
“Gente.” A voz da Brittany sai fraca, segurando um saco de papel pardo. “Ela me deu as
coisas dela,” ela choraminga.
“Ela morreu?” O Harry pergunta enquanto a dormência preenche o meu corpo
novamente. Eu sabia que ter esperança era uma má ideia.
“Ela disse que houve uma complicação e que o cenário não parece nada bom.” Ela
balança a cabeça enquanto o Liam a abraça e a leva até os assentos.
“Ainda temos esperança, querida,” ele murmura para ela.
Sim, falsa esperança ~, penso comigo mesmo.
“Quem quer café?,” pergunta o namorado do Harry.
“Obrigado, Jonah.” Harry concorda.
“Mason?,” ele me pergunta, e eu aceno, sem dar a mínima.
Eu só quero ver a Lily.
Segurar a mão dela uma última vez.
Dizer a ela o quanto a amo uma última vez.
Cinco horas depois, pouco depois da meia-noite, todos estão dormindo, exceto eu e o
Harry.
“Você realmente gosta dela?” ele me pergunta, humildemente.
“Sim.” Eu concordo, piscando algumas vezes. Meus olhos estão tão secos.
“Percebi uma diferença nela,” ele diz. “Nas últimas semanas ela estava muito mais feliz.
Como a Lily do primeiro ano.”
“Acho que você é bom pra ela,” ele acrescenta quando não digo nada.
“Ela é boa pra mim,” eu respondo.
“Por que ela?” o Harry resmunga, se inclinando para a frente para apoiar os cotovelos
nos joelhos.
“Ela precisava de alguém pra conversar. Eu precisava de uma distração. Então uma
coisa levou à outra.” Eu dou de ombros.
“Isso não é nenhuma piada de mau gosto pra se vingar da galera de Ridgewood, é?,” ele
pergunta baixinho, estreitando os olhos para mim.
“Eu não dou a mínima pra sua escola.” Eu bufo, revirando os olhos, no momento em que
uma médica entra na sala de espera.
“Essa é a irmã da Lily Bennet?” ela pergunta baixinho, acenando para a Brittany.
“Sim.” Harry e eu respondemos ao mesmo tempo.
“Os pais dela estão aqui?” ela pergunta, olhando para nós cinco.
“Não conseguimos falar com eles,” responde Harry.
“Vocês têm o número deles? Eu vou tentar ligar.” Ela sorri, educadamente.
“No telefone da Lily,” o Harry murmura, apontando para a mão da Brittany, que está
dormindo pesado.
“Ela tá bem?,” pergunto ao médico enquanto tento tirar o telefone da mão da Britt, mas
ela acorda.
“O que você tá fazendo?” ela murmura, desencostando o corpo do Liam.
“A médica quer o número da mãe dela,” eu digo.
“Ela tá bem?” a Brittany pergunta, levantando de uma vez.
“Ela perdeu muito sangue e o coração dela parou duas vezes, mas ela tá bem agora. Ela
deve acordar logo.”
Ela morreu.
Duas vezes.
“Você quer contar aos seus pais, querida?,” ela pergunta para a Brittany, que dá um
passo para trás, na minha direção. Eu envolvo os meus braços em volta dos ombros dela,
sabendo que nós dois precisamos disso.
“Não,” ela choraminga, passando o telefone para o Harry.
“Podemos vê-la?,” pergunto.
“Só a família pode entrar,” afirma a médica antes de pegar o número e ir embora, nos
deixando ali.
Os Pais
MASON
“Senta, Mason,” a Brittany grita comigo no dia seguinte por volta das 8 da manhã.
Estou andando de um lado para o outro na pequena sala há pelo menos uma hora,
querendo — não, precisando ~— de notícias sobre a Lily ou, melhor ainda, vê-la.
Concordo com a cabeça e sento novamente no assento ao lado dela e automaticamente
começo a balançar a minha perna para cima e para baixo.
“Meu Deus!” Ela bufa, agarrando o meu joelho enquanto o Liam ri baixinho.
“Juro por Deus, Mason, fica quieto,” ela sussurra entre os dentes, cravando as unhas nas
joelheiras.
“Não consigo,” resmungo, mas tento impedir que as minhas pernas saltem.
“Vou pegar um café.” Ela suspira, levantando, enquanto o Jonah pula de pé e
imediatamente se oferece para ir com ela.
“Acho que meia hora é o maior tempo que ele consegue ficar no mesmo lugar,” comenta
Harry casualmente enquanto eles seguem pelo corredor.
“Ela também.” O Liam dá um meio sorriso, apontando o polegar para o meu rosto
carrancudo.
“Você acha que vamos poder ver a Lily hoje?,” pergunto, esfregando os meus olhos
secos.
“Eu não sei.” O Liam suspira, me dando aquele olhar de pena de novo. Eu realmente
~quero dizer a ele para parar com isso, mas eu mordo a minha língua. Por enquanto.
Dez minutos depois, a Brittany e o Jonah ainda não voltaram, então, quando o elevador
abre, não me dou ao trabalho de me virar.
Só quando o Harry se levanta e chama a Sra. Bennett é que eu me viro.
Vejo a Brittany e o Jonah segurando bandejas de café e uma sacola de comida cada,
seguidos de perto por quem imagino serem os pais da Lily.
A mãe da Lily se parece muito com ela. Ambas têm corpos pequenos e a mesma
estrutura facial, mas os olhos da mãe dela são castanhos e seu cabelo é tingido de um
loiro falso, claramente não é natural como o cabelo da Lily.
“Ah, Harry, você tá aqui,” diz a Sra. Bennett, dando alguns passos na nossa direção
antes de dar um beijo na bochecha dele.
“O Murray foi ver se a médica pode falar com a gente,” ela explica, sentando na minha
frente enquanto a Britt e o Jonah distribuem cafés.
“Não tivemos notícias desde ontem à noite.” O Harry suspira, sentando ao lado dela.
“A mulher no telefone não disse muita coisa. Só que ela tava em coma.” A Sra. Bennett
dá de ombros, quase indiferentemente.
“A médica vai vir em breve.” Um homem, que eu presumo ser o Sr. Bennett, diz, sentado
no assento ao lado de sua esposa, bem na minha frente. “Olá.” Ele acena para mim e
para o Liam.
Seus olhos estão vermelhos e injetados de sangue, como se ele tivesse ficado acordado a
noite toda ou chorando. Talvez as duas coisas.
“Estes são o Mason, o Liam e a Brittany. E o meu namorado, Jonah.” Harry apresenta
todos sem jeito, passando os olhos entre nós.
“Vocês são amigos da Lily?,” pergunta o Sr. Bennett, olhando para mim e para o Liam
com os olhos ligeiramente semicerrados.
“Sim, senhor. O Mason a conheceu durante o verão e nos apresentou logo depois que a
temporada de futebol começou,” Liam explica, me dando uma cotovelada leve na lateral.
“Vocês jogam futebol americano?,” ele pergunta, erguendo as sobrancelhas grisalhas.
“Sim, senhor. Eu sou o running back e ele é o quarter back.”
“Achei que o Oliver fosse o quarterback,” interrompe a mãe da Lily, deixando um
silêncio constrangedor entre nós.
“Ah, nós, hum…” o Liam se atrapalha com as palavras.
“Somos da Greendale,” afirmo, observando-a zombar e franzir o rosto em desgosto
enquanto o Sr. Bennett balança a cabeça levemente, como se entendesse tudo agora.
A Sra. Bennett abre a boca para dizer algo, mas é interrompida pela mesma médica da
noite anterior.
“Sr. e Sra. Bennett, eu sou a Doutora Sarah Bale. Estou cuidando da Lily,” ela afirma,
olhando entre a Brittany e eles.
“Sim, como ela está? Ela tá acordada?,” pergunta o Sr. Bennett, ficando de pé enquanto
a Sra. Bennett permanece sentada.
“Infelizmente, não. Vamos começar a tirá-la da medicação,” ela diz, levantando a
sobrancelha levemente para a mãe da Lily.
“Quanto tempo vai demorar pra ela acordar?,” pergunta o Sr. Bennett.
“Não temos um tempo definido. Pode ser em algumas horas ou dias,” explica a Doutora
Bale gentilmente.
“Bem, você pode ligar pra gente quando ela acordar,” afirma a Sra. Bennett, batendo as
mãos nas coxas e se levantando.
Qual é o problema dessa mulher? A filha dela está em coma e ela não dá a mínima.
Tento me levantar para dizer o que penso, mas sou puxado de volta para baixo pelo
Liam, que balança a cabeça.
“Certo. Bom, se é isso que vocês querem,” a Doutora Bale diz, sem esconder seu
desgosto.
“Não. Eu não vou a lugar nenhum.” O Sr. Bennett balança a cabeça ferozmente
enquanto olha para a sua esposa.
“Algum de vocês, garotos, por acaso é o Mason?,” ela pergunta, olhando entre nós.
“Eu sou,” afirmo, levantando e meu coração começa a acelerar.
“Certo, é melhor você vir também,” ela diz, gesticulando em direção às portas de onde
saiu.
Finalmente, posso ver a minha princesa.
“Você tá falando sério, Murray? Temos um voo pra pegar.” A Sra. Bennett bufa.
“Claro que eu tô falando sério, Heather. A nossa filha tá em coma! Vai pra casa!,” ele
exclama, balançando a cabeça e virando as costas para a esposa.
“Por aqui.” A médica lidera o caminho através das portas duplas e por um longo
corredor.
“As pessoas que pararam pra ajudá-la disseram que ela tava perguntando do Mason e
não se acalmou até que dissessem que ele tava chegando,” ela explica enquanto o Sr.
Bennett e eu a seguimos.
“Ela disse mais alguma coisa?,” ele pergunta, olhando para mim enquanto eu luto contra
as lágrimas novamente.
“Ela disse que a mãe dela gritou com ela,” ela responde, parando do lado de fora de uma
sala.
“Interessante,” ele murmura antes de abrir a porta e entrar.
Olho para a porta de madeira, querendo entrar e ver a Lily, mas ao mesmo tempo estou
com medo.
“Tá tudo bem?,” a médica me pergunta gentilmente.
“Ela parece estar morta?,” sussurro, sentindo as minhas mãos começarem a suar.
“Ela parece estar dormindo,” ela responde, colocando a mão no meu ombro.
“Apenas fala com ela como você falaria normalmente,” ela acrescenta antes de apertar
meu ombro levemente e ir embora.
Fico olhando para a porta por mais um tempo antes de respirar fundo e abri-la.
A primeira coisa que vejo é a Lily deitada de costas com tubos saindo de sua boca e
nariz, junto com vários outros tubos e cateteres presos em suas mãos e braços.
O pai dela está sentado à esquerda dela, segurando a sua mão enquanto chora baixinho.
“Você pode vir aqui e se sentar.” Sua voz falha.
Eu tiro os meus olhos do corpo da Lily e sento à sua direita. Eu olho para a via saindo do
seu dedo indicador e gentilmente acaricio o topo da sua mão, não querendo mover algo
por acidente.
Olho para o rosto dela e, antes que eu possa me conter, solto um suspiro.
Seu rosto está coberto de vários cortes minúsculos, seu lábio tem alguns pontos no lado
esquerdo e um grande curativo cobre o lado direito do pescoço, com sangue escorrendo.
Sinceramente, ela está péssima.
“Ela está horrível,” comenta o Sr. Bennett em voz baixa antes de cairmos em um silêncio
confortável.
Nós dois ficamos em silêncio, exceto por um fungado estranho do Sr. Bennett, por vinte
minutos, interrompidos apenas pela entrada da médica de Lily.
Eu saio do caminho, mas observo atentamente enquanto ela verifica o corpo da Lily
antes de levar a papelada do plano de saúde para o pai dela preencher, e eles saem da
sala.
No segundo em que a porta se fecha atrás deles, pego delicadamente a mão da Lily e a
levo aos meus lábios.
“Oi, princesa,” eu sussurro. “Você vai acordar logo,” eu digo, observando seu peito se
mover para cima e para baixo em um ritmo constante.
“Eu te amo,” acrescento baixinho antes de beijar a sua mão novamente e colocá-la de
volta para a cama. “A médica disse que você está dormindo,” começo enquanto desenho
círculos em sua mão.
“Mas o seu cabelo tá muito desarrumado e você não tá embaixo de mil cobertores ou
ocupando a cama inteira.
Deus, espero que você acorde logo,” murmuro antes de deixar a minha cabeça cair na
beirada da cama.
Quero chorar de novo, mas não consigo. Estou seco por dentro.
“Você é o namorado dela?,” pergunta a voz do Sr. Bennett, me fazendo pular e me sentar
ereto. Eu nem o ouvi entrar.
“Ah, sim,” respondo, coçando a nuca.
“Ela não mencionou um novo namorado,” ele comenta enquanto se senta novamente na
minha frente.
“Não fico surpreso,” murmuro, voltando meus olhos para a Lily.
“Como assim?,” o pai dela me pergunta bruscamente.
“Não é o momento nem o lugar,” murmuro, querendo dizer a ele exatamente o quão
péssimos pais eu acho que eles dois são.
“Ela não tava bem, né?” Ele suspira tristemente, pegando a mão dela.
“Ela sentia falta de vocês dois.” Eu aceno, olhando para o curativo em seu pescoço.
“Ah, Deus,” o Sr. Bennett murmura antes de começar a soluçar na mão da Lily. “Sinto
muito, Lilyzinha.” Ele chora repetidamente antes de fazer o que eu acho que são
promessas vazias de ficar mais em casa.
***
Já se passaram exatamente sete dias desde que a Lily foi internada no hospital.
Já faz exatamente sete dias que não saio desse hospital idiota.
O Liam e a Brittany me trouxeram roupas limpas e as enfermeiras me deixaram usar o
chuveiro conectado ao quarto da Lily quando perceberam que eu não iria embora.
A Lily ainda não acordou.
Os dedos e os olhos dela tremeram, mas a Dra. Sarah disse que eram os reflexos dela ou
algo assim.
Na primeira vez que isso aconteceu, eu e o Murray corremos para chamar os médicos e
enfermeiros, mas eles rapidamente nos dispensaram.
O Murray não é tão ruim assim. Ele aparece logo de manhã e vai embora depois do
jantar. Ele gosta de me contar histórias da Lily, de quando ela era uma garotinha.
Nem uma vez a mãe dela veio vê-la. A menos que ela tenha entrado rapidinho enquanto
eu estava tomando banho, mas eu duvido muito.
“O Harry disse que viria visitar depois da escola,” o Murray comenta casualmente
enquanto nós dois terminamos os bagels de café da manhã que ele traz todos os dias.
“Legal.” Eu concordo, amassando o saco e jogando-o na lata de lixo.
“Você tem falado com ela?” ele pergunta, limpando a garganta.
Alguns dias atrás, a médica disse que se falássemos com a Lily, isso poderia encorajá-la
a acordar. O Murray fala sem parar. A Brittany também. O Harry simplesmente entra,
pede desculpas e chora antes de sair novamente.
Eu converso um pouco com ela perto dos outros, mas só falo mesmo com ela quando
estamos só nós dois.
“Sim,” murmuro, observando o peito da Lily subir e descer. Todos os seus tubos e fios
sumiram, exceto um. Ela parece mais normal agora. Mas uma versão destruída.
“Você tem irmãos?” o Murray me pergunta, mudando completamente de assunto.
“Três,” murmuro, sem desviar os olhos.
“Eu cresci numa família grande. Eu também queria ter pelo menos três filhos, mas a
Heather ficou muito cansada depois de ter a Lily,” ele divaga enquanto eu simplesmente
cantarolo em resposta.
“Me fala dos seus irmãos,” ele afirma, me fazendo finalmente desviar os olhos da Lily.
“Tô curioso. Você não saiu do lado da minha filha nenhuma vez. Você estava arrasado
naquela primeira noite.” Ele meio que ri antes de balançar a cabeça.
“Porra, você é o quarterback da Greendale, o que significa que você obviamente sabia
quem ela era quando a conheceu, mas mesmo assim, você é o namorado dela. Estou
curioso sobre você.” Ele se explica.
“Eu tenho um irmão mais velho que morreu e duas irmãzinhas,” murmuro, dando a ele
uma pequena informação. Sinto pena desse cara. Sei muito sobre ele, mas ele não sabe
praticamente nada sobre mim.
“O que seus pais fazem?”
“Eu não conheço o meu pai. Minha mãe é uma bêbada que vive do dinheiro de um dos
ex-maridos.”
“Você não conhece o seu pai?” O Murray suspira, com choque em seu rosto.
“Eu não acho que a minha mãe realmente saiba quem ele é. Só me disse que é um
namorado da época.” Eu dou de ombros, olhando de volta para a Lily.
“Você é próximo das suas irmãs?” ele questiona, mudando de assunto.
“Eu era próximo do meu irmão. Minhas irmãs são irritantes, mas sim, acho que sim,”
respondo enquanto imagens do rosto chocado da Lily passam pela minha mente, de
quando a Tayla culpou a Gemma por comer os seus doces.
“O que você acabou de pensar?” o Murray pergunta, interrompendo meus pensamentos
e me fazendo perceber que eu estava sorrindo sozinho.
“Nada,” murmuro, me inclinando para frente e agarrando a mão da Lily.
“Há pouco tempo roubei uns doces da minha irmã e fiz a Lily comer todos comigo,”
começo lentamente, desejando não ter parado de beijá-la naquela noite.
“E uns dias depois, ela tava na minha casa e a Tayla culpou a nossa irmãzinha mais
nova, a Gemma por isso. A Lily se sentiu muito mal e queria contar a verdade,”
acrescento, sentindo os dedos da Lily se contorcerem na minha mão.
“Eu lembro dos meus irmãos fazendo uma coisa parecida comigo.” Ele ri. “Eu
provavelmente poderia ser mais legal com eles.”
Eu suspiro, pensando em como a Brittany disse que elas estavam ligando e mandando
mensagens constantemente porque queriam vir aqui. Mas eu disse não.
“Como você e a Lily se conheceram?” ele pergunta casualmente.
“Eu tava correndo na trilha do parque e a vi pisando forte num dia das férias de verão.
Ela parecia tão brava.” Eu meio que sorrio.
“Mas daí ela começou a soluçar, então perguntei se ela tava bem e começamos a
conversar.”
“Por que ela tava chorando?” ele sussurra tristemente.
“Ela tinha acabado de pegar o Kingsley dormindo com aquela amiga dela,” murmuro,
sentindo a raiva e o ódio que sinto pelo filho da puta começarem a crescer novamente.
“O quê?” o Murray suspira antes de agarrar a outra mão da Lily.
“Sinto muito por não ter estado lá pra você, Lilyzinha,” ele choraminga, beijando a mão
dela repetidamente antes de começar com as promessas de estar mais presente na vida
dela novamente.
“Conta mais,” ele funga, levantando a cabeça para olhar para mim.
Passei a meia hora seguinte contando a ele sobre coisas aleatórias que a Lily e eu
fizemos durante o verão, fazendo força para deixar de fora as bebidas, as drogas e o
sexo, é claro.
“Eu a levei pra uma cachoeira,” eu me pego dizendo antes que eu possa me conter. “Nós
caminhamos por horas antes de pular do topo e nadar,” eu sussurro.
Levanto a sua mão delicada e a levo aos meus lábios, tentando conter as lágrimas
enquanto penso em como ela foi atenciosa quando contei sobre o Callum.
Os dedos da Lily tremem sob os meus lábios, e seus olhos piscam pela enésima vez hoje.
“Continua,” o Murray sussurra baixinho.
“Eu soube que te amava naquela época,” sussurro para a Lily, ignorando o pai dela.
“Eu quis te dizer tantas vezes,” acrescento, fechando os olhos e imaginando-a rindo e
chamando o meu nome enquanto eu a molhava toda vez que íamos nadar.
Ela gritando meu nome toda vez que eu a impedia de me vencer nas corridas.
“Mason.”
“Mason.”
“Mason.”
Meus olhos se abrem rapidamente e sou recebido pelos seus olhos azuis, totalmente
abertos, me encarando.
“Princesa,” eu sussurro, sem acreditar no que estou vendo. Certamente estou sonhando.
“Mason,” a Lily resmunga novamente antes de, de repente, eu ser puxado para longe da
minha princesa.
McDonald’s
LILY
“O que tá acontecendo?,” pergunto, confusa. Num segundo o Mason estava chorando,
segurando a minha mão; a próxima coisa que sei é que ele se foi e uma médica está de
pé, sobre mim.
Meu corpo inteiro dói e minha boca e garganta estão muito secas.
E para onde foi o Mason?
“Cadê o Mason?” Eu choramingo enquanto a médica aponta uma luz para os meus
olhos.
“Ele tá logo ali.” Ela sorri gentilmente para mim.
“Tô com sede,” eu choramingo enquanto a cama começa a se mover, fazendo o meu
corpo se mover para uma posição sentada.
Eu gosto assim. Posso ver o Mason parado contra a parede, observando cada movimento
que a médica faz.
“Você sofreu um acidente bem feio,” comenta a médica, me fazendo voltar os meus
olhos para ela. “Qual é a última coisa que você se lembra?,” ela pergunta, pegando uma
prancheta.
Franzo a testa e tento pensar no passado. Lembro dos meus pais indo embora. Lembro
de falar com Mason no telefone antes do jogo de futebol. Lembro de dirigir e depois
brigar com a mamãe.
“Eu tava dirigindo e minha mãe ligou e gritou comigo.” Eu franzo a testa.
“Você lembra por que ela tava gritando com você?,” ela pergunta gentilmente enquanto
tira algo do meu dedo.
“Porque saí do time de líderes de torcida há meses,” murmuro enquanto outra moça que
eu não tinha notado antes me oferece água com um canudo, que eu bebo alegremente.
“Você sabe o seu nome?,” a médica pergunta, e eu reviro os olhos para ela. Claro que sei
meu nome. “Pode parecer bobo, mas eu preciso fazer algumas perguntas,” ela responde,
parecendo levemente irritada.
“Lily Jane Bennett,” respondo, revirando os olhos novamente antes de responder outras
perguntas fáceis, como em que escola eu estudo, em que série estou.
“Agora, essa aqui provavelmente vai parecer muito boba pra você.” A médica ri para si
mesma. “Você sabe quem eles são?,” ela pergunta, dando um passo para o lado para
revelar o Mason e meu pai.
Franzo a testa enquanto olho para o meu pai. Por que diabos ele está aqui? Ele não
deveria estar trabalhando, como sempre?
“Lily,” diz a médica, e eu olho rapidamente para ela antes de focar no Mason.
Ele levantou a mão e está puxando o lábio inferior enquanto balança para frente e para
trás. Ele parece nervoso.
“Esse é o Mason.” Sorrio ao ver seus ombros relaxarem instantaneamente.
Ele tira a mão da boca e me dá um pequeno sorriso.
“E a outra pessoa?” ela pergunta.
“Meu pai,” murmuro.
“Ok, bem, parece que você tá se curando muito bem. Vou deixar vocês se atualizarem e
te vejo mais tarde.” Ela sorri antes de sair com a outra moça.
Assim que a porta se fecha atrás deles, olho para o Mason e meu pai, que não se
moveram. “O que aconteceu?,” pergunto, estendendo a minha mão para o Mason.
“Você sofreu um acidente de carro,” meu pai responde e vem até o meu lado direito para
pegar minha mão. “Você quase morreu,” ele acrescenta enquanto o Mason lentamente
vem até o meu lado esquerdo e senta no mesmo lugar em que estava antes.
“Sério?,” pergunto, olhando para o Mason, que me dá um leve aceno de cabeça.
“Seu coração parou de bater duas vezes. Fiquei com tanto medo,” responde o papai, me
fazendo franzir a testa. Eu só quero falar com o Mason.
“Que dia é hoje?,” pergunto, imaginando quanto tempo fiquei inconsciente.
“Sexta-feira,” responde o papai, e eu concordo.
“Então eu só fiquei apagada por algumas horas?,” pergunto, olhando para a janela, mas
fico confusa quando percebo que é dia.
“Já faz uma semana, Lilyzinha.”
“Fiquei apagada por uma semana inteira?,” eu suspiro, afastando a mão do papai.
“Você não queria acordar.” Ele balança a cabeça.
“Quando você chegou?” Eu pergunto bruscamente, sem realmente querer saber.
“A sua mãe e eu chegamos no sábado de manhã,” ele responde gentilmente, pegando na
minha mão novamente.
“A mamãe tá aqui?,” pergunto, procurando-a.
“Vou dar um tempo pra vocês dois,” o Mason murmura baixinho enquanto se levanta.
“Não!” Eu grito rapidamente, sentindo o meu coração acelerar. Não quero que ele me
deixe. “Por favor, não vai embora,” eu imploro, sentindo que estou prestes a chorar.
“Eu não vou embora,” ele diz, sentando novamente e segurando a minha mão. Eu
imediatamente entrelaço os nossos dedos.
“A mamãe não veio te ver.” O papai suspira tristemente enquanto olha para o Mason.
“Mas ela disse que viria quando você acordasse,” ele acrescenta, rapidamente.
“Eu deveria ligar pra ela,” ele diz antes de se levantar lentamente e me dar um sorriso
triste antes de sair do quarto.
“Eu realmente dormi tanto tempo assim?,” pergunto ao Mason, virando a cabeça para
olhá-lo.
“Foram os sete dias mais longos da minha vida.” Ele suspira, apertando a minha mão
gentilmente.
“Você tá deixando a barba crescer.” Eu rio, notando os pelos crescendo em seu rosto.
“Tô?” ele pergunta, parecendo surpreso enquanto passa a mão livre pelo queixo. “Huh,”
Mason murmura antes de abaixar a mão.
“Você não foi embora em nenhum momento?,” sussurro, apertando a sua mão.
“Nem passou pela minha cabeça, princesa,” ele sussurra de volta. “A Brittany disse às
enfermeiras que ela era a sua irmã.” O Mason sorri.
“Ela veio me visitar?” pergunto, surpresa.
“Ela esteve aqui todos os dias. Igual o Liam e o Harry,” ele responde.
“O Harry?” Eu suspiro, pensando que ouvi errado.
“A Brittany ligou para ele depois que chegamos ao hospital. Ele tá super arrependido,”
explica o Mason.
“O que aconteceu com o jogo?,” eu suspiro, esperando que o Mason não tenha ido
embora antes que terminasse.
“Sei lá.” Ele suspira, balançando a cabeça. “O Liam e eu fomos embora antes de
começar,” ele sussurra.
“Vocês deveriam ter jogado,” eu digo a ele, incisivamente. “Eu disse que precisava
daquele beijo de boa sorte,” ele brinca.
“Eu lembro.” Sorrio antes de meus olhos ficarem no moletom preto que eu estava
tentando roubar dele.
“Eu te disse ontem à noite que se você acordasse, eu te daria.” Ele ri, notando o meu
olhar.
“Talvez seja por isso que acordei.” Eu rio de volta.
“Você pode ficar com ele quando voltar pra casa,” ele responde.
“Você pode me beijar agora?” Eu exijo, querendo sentir os seus lábios contra os meus.
“Agora mesmo?” Suas sobrancelhas escuras se erguem.
“Você deveria ter me beijado no segundo em que eu acordei.” Faço beicinho, fazendo-o
rir, e lentamente avanço.
“Se aquela enfermeira não tivesse me afastado, eu provavelmente teria te beijado,” ele
sussurra, roçando nossos narizes um no outro.
“Mesmo com o meu pai no quarto?,” sussurro enquanto seus lábios roçam suavemente
os meus.
“Com qualquer pessoa no quarto,” ele sussurra de volta antes de me beijar gentilmente.
Meu corpo inteiro derrete instantaneamente ao sentir os lábios dele contra os meus.
Assim que agarro a parte de trás do seu cabelo e tento aprofundar o nosso beijo, um
barulho de garganta limpando o faz se afastar, me fazendo choramingar e depois fazer
beicinho.
“Acabei de falar com a sua mãe. Ela disse que vem te ver amanhã.” A voz do papai enche
a sala, me fazendo corar, mas o Mason apenas se apoia de volta em seu assento como se
nada tivesse acontecido.
“Ela não precisa vir,” resmungo, não querendo vê-la depois que ela gritou comigo.
“Precisa, sim.” A voz do meu pai sai baixa, me surpreendendo.
Nós três ficamos no meu quarto, meu pai é quem mais conversa, perguntando
constantemente como me sinto e que ele lamenta não ter chegado rápido o suficiente, e
eu reclamando que quero comer um sanduíche do McDonald’s.
“Você tem que esperar a médica antes de comer,” meu pai me diz pela terceira vez, me
fazendo revirar os olhos e o Mason sorri.
“Mas eu tô morrendo de fome,” resmungo no momento em que a porta se abre e a
médica entra, seguida pela Brittany, que tem o maior sorriso no rosto.
“Ouvi dizer que você tá com fome.” A médica ri, e eu aceno entusiasticamente. “Pode
comer, mas se começar a sentir náuseas, para, ok?” ela diz, me fazendo acenar
novamente.
“Ótimo.” Ela diz antes de apertar o ombro do Mason e sorrir para a Brittany, antes de ir
embora.
“Não acredito que você finalmente acordou!” a Brittany grita e não perde tempo em me
abraçar gentilmente.
“Não acredito que fiquei tanto tempo apagada,” digo, jogando a cabeça para trás
lentamente.
“Eu comprei um McChicken pra você, batatas fritas, e meio que bebi a Coca-Cola no
caminho pra cá, mas parei na máquina aqui do hospital e peguei uma garrafa zerada,” a
Brittany balbucia.
Ela tira a mochila da escola das costas e puxa uma sacola do McDonald’s, que eu estou
quase pronta para pegar.
“E eu comprei a mesma coisa pra você,” ela diz incisivamente para o Mason enquanto
me entrega a bolsa, e ele revira os olhos.
“Já tomei café da manhã,” ele resmunga enquanto começo a me empanturrar.
“Sério?,” ela pergunta, se virando para o meu pai, que assente.
“Bom, pena que tá na hora do almoço,” ela diz, tira a sacola das minhas mãos e passa
um pouco de comida para o Mason. Ele apenas revira os olhos de novo, mas começa a
comer.
“Então, o Liam tentou vir comigo, mas o idiota foi pego pela Sra. Southee e vai ter que
pagar uma detenção depois da aula,” a Brittany afirma enquanto se senta ao pé da
minha cama.
“E o Jonah disse que o Harry vai vir depois da aula porque ele também é um idiota que
também foi pego tentando faltar e mandando mensagem na aula.” Ela revira os olhos.
“Você falou com o Jonah?” pergunto, surpresa.
“Sim. Eu fui a mensageira.” Ela ri. “Se eu pedir um tempo só de garotas, você vai
mandar eu ir me foder?” ela pergunta, piscando os cílios levemente para o Mason.
“Sim.” Ele concorda imediatamente.
“Sabia.” Ela suspira antes de piscar para mim. “Você parece estar muito melhor,” ela
afirma, com os olhos vagando por mim.
“Me sinto melhor agora que comi.” Eu sorrio, dando tapinhas na minha barriga. “Como
você sabia que eu queria McDonald’s?” Eu questiono.
“O Mason pediu pro seu pai me mandar uma mensagem, daí fui buscar a comida,
chegando aqui encontrei a Dra. Sarah e implorei para ela me deixar te alimentar.” Ela dá
de ombros, casualmente.
“Vou deixar vocês se atualizarem. Eu volto antes do jantar,” o meu pai declara antes que
eu possa responder à Brittany, e então ele beija a minha testa gentilmente, me fazendo
estremecer levemente.
Nós três — bem, principalmente a Brittany — falamos, com o Mason e eu respondendo
de vez em quando, por Deus sabe quanto tempo.
Só sei que a aula deve ter acabado porque o Harry e o Jonah entram com cara de tímidos
e interrompem a Brittany no meio da frase.
“Oi.” Jonah sorri, mantendo os olhos em mim enquanto o Harry fica parado, sem jeito,
na ponta da cama, ao lado da Brittany.
“Oi,” o Harry sussurra tão baixo que quase não ouço.
“Ei,” eu cumprimento de volta, nervosa.
“Bom, vocês dois têm muito o que conversar. Mason, vem comprar um café comigo,” a
Brittany diz, batendo nas coxas e pulando.
“Mason,” eu sussurro, virando a minha cabeça para ele. Eu não quero que ele vá
embora. E se o Harry gritar comigo de novo?
“Vou pegar um café pra você,” o Jonah oferece, levantando de um salto e trocando um
olhar com o Mason.
“Vocês dois deveriam conversar,” o Mason afirma, limpando a garganta e se levantando.
“Por favor, não me deixa sozinha,” imploro, querendo chorar. Ele não pode ir embora.
“Pode ficar,” o Harry concorda, fazendo o Mason se sentar novamente.
“Vou pegar um café pra você,” a Brittany diz e sopra um beijo enquanto ela e o Jonah
vão embora.
“É bom te ver acordada,” comenta o Harry enquanto se move para sentar na cadeira em
que meu pai e o Jonah estavam sentados. “Eu sinto muito, Lily.” Ele suspira quando não
digo nada.
“Eu não deveria ter dito o que eu disse. É só que, eu não sei… Fiquei magoado por você
ter guardado um segredo tão grande de mim,” ele afirma, olhando para as suas mãos.
“Depois que o Mason e o Liam saíram, o Jonah entrou em campo e quase me
nocauteou,” Harry murmura, fazendo o Mason rir levemente.
“Ele me fez perceber que eu estava tão feliz por você estar apaixonada até descobrir que
era pelo Mason, e essa rivalidade idiota não deveria mudar nada,” ele explica, olhando
para mim dessa vez.
“Então ele disse que você tava no hospital e eu corri pra cá,” ele acrescenta tristemente,
desviando os olhos de mim para o Mason.
“E já que fui forçado a passar um tempo com ele, o Cooper não é tão ruim assim.” Ele
sorri, e o Mason bufa.
“De qualquer forma, eu sei que é foda, mas eu realmente sinto muito e espero que
possamos voltar a ser como éramos antes… mas se você não quiser, eu entendo.”
“Preciso de um tempo pra pensar,” respondo, franzindo a testa. É muita coisa para
assimilar.
“Eu entendo.” Ele sorri tristemente.
“O Jonah também disse que ele foi um tonto por não ter percebido antes,” o Mason
interrompe, divertido.
“Cala a boca,” o Harry resmunga, me fazendo olhar entre eles.
“O Jonah disse que eu fui cego pra caralho por não perceber. Tipo a coisa toda do M,
depois o jogo de vôlei e aquela festa.” O Harry bufa.
“Ele já sabia.” Eu suspiro, levemente surpresa.
“Aparentemente, sim.”
Perdão
LILY
“A mamãe realmente tem que vir?,” resmungo baixinho para o meu pai depois do jantar,
naquela mesma noite.
Assim que terminou de comer, o Mason caiu no sono imediatamente.
“Sim. Ela não vai ficar aqui por muito tempo,” o papai sussurra, olhando para o Mason.
“Você gosta mesmo dele?” ele pergunta, se inclinando para frente.
“Sim,” eu retruco, cruzando os braços sobre o peito.
“Eu também.” O meu pai sorri levemente enquanto observa o Mason. “Ele não te deixou
nem por um segundo, sabia?” ele acrescenta, sentando novamente.
“O maior tempo que ele ficou fora do quarto foi quando a Brittany e o Liam estavam
aqui para tomar um banho de cinco minutos. Não sei quando ele dorme. A Sarah disse
que ele ficou acordado a maior parte das noites falando com você.”
A boca do meu pai se contorce em um pequeno sorriso.
“Ele é incrível,” sussurro, observando o Mason franzir a testa levemente enquanto
dorme.
“Eu não esperava que você começasse a namorar alguém da Greendale,” diz o meu pai,
um pouco casualmente.
“Eu não me importo com essa rivalidade idiota,” respondo imediatamente.
“Eu sei.”
“Falei com o meu chefe e não vou viajar mais até você ir pra faculdade.”
“O quê?” Eu suspiro, virando para encará-lo, para ver se ele está falando sério.
“Eu não deveria ter trabalhado tanto em primeiro lugar, mas a mamãe de alguma forma
me convenceu de que precisávamos do dinheiro extra e você não se importou…”
Parece que hoje é o dia das desculpas. Eles não puderam nem me dar 24 horas para ficar
acordada e lidar com as coisas antes de limparem as consciências.
“Não me importo se você trabalha fora agora. Já tô acostumada,” murmuro, lutando
contra um bocejo.
“Dorme um pouco. Conversamos mais tarde,” o papai responde antes de beijar a minha
cabeça pela segunda vez hoje.
***
Eu acordo com um pulo, sem saber onde estou. O quarto escuro é estranho, mas familiar
ao mesmo tempo.
“Tá tudo bem, princesa.” A voz do Mason enche os meus ouvidos, me fazendo lembrar
que estou no hospital.
“Que horas são?,” sussurro, apertando os olhos.
“Pouco depois das duas da manhã. As enfermeiras logo vão passar pra te examinar,” ele
sussurra de volta.
“Há quanto tempo você tá acordado?,” pergunto, encontrando o controle da cama que
tem o botão da luz noturna e ligando-o.
“Acordei uns dez minutos depois que você adormeceu,” ele sussurra, me dando um
sorriso triste. “Seu pai foi embora quando acordei,” ele acrescenta quando olho para
onde ele estava sentado.
“Ele disse que gosta de você,” digo, tentando pegar a garrafa de água ao meu lado, mas
Mason a agarra antes que eu possa pegá-la e leva o canudo aos meus lábios.
“Eu mal falei com ele,” ele admite enquanto coloca o copo de volta na mesa. “Todo esse
tempo, só ele falou. Ele me contou tudo sobre a pequena Lily.” Ele acrescenta, com um
sorriso.
“Meu Deus. O que ele disse?” Eu gemo, pensando em cada coisa embaraçosa que já fiz
na minha vida.
“Nada demais.” Ele balança a cabeça.
“Só que você fazia a maior birra toda vez que usava biquíni, ou quando visitava a sua avó
e queria pintar um quadro pra ela…”
“Ok, chega de memórias.” Eu o interrompo, sentindo as minhas bochechas queimarem
com a lembrança da Lily de quatro anos.
“Não se preocupa, princesa, eu ainda te amo.” Ele ri, se inclinando para frente como se
fosse me beijar.
Fecho os olhos e abro os lábios, pronta, mas em vez disso ele beija o canto da minha
boca, me fazendo franzir a testa e abrir os olhos.
“Me beija,” exijo impacientemente e franzo os lábios novamente.
“Daqui a pouco.” Ele pisca no momento em que a porta se abre lentamente e a mesma
médica entra com uma enfermeira.
“Ah, você acordou,” a médica diz, olhando para mim, surpresa. “O Mason acordou
você?” Ela sorri enquanto fica ao meu lado.
“Não.” Eu balanço a minha cabeça.
“Hmm, bem, se ele fizer isso, você me conta.” Ela pisca antes de olhar para o Mason e
suspirar.
“Sim,” ele responde, revirando os olhos antes mesmo que ela diga alguma coisa.
“Quanto tempo?” ela pergunta, olhando-o de cima a baixo.
“Vinte minutos,” ele resmunga, afundando-se ainda mais no assento enquanto a
enfermeira começa a prender as coisas em mim.
“Você não precisa ficar acordado a noite toda.” Ela suspira novamente, olhando por
cima do ombro para mim. “Ela já saiu do coma,” ela acrescenta calmamente antes de se
virar para me encarar.
“Como você tá se sentindo?” Dra. Sarah sorri para mim antes de olhar para a prancheta
que a enfermeira lhe entrega.
“Minha cabeça dói um pouco e tô cansada, mas me sinto bem,” digo a ela, com
sinceridade.
“Isso é muito bom. Acho que vamos começar a desmamar os analgésicos pela manhã,
então.” Ela concorda, rabiscando algo.
“E mentalmente? Como você está?,” ela pergunta, sentando na beirada da cama.
“Tô bem, eu acho,” murmuro, olhando para o meu cobertor. “É só muita coisa pra
assimilar, sabe?
Tipo, eu descobri que morri e daí meu pai e meu amigo estão sendo gentis e querem que
eu os perdoe, mas eu não sei o que quero fazer.” Eu suspiro enquanto brinco com um fio
solto no cobertor.
“Você quer que eu marque um psicólogo pra você?”
“Eu vou ficar bem.” Eu recuso, sabendo que só quero um tempo para pensar nas coisas.
“Bom, a oferta está sempre na mesa. Pra vocês dois,” ela afirma, olhando de volta para o
Mason e dando a ele um olhar penetrante.
“Eu tô bem,” ele resmunga, revirando os olhos.
***
“O que eu digo pra ela?,” eu resmungo para o Mason na manhã seguinte, enquanto pego
um dos bolinhos que a Brittany deixou, exigindo que nós dois comamos antes de sair
correndo novamente.
“O que você quiser,” ele murmura em resposta, colocando o seu bolinho sobre a pequena
mesa ao lado da minha cama.
“Você já falou com ela?,” pergunto curiosamente antes de dar uma grande mordida no
muffin.
“Não.” Ele balança a cabeça.
“E a sua mãe?,” pergunto baixinho depois de engolir.
“A Brittany tem mandado mensagens pra Tayla e pra Gemma. Aparentemente, ela fica
com o novo namorado a maior parte do tempo e nem percebeu que não tô por perto.”
Ele suspira.
“Por que você não mandou mensagem pra elas?,” questiono, e seu rosto imediatamente
fica envergonhado.
“Eu posso ter quebrado o meu telefone quando você não atendeu à minha ligação,” ele
murmura com as bochechas levemente vermelhas.
“Você fez isso?” Eu suspiro quando ouço a porta se abrir, mas não tiro os olhos do
Mason.
“Lilyzinha.” A voz do meu pai corta o ar, fazendo o Mason olhar por cima do ombro e
franzir a testa.
Lentamente, desvio meus olhos dele para o meu pai e minha mãe.
“Lily, tô tão feliz que você esteja acordada.” A minha mãe suspira enquanto se senta no
assento em que o papai geralmente se senta.
“Eu também,” murmuro antes de enfiar o último pedaço do bolinho na boca.
“Quantas vezes eu já disse pra você ser mais feminina?” Ela suspira antes de olhar para
o meu pai, que está carrancudo.
“Heather,” ele avisa.
“Você pode nos dar um minuto a sós?,” a minha mãe pergunta bruscamente ao Mason.
“Não,” eu respondo imediatamente. “Ele fica,” eu acrescento, implorando com meus
olhos para que ele não me deixe.
“Precisamos ter uma conversa em família,” responde a minha mãe, me fazendo revirar
os olhos.
Ela poderia ter tido essas “conversas” no último ano e meio se ela não tivesse
simplesmente me abandonado.
“Ele fica,” o papai concorda, saindo do pé da cama para ficar ao lado do Mason. “Conta
pra ela,” o meu pai ordena em um tom autoritário que eu nunca ouvi antes.
“Lily.” A minha mãe suspira, pegando na minha mão, mas eu simplesmente a movo para
longe do alcance dela. “Quando eu era mais nova, eu era imprudente,” ela começa,
fazendo o papai bufar. “Eu era o que hoje vocês chamariam de uma garota festeira.”
Ela suspira enquanto as lágrimas começam a encher seus olhos. “Eu conheci o seu pai
na faculdade e acabamos engravidando e nos casamos pouco depois de descobrirmos,”
ela explica enquanto eu franzo a testa.
Minha mãe só me teve quando ela tinha vinte e cinco anos de idade.
“Aquele bebê, o Preston,” ela diz enquanto lágrimas começam a se acumular em seus
olhos. “Ele morreu quando tinha só algumas semanas de vida,” ela sussurra, enxugando
as lágrimas caídas.
“Abandonei a faculdade e fiquei quebrada por anos até conhecer o Alex,” a minha mãe
sussurra, olhando para o meu pai.
Sigo seus olhos e vejo meu pai com um rosto inexpressivo e impassível.
“Eu tive um caso com esse cara e engravidei de você.”
“O quê?” Eu suspiro, girando tão rápido para encará-la que minha cabeça dói.
“Não me interrompe,” ela retruca. “Então, você nasceu bem e eu tinha esse
ressentimento. Eu sempre perguntava por que o Preston não podia ter vivido.
E conforme você foi ficando mais velha, mais e mais eu queria o Preston de volta. Eu só
sei no meu coração que ele nunca teria me tratado do jeito que você me trata.
Então, quando surgiu a oportunidade de viajar com o Murray, eu aceitei.”
Eu me afasto da minha mãe para olhar para o meu pai. Bem, ele não é o meu pai
biológico. Sua mão está no ombro do Mason, com aparência de louco e os nós dos dedos
estão brancos. “É verdade?” Eu sussurro, com a voz embargada.
Papai me dá um leve aceno de cabeça, e é só isso que preciso para que eu comece a
soluçar.
“Para de ser tão dramática, Lily,” minha mãe me repreende, me fazendo chorar ainda
mais.
Sinto como se a minha vida inteira tivesse sido uma mentira.
“Pode ir agora, Heather,” o papai diz enquanto eu continuo soluçando. Sinto braços
envolvendo meu corpo trêmulo e imediatamente me agarro ao Mason, sabendo
imediatamente que é ele.
Recomeço
LILY
Dois dias depois que a minha mãe chegou e jogou a maior bomba da minha vida, estou
me preparando para finalmente sair do hospital.
Mas o papai e o Mason agiram de forma estranha durante toda a manhã.
Quando acordei, eles estavam parados no canto do quarto sussurrando um para o outro
até perceberem que eu estava acordada.
“Não quero ir pra casa,” sussurro para o Mason enquanto ele me ajuda a sentar.
“Você quer ficar no hospital?” Ele ri, olhando por cima do ombro para o meu pai, que
rapidamente se desculpa.
“Não quero ver a minha mãe,” esclareço enquanto o Mason me ajuda a tirar a camisola e
coloca uma camiseta grande pela minha cabeça.
“Ajudaria se eu prometer dar uma passada lá?,” ele pergunta enquanto desliza o meu
moletom preto favorito sobre a minha cabeça.
“Pode ajudar,” concordo enquanto troco lentamente de calcinha e visto uma legging.
“Mas você não tem telefone.” Franzo a testa, lembrando que ele disse que quebrou o
dele.
“Vou pegar um dos antigos da Tayla.” Ele dá de ombros antes de se abaixar para calçar
os meus sapatos e meias.
“Agora só nos resta esperar.” Ele sorri, levantando antes de sentar ao meu lado.
“Esperar o quê?,” pergunto, envolvendo os meus dois braços ao redor dele e me
aconchegando ao seu lado.
“A Sarah disse que quer fazer um último teste antes de te dar alta,” ele afirma, beijando
o topo da minha cabeça.
“Quem?,” pergunto, franzindo o rosto.
“A médica.” O Mason ri e o papai volta lentamente.
“A Sarah tá chegando,” ele comenta casualmente enquanto se senta no assento em que o
Mason normalmente se senta.
“Você também chama a minha médica pelo primeiro nome?,” questiono, levantando
uma sobrancelha.
“Ela tem me ajudado muito.” Ele assente, olhando para a porta.
Como se estivesse na deixa, a Doutora Bale entra com um sorriso estampado no rosto.
“Nossa, como você tá linda!,” ela exclama, gesticulando com a mão para o Mason se
aproximar.
“Como estão as dores de cabeça?,” ela pergunta, sentando entre nós.
“Melhorando. Meu pescoço tá coçando,” eu respondo.
“Tenta não coçar, tá formando uma crosta, que é o que queremos.” Ela assente, olhando
para ele.
“Se ficar quente, vermelho e dolorido, volta ao pronto-socorro imediatamente, ou se as
dores de cabeça piorarem,” ela ordena antes de me dar outro sorriso gentil.
“E mentalmente, como você está?”
“Tudo bem,” minto. Me sinto emocionalmente esgotada. A única vez em que me sinto
normal é quando estamos só eu e o Mason, ou quando a Brittany e o Liam estão por
perto.
Não sei o que dizer ao meu pai. Tipo, eu ainda devo chamá-lo de pai? Ou ele deveria ser
apenas o Sr. Murray agora?
“Hmm, bom, coloquei o contato da nossa psicóloga parceira pra você e pro Mason nos
papéis da alta, só por precaução.” Ela assente, claramente não acreditando em mim.
“Espero não ver você por aqui novamente.” Ela pisca antes de se levantar e sair.
***
“Você não pode simplesmente ficar?” Eu gemo, me agarrando ao pescoço do Mason
enquanto estou deitada na minha cama, e ele fica de pé ao meu lado. O meu pai nos
levou para casa e “permitiu” que o Mason me ajudasse a subir na cama.
“Volto logo, princesa.” Ele ri, dando um beijo suave na minha testa.
“Mas você devia ficar,” eu gemo, apertando-o ainda mais.
“Eu queria poder ficar.” Ele ri, movendo as suas mãos para as minhas e as soltando
enquanto o meu pai pigarrea na porta, me fazendo suspirar e cair de costas.
“Até amanhã.” O Mason sorri para mim uma última vez antes de sair do meu quarto. Eu
imediatamente me sinto sozinha e vulnerável.
“Lily,” papai sussurra enquanto se senta no lugar livre da cama. “Eu sei que você tá
passando por muita coisa, e eu sinto muito,” ele começa a falar, me fazendo bufar e
revirar os olhos.
“Mas eu quero — não, preciso ~— que você saiba disso,” ele afirma, limpando a
garganta.
“Eu sempre soube que você não era biologicamente minha filha. Mas eu sempre fui o
seu pai, e nunca quero deixar de ser.”
“Por quê?” pergunto curiosamente.
“Eu sempre disse que não queria ter filhos, mas quando o Preston nasceu eu
simplesmente soube que eu estava destinado a ser pai. Quando ele morreu, é claro que
fiquei de coração partido, e quando descobri que a Heather estava grávida de novo…
Eu sabia que o bebê não era meu, mas eu queria tanto que fosse, e quando você nasceu
eu me apaixonei por você.
Sei que nos últimos anos não tenho estado muito presente, e a culpa é minha por deixar
a Heather entrar na minha cabeça com o papo de que precisávamos de dinheiro extra e
como isso seria importante pro seu futuro…
Mas eu não percebi que o que você realmente precisava era de nós.”
“Eu precisava de você,” concordo, enxugando as lágrimas que caíam do meu rosto.
“Eu expulsei a Heather de casa,” ele diz, limpando a garganta e enxugando as próprias
lágrimas.
“Sério?” Eu suspiro, sem esperar por isso.
“Depois de descobrir como ela tem tratado você e a manipulação que ela fez comigo, vi
que estou de saco cheio dela,” ele explica.
“Eu te amo, pai,” eu sussurro, percebendo que ele não é um pai tão ruim quanto eu
pensava que ele era. Ele só foi manipulado pela minha mãe.
“Eu também te amo, Lily.” Ele chora, envolvendo os seus braços em volta de mim
enquanto soluçamos.
“O Mason vai voltar logo.” O meu pai diz enquanto nossos soluços começam a parar, e
ele se afasta.
“O quê?,” pergunto, olhando para ele como se ele fosse louco.
“Eu disse a ele que ele pode ficar até domingo. Mas depois ele tem que voltar pra casa
dele. Nada de dormir fora em dias de semana,” o papai afirma firmemente.
“Tenho que voltar pra escola, né?” Suspiro, pensando em como foi horrível a última vez
que estive lá.
“Sim. Mas você pode pedir transferência pra outra escola se quiser,” ele oferece,
cutucando suas calças.
“Vou pensar.” Suspiro, caindo de volta na minha pilha de travesseiros. Sei que em
Greendale eu definitivamente teria pelo menos três amigos. Mas sempre estudei na
Ridgewood.
Não é melhor ficar com o problema que eu já conheço?
***
“Não acredito que meu pai tá deixando você ficar.” Eu rio na manhã seguinte enquanto o
Mason e eu nos aconchegamos na minha cama.
“Acho que sou realmente charmoso.” Ele ri, me puxando para mais perto dele.
“E nada modesto,” brinco, rolando de bruços para descansar em seu peito nu.
“Eu tô tão feliz que você saiu do coma,” ele murmura com um pequeno sorriso nos
lábios.
“Eu também.” Sorrio de volta antes de me inclinar e colocar meus lábios contra os dele.
Assim que sinto a língua do Mason passar pelo meu lábio inferior, ouço uma tosse, e nos
separamos.
“Uau, que sexy….” a Brittany sorri enquanto entra no meu quarto segurando um
notebook.
“Você tem problemas.” Liam balança a cabeça, aparecendo atrás dela, segurando três
sacolas de compras em uma mão só.
“Shiu!”
“Sério, Britt?” Ele geme enquanto se senta sobre os cotovelos.
“Shiu pra você também,” ela retruca antes de abrir o laptop e me dar um sorriso largo.
“Eu fiz uma coisinha…” Ela sorri antes de abrir uma apresentação do PowerPoint.
Por que a Lily Bennett deveria abandonar os otários da Ridgewood e vir para a
Greendale.
“Você fez uma apresentação de PowerPoint?” Eu rio enquanto leio o título.
“Ela tá trabalhando nisso desde que descobriu sobre você e o Mase.” O Liam ri, sentando
numa cadeira ao lado da escrivaninha.
“Ok, então algumas coisas não são mais relevantes, mas podemos pular essas partes.”
Ela cora levemente, colocando os slides em tela cheia.
#1: Você poderá ser a parceira de vôlei de praia da Brittany.
“Viu? Não é mais relevante.” Ela ri, indo para o próximo slide.
#2: Verá a Brittany todos os dias.
Não consigo conter a risada que escapa dos meus lábios enquanto olho para a foto dela
posando com uma cara triste.
#3: Você vai estar no time vencedor de atletismo.
“Tipo, tecnicamente eu já estava… Só perdi em longa distância,” eu corrijo com um
pequeno sorriso, fazendo-a bufar e murmurar, “Sim, sim, sim,” baixinho.
#4: Você vai ver o quão zoado o Mason realmente é (todos os dias).
“Ei, esse aí é muito maldoso,” diz o Mason, apontando para a foto dele dormindo,
sentado em um sofá que não reconheço.
“Bom, você é bem sem graça,” a Brittany diz enquanto clica.
#5: Você terá amigos muito, muito, muito legais.
Olho para a foto dos três rostos familiares sorrindo para a câmera, junto com um garoto
um pouco mais velho que eles, no lago.
“Quem tirou essa foto?,” pergunta o Mason, sentando e se inclinando para a frente.
“O Ryder. Foi logo antes de andarmos de jet ski,” a Brittany responde calmamente e vai
para o próximo slide.
“Sério, Brittany?” O Liam suspira, balançando a cabeça.
“Esqueci de trocar,” ela sibila.
“Você pode me enviar a foto?” o Mason pergunta, aparentemente surpreendendo seus
dois amigos.
“Claro.” Brittany concorda.
“Aquele era o Callum,” o Mason me explica enquanto se inclina sobre a Brittany e volta
para os rostos sorridentes.
Chego mais perto e examino o rosto do Callum.
Todos os quatro Coopers têm exatamente os mesmos olhos verdes. O Mason e ele
compartilham características semelhantes, mas o cabelo do Callum era loiro e não
parecia tão volumoso quanto o do Mason.
“Vocês são parecidos,” comento.
“Pode parar, ele era baixinho e magricela.” O Mason bufa, indo para o próximo slide.
#6: Você não precisa mais ver os babacas Oliver, Leah e Ava.
“Esse é o meu argumento favorito.” A Brittany ri, apontando para a foto dos três
demônios.
“Acho que é o meu também.” Eu rio de volta.
“E o número sete deveria ser ‘ninguém vai te tratar mal em Greendale’,” ela afirma
quando a apresentação de slides termina.
“Sinceramente, não vão mesmo. Tipo, o Mason já nocauteou o Brock, eu já disse pra
todas as pessoas manterem seus narizes fora disso.”
“Liam ameaçou o refeitório inteiro, duas vezes,” ela balbucia enquanto eu solto um
suspiro e olho para o Liam, que me encara com um olhar envergonhado.
“O Ryder ama brigar, então ele não teria problemas em te defender, também. Na
verdade, acho que o time de futebol americano inteiro brigaria por você.”
Ela continua falando, me fazendo rir, e o Mason diz para ela ficar quieta.
“Então, funcionou?” A Brittany pergunta, piscando os cílios.
“Vou pensar,” suspiro, me apoiando nos meus travesseiros. Realmente não tenho ideia
do que fazer.
“Bom, faça o que fizer, mas saiba que ainda espero que você me faça companhia
enquanto esses dois conversam sobre coisas de garotos.”
Amizades
LILY
Hoje é o dia em que finalmente volto para a escola.
Decidi que, como só me restam alguns meses, vou ficar em Ridgewood mesmo mas,
agora, estou me arrependendo dessa decisão.
Eu poderia ter simplesmente transferido e ter o Mason ou a Brittany ao meu lado o dia
todo. Não sei como a pessoas vão reagir quando me virem.
Tipo, da última vez que estive na escola, todo mundo me odiava. Incluindo o Harry.
“Você tá bem, Lily?,” o papai pergunta, me fazendo girar e olhar para ele.
“Só tô nervosa,” suspiro, sentando na beirada da cama.
“Claro…,” ele concorda, encostando na moldura da porta.
“Não ajuda que eu tenha dormido muito mal ontem à noite também,” suspiro
novamente.
Foi a primeira vez que dormi sozinha, e foi uma droga. Levei uma eternidade para cair
no sono, e depois continuei acordando, com frio ou procurando pelo Mason.
“Tinha um bilhete na porta hoje de manhã,” diz o papai, limpando a garganta e
segurando um pedaço de papel dobrado ao meio. “Endereçado à ‘princesa’.” Ele sorri,
balançando-o entre os dedos.
Num piscar de olhos, fico de pé e arranco o papel das mãos dele, lendo a letra desleixada
do Mason.
Só pra você saber, tô muito cansado, mas mesmo assim fui correr… Já que você ainda tá
se recuperando, decidi ser legal e deixar você dormir.
Até a semana que vem.
Eu te amo.
Sorrio para mim mesma enquanto leio o bilhete. Parte de mim está feliz que ele dormiu
tão mal quanto eu, mas, ao mesmo tempo, me sinto culpada.
“Estou feliz que ele não tenha voltado aqui ontem à noite,” papai afirma, chamando a
minha atenção de volta para ele. “Eu pensei que ele iria tentar voltar.” Ele ri.
“Quem disse que ele não voltou?” Eu sorrio, testando seu senso de humor.
“Eu chequei.” O papai pisca antes de se levantar. “Vou fazer um cereal pra você,” ele
grita.
Termino de me arrumar rapidamente e desço. Na verdade, ele fez uma tigela grande de
cereal para nós dois.
“Você não vai pro trabalho?,” pergunto, lembrando de repente que é segunda-feira e
que, mesmo que ele não tenha que viajar, já deveria estar no escritório.
“Vou começar a trabalhar às nove a partir de agora.” Ele balança a cabeça, me
surpreendendo.
“E terminar às…?” Eu falo devagar, me perguntando se isso significa que ele vai chegar
super tarde. “Às cinco. A partir de agora quero ficar em casa por muito mais tempo.” Ele
sorri gentilmente antes de sorrir para mim pela segunda vez hoje.
“O que significa que quando estiver em casa, se o Mason estiver por perto, a porta do
quarto tem que ficar aberta o tempo todo.”
“Meu Deus, pai.” Eu gemo, sentindo as minhas bochechas esquentarem.
“Só tô dizendo.” Ele ri.
Trinta minutos depois, o papai me deixa na escola e eu fico parada no estacionamento,
sem conseguir mover os pés.
Algumas pessoas passam por mim, me olhando de lado, sem dizer nada.
“Lily?,” diz uma voz do meu lado esquerdo, me fazendo virar ligeiramente para encarar
o Jonah.
“Oi,” eu digo, alto demais.
“Você tá com uma cara muito melhor.” Ele sorri antes de abrir os braços e me puxar
para um abraço gentil.
“Obrigada.” Sorrio enquanto ajusto a minha mochila no ombro.
“O Harry sabe que você voltou?,” ele pergunta enquanto começamos a caminhar juntos
em direção ao prédio.
“Não. Eu não falei pra ele.” Eu balanço a cabeça, mordendo meu lábio nervosamente.
“Ah, então você não sabe nada sobre a Ava?” ele pergunta, me fazendo olhar para ele.
“Eu meio que fui suspenso semana passada por mandar ela calar a boca no meio do
refeitório.” Ele cora, parando no meu armário.
“Sério?,” eu suspiro enquanto coloco alguns livros no meu armário.
“Pra ser sincero, eu queria fazer isso há muito tempo.” Ele ri, me fazendo concordar.
“Valeu a pena,” ele acrescenta enquanto fecho o meu armário.
“Você sabia sobre o meu namoro com o Mason?” Eu de repente pergunto, sentindo a
necessidade de saber.
“Sim. Sinceramente, não consigo entender como ninguém mais descobriu.” Ele bufa.
“Como você descobriu?,” questiono.
“Bom, quando o Harry me contou sobre o tal do ‘M’ pela primeira vez, ele foi a primeira
pessoa em quem eu pensei.
E o jeito como você olhou pra ele naquele primeiro jogo de futebol me fez suspeitar,” ele
explica enquanto andamos pelos corredores.
“Mas no segundo em que vi o jeito que ele olhou pra você durante aquele jogo de vôlei
eu soube. Ah, a propósito, naquela noite que acabou a luz, você não conseguiu se
esconder.”
Ele ri, segurando a porta da minha sala.
“Você sabia que eu tava lá também?” Eu suspiro enquanto deslizamos para carteiras
uma ao lado da outra.
“Você não é nada sutil.” Ele ri, balançando a cabeça levemente.
“Eu achei que tava arrasando.” Eu me defendo com uma pequena risada. “Você nunca
contou pro Harry?” Eu questiono, mordendo o meu lábio novamente.
“Não seria legal, não tenho nada a ver com a sua vida.” Ele dá de ombros enquanto o
sinal toca e os alunos começam a encher a sala.
“Você não faz essa aula, né?” Franzo a testa, sabendo que nunca o vi aqui antes.
“Não. Mas eu sei que a Ava é uma vagabunda.” Ele franze a testa para a porta.
“Pense em mim como o seu guarda-costas pessoal.” Ele pisca.
“Claro,” eu bufo, lutando contra a vontade de revirar os olhos.
“Então, você ficou sabendo do campeonato estadual?” ele pergunta casualmente quando
vejo o Harry entrando na sala de aula.
Seus olhos se arregalam.
“Não,” balanço a cabeça, olhando para ele.
“O Mason não te contou?” Ele franze a testa levemente enquanto o Harry se senta no
assento à minha frente.
“Ei, amiga, quero dizer, Lily,” ele me cumprimenta com um sorriso triste.
“Oi, Harry,” eu respondo, olhando ao redor da sala e observando as pessoas me
observando.
A Leah chama a minha atenção e engasga enquanto o Oliver me olha com ódio.
“Jonah, vai pra sua aula,” o Sr. Garcia suspira enquanto entra na sala, quase como se
soubesse que ele estaria ali.
“Não posso ficar hoje, senhor?” ele suspira dramaticamente.
“A resposta sempre será não,” afirma o Sr. Garcia antes que seus olhos pousem em mim
e se arregalem.
“Tudo bem,” o Jonah murmura, levantando. “Te vejo no almoço,” ele sussurra,
apertando meu ombro enquanto passa.
“Tudo bem, vamos começar,” afirma o Sr. Garcia antes de ir direto para a lição,
felizmente fazendo a mesma coisa que ele fez por mim quando todos descobriram sobre
o Mason. Ele não para de falar nem por um segundo.
Assim que o sinal toca e a classe é dispensada, Harry fica de pé ao lado da minha mesa
me esperando. “Você quer matar aula e conversar?,” ele pergunta, baixinho.
“Não posso mais faltar,” suspiro, sabendo que já perdi duas semanas de aula. “Mas
podemos conversar no almoço, ok?,” acrescento enquanto penduro a minha mochila no
ombro.
“Obrigado, Lily.” Seus lábios se contorcem em um sorriso. “Vamos, eu te acompanho até
a sua aula,” ele acrescenta gentilmente.
O resto das minhas aulas são bem parecidas com a primeira. Harry senta do meu lado
na terceira aula, nenhum de nós diz nada, até estarmos no corredor indo em direção à
porta.
“Vamos pra arquibancada,” ele sugere.
Concordo com um simples aceno de cabeça e o sigo para fora, em direção ao ar frio.
“Acho que vai nevar em breve,” deixo escapar, não conseguindo mais lidar com o
silêncio entre nós.
“Espero que só neve depois dos jogos estaduais,” ele comenta, olhando para o céu como
se de repente fosse começar a nevar.
“Quando vai ser?,” pergunto enquanto nos sentamos.
“Daqui duas semanas. O Olly tá decidido a vencer,” o Harry afirma, me fazendo revirar
os olhos. “O Mason não te contou?” ele pergunta, me dando um olhar esquisito.
“Ele não mencionou nada,” murmuro, desejando que ele tivesse um telefone novamente
para que eu pudesse pelo menos mandar uma mensagem para ele.
“Desculpa, Lily,” o Harry deixa escapar antes de começar a soluçar. “Eu gostaria de
poder voltar atrás.” Ele soluça antes de colocar o rosto nas mãos.
“Eu sei,” eu sussurro, me abaixando um pouco para poder esfregar as suas costas. “Eu
queria não ter sentido tanto medo de te contar a verdade,” eu sussurro, sentindo a culpa
me invadir novamente.
“Pelo menos, ele é um bom sujeito.” O Harry funga enquanto vira seu corpo em direção
ao meu.
“Eu sei,” concordo, meus lábios se contorcem em um leve sorriso.
“Ele realmente te ama.” Ele funga enquanto limpa o nariz nas costas da mão.
“Primeiro, que nojo! Segundo, eu amo o Mason também.” Eu sorrio, sentindo as minhas
bochechas começarem a queimar.
“Oh, eu sei que você ama. Eu vi vocês se beijando no jogo.” O Harry sorri, balançando as
sobrancelhas sugestivamente.
“Aff, vamos comer.” Eu coro ainda mais antes de agarrar a sua mão e arrastá-lo em
direção ao refeitório.
Mesmo que nenhum de nós tenha dito nada, nós dois claramente nos perdoamos. Só
espero que nada tenha mudado muito entre nós.
Quando chega a hora da aula de educação física, o Harry parece estar agindo
normalmente comigo, só que um pouco mais superprotetor.
“Lily.” O Jock acena para mim enquanto eu deslizo para o lado dele e do Harry.
“Ei,” murmuro, olhando para os meus tênis.
“Diga ao seu namorado que ele quebrou o meu nariz,” ele resmunga, fazendo a minha
cabeça levantar rapidamente para seu rosto sorridente. “Tô brincando. Mas ele me deu
um olho roxo feio.”
Ele ri sozinho como se fosse a pessoa mais engraçada do mundo.
“Ela não sabe,” murmura Harry, fazendo com que a risada do Jock pare abruptamente.
“Ninguém contou pra ela?,” ele suspira, deixando a boca aberta.
“Me contou o quê?,” questiono.
“O Mason quebrou o nariz do Oliver.” O Jock ri.
“Sério?” Minhas sobrancelhas se erguem.
“Ele soca muito forte. Estou surpreso que meu olho não quebrou,” ele confirma
enquanto toca seu olho esquerdo, fazendo-o estremecer.
“Estou feliz por não ter sido atingido pelo Ryder, como o Joey,” ele acrescenta com um
sorrisinho no rosto.
“Ei, pergunta séria, pra quem você vai torcer nos jogos estados?,” ele balbucia, e
felizmente o professor Burns apita, dando início à aula, então não preciso responder.
Óbvio que vou torcer pra Greendale e pro Mason, mas não sei como o resto da escola vai
reagir.
Quando o sinal toca e eu já estou vestindo minhas roupas e saindo para o
estacionamento, Harry e Jonah me param.
“Recebi ordens pra fazer você vir com a gente.” O Jonah sorri largamente, acenando em
direção ao seu carro.
“Hein?,” pergunto, confusa. Estou cansada e quero ir para casa; dar rolê é a última coisa
que quero fazer.
“A Brittany me ligou e disse que eu tenho que te levar pra casa imediatamente, e se eu
não fizer isso ela vai me dar um chute na bunda.” Ele ri enquanto todos nós começamos
a andar.
“Aparentemente, o Mason ficou enchendo o saco dela e do Liam o dia todo pra pedir os
telefones deles porque ele queria ligar pra você,” ele acrescenta enquanto destranca o
carro.
Jonah nos leva até a minha casa, onde o Mason, a Brittany e o Liam estão esperando na
varanda da frente. No segundo em que meus olhos pousam no Mason, um sorriso surge
no meu rosto.
Num piscar de olhos, estou fora do carro e em seus braços. “Senti saudades,” resmungo
em seu peito.
“Eu também,” ele responde.
“Okay, pombinhos, entrem. Tá congelando,” a Brittany provoca enquanto sinto as suas
mãos tirando a bolsa das minhas costas.
“Eu expulsei o seu pai até depois do jantar.” A Brittany sorri enquanto vasculha a minha
bolsa em busca da chave.
“Sério?,” eu suspiro, virando nos braços do Mason para encará-la.
“Claro que sim,” ela diz, sacudindo o cabelo longo por cima do ombro enquanto
destranca a porta da frente. “Ele disse que deixaria dinheiro pra pizza,” ela afirma, nos
conduzindo para dentro.
“Como você conseguiu isso?” Eu rio, puxando o Mason para o sofá.
“Ela é muito mandona,” responde Liam, colocando duas sacolas cheias de compras na
mesa de centro.
“É mesmo.” Harry e Jonah respondem.
“Como foi o seu primeiro dia de volta?” o Mason me pergunta baixinho enquanto os
outros começam a discutir sobre quais pizzas pedir.
“Longo e cansativo.” Suspiro e me aninho ao seu lado.
“O meu também,” ele concorda, puxando um dos cobertores sobre nós. “Vou comprar
um telefone amanhã,” ele me diz. “Ela não deixou ninguém emprestar o celular pra
mim.” Ele franze a testa olhando para a Brittany.
“Eu queria ver a reunião dos pombinhos.” Ela dá de ombros, obviamente ouvindo-o.
“O que, a propósito, não foi tão espetacular quanto eu esperava. Fala sério! Não teve
nem um beijo,” ela resmunga, fazendo o Mason revirar os olhos e os outros rirem.
“Você é irritante,” murmura o Mason, revirando os olhos novamente, mas seus lábios se
contraem enquanto ele luta para conter um sorriso.
“Eu sei. Mas é por isso que você me ama.” Ela dá de ombros, nem um pouco
incomodada.
Essa noite é a primeira noite em muito tempo que me sinto assim.
Cercada de amigos que se importam comigo, um namorado que me ama exatamente
como eu sou e que nunca vai me abandonar, mesmo quando as coisas ficarem difíceis.
Jogos Estaduais
LILY
“Você acha que tô bonita?,” pergunto ao meu pai duas semanas depois, dando uma
voltinha para exibir minha calça jeans preta, meu suéter verde novinho, minhas botas e
meu cabelo perfeitamente cacheado.
“Tá linda,” ele responde, me dando um largo sorriso. “Mas tá faltando a pintura facial,”
ele acrescenta, acenando para a pequena latinha de tinta e pincel que eu tenho na mão.
“Me ajuda,” exijo, colocando-o em suas mãos, fazendo-o revirar os olhos.
“Sinto pena do Mason,” meu pai murmura baixinho, me fazendo franzir a testa.
“Você deveria me amar mais do que ama ele,” resmungo.
O papai e o Mason se tornaram incrivelmente próximos nas últimas duas semanas.
Metade do tempo, quando acordo nos fins de semana, o Mason está lá embaixo
conversando com o meu pai, e nenhum deles percebe quando entro.
“Vamos logo, Lilyzinha.” O meu pai pisca antes de pegar seu casaco e chaves.
Eu o sigo rapidamente até o carro e pulo no banco do passageiro para que ele nos leve
até o grande jogo.
Nas últimas duas semanas, o Mason tem me importunado para ter certeza de que eu
realmente quero ir, e se eu não quiser, ele entende e nunca me forçará, e blá, blá, blá.
Sinceramente, acho que ele não vai acreditar que eu quero estar lá por ele até me ver na
arquibancada torcendo.
Assim que meu pai entra no estacionamento, a Brittany me manda uma mensagem
avisando para encontrá-la nos vestiários.
“Preciso ver a Britt,” digo ao papai, apontando para ela, que está acenando
freneticamente.
“Garota, a cor verde combina muito bem com você!” ela exclama, me puxando para um
abraço de urso. “Ei, Sr. Bennett.” Ela sorri para ele antes de enfiar uma camisa de
futebol nos meus braços.
“Você é a melhor,” digo a ela enquanto visto a camisa pela cabeça.
Meu sorriso aumenta quando olho para o número doze no meu peito.
“Sério, verde combina com você,” a Brittany repete antes que eu veja a mãe dela vindo
na nossa direção.
“Uh-oh…,” murmuro e aceno atrás da Britt, para avisá-la.
“Merda.” A Brittany sibila, baixinho. “Tenho que ir. A Tayla e a Gemma reservaram
lugares pra vocês,” ela grita enquanto corre em direção à mãe.
A Brittany me contou sobre a tradição de Greendale de todas as meninas usarem os
uniformes de treino dos seus namorados para os jogos estaduais, como uma superstição
de “boa sorte”.
E aparentemente quando eu disse a ela que o Mason não tinha me pedido para usar o
dele, ela entrou em modo de guerra.
Segundo ela e o Liam, eles disseram que ele não queria me fazer sentir mais
desconfortável e me forçar a fazer algo que eu provavelmente não gostaria de fazer.
Eu, claro, pensei que isso era muito estúpido, então a Britt, sendo a Britt, bolou um
plano para roubar a camisa que eu queria usar, de qualquer maneira.
Papai e eu abrimos caminho entre as muitas pessoas e encontramos a Tayla e a Gemma
sentadas lado a lado bem na frente, com outra garota vestindo uma camisa do Greendale
com o número sessenta e dois no peito.
“Ei, garota,” a Sky sorri para mim enquanto nos aproximamos. “Você tá ótima!” ela
exclama, me puxando para seus braços.
“Obrigada. Gostei da sua camisa.” Eu pisco enquanto deslizo para perto dela.
“Meu Deus, o Ryder ficou ridiculamente feliz quando me deu. Mal posso esperar pra ver
a cara dele quando ele vir.” Ela sorri ainda mais.
“Adolescentes,” papai murmura para si mesmo, me fazendo dar uma cotovelada nele. “O
quê? Eu não disse que é uma coisa ruim,” ele se defende, olhando para o campo que os
jogadores de Ridgewood estão lentamente começando a preencher.
“Olha!” A Sky grita enquanto os jogadores de Greendale saem todos juntos do vestiário.
Eu examino os jogadores e facilmente localizo o Mason correndo ao lado do Liam. Eles
parecem estar conversando e rindo.
O Mason se vira e seus olhos examinam as arquibancadas. Eu aceno entusiasticamente
para que ele possa me ver. Quando um sorriso surge em seu rosto e ele começa a acenar
de volta, sei que ele também me viu.
Assim que o Mason começa a se aproximar de nós, seu treinador agarra as suas
ombreiras e o impede, fazendo-o parecer imediatamente mal-humorado.
Mordo o lábio para conter o riso e jogo um beijo para ele enquanto ele é arrastado pelo
treinador, junto com quem eu imagino ser o Ryder.
“Que fofo,” a Tayla sorri, balançando as sobrancelhas.
“Tão fofo,” a Gemma concorda, fazendo as minhas bochechas esquentarem.
“Shhiu, o jogo vai começar.” Eu as ignoro, apontando para os jogadores se aquecendo.
“Não vai, não,” a Gemma ri, jogando a cabeça para trás.
“Vocês duas são más,” a Sky ri, cutucando meu braço levemente. “O Ryder me
perguntou se eu ficaria bravo se ele machucasse algum dos jogadores hoje à noite,” ela
acrescenta, mordendo o lábio nervosamente.
“E você disse…?” pergunto, agora mesmo me perguntando se o Mason ainda está bravo
e começaria uma briga.
“Eu disse a ele que se fosse intencional, eu ficaria brava sim,” ela suspira enquanto seus
ombros caem.
“Eles seriam estúpidos se tentassem fazer qualquer coisa. Há muitos olheiros aqui,” meu
pai interrompe, acenando atrás de nós em direção a pelo menos dez homens vestidos de
terno com diferentes bonés universitários.
“Como você sabia disso?,” questiono, olhando para o meu pai enquanto ele acena para
alguém atrás de nós.
“Eu também jogava futebol,” ele afirma, abaixando a mão.
“Sério? Mas você é tão nerd…” Eu suspiro e então me interrompo.
“Acho que me deixei levar depois da faculdade,” ele ri, olhando para seu pequeno corpo.
Eu balanço a cabeça levemente, sem conseguir imaginar o meu pai jogando futebol. Ele
sempre foi um tipo de pessoa… de escritório.
“Tá começando!” A Sky grita, agarrando a minha mão e apertando-a com força.
A ansiedade preenche todo o meu corpo enquanto assisto ao jogo. Bem, enquanto
assisto ao Mason.
Meus olhos nunca se afastam dele. Nem mesmo quando sinto a Sky me sacudindo
quando o Mason marca o primeiro touchdown do jogo.
Somente no intervalo, quando ele volta para o vestiário, é que finalmente olho para os
outros.
“Ele está jogando muito bem.” A Tayla sorri largamente.
“Vocês nunca me falaram que ele era tão bom,” comenta o meu pai, um pouco
casualmente demais para o meu gosto.
“Ele é ótimo.” Eu sorrio, me sentindo super orgulhosa do Mason.
“Mas tô brava com o Ryder.” A Sky faz um leve beicinho.
“Ele derrubou aquele cara com muita força.” A Gemma assente, com um sorriso
divertido.
“Sério?,” pergunto, olhando para ela.
“Você realmente não parou de olhar pro Mason, né?” Ela ri, jogando a cabeça para trás,
fazendo as minhas bochechas esquentarem.
“Não seja má. Ela só tá apaixonada,” a Gemma provoca, me fazendo corar ainda mais.
“Cala a boca,” murmuro fracamente.
“Tá tudo bem, eu também tenho dificuldade em desviar o olhar do Ryder,” a Sky
sussurra antes de me dar uma piscadela.
“Eu preciso atender, desculpa,” meu pai interrompe, segurando seu celular que estava
tocando.
“Como ele está?,” a Tayla pergunta quando ele está fora do alcance da minha voz.
“Melhor. Ele sempre chega em casa às 17h30,” respondo, observando o papai subir as
escadas.
“Aposto que você sente falta da sua liberdade,” brinca Sky, me fazendo rir e concordar.
Eu amo ter o papai em casa, mas ao mesmo tempo sinto falta da liberdade que eu tinha.
Sinto falta do tempo em que o Mason e eu não nos preocupávamos que ele chegasse
cedo e nos encontrasse em uma posição comprometedora.
Logo depois que o apito soa e o segundo tempo começa, o papai volta para perto de
mim.
“Tá tudo bem?,” pergunto, olhando para ele antes de olhar rapidamente de volta para o
campo.
“Tá tudo perfeito.”
***
“Parabéns!,” grito, jogando meus braços em volta do pescoço do Mason, que acabou de
tomar banho.
Seus braços imediatamente envolvem a minha cintura e ele puxa o meu corpo contra o
dele.
“Você jogou muito bem.” Eu sorrio, levantando a cabeça para que fiquemos cara a cara.
“Você tá incrível com a minha camiseta,” ele murmura com um sorriso antes de me
beijar com força.
Eu o beijo de volta com a mesma força, tentando fazê-lo sentir o quanto estou orgulhosa
dele e o quanto o amo.
“Lily.” A voz da Brittany tenta interromper, mas o Mason simplesmente me puxa para
mais perto dele, para que eu não possa recuar.
“Mase!,” o Liam grita.
“Ignora esses dois,” o Mason murmura contra os meus lábios.
Eu concordo, simplesmente empurrando meus lábios contra os dele.
“Lily, Mason,” a voz do meu pai interrompe, e dessa vez tenho que segurar um gemido
enquanto me afasto.
“Esse é um velho amigo meu da faculdade,” o papai afirma, limpando a garganta e
gesticulando para o homem de terno ao lado dele.
“Olá.” Ele sorri gentilmente para nós.
De repente, o Mason afasta o corpo de mim e estende a mão para o homem.
“Olá, senhor, prazer em conhecê-lo.” Ele sorri enquanto os dois apertam as mãos.
“Você é um ótimo jogador.” O homem sorri, piscando para o meu pai.
“Obrigado,” o Mason responde, olhando para os dois. “Eu sei que não é muito
profissional dizer isso agora, mas adoraríamos te oferecer uma bolsa de estudos
integral.”
Espera, o quê? Esse homem é um olheiro?
“Você tá falando sério?” o Mason fica boquiaberto.
“Claro! Eu sei que você vai ter muitas ofertas, mas me avise se houver algo que eu possa
fazer pra gente fechar um acordo.” Ele ri levemente.
“É bom ver você de novo, Lily.” Ele assente antes de se virar para o meu pai.
“Teremos que nos encontrar em breve, Murray. Que bom que você finalmente se livrou
daquela bruaca,” brinca o homem, fazendo o meu pai revirar os olhos e rir também.
“Claro, Bruce. É só me ligar.”
“O que diabos aconteceu aqui?” o Liam exclama, sacudindo o ombro do Mason
animadamente assim que o Bruce sai de perto.
“Eu não sei!” o Mason exclama enquanto eles riem e se abraçam.
“Estou tão confusa,” digo ao papai, que ri de mim.
“O Bruce e eu somos velhos amigos e ele me viu sentado ao seu lado e me ligou,” papai
começa a explicar. “No segundo em que ele descobriu que você tava namorando o
Mason, ele quis saber tudo dele.”
Ele revira os olhos, ainda sorrindo.
“Espero que tenha falado bem.” O Mason balança a cabeça.
“A Universidade Estadual de Ohio é o seu sonho desde o primeiro ano,” o Liam se
entusiasma, sacudindo os ombros do Mason novamente.
“Mas não se precipita. Ele não tava brincando quando disse que você vai ter muitas
ofertas,” aconselha o meu pai.
“Não vou.” O Mason sorri para ele antes de me enviar uma piscadela.
“Tudo bem, bom crianças, divirtam-se. Me liguem se precisarem de uma carona.” O meu
pai sorri enquanto envolve o seu braço no meu ombro antes de beijar o topo da minha
cabeça.
“Tchau, pai.” Eu aceno para ele enquanto os braços do Mason deslizam em volta da
minha cintura, me puxando para perto dele novamente. Seus lábios pressionam a pele
logo abaixo da minha orelha, enviando arrepios bons pelo meu pescoço.
“Vamos, princesa. Temos que comemorar.”
Epílogo
LILY
“Lily Bennett! Vem pra cá agora mesmo!” A voz da Brittany grita pela minha casa, me
fazendo pular e quase derrubar o prato que eu estava lavando.
“Por que ela chegou tão cedo?” o Mason resmunga da pequena mesa de jantar que
compramos em uma loja de móveis usados há quase seis anos, quando viemos morar
juntos.
“Não faço ideia.” Dou de ombros antes de gritar para ela que estamos na cozinha.
“Bom dia!” A Brittany cantarola enquanto entra pela porta com o Liam, que tem uma
aparência cansada.
Nesses oito anos desde que nos formamos no ensino médio, a Brittany quase não
mudou. Ela está praticamente igual, exceto que agora ela é professora do ensino
fundamental.
O Liam decidiu se tornar contador, o que ele descreve como o trabalho mais chato do
mundo, mas pelo menos ele não precisa trabalhar nos fins de semana.
Decidi entrar na área de RH e consegui um emprego em uma grande empresa de
investimentos imobiliários. Acabei de ser promovida para um cargo sênior.
O Jonah e o Harry terminaram pouco depois de nos formarmos no ensino médio.
O Harry se tornou gerente da sorveteria e eventualmente nos afastamos, e o Jonah se
juntou ao exército e envia cartas a cada dois meses e sempre nos visita quando está de
folga.
E o Mason…
O Mason passou por um momento difícil no início da faculdade, mas depois de quase
um ano de inferno, ele (e seu terapeuta) conseguiram tirá-lo do buraco.
E hoje é o dia em que ele se forma e se torna oficialmente médico. Mais especificamente,
um médico emergencista.
Palavras não podem descrever o orgulho que eu sinto pelo Mason. Ele passou por tanta
coisa, mas continuou lutando e seguindo em frente.
A Tayla e a Gemma nunca se transferiram para a Ridgewood, mas a Tayla conseguiu
uma bolsa de estudos para jogar vôlei na Califórnia, onde ela mora há alguns anos.
A Gemma decidiu se tornar especialista em saúde mental e dependências, afirmando:
“Eu tenho a família mais fodida do mundo, já tenho muita experiência e cobaias pra
praticar”.
“Por que vocês chegaram tão cedo?” o Mason geme, jogando a cabeça para trás
enquanto o Liam desliza para o assento ao lado dele.
“Pergunta pra abelha rainha,” ele murmura antes de bocejar.
“Bom, vim pra ajudar a Lily a se preparar pra sua ~formatura. E o Liam veio pra te
manter ocupado,” a Brittany diz, atrevida.
“Tenho certeza de que consigo me arrumar sozinha.” Eu rio, o que me rende um olhar
mortal.
“Não, você não consegue,” ela afirma antes de agarrar o meu pulso e me puxar para
longe da pia e para o meu quarto.
“Qual é a pressa?,” pergunto enquanto ela me obriga a sentar na cama.
“Temos depilação em vinte minutos e depois cabelo e unhas,” ela responde enquanto
pega um vestido simples e joga em mim.
“Uau, vamos arrasar hoje,” brinco enquanto coloco o vestido pela cabeça.
“Não é sempre que tenho um dia de folga no meio da semana, então temos que
aproveitar,” a Brittany responde com um sorriso tímido.
“Além disso, faz tanto tempo que não temos um dia só das meninas. Precisamos nos
atualizar,” ela acrescenta quando estou vestida, me fazendo sentir como se ela estivesse
escondendo alguma coisa.
“Meu Deus, você tá grávida?” Eu suspiro, olhando para a sua barriga lisa.
“Credo, não!” ela exclama, estremecendo.
“Você não quer ter filhos?,” pergunto enquanto a sigo até a sala de estar.
“Na verdade, não. Sou muito egoísta.” Ela dá de ombros, parando em frente ao sofá
onde o Mason e o Liam estão relaxando, assistindo a um jogo de basquete.
“Estamos indo. Voltamos às onze,” ela afirma.
“Até mais.” Sorrio para o Mason antes de me inclinar e dar um rápido beijo de
despedida nele.
“Tchau, princesa,” ele murmura contra os meus lábios antes de eu ser puxada para longe
novamente.
“Não acredito que o Mason é médico.” A Brittany dá um meio sorriso enquanto saímos
da nossa sessão de depilação. O que, a propósito, doeu muito mais do que a Brittany
deixou transparecer.
“Eu ainda penso nele como aquele calouro magricelo, eu acho.” Ela ri alto dessa vez.
“Ele não era magricelo!,” eu suspiro antes de rir.
“Ok, talvez não, mas ele não era tão grande quanto é agora.” Ela se junta à minha risada.
“Você teve notícias do seu pai ultimamente?” a Brittany pergunta enquanto entramos no
salão de cabeleireiro.
“Ele tá na Espanha com a ‘amiga’ dele.” Reviro os olhos.
Meu pai começou a viajar novamente quando fui para a faculdade e conheceu uma
mulher espanhola com quem ele viaja bastante, mas ele continua insistindo que eles são
só amigos.
“Tentei dizer a ele que acho que ele precisa namorar de novo, mas ele simplesmente me
ignora,” acrescento, me perguntando se estou errada.
Não, não tem como.
“Bem, quando eu o vir novamente, vou confrontá-lo.” A Brittany ri como se estivesse
brincando, mas nós duas sabemos que ela não está.
“Olha só quem tá aqui…,” diz uma voz feminina à minha esquerda, fazendo com que nós
duas olhemos naquela direção.
“Olá.” Aceno educadamente para a mulher sentada no sofá, esperando.
“Vocês não me reconheceram, né?” Ela bufa, revirando os olhos.
Eu a olho da cabeça aos pés. Há algo familiar nela, mas não consigo me lembrar quem é.
“Ava,” ela diz, arregalando os olhos antes de me lançar um olhar mortal.
“Oh. Olá,” eu respondo, dando um passo para trás, chocada por vê-la.
A última vez que vi a Ava foi no ensino médio, quando ela me lançava olhares infames e
murmurava coisas ofensivas para mim até nos formarmos.
“O que vocês estão fazendo aqui?” ela pergunta bruscamente, cruzando os braços sobre
o peito.
“Britt! Desculpa pelo atraso!” uma voz doce exclama, nos impedindo de responder.
“Não se preocupa, nós que chegamos cedo demais.” A Brittany responde.
“Venham por aqui.” A moça sorri, nos direcionando para dois assentos livres, um ao
lado do outro.
“Esse lugar não é super caro?,” eu sibilo para a Brittany enquanto passamos pelo
corredor elegante.
“A Karla me deve um favor.” Ela me ignora enquanto nos sentamos.
“Desculpa por aquela mulher horrível lá fora. Ela vem todo dia há umas duas semanas
tentando conseguir um emprego.” A mulher, imagino que seja Karla, revira os olhos.
“Ela é horrível,” a Brittany concorda, com uma risadinha.
Passamos as próximas quase duas horas arrumando o cabelo, fazendo maquiagem e as
unhas. Quando finalmente terminamos, são 10:55 da manhã.
“Merda!” A Brittany sibila enquanto dirigimos de volta para o meu apartamento.
Quando chegamos correndo pela porta, já estávamos vinte minutos atrasadas.
“Sinto muito pelo atraso! Vou ser super rápida!,” eu digo para o Mason, que está sentado
na beirada da nossa cama, já vestido com uma camisa social azul-claro e calças pretas.
“Vocês se divertiram?,” ele pergunta, sem parecer irritado.
“Depilação com cera dói,” afirmo enquanto tiro o meu vestido, ficando de sutiã e
calcinha enquanto procuro o vestido que comprei especialmente para o dia de hoje.
“Nós também vimos a Ava. Você lembra dela? Ela foi a minha melhor amiga por um
tempo na escola. Ela tava tentando conseguir um emprego no salão de beleza,” eu
divago, encontrando o vestido e rapidamente tirando o meu sutiã.
“Eu lembro, sim,” diz a voz baixa do Mason, bem atrás de mim.
“Você viu o meu sutiã tomara-que-caia?,” pergunto, tentando me virar, mas as mãos
dele agarram a minha cintura, me mantendo no lugar.
“Você lembra do dia em que nos conhecemos?,” ele pergunta, deslizando uma mão até
meu seio e a outra em direção à linha da minha calcinha.
“Claro que sim.” Suspiro, meus olhos se fecham ao seu toque.
“Lembra quando fomos nadar e eu prometi que não olharia?” ele murmura contra o
meu pescoço enquanto belisca meu mamilo levemente.
“Mm-hmm,” eu cantarolo, arqueando as minhas costas.
“Eu menti. Eu olhei.”
“Eu sei,” eu suspiro enquanto ele começa a beijar o meu pescoço suavemente.
“Eu queria tanto te beijar,” ele sussurra, enfiando a mão na minha calcinha.
“Eu queria que você me beijasse.” Eu consigo dizer enquanto seus dedos me provocam.
“Vocês já estão prontos?,” a voz da Brittany grita do outro lado da nossa porta antes que
ela comece a bater, me fazendo gemer de frustração.
“Continua…” O Mason ri contra o meu pescoço antes de seu corpo se afastar do meu.
“Às vezes eu realmente odeio a Britt,” resmungo enquanto coloco o meu vestido,
esquecendo completamente do sutiã que eu estava procurando.
“Parece que ela sente prazer em nos interromper,” o Mason concorda enquanto ajusta o
pau duro na calça.
“Tô bonita?,” pergunto, olhando para o meu vestido e dando uma voltinha.
“Você tá absolutamente perfeita.” Ele sorri para mim antes de me beijar rapidamente, e
então agarra a minha mão e me arrasta para fora do quarto.
***
MASON
“Pronto?” o Liam me pergunta enquanto saímos do restaurante que escolhi
aleatoriamente para esse jantar.
“Na verdade, não.” Suspiro, passando a mão pelo cabelo enquanto observo a Lily e a
Brittany paradas na nossa frente, de braços dados.
“Ainda não consigo superar o fato de que você é um médico de verdade agora.” Ele ri,
jogando a cabeça para trás.
“É melhor você acreditar.” Eu rio enquanto as minhas duas irmãs deslizam para o meu
lado.
“Não estraga tudo.” A Gemma sorri baixinho antes de me dar outro abraço.
Estou realmente ficando emocionado hoje.
“E parabéns de novo,” ela acrescenta, recuando.
“Você vai receber muitos telefonemas sobre todas as minhas doenças agora,” a Tayla
brinca enquanto me abraça novamente. “Eu tô tão orgulhosa de você.” Ela começa a
fungar enquanto me aperta com força.
“Até amanhã.” Minhas irmãs também abraçam a Lily antes do Liam e da Brittany
finalmente entrarem no carro, deixando apenas eu e a Lily caminhando lentamente em
direção ao meu carro.
“Você acha que vamos ter mais interrupções?” A Lily sorri enquanto eu pego na mão
dela.
“Espero que não.” Eu rio enquanto abro a porta do carro para ela.
“Que cavalheiro.” Ela ri, beijando a minha bochecha antes de entrar.
“Sou mesmo um cavalheiro,” digo a ela antes de fechar a porta e correr até o assento do
motorista.
“O meu pai mandou mensagem dando os parabéns, dizendo que lamenta não poder
estar aqui e ele prometeu vir nos visitar em breve,” a Lily me conta enquanto eu dirijo
em direção ao nosso micro apartamento.
Mal posso esperar para comprar a casa grande que ela merece.
“É legal da parte dele,” eu comento, sem saber realmente como responder. Tipo, o
Murray e eu nos damos bem, mas às vezes ainda parece estranho.
“Mm-hmm.” Ela cantarola em resposta, me fazendo desviar os olhos para ela. “Olhos na
estrada,” ela ordena, agarrando a minha mão e colocando-a na sua coxa nua.
“Você dificulta a minha concentração,” murmuro, grato por estarmos perto de casa.
“Você não vai bater,” ela me diz, deslizando a minha mão mais para cima para que meus
dedos encostem naquela micro calcinha de renda, fazendo um pequeno gemido escapar
da garganta dela.
“Princesa…,” eu digo com esforço enquanto entro na garagem.
“Vamos entrar,” ela ordena, sem esperar que eu desligue o motor antes que ela tire o
cinto de segurança e saia do carro.
“Me espera.” Eu rio, correndo para alcançá-la.
“É melhor você ser rápido ou vou ter que começar sem você,” ela brinca enquanto
subimos correndo as escadas para o segundo andar.
“Você não faria isso,” eu retruco.
“Não?” Ela sorri para mim antes de sair correndo e se atrapalhar com as chaves até abrir
a porta.
Conto até três antes de entrar, e a encontro tirando os sapatos de salto.
Eu chuto a porta para fechá-la com o pé, fazendo-a sorrir para mim enquanto ela agarra
a parte inferior do vestido, mas eu pego seus pulsos, impedindo-a.
“Princesa…,” eu aviso, levando as suas mãos até meu peito. “Espera só um minuto,” eu
sussurro, imaginando se ela consegue sentir o meu coração batendo forte no meu peito.
“Não consigo esperar.” A Lily geme, agarrando a minha camisa com força entre os
dedos.
“Eu também não,” afirmo, soltando seus pulsos apenas para agarrar a sua cintura e
puxar seu corpo contra o meu.
Eu a beijo com todo o amor do mundo antes de morder lentamente seu pescoço e
ombros e deslizar meu corpo para baixo do dela, espalhando beijos em suas pernas,
fazendo seus dedos agarrarem o meu cabelo.
“Mason,” ela geme enquanto eu me afasto.
“Lily.” Eu suspiro, colocando a mão no meu bolso.
“Por que você parou?,” ela questiona, franzindo a testa para mim.
“Eu te amo,” começo a falar, com uma emoção clara na minha voz.
“Eu também te amo.” Ela sorri para mim, mas a preocupação está estampada em seus
olhos. “Você tá bem?” ela pergunta, colocando a mão na minha bochecha enquanto se
ajoelha também.
“Você tem que ficar de pé.” Eu rio, balançando a cabeça.
“Hein?” Seu nariz franze.
“Princesa.” Eu rio, acenando em direção à caixa do anel que minhas mãos trêmulas
estão segurando.
“Meu Deus!” ela exclama, pulando. “Você tá me pedindo em casamento?” Sua voz vacila.
“Eu te amo tanto,” recomeço meu discurso, tentando lembrar de tudo o que eu queria
falar.
“Meu Deus! Sim!” A Lily grita, jogando os braços em volta do meu pescoço, nos jogando
no chão antes que eu possa pedir para ela se casar comigo.
“Você nem me deixou perguntar…” Eu rio, envolvendo os meus braços em volta da
cintura dela.
“Pergunta agora,” ela exige, esfregando o nariz no meu.
“Você quer casar comigo, princesa?” Eu sussurro enquanto nossos lábios roçam um no
outro.
“Claro que sim, Mason.”
-Fim-